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Possivel caminho da travessia

 

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Eu e o Dema e Eu e o João Paulo, by Jony

 

Volta ao Saco do Mamanguá e Travessia da Ponta da Joatinga-2011

 

Quando cruzei a Ponta da Joatinga em 2004 peguei três dias de sol e com temperaturas acima de 35 graus. Voltei de lá extasiado com tanta beleza e certo de ter cruzado por um dos lugares a beira mar mais belo do Brasil. Não estava de todo errado, pois o local acabou se tornando uma das mais clássicas travessias de todo o país. Comecei por Paratí-Mirim, um vilarejo pertencente a Parati-RJ e de lá cruzei pela boca do Saco do Mamanguá em uma pequena canoa. O Saco do Mamanguá é alardeado por todos por ser o único fiorde tropical do Brasil, mas na ocasião não tínhamos tempo de conhecê-lo e então deixamos para uma futura expedição. Mas sabe com é “né”, outras grandes trilhas foram surgindo, inclusive a travessia da Pedra do Frade (travessia-bananal-sp-x-pedra-do-frade-x-mambucaba-rj-t49052.html)

e a volta da Ilha Grande(a-ilha-da-grande-volta-e-a-serpente-do-paraiso-t41519.html ) , idéias que surgiram justamente por causa desta travessia. Mas desta vez juramos que a caminhada não escaparia e então compramos as passagens para Ubatuba, com quase uma semana de antecedência.

 

Às 07h30min do dia 11/11/2011 Eu e o Dema já estávamos estacionados na Rodoviária de Campinas esperando o nosso ônibus que tinha partida marcada para às19: 40. Já o João Paulo, o outro integrante, só partiria no ônibus das 20 horas. Estávamos parados na plataforma com as cargueiras nas costa quando “colou” em nós outro mochileiro. Um cara cabeludo, com arquinho no cabelo e carregando duas mochilas, dizendo que iria para Trindade. Minha mente preconceituosa e meu olho de raios-X já identificou o conteúdo das duas mochilas: Uma era de comida e a outra era de maconha. Subimos todos no ônibus e o cara foi se revelando um dos caras mais espetaculares que eu conheci na vida. Desenhista, caricaturista, mágico, massagista, botânico, professor de informática. Seu nome também era João Paulo, mas logo adotamos seu apelido para não confundir com o outro João Paulo, e antes de chegarmos a Ubatuba o Jony já tinha resolvido abandonar a idéia de ir para Trindade e resolveu seguir conosco para a nossa aventuresca travessia. Para isso bastou apenas que ele deixasse a sua outra mochila no guarda volume de Ubatuba. Detalhe: na outra mochila não havia maconha, era apenas uma mochila cheia de creme para cabelo (rsrsrsrsr).

 

Uma hora depois de chegarmos à Ubatuba, chegou o ônibus que trazia o João Paulo, o psicólogo que nos acompanhou na Travessia da Serra de Ibitiraquiri (travessia-ibitiraquiri-ciririca-pico-luar-taquapiroca-cerro-verde-itapiroca-t57529.html ) . O quarteto fantástico estava completo e às 04h30min da manha embarcamos no ônibus que nos levaria até a divisa de Ubatuba-SP com Parati-RJ, em um lugarejo conhecido como Cachoeira da Escada. O ônibus estava apinhado de gente com mochila, todos se dirigindo para Trindade, é claro. Pouco depois chega o ônibus que liga a Cachoeira da Escada com Parati. Uns 8 km depois a galera de Trindade “apeia” no bairro do Patrimônio e nós seguimos por mais uns 10 minutos até o ônibus nos deixar na entrada para o vilarejo de Paratí-Mirim, bem às margens da Rio Santos. Para chegarmos até Paratí-Mirim tivemos que caminhar com as mochilas nas costas por uns 9 km. Caminhada gostosa que vai margeando um grande rio, onde várias pontes – pencil vão dando um ar de aventura “Indianajonesca” a nossa jornada. Não demora muito passamos pela sede da Tribo Guarani que está estabelecida a beira da estrada. Duas horas depois já estacionávamos nossos esqueletos em frente à igreja e suas ruínas na minúscula praia de Paratí-Mirim. Lugar agradável e pacato, mesmo em um feriadão prolongado como esse.

 

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Jogamos as mochilas às costas e partimos pela trilha que sai do lado direito junto à montanha, trilha muito conhecida pelos caiçaras. A subida já começa forte e não poupa as pernas de ninguém. Alguns minutinhos à frente já é preciso ficar atento, pois da trilha larga sai uma trilha bem mais estreita à direita e então sobe pra valer novamente passando por um monte de pés de jaca, infelizmente verdes nesta época do ano. A trilha passa por alguns pontos de água e em mais ou menos uma hora e meia já adentramos o Saco do Mamanguá.

O lugar é realmente lindo. Águas transparentes e calmas feito um grande lago. Do outro lado o Pico do Pão de Açúcar do Mamanguá já aguça nosso espírito de aventura, mas é preciso segurar a onda, pois só tentaremos a escalado no outro dia, se tudo correr como o planejado. Logo na entrada do Saco do Mamanguá, existem várias casas e foi em uma destas casas que conseguimos a canoa para fazer a travessia em 2004, mas dessa vez seguiremos a pé, trilharemos toda a face oeste do saco até chegarmos ao seu fundo lodoso, onde um mangue espetacular deverá ser cruzado, a pé ou de canoa, coisa que decidiremos somente no final do dia, porque agora é hora de nos preocuparmos com as belas praias e os mergulhos nas águas transparentes para ver se nos aplaca um pouco o sono, já que passamos a noite toda sem pregar os olhos.

