Uma das formas recomendas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de se minimizar o contágio do novo coronavírus (Sars-CoV-2) é o uso do álcool etílico 70% em forma de gel para assepsia das mãos e higienização de superfícies e objetos. Entretanto, há alguns cuidados necessários, conforme alertam o responsável pelo Setor de Cosméticos e Saneantes do Departamento de Química do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz), Leonardo Lopes, e o chefe do Laboratório de Toxicologia do INCQS/Fiocruz, Ronald Silva.
A primeira precaução é quanto ao tipo de álcool. Segundo os especialistas, há três tipos (saneantes, cosméticos e medicamentos) e são produzidos sob normas e registros diferentes na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O uso nas mãos do saneante (produto destinado à limpeza ou à desinfecção de superfícies inanimadas, como pisos, paredes, mesas, camas, macas, etc), que vem escrito “desinfetante de uso geral”, além de não ser eficaz, pode causar alergias. Já o álcool gel medicamento e o álcool gel cosmético (produtos antissépticos destinados à higienização da pele e das mãos) possuem a mesma finalidade de uso. A diferença entre os dois está apenas nas características e exigências para produção e registro.
Cuidados na aquisição, armazenamento e uso do álcool em gel
Além do cuidado quanto ao tipo do produto, também é preciso mantê-lo fora do alcance de crianças e de animais de estimação; deixa-lo longe de chama, pois é um material inflamável; e armazená-lo segundo as instruções indicadas no rótulo. Leonardo Lopes também atenta para que as pessoas não utilizem o álcool etílico em forma de gel falsificado ou caseiro (produtos clandestinos). “Quem for comprar deve sempre evitar os produtos clandestinos, pois não têm comprovação quanto à sua atividade virucida e não passaram por controle da qualidade em relação à determinação do teor de álcool etílico. Também é fundamental ler as informações dos rótulos e o número do registro no Ministério da Saúde e na Anvisa, pois assim há segurança de que o produtor apresentou os documentos necessários para ser comercializado, diferentemente do álcool clandestino”, explica.
Também é importante se ater, de acordo com o profissional Ronald Silva, ao local onde o álcool em gel está à venda e às características do produto. No primeiro caso, ele orienta a não comprar no mercado informal, pois este não tem alvará de funcionamento e não responde pela garantia do álcool. Já no segundo caso, indica total atenção à embalagem, rótulo e transparência, pois mesmo que o produto apresente cor, deve ser transparente. “É importante frisar que a compra de produtos irregulares não autorizados coloca o consumidor, sua família e seus vizinhos em risco. Se não conseguir comprar álcool gel de fonte segura, substitua pela higienização das mãos com água e sabão, que é tão eficiente na prevenção da Covid-19 quanto o uso do álcool em gel”, completa.
Texto: Penélope Toledo (INCQS/Fiocruz)
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