South Western Townships – traduzindo: Bairros do Sudoeste, este é o real significado de Soweto.
Em 1963 de acordo com as leis do Apartheid, os negros estavam proibidos de viver nas mesmas áreas que os brancos, com isso foram determinados bairros para alojar os negros que trabalhavam nas minas de ouro – que eram a principal atividade econômica da região até então.
Cada vez mais este bairro negro começou a crescer e de forma desordenada, e mesmo cidadãos negros da classe média foram incorporados em Soweto, o que acabou unindo todos os bairros em um único.
Soweto cresceu tanto que em 1983, o bairro deixou de fazer parte de Joanesburgo, e passou a ser reconhecido como cidade.
Tanta gente unida a força e separada pela cor da pele, Soweto ficou conhecida por ser o principal foco de resistência anti-racista e de protestos dos negros contra a política oficial de discriminação.
Uma destas manifestações – a mais sangrenta – ficou conhecido como Levante de Soweto, que foi uma violenta repressão da polícia em 16 de Junho de 1976, em uma manifestação de 20 mil estudantes que protestavam pelo bairro contra a inferioridade das escolas para negros, que estavam superlotadas e eram de péssima qualidade.
A manifestação seguia pacífica, até o confronto com a polícia na tentativa de contê-la, e estima-se que a policia assassinou cerca de 700 estudantes neste dia.
Se pararmos para pensar, isso tudo é muito recente, pois o Apartheid durou até 1994, e ainda hoje aqui se respira a memória daqueles duros tempos, o que é claramente perceptível observando as ruas e as estatísticas, pois aqui ainda é a maior concentração de negros da cidade com cerca de 4 milhões de habitantes.
O fim do regime não exterminou o problema social, mas aos poucos muita coisa vem mudando no lugar.
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ROTEIRO
Como este é o primeiro post desta viagem de 20 dias pela África, vou falar um pouco do planejamento da mesma.
A África sempre foi um sonho de infância e creio que não só meu! Afinal, quem nunca sonhou em fazer um safári e encontrar todos aqueles animais, não é?
Quatro meses antes da viagem defini a África do Sul e Namíbia como meus próximos destinos, e criei um roteiro.
Mapa roteiro de 14 dias pela África do Sul:
Foram 14 dias muito intensos e com experiências incríveis que levarei para a vida toda. Quis conhecer a capital e as principais cidades do país que são litorâneas, além de neste trajeto conhecer vários parques e outros lugares muito interessantes.
Roteiro pela África do Sul:
- Dia 1 e 2: Soweto + Johannesburg
- Dia 3 e 4: Durban
- Dia 5: Porto Elizabeth
- Dia 6 e 7: Addo Elephant National Park
- Dia 7: Schotia Game Reserve
- Dia 8: Jeffreys Bay
- Dia 9: Tsitsikamma National Park + Face Adrenalin
- Dia 10: Sedgefield + Cangos Caves + Oudtshoorn
- Dia 11 e 12: Table Mountail National Park
- Dia 13: Constatia
- Dia 14: Cape Town
E a viagem continua na Namíbia.
Todos estes destinos em breve no www.queromochilar.com.br – acompanhe.
O QUE FAZER EM SOWETO?
1- ENTRADA DO DISTRITO.
A primeira parada é onde começa o lugar símbolo do Apartheid, a área residencial do Soweto.
Esta é uma parada quase que obrigatória, afinal, quem não quer uma foto nesta placa igual a todo mundo, não é?
Foto: Inicio de Soweto.
No começo de Soweto podemos observar casas de boa qualidade, mostrando que aqui reside uma população com um pouco mais de dinheiro, que mesmo após o fim do Apartheid resolveu continuar morando por esta região, sendo a parte mais estruturada da área.
O guia contou que estes moradores têm uma forte ligação com o lugar, e por isso não querem sair, mesmo após ganharem dinheiro, apesar de alguns dizerem que muitas das casas não foram compradas com “dinheiro limpo”.
Afastando mais desta parte e caminhando para área turística já podemos observar a realidade da maior parte do bairro, com casas bem simples, sem saneamento e qualidade, mostrando a pobreza do lugar.
Foto: A realidade da maior parte de Soweto.
Por aqui também há várias pessoas perambulando sem rumo, que são na maioria refugiados de outros países africanos, o que nos chamou bastante a atenção.
2- ORLANDO TOWERS.
Horário de funcionamento da principal atração – Bungy Jump: Segunda a quinta: das 12h00 ás 17h00 e Sexta á domingo e feriados: Das 10h00 ás 18h00.