 

A trilha segue em nível a certa distância do mar, coisa de uns 100 metros. Outras casas vão surgindo a nossa esquerda, mas não descemos a nenhuma, ficamos esperando a hora certa de descermos ao mar com maior tranqüilidade. Logo chegamos a uma parte bem aberta da trilha e fizemos logo uma parada para apreciar as grandes paisagens que descortinavam à nossa frente e também tirar algumas fotos e comer algo. Alimentados, seguimos nosso caminho até que a trilha passa por uma casinha toda estilizada, que por incrível que pareça estava aberta e não havia ninguém por lá. Aproveitamos que no local havia um trapiche (píer) e descemos ao mar. A água era de uma transparência sem igual e não teve jeito, aproveitamos para dar nosso primeiro mergulho e espantar de vez o sono. A brincadeira havia começado, a diversão estava estabelecida.

 

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A trilha continua sempre plana e gostosa de ser trilhada. Vai passando por várias pequenas praias. Passamos pela Prainha das Pedras, depois Praia das Pacas, Praia da Tapera e quando chegamos a Praia Grande, que realmente é a maior praia deste lado do Saco do Mamanguá, fizemos uma pausa para uma prosa com o povo local. Queríamos saber qual era a possibilidade de dar a volta no fundo do Saco, passando pelo mangue. Todos foram unânimes em dizer que a tal façanha era quase impossível. Sabendo que o feito já havia sido realizado por outros aventureiros, não liguei muito pra conversa dos nativos e deixamos para resolver isso quando chegássemos á Praia do Curupira. Da Praia Grande cruzamos por uma ponte sobre um córrego e fomos andando por um gramando com muitos coqueiros até chegarmos a outra pequena praia. Pelo o que nos disseram seria a Praia da Bica. Aliás, os nomes das praias parecem ser desconhecidos até da maioria dos moradores, cada um dizia um nome diferente, Na Praia da Bica jogamos as mochilas ao chão e aproveitamos para mais um mergulho e também ficamos lá de bobeira por um tempão, sem fazer nada, apenas falando besteira e deixando a vida passar e como sempre diz o nosso amigo Jony: “Eita vidinha mais ou menos” (rsrsrsrsrssr).

 

Continuamos nosso caminho. Passamos por uma pequena praia, mas nem chegamos descer até ela e fomos para a próxima praia, a Praia do Pontal onde usamos um banco para tomar fôlego e seguir a passos lentos até desembocarmos na Praia do Curupira. Lá existe uma escolinha e algumas casas. Sinceramente eu esperava encontrar uma praia movimentada, mas encontramos um lugar pacato e meio abandonado, um sossego só. Deu vontade de acampar por lá, mas como já estávamos com o roteiro atrasado tínhamos que sentar e decidir o caso da travessia do mangue. Já passava das 3 horas da tarde e se decidíssemos tentar contornar por dentro do mangue, seria certo que teríamos que dormir dentro dele e enfrentar os ferozes mosquitos comedores de gente, coisa que já havia sido relatado por outros aventureiros que por lá já haviam passado. Estávamos todos um bagaço por não termos conseguido dormir a noite. O Dema coitado, já estava parecendo um zumbí. Diante da situação resolvemos abortar a temida passagem pelo mangue e então tentamos conseguir uma canoa que nos atravessasse pelo fundo do Saco do Mamanguá e nos deixasse no lado leste, mais precisamente junto às cachoeiras do Rio Grande, onde pretendíamos acampar. Conseguimos uma canoa a motor e fomos adentrando por dentro do Rio Grande, passando pelo mangue onde vários caranguejos davam o ar de sua graça. Foi um lindo passeio e em meia hora já estávamos desembarcando e caminhando na trilha que vai subindo o rio pelo seu lado direito. Logo à frente surge uma bifurcação, como já havíamos sido avisados que ela nos levaria a uma tribo indígena, seguimos por ela. Menos de 5 minutos avistamos a maloca dos índios e dela surgiu dezenas de galinhas e alguns gatos que vieram ao nosso encontro, muito provavelmente esperando que tivéssemos alguma comida para eles. A tribo estava vazia, somente um casebre parecia estar habitado, mas não havia ninguém por lá e pelo que nos disseram depois, o tal índio que mora lá aparece esporadicamente, talvez para alimentar os bichos e colher algo do pequeno roçado que tem por lá. Achamos estranho que uma tribo inteira estivesse abandonada. Depois de visitar a tal tribo voltamos para a trilha e ao invés de voltarmos para o mesmo lugar de onde havíamos pego a bifurcação para a tribo, seguimos outro atalho que nos levou direto de volta para o rio , agora um pouco mais acima, junto a uma grande e centenária árvore que fazia o papel de ponte para cruzar ao outro lado do rio.

 

