Se a Bahia “tem um jeito” como conclama Dorival Caymmi, todo ele está fragmentado em Itacaré. Do ritmado jogo da capoeira, das histórias de coronéis do tempo do cacau, passando pelo “rio precioso”, o Rio de Contas por onde as riquezas da fascinante Chapada Diamantina corriam a desembocar em Itacaré, onde piratas se escondiam para saquear o que chegava a este paraíso, ao sul da terra que, definitivamente “tem um jeito que nenhuma outra terra tem”, como dizia o cantor e compositor.
Itacaré é o pico do surf em águas baianas, tem forró noturno, muita conversa na calçada da orla, crianças brincando e exibindo os movimentos da capoeira, várias opções para atividades outdoor como caminhadas por trilhas que levam a belas cachoeiras e praias, rafting, rapel e passeios de canoa pelo Rio de Contas… tudo isso em plena tranquilidade baiana; claro, se não se meter por essas bandas em um feriadão ou em épocas do tipo carnaval e reveillon, quando paulistas e soteropolitanos ou os vizinhos ilheenses tomam a cidade.
Surf ou capoeira?
Em Itacaré você não precisa ser mero expectador: dá pra pegar uma onda, “só de onda” ou à sério, tentando algo nas escolas de surf locais (www.easydrop.com).
Também dá pra você mostrar todo seu gingado fazendo umas aulas com os mestres de capoeira da cidade que conta com os grupos Luanda (luanda@itacare.com.br) , Filhos de Zumbi (mestrezebra@hotmail.com ) e Tribo do Porto. Os cursos englobam teoria (instrumentos, golpes, danças, teoria dos movimentos) e prática. Se não quer suar, vale o som e a integração com os locais e turistas e, também pra conhecer um pouco da arte e cultura afro-brasileiras.
Além do mar, atividades no rio são opção
Se você gosta de Rafting o Rio de Contas é seu cenário. A 28Km de Itacaré fica o distrito de Taboquinhas, de onde os botes partem sobre o rio que nasce no coração do Estado, na Chapada Diamantina, e desemboca no Oceano Atlântico via Itacaré. Pra se aventurar por essas águas, é preciso contar com profissionais que dão as orientações necessárias. Para quem tem ou não experiência na atividade, é diversão garantida.
Pra quem prefere calmaria, o passeio de canoa pelo mesmo rio (só que em outro trecho) revelará boa parte da beleza natural local e, se estiver com sorte, pode pegar como guia um morador antigo e ouvir algumas boas histórias; muitos deles chegaram a trabalhar nas roças de cacau (que teve seu apogeu até a década de 80, antes do fungo “vassoura de bruxa” contaminar o plantio) e têm pique melhor que de muito jovem.
Além das belezas do caminho e das histórias, ao fim do passeio chega-se a uma bela cachoeira, com três “degraus”, a do Cleandro; que fica em área particular. Como o passeio pode durar horas (consulte a operadora local), leve na mochila, algo pra comer e beber.
Praias pra curtir o agito ou a tranquilidade
Partindo do centro da cidade é possível chegar às praias:
da Concha – é a praia mais próxima da principal rua da cidade (a Pedro Longo, ou a Pituba). Seguindo a praia, locais e visitantes vão ao Mirante da Ponta do Xaréu admirar o pôr do sol.
Resende – pequena, com corais e coqueiros.
Tiririca – é a praia mais badalada e das mais próximas do centro, é a frequentada pelos surfistas. Há algumas pousadas beirando a praia e umas barracas. Cercada de morros cobertos de vegetação.
Costa – outra praia pequena, com coqueiros. Tem ondas fortes.
Ribeira – daí é possível pegar a trilha para a Prainha. No local há algumas cabanas e restaurantes simples. Se seguir para a Prainha esse é o último ponto pra comprar algo para comer e beber.
Prainha – a mais linda praia cujo acesso é fácil. Uma hora de caminhada por trilha em meio a Mata atlântica. Riachos e pequenas cachoeiras fazem parte do trajeto. A Prainha é uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural). É preciso pagar taxa para entrar na área.
Dá pra fazer tranquilamente o trilha sem guia.
São José – a partir da Prainha, mais cerca de 10 minutos de trilha.
Jeribucaçu – Certamente é uma das mais belas praias de Itacaré, em meio a uma área de mangue e em forma de ferradura.
As agências da cidade oferecem passeios de um dia inteiro nesta praia cujo acesso também pode ser feito de ônibus ou carro. Se você estiver de carro terá que deixá-lo em um estacionamento e as diárias costumam girar em torno de R$ 20, R$ 25. De ônibus (menos de R$ 3 – ida), partindo da rodoviária de Itacaré, antes de embarcar pergunte ao motorista se ele pode deixá-lo na entrada da trilha para Jeribucaçu. Aí uma boa pernada lhe espera!
