5 exemplos que provam que para mochilar roots é preciso mais coragem que dinheiro

Desde o início do século XX  a humanidade mergulhou em uma espécie “fordismo cultural”. Nos grandes centros urbanos adotamos um estilo de vida parecido com o método da “linha de produção” criado por Henry Ford, onde operários exercem funções repetitivas, trabalhando de forma sequencial, ordenados em uma produção em série.  O método saiu das fábricas direto para a vida das pessoas que agem de maneira exatamente igual como se estivessem também sido produzidas em série:  Nascem, estudam, trabalham, reproduzem, envelhecem e morrem. Cada vez mais com os mesmos gostos e sonhos. Cada vez mais colocando a grana como prioridade.  É ou não é, algo muito parecido com uma linha de produção?

E o que faz com que as pessoas sigam vivendo assim? Sem sair do lugar comum, sem ousar ou arriscar viver outro modo de vida diferente daquele que é vendido como o “certo” ou “normal”?  Qual é o cimento que une estas almas?

Esse cimento se chama medo. Sem o medo, a linha de produção para.  É ele que mantém a coisa toda funcionando e você já deve ter percebido que isso tem se intensificado nos últimos anos.  Na TV ou na timeline do Facebook, boa parte das notícias estão contaminadas com uma espécie de urgência escatológica, tudo é catastrófico e urgente.  Mas será que o mundo realmente depende disso pra seguir girando?

Os pescadores de Tainha no litoral de Santa Catarina não vão deixar de espreitar os cardumes por conta da bomba que explodiu em um show na Inglaterra, por mais triste que isso seja.   Os artesãos do Alto do Moura em Caruaru, não vão deixar de moldar o barro por conta dos assaltos no centro do Rio de Janeiro.  As borboletas monarcas não vão deixar de migrar e viajar 50 quilômetros por dia no começo do outono na América do Norte por conta dos escândalos de corrupção e da violência do Brasil.  A vida segue de acordo com o nascer e o por do sol em todos os cantos do mundo, bem longe da linha de produção e independente do nosso medo.  Ter coragem não significa deixar de temer, mas não se transformar em escravo deste sentimento.

Os exemplos abaixo são a prova de que para cair na estrada de forma “roots” é preciso mais coragem do que grana. Muita gente tem grana, mas são pouquíssimas as pessoas que tem coragem de atravessar a África de carona.  Aquela grana mínima inicial é necessária, mas todo o resto  acaba se transformando em consequência e aprendizado depois que se consegue romper a barreira inicial.

Ela está viajando a África de carona

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Foto: Monika Masaj

A polonesa Monika Masaj tem 24 anos e em março de 2016 começou uma viagem partindo rumo a África do Sul, tudo na base da carona e do camping.  Sim, ela provavelmente levou uma minima quantidade de grana para viajar talvez de busão ou avião da Polônia até a região da Andaluzia na Espanha pra atravessar o Estreito de Gibraltar ou tomou um avião até o Cairo. Mas aqui entre nós amiguinhos, ela cruzou mais de 12 países na base da carona e do camping por 290 dias até chegar na África do Sul e nesse momento está fazendo o caminho de volta no mesmo esquema.

Você pode ver o post que fizemos sobre a viagem dela ou seguí-la no Facebook.

4 meses na estrada com R$ 1.500 no bolso

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Em Maio de 2015 a Marcela conheceu um cara no grupo do Mochileiros no Facebook. Ficaram amigos e resolveram cair na estrada com pouca grana, esticando dedão na estrada.  Viajaram por 4 meses e conheceram o sul do Brasil, grande parte do litoral Uruguaio e parte da Argentina. Tudo na base da carona. Juntos, gastaram menos de 3 mil.  Sim, bebê, no Brasil!  Aquele país do “boi da cara preta”  que pega o menino que tem medo de careta!

A história dela você pode conferir aqui.