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Do outro lado do rio estava uma das grandes surpresas daquele fantástico local. Um grande poço de águas transparentes, junto a uma laje inclinada. Não tivemos dúvida, tiramos as cargueiras das costas e nos esparramamos naquele paraíso. Uns foram tomar banho e dar altos mergulhos no poção. O Dema coitado, literalmente desmaiou embaixo de uma sombra e se o mundo tivesse acabado ele não teria nem visto. Dormia de boca aberta e fazia a alegria das muriçocas que aproveitavam a sua boca para se alimentar. Enquanto alguns se divertiam e outros morriam, aproveitei para tentar achar algum lugar decente para montarmos nossa barraca e prepararmos a nossa janta. Segui a trilha que subia o rio, passando por um pequeno descampado, então cruzei outro pequeno riacho e dei de cara com outra tribo de índio. Esta maloca indígena tinha mais casas que a outra, mas estava igualmente abandonada e em apenas uma casa havia vestígio de que estava habitada, mas igualmente não havia índio algum por lá. Forcei a porta de um barracão e adentrei no que me pareceu ser a casa de reza da tribo, pois encontrei alguns apetrechos que deveria servir para os cultos religiosos. Por incrível que pareça havia uma luz acesa no local, sinal que o sistema de painel solar instalado muito provavelmente pela Funai ainda estava em funcionamento. Cruzei toda a tribo até chegar de novo ao rio principal e sabendo da existência de outro grande poço, fui subindo o rio, pulando de pedra em pedra, até que um pulo mal calculado me fez cair feito uma jaca madura de roupa e tudo dentro de um poço profundo. Fiquei muito “puto”, não tava a fim de molhar a minha bota de caminhada. Já não estaria eu ficando velho pra essas coisas!!!!. Agora todo molhado fui por dentro da água mesmo , até que cheguei em um poção mais fantástico que o anterior, onde uma pequena cachoeira multiplicava sua beleza. Resolvi voltar para contar a novidade para a galera, mas desta vez encontrei a trilha certa e nem precisei voltar pelo rio. Em cinco minutos estava de novo passando pela tribo e me veio a cabeça a idéia de acampar dentro do barracão abandonado. O lugar estava limpo, abrigado e o piso era plano, perfeito! Seria ali mesmo que passaríamos a noite. De volta ás mochilas, tudo estava do mesmo jeito. A galera tomando banho e o Dema morto. Tomei um banho, acordamos o “defunto” e seguimos para a casa de reza da tribo, onde passaríamos a noite. Enquanto os meninos montavam as barracas, fui cuidar do jantar, Enquanto o arroz cozinhava, demos uma deitada para descansar um pouco. Acordo uma hora depois para constatar que o arroz havia dado uma boa queimada e só não virou carvão porque o refil de gás estava no final.

 

 

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Jantamos e fomos direto para dentro da barraca, pois os mosquitos “comedores de gente” nos descobriram. Nunca vimos tanto mosquito na vida, mordiam até no couro cabeludo, o que me fez besuntar meu lindo e sedoso cabelo com repelente. De manhã, acordei com a reclamação de todos quanto às várias picadas dos mosquitos. Eu sinceramente tive uma ótima noite de sono e saí ileso das mordeduras desses pernilongos. Acordei disposto, feliz por ter vivido mais essa experiência de ter dormido em um lugar fantástico. Não é todo dia que se dorme em uma aldeia indígena. Diferentemente de mim a galera estava mesmo a fim de botar fogo naquela tribo, só pra ninguém ter nunca mais de passar pela experiência de quase ser comido vivo. Aliás, ficamos sabendo depois, que a tribo havia sido dizimada pelos mosquitos, abandonaram tudo e foram viver em outro local. Pois é, nem os índios agüentaram (rsrsrsrsr). Tomamos café e fomos direto aproveitar o outro poção e por incrível que pareça lá não havia mosquito algum. A água estava uma delícia! Nadamos , mergulhamos, fomos à massagem natural que a pequena cachoeira proporcionava. A decisão de ter acampado junto ao rio realmente foi a mais acertada. Estávamos todos renovados e extasiados com aquele lugar. Enquanto o Dema, o Jony e o João Paulo ficaram na “cachu” tirando fotos e dando altos mergulhos, resolvo subir um pouco mais o rio para tentar encontrar outra cachoeira que já tinham me avisado que existia.

 

De novo vou pulando de pedra em pedra, agora com pulos cada vez mais distantes. Algo toma conta de mim, quase que levito, sinto uma sensação de satisfação que não sentia a muito tempo. Um misto de euforia e felicidade toma conta do meu corpo. Lá estava eu dando saltos enormes, do mesmo jeito que dava quando tinha 25 anos de idade. E pensar que a um mês, por uma destas voltas que a vida dá e alguns tombos que a gente toma e nunca espera, acabei tendo uma crise de depressão e praticamente já não tinha mais interesse em viver. E hoje estava ali, cheio de vida, feliz por estar acompanhado por uns caras tão espetaculares e por amigo de mais de 30 anos. É, estou de volta a vida, não foi desta vez que me derrubaram. “To” igual ao ministro do trabalho (o vagabundo) “só caio á bala, e se for das grandes”, (rsrsrsrsr).

 

Subo o rio por uns 10 minutos, mas não encontro nada. Resolvo voltar e também aproveitar o gigantesco poção. Então ás 10 horas da manhã abandonamos esse pequeno paraíso, apanhamos nossas mochilas e voltamos para a trilha. Passamos de novo pelo poço mais abaixo, cruzamos o rio por cima da centenária árvore caída e voltamos ao local onde a canoa a motor havia nos deixado no dia anterior. Cruzamos o Rio Grande e pegamos a trilha do outro lodo e fomos descendo, agora acompanhando a sua margem esquerda. Não demora muito a trilha se afasta do rio e vai seguindo meio que para oeste até encontrarmos outro pequeno riacho, que corre no meio do mangue. Então era assim, do lado esquerdo mangue e do lado direito floresta e um enorme barranco. Por vezes a trilha se perdia, mas logo era encontrada atrás de alguma árvore que caia e arrastava tudo com ela, obstruindo a passagem. Uma hora depois a dita cuja acabou bem na divisa do mangue e do Saco do Mamanguá, em uma prainha de areia grossa e água lodosa. Procuramos pela seqüência da trilha, mas nada encontramos. Estacionamos um pouco para descansar e ver o que faríamos.