Alguns valores das atrações: Bungee jumping, 480 rands; power swing e internal swing, 360 rands; rapel, 360 rands; plataforma de observação, 60 rands. (Para ter uma ideia em reais multiplique por 0,35).
Um pouco sobre as Torres de Orlando…
Estas duas chaminés são uma antiga usina elétrica movida a carvão que funcionou entre 1942 e 1998. Hoje estas torres são um dos símbolos da cidade.
Este símbolo de Soweto, além de proporcionar um belo visual devido as pinturas dos famosos filhos e filhas do Soweto, desde 2008 começou a oferecer a possibilidade aos turistas de praticar alguns esportes radicais, além de ser uma área de entretenimento completa até com restaurantes.
Aqui você pode: jogar paintball, assistir jogos na TV, praticar arco e flecha e ainda se jogar de duas atrações bastante radicais: uma queda-livre de 40 metros e saltar do bungy jump nas torres com 100 m de altura.
Caso queira participar de alguma das atrações é só falar com a Van do tour do Hop On- Hop Off, que ela te deixa aqui, e você continua o tour na próxima van.
Foto: As duas belas torres, e como podem observar a ponte de onde podemos saltar ligando uma a outra.
3- FEIRA DE ARTESANATO.
Acho que não temos como fugir destas paradas “estratégicas” em tours, não é?…rs.
Quando vamos para a conhecida praça de Héctor Pieterson, paramos em frente a uma feira de artesanato, com muitos produtos bem bonitos, mas bem caros, pelo que andei depois pela África, aqui foi um dos lugares mais caro que vi.
Mas se ver algo bom, compre sim, é uma maneira de ajuda a população de Soweto e os produtos realmente são bem bonitos e de qualidade.
Os vendedores são um pouco insistentes, mas depois do Egito eu fiquei mais tolerante com eles e me incomodo um pouco menos…rs.
Foto: A arte das feirinhas de rua.
4- MEMORIAL HÉCTOR PIETERSON.
Lembra do massacre que falei no inicio do post?
Então, Hector Pieterson, foi um estudante de 13 anos, que foi uma das vítimas e acabou se tornando o símbolo deste trágico dia. Desde 1990, nesta praça há no local um tributo ao jovem e à história do massacre.
Um pouco sobre Héctor Pieterson…
Durante Apartheid o governo investia no aluno branco algo em torno de 15 vezes mais que em um aluno negro. Além disso, ficou definido que a partir de uma data nas escolas dos negros as aulas seriam ministradas no idioma africanês, língua falada majoritariamente pelos brancos, oriunda do holandês, e este foi o motivo principal que levou os estudantes para as ruas.
Neste protesto que começou pacífico, em torno de 20 mil estudantes tomaram as ruas com cartazes protestando o uso do africanês nas escolas e também por mais liberdade para população não branca.
O plano do protesto era se encontrar em frente ao Orlando Stadium e de lá seguir ao escritório da autoridade local de educação, mas os estudantes foram interrompidos pela polícia no meio do caminho, que pedia pelo fim imediato do protesto, e foi ai que o confronto começou.
Sem dó nem piedade a polícia atirou abertamente contra os jovens.
A contagem oficial de mortos foi de 95 pessoas, mas muitos falam que a verdade é que chegou a mais de 700 estudantes assassinados.
Foto: Ao fundo a imagem símbolo e que ganhou o mundo: Héctor já morto sendo carregado enquanto sua irmã o acompanhava desesperada- Símbolo da repressão sofrida pelos negros na época do Apartheid.
História conhecida, parti então para a principal atração da cidade.
5- CASA DO MANDELA
Horário de funcionamento: Aberto diariamente das 9h00 ás 16h45.
Entrada: R 60 (R$ 21,00).
Duração: 30 min/1 hora.
Como Chegar: Localizada no número 8115 no Oeste de Orlando em Soweto, na esquina das ruas Vilakazi e Ngakane.
Um pouco sobre a casa do Mandela…
Construída em 1945, Nelson Mandela se mudou para cá com a sua primeira esposa, Evelyn Ntoko Masa e seu filho, no ano de 1946.
Em 1957 ele se divorciou, e aqui continuou com sua segunda esposa, Nomzamo Madikizela (Winnie).
Logo após este período, foi quando Mandela intensificou sua luta pela causa dos negros, até que em 1962, acabou detido e condenado à prisão perpétua, onde passou a maior parte da pena em uma cadeia próxima a ilha de Cape Town ( Robben Island).
Após ser libertado em 1990, Mandela retornou a esta mesma casa, mas por pouco tempo, apenas 11 dias, quando decidiu se mudar para um apartamento maior também em Soweto, de onde saiu somente para ocupar a residência presidencial, em 1994.
