“A África que a mídia não mostra para você”

Uma criança negra e raquítica pedindo esmolas com um olhar perdido em uma paisagem árida e suja. Esse é o arquétipo que a mídia por anos vendeu sobre o “infeliz povo africano”. Embora a miséria seja uma realidade no continente, a narrativa de que tudo é fome, miséria e tragédia nunca esteve perto da verdade.

Trabalhar com a pobreza explícita também  tem sido a tática de comunicação de algumas ONGs que usam a miséria para angariar fundos. A tática pode até ser eficaz em aumentar os lucros, mas carimba a imagem de todo um continente que definitivamente tem muito a mostrar para o mundo.

Chimamanda Ngozi Adichie é uma romancista nigeriana que veio de uma família de classe média. O pai é professor e a mãe administradora.  Adichie foi estudar em uma universidade americana aos 19 anos de idade e em uma palestra proferida para o TED , ela conta sobre sua experiência, de como sua companheira de quarto ficou chocada ao descobrir que ela podia falar Inglês (o inglês é a língua oficial da Nigéria) , que sabia como usar um fogão e que ouvia Mariah Carey em vez de “música tribal”.

“Ela sentia pena de mim antes mesmo de me conhecer.  Ela conhecia apenas uma única narrativa sobre a África. Sua ideia em relação a mim enquanto africana, era uma espécie de piedade paternalista bem-intencionada.   Era uma única narrativa de catástrofe. Nesta única narrativa, não havia nenhuma possibilidade dos africanos serem semelhantes a ela. Nenhuma possibilidade de sentimentos mais complexos que a piedade. Nenhuma possibilidade de uma relação entre humanos iguais.”

Em resposta à esta simplificação da identidade Africana, e contra a narrativa única que apenas vende a miséria e o sofrimento, os africanos foram para as mídias sociais  mostrar a diversidade do continente. A estudante somali-americana, Diana Salah , 22, criou uma campanha no Twitter com a hashtag #TheAfricaTheMediaNeverShowsYou .

É certo que o continente possui grandes bolsões de pobreza, assim como ocorre em muitos lugares do mundo, incluindo o Brasil. Mas a narrativa sobre as histórias de felicidade, de talento e de sucesso dificilmente chegam até nós.  Aqui estão alguns tweets que irão fazer coçar os pés do povo da mochila:

 

 

 

 

Foto do autor

Silnei L Andrade

Fundador do Mochileiros.com, pedreiro da web desde 1997, midiativista e lúmpen escrevinhador . Responsável pela inserção do verbete "Mochileiro" na Wikipedia em Português, por ter criado um dos primeiros fóruns e um dos primeiros blogs de viagem da web brasileira.

3 comentários em ““A África que a mídia não mostra para você””

  1. Definitivamente eu concordo com o Vitor Malheiros.
    Tá olhando pro lado errado. A quantidade de mídia hoje em dia que trabalha o turismo de vivência, cultural, ecológico dentre outros.
    Se você vai assistir um telejornal de fato vai apresentar notícias agora se partur para um programa de variedades (Globo Repórter a anos apresenta turismo) você vai enxergar a beleza desse continente.

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  2. Morei 8 anos na África, trabalhando como engenheiro, visitei além de Angola (minha base), Nigéria e África do Sul, percorrí muitas cidades de carro e conhecí bastante da realidade do povo africano, o qual como negro muito me orgulhou, um dia voltarei para morar e morrer no nosso amado e desvalorizado continente, e quem sabe poderei ajudar mais do que fiz até agora, pois dei aulas de português em todas minhas horas de folga nesses 8 anos, gratuitamente, com muito amor! Axé África!

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