 

 

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Era certo que havíamos pegado a trilha errada, muito provavelmente era a trilha que atravessava o roçado, assim que atravessamos o rio Grande. Pedi para a galera aguardar enquanto eu tentava subir o barranco na expectativa de reencontrar a trilha bem mais acima. E foi que eu fiz, meti a cara no mato e fui trucidando tudo pela frente, abrindo o mato no peito montanha acima. Andei uns 300 metros, mas não encontrei trilha alguma e ainda acabei com um milhão de espinhos e cortes nas mãos. Voltei para junto dos meus companheiros para ver que rumo seguiria. Olhando os mapas de satélite que eu havia levado deduzi que poderíamos estar em algum lugar ao sul da Ponta do Bananal e então o que teríamos que fazer era seguir para o norte. E assim foi. “Andamos por caminhos alternativos e em seqüências aleatórias”, abrindo o mato no peito, e sem água para piorar as coisas. Quase duas horas depois de adentramos no mato e sem cachorro, interceptamos a trilha mestra das praias da Ponta do Bananal, aliás, trilha larga e limpa. Em alguns minutos descemos a uma das duas praias desta incrível ponta. Uma casa gigantesca e luxuosa, em um terreno todo gramado, cheio de pés de coco e outras frutas deliciosas. Desmaiamos ali naquela grama verdinha e ficamos lá de bobeira, já que na casa também não havia viva alma. Aproveitamos o trapiche para darmos uns mergulhos e ficamos nos sentindo como se fossemos donos do lugar, parecíamos que estávamos na “Ilha de Caras”

 

Como o tempo passa depressa, voltamos para a trilha e não demorou muito atingimos a segunda praia da Ponta do Bananal. Outra linda praia, mas agora com pés de coco que podiam ser alcançados com as mãos. Na casa também não havia ninguém (será que o mundo acabou e nós não ficamos sabendo, todo mundo sumiu) e então aproveitamos para pegar alguns, muitos cocos e também muitas bananas maduras no cacho. Matamos a fome e a sede, estávamos renovados. De volta a trilha não demora nem 15 minutos e desembocamos na Praia do Espinheiro. Na praia um grande barracão branco, grandes pedras e um velho barco carcomido pelo tempo, aonde a água do mar vai se encarregando de destruí-lo por completo, um píer serve de atracadouro de barcos.

 

 

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A trilha segue quase em nível com algumas subidas leves e logo chegamos a um lugar gramado, aonde o Jony, nosso botânico de plantão, descobre um pé de Ingá e mata a curiosidade dos que não conheciam a tal fruta. Daqui para frente começam a surgir muitas casas de caiçaras e o povo local começa a aparecer. Nos morros começam a surgir várias casas e a beira mar, algumas belas casas bem estilizadas dão o ar de sua graça. A trilha às vezes fica meio confusa e é preciso ir perguntando nas casas dos caiçaras por sua continuação. Passamos em frente a uma igreja da Assembléia de Deus de cor azul e então vão surgindo alguns calçamentos feitos de concreto, a trilha da uma subida de leve e então tropeçamos no posto de saúde do Mamanguá, onde temos uma vista espetacularmente fantástica do Pico do Mamanguá. Tiramos uma bela foto e aceleramos com o intuito de chegarmos logo na Praia do Cruzeiro, estávamos eufóricos para tentar escalar o Pico do Mamanguá antes da chegada da chuva que já se avizinhava no horizonte. Então às 03h30min da tarde estávamos fazendo pose para a clássica foto enfrente a Associação de Moradores do Saco do Mamanguá.

 

O João Paulo estava decidido a não subir o pico conosco e quando ele encontrou um boteco que servia “PF”, ele não teve dúvida alguma, estacionou sua fome de “dinossauro no cio” e não saiu mais de lá. Na Praia do Cruzeiro existe um acampamento estabelecido que pertence ao seu Orlando, caiçara muito gente boa e hospitaleiro. Foi lá que montamos a barraca, onde o João Paulo passaria a noite. Foi então que Eu, o Dema e o Jony nos despedimos do nosso amigo e às 16h00min horas da tarde partimos com mochila e tudo para a escalada do famoso Pão de Açúcar do Mamanguá, mesmo com o aviso de todos que não havia nenhuma clareira para acampar lá no topo. Não estávamos nem aí, com ou sem clareira dormiríamos no cume daquele pico, nem que fosse de cócoras a noite inteira. Passando então pelo quiosque do seu Orlando, vamos nos dirigindo até o final da praia e depois de atravessarmos uma pequena ponte, pouco antes de chegarmos na ruína da casa do coreano, subimos os degraus de concreto e menos de cinco minutos depois abandonamos a trilha principal , que vai nos levar depois para as próximas praias no dia seguinte, viramos a direita e começamos a subida para o Pão de Açúcar. A trilha é bem ingrimi e como começa a cair uma leve chuva, fica ainda mais escorregadia. A subida é lenta, muito lenta. Estamos muito esgotados e mal alimentados, mas nada nos fará desistir. Minha mochila já pesa uma tonelada e as minhas pernas idem. Mas como não há sofrimento que dure para sempre, às 17h00min horas estamos bem na base rochosa desta eniguimática montanha. E foi ali na base a uns 50 metros do cume que vislumbramos a possibilidade de abrirmos a clareira e montarmos nossa minúscula barraca, mas antes era preciso atingir o cume , antes que a chuva obstruísse de vez a visão.