Você passará por outra RPPN (taxa de R$ 5), mangue e um dos cenários naturais mais belos da região.
A praia tem barracas que oferecem peixes fresquinhos assados na brasa.
De ônibus também dá para conhecer as praias:
Engenhoca – Na maré baixa de um lado forma piscina natural. Em um canto é cortada por rio.
Havaizinho – trecho com vários recifes, coqueiros e ondas fortes.
Itacarezinho – 3,5Km de extensão. Coqueiros e boas ondas para surf.
Informe-se sobre as passagens na rodoviária. É indicado comprá-las ida e volta.
Barra Grande, vilarejo do distrito de Serra Grande, deve fazer parte do roteiro de quem está em Itacaré. O local tem praias lindas e algumas, desertas! As ruas de areia deixam o aspecto ainda melhor.
Itacaré e Serra Grande fazem parte de uma APA (Área de Preservação Ambiental).
Alimentação
Itacaré possui muito da culinária baiana (moquecas, bobós, acarajé, peixes…), mas também tem boas opções pra quem gosta do trivial e quer economizar um pouco mais (geralmente, em cidades turísticas, tudo que é típico é mais caro).
Onde Comer
O restaurante – fica na rua Pedro Longo, 150. Foi um dos primeiros restaurante da cidade. Apesar de um pouco demorado pra servir (aliás, como quase todos os restaurantes de Itacaré que visitei) a comida é muuuuuito boa. Vale a espera!
Mistura fina – Ambiente simples. Fica na Rua Pedro Longo, 265.
Boca de Forno (no Beco das Flores) – Provavelmente a melhor pizza de Itacaré. Serve também outros pratos e drinks. O ambiente bem decorado é um dos atrativos do estabelecimento. Os preços não são muito convidativos…
Fica na Rua Lodônio Almeida, 108.
Creperia Tio Gu – é a creperia queridinha de Itacaré. Bom atendimento e crepes fabulosos com nomes de praias do Brasil. Também serve sanduíches, drinks, batidas, açaí etc.
Fica na rua Pedro Longo, 488.
Na alta temporada a Tio Gu também está na praia de Itacarezinho (com cardápio reduzido/adaptado), mas igualmente delicioso.
Onde ficar
A maioria dos estabelecimentos de hospedagem em Itacaré é simples e geralmente administrada pelo proprietário que, por vezes, mora no local. Há opções para todos os gostos e bolsos. Você pode conferir algumas pousadas aqui e hostels aqui.
Como chegar
De carro, moto ou bike – A partir de Ilhéus, pela BA 001 (Rodovia Estrada-Parque).
De ônibus – De várias capitais do país há ônibus para Ilhéus e de lá é possível
tomar um ônibus para Itacaré. O transporte é feito diariamente pela Rota Transportes
( http://rotatransportes.com.br/ ). O primeiro ônibus sai às 06:20h e o último às 20:40h.
Partindo de Salvador, Rio de Janeiro, Vitória ou São Paulo você pode utilizar a viação Águia Branca (http://www.viacaoaguiabranca.com.br );
A viação São Geraldo/Gontijo ( http://www.gontijo.com.br/ ) também opera em Ilhéus.
De avião – Para Ilhéus, consulte:
http://www.tam.com.br
http://www.voegol.com.br
http://www.voeazul.com.br
Serviços
A cidade conta com boa estrutura para o turista: boa oferta de leitos, lavanderias e agências de ecoturismo, mas somente uma agência do Banco do Brasil e um caixa eletrônico do Banco Bradesco.
Há um caixa do Banco 24h na Rodoviária.
Piratas e riquezas
Inicialmente habitada por índios tupiniquins, outros dizem Pataxós, São Miguel da Barra do Rio de Contas (desde 1931, Itacaré) foi um importante porto clandestino do reinado na época dos tempos áureos da extração de pedras preciosas na Chapada Diamantina. O escoamento da produção através do Rio de Contas, que nasce na Chapada e desemboca em Itacaré, fez da cidade esconderijo de piratas que visavam as riquezas que por ali passavam.
Em meados do século XIX outra riqueza passa a fazer parte de Itacaré, o cacau; e com ele os “mitológicos” coronéis e seus casarões. Toda a fartura e acelerado desenvolvimento econômico duraram quase cem anos. Na década de 70 começa a decadência da economia de Itacaré e região, devido à praga que assolou os pés de cacau, o fungo popularmente conhecido como “vassoura de bruxa”.
Nesta mesma época, o local, até então de considerável difícil acesso é descoberto por turistas. Os primeiros? Surfistas soteropolitanos em busca de boas ondas. As grandes ondas verdes de Itacaré…
Fotos de Itacaré:
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Sobre serviços, há também uma agência da Caixa econômica e, uma agência Bradesco, além do Banco do Brasil.