Mulheres viajando pela Índia é muito perigoso! Se tiver alguma necessidade especial, então… nem pensar! Certo? Errado!
E é isso o que provam duas americanas com necessidades especiais auditivas que conheci viajando na Índia. A história delas é muito inspiradora: Nicole Tingler, 22, e Emma Becker, 23, são mochileiras e se conhecem desde o tempo de escola.
Nicole não escuta e se comunica por sinais. Mas isso nunca foi empecilho para ela viajar, já está no seu quarto mochilão e coleciona dez países visitados!
Dessa vez, o destino escolhido foi a Índia e elas me contaram um pouquinho das dificuldades que enfrentaram: “na Europa foi mais fácil de viajar do que na Índia. Aqui, muita gente nunca ouviu falar de surdez antes. Além disso, a cultura é muito diferente, especialmente para mulheres, mas mantivemos nossas mentes abertas e abraçamos a experiência”.
O roteiro delas incluiu Agra (Taj Mahal), Delhi, Mumbai e Goa. E pensa que elas pararam por aqui? Não! Emma está indo morar em Madagascar, onde trabalhará em uma ONG e Nicole está planejando a sua primeira viagem sozinha, será no meio do ano para a Escandinávia.
Quando pedi para Nicole algumas dicas de site, veio uma grande surpresa, não por coincidência, ela é prima do traveller blogger Calvin Young, viajante surdo que já esteve em 38 países e compartilha a sua experiência no no site Seek The World.
Elas dão dicas para as mulheres que querem fazer o mesmo:
- Pesquise sobre os arredores e confie nos seus instintos. Você é forte!
- Você precisa usar todos os seus sentidos, não só o ouvido.
- Comece viajando acompanhada e aos poucos você vai se tornando mais confiante.
- Se for andar por lugares escuros, sempre olhe para trás para ver se tem alguém se aproximando.
- Não carregue nada que possa ser facilmente removido.
- Leia os guias de viagem para saber os riscos.
- Nós usamos a comunidade de surdos dos Estados Unidos para pedir dicas, tem muitos viajantes por lá.
- Pergunte aos seus amigos que já viajaram para esses locais.
- Sobre a Índia, chegou até nós algumas experiências negativas, então decidimos: evitar sair tarde da noite e ir para lugares mais turísticos, evitando pequenas vilas. Aqui utilizamos expressões faciais fortes e gestos de mão para afugentar qualquer tipo de ameaça, já que a cultura é diferente em relação às mulheres, mas não presenciamos nenhum problema.
Saiba mais:
- Alguns aplicativos como o google tradutor podem ajudar bastante. Ele não só traduz, mas transforma em áudio o que for escrito.
- Existem algumas comunidades de viajantes especiais no facebook e informações de acessibilidade no Tripadvisor.
- Algumas agências de viagens, principalmente internacionais, são especializadas nesse tipo de roteiro.
- E não pense você que a linguagem de sinais é universal. Cada país/região tem uma linguagem específica, a do Brasil é a Libras e pode ser aprendida aqui.
Grupos de viajantes com necessidades especiais no Facebook:
*Gilsimara Caresia acredita que lugar de mulher é onde ela quiser. Brasileira, jornalista, turismóloga e uma apaixonada por viagens, ela já viajou por mais de 70 países sozinha. Atualmente está dando uma volta ao mundo há 20 meses e compartilha suas experiências na página GirlsGo.