 

Às 17h05min pisamos no topo dos quase 450 metros de altitude do Pão de Açúcar do Mamanguá. Está muito nublado e o tempo não ajuda muito, pouca coisa se consegue ver. Só quando uma rajada de vento varre as montanhas ao redor, é que é possível nos deslumbrar com toda a beleza desde famoso Saco do Mamanguá. Ficamos uns 15 minutos no topo torcendo para que o tempo melhorasse, mas não seria hoje que tiraríamos aquela clássica foto junto ao grande cacto, tendo como pano de fundo todo o esplendor do fiorde tropical. Quem sabe no outro dia de manhã? Descemos e fomos limpar o local para montar a barraca. Usamos um facão apenas para cortar um mato rasteiro e arrancar algumas raízes, nada que causasse nenhum impacto ao local. Limpamos tudo e sinceramente, fizemos um ótimo trabalho. Estava inaugurada uma nova clareira de acampamento no topo do Pico do Mamanguá, espero que os outros excursionistas que por aqui passarem, saiba usar com consciência, não deixando nenhum lixo por aqui. Montamos a nossa casa de mato e fomos cuidar do jantar. Talharim ao molho madeira e omelete com pimentão e cebola foram o nosso banquete na montanha. Assim que jantamos a chuva apertou e nos lançamos logo para dentro da barraca e acordamos somente ás 06h30min da manha. Acordamos e subimos correndo ao cume para apreciarmos uma das mais espetaculares paisagens litorâneas do Brasil. Que lindo aquele lugar!!!! Valeu o esforço, fomos recompensados com aquela visão que tanto sonhávamos ter. Dei um abraço no nosso amigo cacto e só não dei um beijo por questões óbvias, (rsrsrsrsr).

 

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Desmontamos tudo e descemos aquela montanha feito um foguete. De vez enquando a nossa bunda servia de freio. Em meia hora estávamos de novo na Praia do Cruzeiro para reencontrar nosso amigo João Paulo. Tomamos um belo café, batemos um proveitoso papo com seu Orlando e seguimos nosso caminho. Passamos de novo pela ruína da casa do coreano. Dizem que era uma casa que valia mais de 5 milhões de reais, mas como foi construída em área irregular e ele por ter muito dinheiro ignorou sempre o aviso do Ibama para não construir lá e aí num belo dia o órgão ambiental foi lá e mandou o seu “casebre” pelos ares. Hoje só restou o vestígio do alicerce, onde um lindo pé de pitanga, que estava carregado me fez lembrar o meu tempo de infância, ainda bem que não explodirão a pitangueira, seria uma grande perda para humanidade, (rsrsrsr).

 

Bom, a trilha é a mesma que nós pegamos para ir ao cume do Mamanguá, só que tem que seguir reto na principal, sem pegar a subidinha pra direita, que a trilha pro cume.A trilha começa a subir um pouco fazendo uma curva para a esquerda e então segue afastada do litoral, então às 10;30 desembocamos em uma praia com uma mansão de cinema. Aliás, é a mansão onde foi gravado um dos filmes da Saga Crepúsculo. Um gramado espetacular com vários pés de cocos. A casa é linda, mais sinceramente, destoa da paisagem simples do lugar. Pra mim um 50 quilos de dinamite a deixaria muito mais linda, igual a casa do coreano,(rsrsrsrsr). A caseira, muito simpática, nos guiou até o começo da trilha para outra praia, trilha que sai justamente por trás da mansão. Passamos por uma área carpida, as vezes concretada e então saímos em outra praia que não deu para saber o nome pois não havia ninguém no local. Era também uma bela casa, mas o que nos chamou atenção foi um coqueiro carregado, onde o Jony não perdeu tempo e colheu logo uma meia dúzia para matar a nossa sede, apesar da chuva que não dava trégua. Pegamos os cocos e fomos tomá-los lá no alto da montanha, junto a uma pedra à beira da trilha. Daí pra frente o caminho vai cruzando por outras praias que acabamos nem descendo para conhecer, algumas por ter que passar por propriedades particulares e outros porque era preciso abandonar muito a trilha e descer par depois voltar a subir tudo de novo e como a chuva apertou, resolvemos apertar o passo. E então depois de cruzarmos muitas pontes e passarelas de concreto, descemos a nossa última praia do Saco do Mamanguá, a Praia do Engenho.

 

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A Praia do Engenho eu já conhecia da travessia de 2004, já que é a primeira praia que chegamos quando atravessamos a boca do Saco do Mamanguá. Uma pequena e incrível praia de águas super cristalinas, imperdível para quem gosta de mergulho livre. Mas hoje como chove muito não nos arriscamos a mergulhar não, temos pressa pois o tempo voa e temos pela frente umas 2 horas de travessia por uma montanha bem íngrime. A partir de agora abandonaremos de vez o Saco do Mamanguá e partiremos para a clássica Travessia da Ponta da Joatinga,conhecida e comentada por muitos , mas realmente realizada por poucos, uma caminhada fantástica se feita com sol, principalmente pelas infinitas possibilidades de mergulhos em praias, cachoeiras e poções “alados”. Sem perdermos muito tempo, subimos os degraus que sai ao lado da pequena casa que fica junto a gigantesca e impressionante árvore bem no meio da praia e vamos subindo pra valer sempre reto, sem pegar nenhuma bifurcação, até que a trilha ao chegar a um gramado de uma casa vira pra esquerda e nos leva até uma grande cachoeira. Quando passei por aqui em 2004 não me lembro de ter visto esta cachoeira, talvez a trilha passasse por outro lugar, ou então meus neurônios é que diminuíram muito. Aproveitamos a cachoeira para abastecer nossos cantis. Procurei pela seqüência da trilha mais nada encontrei. Não a encontrei porque realmente ela não parte da cachoeira, é preciso voltar pela trilha que viemos e passar por cima do gramado da casa para reencontrá-la uns 15 metros mais à frente e daí para frente não tem mais erro, é uma trilha larga e bem batida. Vamos subindo pra valer, sempre parando para observar o movimento dos barcos no Mamanguá. Pouco mais de uma hora depois chegamos ao alto da montanha, molhados de chuva e suados feito porcos. Na descida aceleramos pra valer, menos o João Paulo que como sempre era o “fiofó” da tropa, mas pelo menos agora o menino agüentou firme e não ficou reclamando, acho que ele pegou o espírito da coisa e logo, logo vai estar dando uma surra em nós, (mas não agora que eu ainda to a fim de perder pra fedelho nenhum,rsrsrsr). O Jony foi uma grande surpresa, ia sempre na ponta, sinal que a academia tava valendo a pena. Nesse ritmo de para e espera o João Paulo, às 15h30min descemos a enorme Praia Grande da Cajaíba. Uma praia quase que deserta pelo seu tamanho. Quando chegamos ao primeiro sinal de habitação, que era um casebre vazio e abandonado, desabamos no gramado acima da areia da praia e ficamos um bom tempo por lá tomando fôlego para seguir enfrente. Depois vagarosamente fomos seguindo pela areia da praia até chegarmos à uma grande árvore, onde um bode mal encarado nos fitava com um olhar de poucos amigos. Na casa atrás da árvore fomos perguntar por algum lugar que vendesse algo para comer. A mulher que saiu para nos atender, jovem ainda, veio meio cambaleando. Disse que estava passando muito mal e pediu para que chamássemos seu marido, que estaria em um dos dois minúsculos barzinhos, bem no estremo da praia. Aí então saímos correndo, desesperados para localizar o tal Robinho, marido da mulher. No meio da praia havia um homem cavando uma valeta enorme para liberar o rio que havia sido represado pela maré e ficou sem saída para o mar, ameaçando fazer uma casa desabar. O Dema foi pular a valeta com a mochila nas costas e quase que enterrou o homem lá no buraco, quando caiu. Estragou o trabalho de uma semana do cara, que muito provavelmente em voz baixa deve ter mandado “lembranças” para a mãe do Dema, (rsrsrsrsr).