O primeiro presidente negro da história da África do Sul, também já foi vencedor do Prêmio Nobel da Paz no ano de 1993.
Antes de morrer, aos 95 anos (2013), Nelson Mandela viajou o mundo espalhando sua visão humanitária de igualdade racial.
Hoje, nesta casa-museu podemos observar móveis, fotografias, quadros, objetos de uso pessoal, livros, prêmios etc, tudo que nós faz sentir voltando ao tempo e entender melhor sua vida.
O interessante é que boa parte da casa é original, assim como os objetos expostos.
Foto: Entrada da casa do Mandela.
Foto: Interior da casa – Quarto.
6- VILAKAZI STREET
Bem em frente a casa de Mandela está a movimentada Rua Vilakazi, que merece uma atenção especial, pois é a única do mundo onde residiram dois ganhadores do Prêmio Nobel: Nelson Mandela e o arcebispo Desmond Tutu – Ambos dividiram o sonho de viver em um país mais tolerante independente da cor da pele.
Este rua é bem movimentada, com algumas lojinhas, cheia de gente pedindo dinheiro e as vezes apresentando sua arte em troca de alguma gorjeta de turistas, e alguns são bem bons e realmente valem a pena.
Foto: A criançada pronta para uma apresentação e umas gorjetas.
Nesta rua há vários restaurantes, e um deles é o Sakhumzi, um self service de comida africana, um ótimo lugar para almoçar e experimentar o tempero e a comida do país.
O almoço é caro, custa ZAR 185 (R$ 64,75) com sobremesa e sinceramente eu não achei a comida boa não… rs, mas pelo menos comecei a viagem comendo comidas típicas…rs.
Foto: Estas três coisas de cores amarelas, branca e rosa, são as papas, comida bem típica.
7- FNB ESTADIO DE FUTEBOL.
Horário de funcionamento: Diariamente, exceto em dias de jogo.
Entrada: R 50 (R$ 17,50).
Duração: 1h e meia.
Mesmo sendo construído em 1989, este estádio foi todo reformado para receber os jogos da copa de 2010, e ficou conhecido como“Cabaça” devido a sua aparência. Foi aqui o palco da partida inaugural e final da Copa do Mundo deste mesmo ano.
A importancia da escolha deste local é por que foi aqui também a última aparição pública de Mandela durante a partida decisiva da copa.
Acabei não conhecendo por dentro por falta de tempo, mas sei que é possível fazer tour completo passando por : vestiário, túnel, arquibancada, áreas vips e ir até o gramado.
Foto: O famoso estádio que só conheci por fora.
Acabando o dia voltamos para Johanesburgo, descemos próximo ao hostel e fomos rapidinho para o Once In, pois todos dizem para evitar andar depois das 17h na região.
LIÇÕES APRENDIDAS.
1- Uma opção bastante interessante é o passeio de bicicleta por Soweto, oferecido pela Soweto Bicycle Tour.
2- Para quem que saber mais sobre Soweto há o maior museu da cidade localizado a duas quadras da praça Héctor Pieterson. Acabei não indo por falta de tempo, mas fica a dica.
3- ATENÇÃO: Nos disseram que poderíamos deixar as coisas na Van do Hop on – Hop Off para almoçar, mas a família que estava na mesma van que eu, deixou a jaqueta com algum dinheiro lá dentro e este dinheiro desapareceu. Por coincidência, o guia e motorista da van disse que ia nos esperar almoçar, mas apareceram no meio do almoço dizendo que não poderiam esperar, devolveram os casacos, e falaram para pegarmos a próxima van em meia hora. Esta próxima van atrasou bastante e quando passou estava cheia e ninguém havia comunicado a eles sobre nós. Nos esprememos lá dentro, as crianças foram no colo, e assim, fomos de volta ao ponto de encontro para pegar o ônibus.
Será que fugiu, por causa do dinheiro? ficou a dúvida no ar…
4- Começei o tour em Soweto tarde, e se tivesse mais tempo eu faria um passeio aqui de um dia todo, pois tem bastante coisa para fazer. E se pudesse escolheria novamente o Hop On – Hop Off, que apesar do imprevisto acima, foi uma excelente escolha e o tour guiado foi de qualidade.
5- Outras atrações em Soweto que não citei aqui:
– Orlando Stadium: Casa de um dos principais times da liga sul-africana, o Orlando Pirates.
– Kliptown Open Air Museum: museu ao ar livre dedicado a Walter Sisulu, outro grande expoente na luta contra o Apartheid.
Informações de custos e mais dicas sobre a África do Sul acesse o – www.queromochilar.com.br