US$2 no bolso e o mundo todo pela frente

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Keiichi Iwasaki no Everest em maio de 2005. Primeiro japonês ao chegar ao topo do Everest partindo de um trekking no nível do mar – Foto: SWNS

Depois de trabalhar na empresa de ar condicionado de seu pai durante vinte anos, Keiichi Iwasaki decidiu abandonar a rotina e assumir o controle de sua vida.  Em 2001, com 28 anos, Iwasaki pegou sua bicicleta e 160 ienes (cerca de US$ 2) e partiu para viajar por todo o Japão.  No entanto, seus planos mudaram durante a viagem e em vez de voltar para casa, ele pegou uma balsa para a Coreia do Sul e continuou explorando a Ásia antes de ir para a Europa.  Durante os oito anos seguintes, ele rodou 45 mil km em 37 países diferentes. Isso é mais do que a circunferência da Terra, que possui 40.075 km.

Você pode conferir a história completa dele aqui.

100 Frescura e 1000 Destinos

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No dia 9 de março de 2017 a Pãmella comemorava em sua página do Facebook, a 100 Frescura e 1000 Destinos, um ano viajando de bike e barraca por esse mundão afora. Sempre com um sorriso no rosto e os olhos com o brilho de quem se encontrou na estrada. Ela posta quase que diariamente, ou sempre que tem wi-fi disponível, como é se virar na estrada, com todos as alegrias e perrengues.  Dorme em sofás de aeroportos, toma banho em banheiros de rodoviária, bate um boquinha com a marmita na beira da estrada, dá um rolê de jet ski em San Andres e pega carona em avião da FAB. Ela se vira e mostra como a vida pode ser muito mais interessante na estrada.

Siga a página dela clicando aqui.

Mochileiro Caroneiro

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O Irds começou a viajar de carona no inicio de 2014. Sempre teve uma imensa vontade de conhecer o Rio Grande do Sul, e assim fez, planejou a viagem olhando as rotas no Google Maps, comprou uma mochila cargueira de 80 Litros e colocou o pé na estrada.

A família e amigos achavam que ele ia se dar muito mal, que ia acabar voltando pra casa no mesmo dia ou iria ficar perdido por ai. Logo na primeira tarde fora de casa, o pai tentou ligar e não conseguiu falar com ele, pois seu telefone já estava fora de área. Quando vi a ligação perdida, ligou pro pai e disse que já estava em território mineiro (tinha saído da Bahia). O pai com voz de surpreso, disse:  “É? Poxaaa, boa viagem!”  – E ele gargalhou!
Depois de quebrar a barreira da zona de conforto, ele não parou mais. Já conheceu MG, PR, SC e RS.

Irds viaja sempre de carona, mas não sai de quase sem antes ter planejado a viagem, minuciosamente. No mapa, separa regiões e planeja tudo antes de sair de casa, desde estradas por onde vai passar e até lugares onde vai dormir, sempre na casa de algum anfitrião do Couchsurfing).  Economizando no transporte e na hospedagem, ele conheceu todos os estados do Sul, sudeste e centro oeste + a Bahia.  Agora quer conhecer todo o nordeste e norte para completar o Brasil e pensar em sair dele, pra partir pro resto da América do Sul.

Você pode acompanhar as viagens dele seguindo sua página no Facebook ( facebook.com/mochileiroirds) e seu canal no Youtube ( youtube.com/channel/UCcRUXor135NsTziB5CMvphw)

Foto do autor

Silnei L Andrade

Fundador do Mochileiros.com, pedreiro da web desde 1997, midiativista e lúmpen escrevinhador . Responsável pela inserção do verbete "Mochileiro" na Wikipedia em Português, por ter criado um dos primeiros fóruns e um dos primeiros blogs de viagem da web brasileira.

2 comentários em “5 exemplos que provam que para mochilar roots é preciso mais coragem que dinheiro”

  1. É exatamente isso que acontece na vida, passei por isso, eu e minha namorada estávamos financiando um ap e organizando a festa de casamento e no meio disso a ficha caiu, decidimos então largar toda essa idéia imposta pela sociedade para viver na estrada

    Estamos viajando tem 5 meses e a meta do primeiro roteiro é conhecer todo o Brasil, pegamos carona, fazemos trabalho voluntário, dormimos em postos de gasolina, fazemos camping roots em praias por ai. E para descomplicar e inspirar pessoas criamos o Instagram @mochilaopelobrasil.

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