 

Chegamos ao final da Praia Grande e localizamos o tal Robinho. O homem de estatura baixa, de mais ou menos uns 35 anos. Avisamos do acontecido e o vimos levantar-se calmamente e se dirigir para sua casa. – “Não gostei desse cara”, essas foram as palavras do Jony, que alem de múltiplas outras habilidades, ainda era vidente. Bom, já que estávamos ali no barzinho, jogado as traças por causa do feriado sem sol, aproveitamos e pedimos para prepararem uns prato feitos tamanho gigante para 4 andarilho que acabaram de chegar da Somália. Enquanto o super rango era preparado, fomos tomar banho na cachoeira da Cajaíba. A trilha para a cachoeira sai logo após o último barzinho, à direita, bem atrás de uma grande rocha e não leva mais que 10 minutos de caminhada, há placas indicando o caminho. Uma pequena cachoeira, mas com um gigantesco poço profundo. A água estava muito gelada, mas chegar até ali e não dar um mergulho estava fora de cogitação. E foi o que fizemos e alguns até se aventuraram a saltar de cima da “cachu”, não sem a minha reprovação, já que os dois malucos (Jony e Dema) não verificaram direito se havia pedras a flor da água. A diversão “tava” boa, mas a fome também estava pegando e então demos um último mergulho coletivo nesse paraíso de águas límpidas e partimos correndo para os braços do nosso amigo arroz com feijão e sororoca frita, complementado com farinha de mandioca e muiiiita pimenta. Comi tanto que mal conseguia falar, e teve uns “bocão” que ainda conseguiram comer um pedaço de bolo de chocolate (Jony e João Paulo, os sacos sem fundo desta travessia) rsrsrsrsr.

 

Já era quase 6 horas da tarde e tínhamos duas opções: continuar seguindo enfrente por mais uma hora de sol e ir procurando algum lugar par acampar, ou acampar em algum lugar naquela praia mesmo. Depois de uma votação democrática resolvemos ficar na Praia Grande mesmo. Decidimos que o melhor lugar seria ficarmos no casebre abandonado bem no início da praia e evitaríamos assim termos que acampar na areia, o que chamaria muita atenção, pois havia umas placas dizendo que era proibido acampar na praia. Cruzamos então de novo toda a extensão desta enorme praia e fomos nos alojar no casebre abandonado. Estávamos limpando uns dos cômodos para estendermos um plástico de chão, onde jogaríamos nossos isolantes e sacos de dormir. O João Paulo achou o lugar muito sinistro e começou a fazer “beicinho”. Ele não estava nem um pouco a fim de acampar ali, mas não deixou isso bem claro e ficou apenas resmungando. De repente como que surgindo do nada, parecendo aparecer de outro mundo, ouço uma voz grossa e bem alta: -- “Vocês estão invadindo propriedade particular”, “esse lugar tem dono”, “vocês não podem ir invadindo as coisas dos outros assim”, “é proibido acampar aqui”, e bla,blá ,blá,blá.............

 

Era o tal Robinho, o mesmo sujeito que a gente tinha avisado no bar sobre o mal súbito da sua esposa. Um cara grosso, sem educação, muito diferente dos outros caiçaras locais, que eram sempre pessoas gentis e amáveis. Ele não quis nem deixar a gente tentar se explicar, a vontade dele era nos enxotara “aos ponta pés”.Não quis nem aceitar nossas desculpas e quando tentávamos falar ele continuava com aquela ladainha repetitiva. Quando vi que o indivíduo não passava de um pau mandado, um troglodita do litoral, peguei minha mochila e chamei toda a galera para irmos conversar com aquele traste lá na areia , território neutro. Disse pra ele que agora estávamos em pé de igualdade, pois a praia pertencia a todos. Ele me disse que na areia não iríamos acampar porque era proibido. Falei que nós não tínhamos a menor intenção de acampar na areia, mas ele não tinha nem um direito de nos impedir, se quisesse poderia chamar uma autoridade, já que ele portava um celular. __” Meu, vocês querem desafiar o Cristiano, que é o dono de tudo isso aqui, o cara tem dinheiro que não acaba mais e vocês tem o que? ”Foi aí que eu resolvi usar a velha frase que guardo só para as ocasiões especiais, a velha frase pra quando alguém quer usar o poder econômico para me intimidar, disse eu em alto e bom som: “TÔ CAGANDO E ANDANDO PRA ESSE TAL DE CRISTIANO!!!!!. Aí é claro, o tal Robinho endoidou de vez. Foi nessa hora que os meus amigos lúcidos e sensatos me intimaram à partir para outra praia, já que a coisa já começava a se encaminhar para voadoras e rabo-de-arraia . Depois ficamos sabendo que o tal Robinho de caiçara não tinha nada e ainda havia passado uma grande temporada hospedado gratuitamente em uma pensão do governo do Estado.

