A serra catarinense é uma incógnita para muitos brasileiros e ali estão cenários de beleza única no país, pequenas cidades que merecem ser visitadas.
A parada da vez foi Urubici, município que fica a 171Km de Florianópolis e faz parte do Parque Nacional de São Joaquim. Ali é “onde o Brasil é mais frio”! A cidade recordista de baixa temperatura no país tem aquelas cenas típicas de interior: a igreja, a pracinha e a avenida (esta, larga e única da cidade).
O frio que traz a neve todos os anos ao ponto mais alto da cidade, o Morro da Igreja (1822m) deixa tudo mais bonito e interessante, principalmente para quem não vive em lugares de temperatura baixa, mas para os mochileiros, a natureza (presente todos os dias do ano) é o grande atrativo da região. As imponentes serras do Corvo Branco e do Rio do Rastro, a Cascata Rio dos Brugres (com 120m de altura) e o Cânion Espraiado merecem destaque em um passeio por essas bandas, bem como as inscrições rupestres, sem falar na cativante simplicidade do povo.
Urubici era distrito de São Joaquim até 1956. Hoje as duas cidades disputam o título de a mais fria do Brasil.
Morro da Igreja, o inevitável
Quem vai à Urubici tem a obrigação de ir ao Morro da Igreja que fica a 30Km do centro. Fomos logo pela manhã e o caminho com placas indicativas passa por cenas e personagens que dificilmente me sairão da memória: uma família, um aceno, um sorriso…, a área rural cheia de névoa e araucárias sobreviventes.
Alguns quilômetros e da-lhe subida para chegar a um dos cartões postas da cidade (podemos até dizer, do Sul do Brasil): a formação rochosa, com uma pedra furada em uma montanha num imenso vale.
Logo ali do lado, um posto do projeto Cindacta com soldados protegendo a entrada, dão um ar meio “Área 51” para o local. Pra quebrar qualquer climinha de suspense um “eh mundãããão” lançado por um dos turistas que estavam no local ecoa em meio a tanta beleza.
Dica: em fins de semana vá o mais cedo possível, pois por volta das 10:30h já começa a chegar a turma do turismo local.
Serra do Corvo Branco
Dalí partimos em direção à Serra do Corvo Branco. Chegando em seu ponto mais alto, a estrada cruza dois paredões de 90m, o maior corte vertical feito em rocha no Brasil. O que vem depois? São as mais sinuosas e perigosas curvas que alguém pode ver em uma estrada! 5 km de descidas íngremes, precipícios que fizeram alguns turistas não seguirem viagem. Em volta, a mais imponente criação da natureza: a serra, cujos picos parecem dentes de tubarão apontandos para o céu. Arriscamos, descemos e seguimos em frente…Valeu a pena!
Muita sede, fome e poeira e, que maravilha, uma vila! Aiurê, município de Grão Pará. – Moço por aqui tem um restaurante? “Restaurante não, mas tem uma festa logo ali na frente”, responde intrigado o morador. Hummm, perto da igreja… uma quermesse na tarde de sábado. Já fomos encostando, descendo do carro e… uma cama com presentes em cima, estranho… era um casamento! Bem, felicidade aos noivos e… corre pra estrada outra vez.
A Santa Catarina açoriana, de Florianópolis, fica pra trás de vez. Nesta região se vêem mais fortes os traços das ascendências alemã e italiana nos rostos. As casas com pés de limão-rosa carregados e roseiras dão o colorido àquele pedaço bege de poeira do Brasil.
Na região de Aiurê há algumas trilhas, muitas conhecidas por ciclistas/cicloturistas.
Alguns tracklogs em: http://pt.wikiloc.com/trilhas/outdoor/brazil/santa-catarina/aiure
Serra do Rio do Rastro
Decidimos voltar para Urubici pela Serra do Rio do Rastro. Mais um frio na barriga: 1.467m de serpenteios e precipícios de tirar o fôlego de qualquer Schumacher de plantão.
Além de formar uma paisagem pra lá de surreal, a sequência de rochas exposta ao longo da estrada, compõe uma formação de grande valor geológico, pois fazia parte do Gondwana – o supercontinente que englobava América do Sul, África, Antártida, Índia, Austrália e parte da Europa, há 650 milhões de anos. Israel White, um dos papas da geologia mundial, provou que a região é composta de fendas com rochas de constituição idêntica às encontradas na África. O geólogo também catalogou um fóssil, uma variação de dinossauro que teria ter vivido na região.
Cânion do Espraiado
Localizado na porção sul de uma imensa área conhecida como Campo dos Padres, é um dos cenários menos conhecidos da Serra Catarinense.
As trilhas para se chegar nos mirantes chegam a 1600m de altitude e levam até 9 horas. O acesso é difícil e a melhor alternativa é contratar o serviço das agências locais.
Cascata Rio dos Bugres – acesso por trilha em mata e campos, incluindo travessia de riacho. Média dificuldade.
Cachoeira do Avencal – praticamente ao lado das inscrições rupestres; acesso por caminhada de cerca de 5 minutos.
Inscrições rupestres – (5Km do centro, estrada para São Joaquim) – estudiosos dizem que datam de mais de 4000 anos. Santa Catarina possui ricos elementos do tipo em Florianópolis (em várias partes da ilha, sobretudo na ilha do Campeche), União da Vitória (na divisa com o Paraná) e em Urubici.
A maneira mais prática e econômica de conhecer as atrações é de carro, pois todas são afastadas do centro. Em Florianópolis você pode alugar um.
Pra quem vai de ônibus a sugestão é levar um pouco a mais de dinheiro para os passeios. A única agência é a Expedições Corvo Branco/Rio Canoas Refúgio de Montanha. Para conhecer algumas opções de trilhas longas ou de um dia oferecidas por eles acesse: https://www.riocanoas.com.br/ . (O Rio Canoas também é opção de hospedagem oferecendo quartos nas categorias pousada e albergue).
Como chegar em Urubici
De Carro/Moto – A partir de Florianópolis, pegue a BR-282 em direção a Bom Retiro. Ao chegar no distrito de Santa Clara, pegue a SC-430 até Urubuci.
De ônibus – A partir de Florianópolis há saídas diárias para Urubici pela viação Reunidas
( www.reunidas.com.br ) .
Fotos:
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Caramba, que lugar incrível para se conhecer. Deve ter ficado lindo coberto de neve com essa última frente fria.
Vi algumas fotos da Serra do Rio do Rastro e ja deu vontade de pegar o carro e ver aqueles paredões cobertos de gelo.
bom dia , como se chega na piramide ,
Pra quem opta por carro como funcionaria?
Há locais para estacionar ao longo dos percursos?
Todos os locais são possíveis de se percorrer com carro? Há trilhas, sendo assim, teríamos que deixar o carro em algum lugar e seguir a pé. Correto? É seguro deixa o carro, mesmo nos locais apropriados?