 

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A tal conversa fiada com o caseiro Robinho acabou se entendendo por mais tempo que deveria e acabamos ficando no escuro, debaixo de chuva, sem lugar para passar a noite. Pegamos nossas lanternas e fomos tentando achar a trilha para a próxima praia. Estávamos na adrenalina e subimos o morro no gás. Por incrível que pareça, estávamos tão bem humorados que o Robinho acabou foi virando a piada do resto da travessia. Descemos à próxima praia, deserta por sinal, era uma pequena praia antes da espetacular Praia de Itaóca. Eu queria acampar por ali mesmo, mas o resto do grupo achou um pouco arriscado, vai que o Robinho mete umas pinga na cabeça e vem atrás de nós. Seguimos então para Itaóca, passamos por uma pequena capela, onde me deu vontade de acampar, mas novamente recebi a reprovação da galera e então chegamos ao único quiosque desta magnífica praia. Um quiosque abandonado e com uma maravilhosa cobertura em frente. Chovia a cântaros e então estacionamos embaixo da cobertura do quiosque para ver o que iríamos fazer. O Dema, filho da mãe como sempre foi, só sabia rir, porque o cara se diverte quando a coisa “tá” feia e o bicho “tá” pegando. Acho que é por isso que a gente é amigo a mais de 30 anos, o sarcasmo está na nossa veia, (rsrsrsrsr). Na Praia de Itaóca havia uma grande casa a uns 200 metros do quiosque e da casa partia um grande facho de luz que nos vigiava a todo o momento. Ficamos ali parados, inertes, um misto de medo e apreensão. E se os caras daquele casarão vier aqui querer nos pegar também? Começamos a dar sinal com nossas lanternas para os caras saberem que nós não estávamos nos escondendo e ficamos lá parados pra ver no que ia dar. Eu e o Jony até tentamos encontrar a trilha que levava ao casarão, mas desistimos logo ao vermos uma subida escorreguenta.

 

Umas 8 horas da noite vimos quando um facho de lanterna começa a se mover vindo do casarão em nossa direção, seria mais um capataz armado até os dentes a nos enxotar dali ? A tensão aumentou, o medo aumentou e quando o sujeito se aproximou ouvimos um sonoro, BOA NOITE!!! VOCÊS PRECISAM DE AJUDA? Abrimos um sorriso do tamanho do mundo ao vermos aquele homem simples e generoso nos oferecendo até janta, coisa que recusamos já que já havíamos jantado. Seu André Luiz encarna mesmo a alma do caiçara destas lindas paragens. Gentil, amável, solícito, um ser humano das antigas. Depois de um longo papo ele nos ofereceu o quiosque para passarmos a noite, abriu as portas e disse para a gente ficar a vontade, até cama tinha. Fomos dormir felizes e esse foi o final do nosso terceiro dia de travessia, um dia com dois vieses. O dia em que o bem venceu o mal, um dia em que a brutalidade perdeu de goleada para a gentileza.

 

Acordamos às 7 da manhã descansados e renovados. A chuva havia parado, mas não tardava em reaparecer. Seu André veio nos visitar às oito e para retribuir a gentileza, nosso amigo Jony fez uma caricatura dele e de seu filho. O trabalho ficou perfeito, esse Jony é mesmo bom nisso! O filho do seu André tem as duas pernas atrofiadas, mas é um exemplo pra qualquer um. Nada, anda de caiac, joga capoeira e apesar de sua deficiência, seus olhos só deixam transparecer felicidade. Felicidade, talvez esta seja a palavra para definir a família do seu André. Despedimos-nos desta linda família e seguimos nosso caminho. Já passava das 10h30min da manha quando chegamos ao alto do morro e tivemos a última visão da praia de Itaóca, com certeza uma das mais bonitas da nossa travessia. A chuva, nossa companheira não se separava de nós , nos seguia para onde fossemos, era o quinto elemento da nossa travessia. Ás 11h30min nossos pés tocam a areia da praia de Calheus, onde um amontoado de grandes rochas no mar a deixa com um cenário deslumbrante. Em Calheus há uma pequena escola, onde um telefone público movido a energia solar nos deu a chance de mandarmos notícias para casa e avisarmos que ainda estávamos vivos. Nosso próximo destino foi alcançado rapidinho. A praia de Ipanema que outrora era uma praia quase deserta hoje a encontrei com várias casas, quanta diferença de 2004. Nesta praia encontramos um pé de manga carregado de frutos maduros. Comemos o quando agüentamos e ainda enchemos a mochila. Continuamos a subida para chegarmos logo a próxima praia, mas antes de descermos para a Praia do Pouso, bem no alto do morro olhando para trás é possível avistar um grande cemitério local e logo abaixo uma prainha deserta, que me passou despercebido em 2004. A descida a Praia do Pouso é feito com todo cuidado por ser um pouco escorregadia. Antes da uma da tarde já estávamos fazendo pose para uma foto enfrente a igreja do vilarejo, que por sinal é o mais movimentado desta parte da travessia.

 

 

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Estávamos no nosso e último dia de travessia e ainda estávamos presos na Praia do Pouso, ou seja, um dia de atraso. Tínhamos duas opções: Tentar arrumar um barco que nos levasse direto para Parati, ou tocar o foda-se e seguir por mais um dia e terminar a travessia. Por vinte anos me estressei quando o negócio era voltar para casa no dia combinado a fim de não perder o compromisso com o trabalho, com a família, com a sociedade, mas desta vez não estava ali só a passeio, estava ali como tratamento médico e depois de uma votação super, hiper democrática, venceu o foda-se por unanimidade. A travessia iria seguir, com chuva e tudo, com a possibilidade de não conseguirmos atravessar os rios que disseram-nos, estaria bufando de tanta água. Ligamos para casa avisando do imprevisto e seguimos logo a seguir. O próximo objetivo era chegar a Praia de Martin de Sá, uma das mais belas praias da região. Partimos pela trilha que sai atrás da igreja e viramos para esquerda, passando por uma ponte de concreto e ai então nos perdemos em algum lugar qualquer ao lado de algumas casa. Mas a trilha continuava logo acima, trilha bem batida, quase uma estrada. Aí vamos subindo sem problema algum de navegação até atingirmos o alto depois de uns 40 minutos, onde paramos para um longo descanso. Ali enquanto alguns discutiam física quântica nuclear, outros contavam piadas de papagaio, enquanto alguns discutiam o futuro da humanidade, outros discutiam que fim dar as mangas que ainda haviam sobrado nas mochilas. Logo veio a grande descida até a Praia de Martin de Sá e as 03h00min da tarde fomos recebidos pelo seu Maneco, conhecido por todos como o guardião do paraíso. Paraíso sem ninguém, pois todos os turistas já haviam “picado a mula” a muito tempo , escapando do aguaceiro deste feriado mais que molhado. Pra comemorar nossa chegada a essa linda praia mandamos preparar mais um espetacular prato feito gigante. E teve cara que ainda comeu um pão com ovo depois. Putzzz, esse Jony esconde uma sucuri no estomago (rsrsrsrsr).

 

Ficamos ali sentados, “giboiando” e batendo papo com seu Maneco. Lá fora um temporal tão grande que juro ter visto a Arca de Noé navegando sobre o pico do Cairuçu (1070 m). A coisa estava mais do que feia. A única opção de camping que poderíamos deslumbrar, seria na Toca da Onça a umas cinco horas de caminhada de Martim de Sá, porque a tarde já estava acabando e logo a noite chegaria. Claro, tinha o próprio camping de Martim de Sá, mas como não estávamos a fim de desembolsar 20 reais para passarmos apenas uma noite ali o jeito seria seguir noite adentro pela floresta até a toca mesmo, que era um lugar bem abrigado. Foi aí que apareceu de novo o espírito iluminado dos caiçaras deste fantástico litoral. Seu Maneco nos ofereceu hospedagem de graça, caso resolvêssemos permanecer por ali mesmo. Fez ainda mais, disse que disponibilizaria a cozinha comunitária para a gente passar a noite, que era um barracão enorme, coberto e nem precisaríamos montar nossas barracas. Não tínhamos como recusar tal proposta, mesmo sabendo que seria paulera para terminarmos a travessia no outro dia. Mudamos-nos para a cozinha comunitária. Tomamos banho e colocamos roupas secas e como havia um fogão à lenha no local, botei fogo na “bagaça” e coloquei tudo que podia para secar. Combinamos de acordar ás 04h30min da manha e sair logo que começasse a clarear. Quando pensei que dormiria bem sedo, “os caras da sucuri no estomago” disseram que queriam jantar. Se esses caras tivessem nascidos gafanhotos, comeriam todo o alimento do mundo, (rsrsrsrsr). Preparei arroz, fritei umas batatinhas. Misturei um pacote de patê de atum com uma caixinha de creme de leite, juntei a esta mistura um pouco de alho, cebola, e alguns pedaços de salame e então estava pronta e inventada mais uma receita de acampamento, que pretendo patentear em breve. Comemos e fomos dormir ouvindo o tamborilar da chuva que caia no telhado, fechando assim o nosso quarto dia de caminhada.

 

Choveu a noite toda. Acordamos só ás 5:30 da manhã. Arrumamos as coisas, nos despedimos do seu Maneco e debaixo de um temporal, partimos. A trilha esta bem aberta e não parece ter erro segui-la sem se perder. Ela vai cruzando por vários pequenos riachos, que talvez no inverno ou em tempo de seca nem água tenha. Por volta das 8:00 da manhã chegamos em um local conhecido por todos pelo nome de Poção. O local é realmente muito bonito, pois guarda um profundo poço de águas cristalinas, parada obrigatória para um mergulho. Mas vejam só, desta vez não havia poço algum, o que havia ara um rio bufando de cheio que não devia nada as Cataratas do Iguaçu. E agora como atravessaremos este rio de águas torrenciais? Os maiores e os mais gordos foram á frente, se segurando em seus cajados e se esquivando como podiam das correntezas mais perigosas. Fiquei por último, com o “fiofó na mão”, procurando achar uma solução para resolver o meu problema, já que os outras já haviam conseguido passar. A primeira preocupação é com a água gelada, onde a gente vai evitando molhar as partes baixas. Depois vamos nos preocupando em manter o equilíbrio, protegendo a mochila e as canelas. Mas foi trabalho perdido, em uma parte profunda o filé de borboleta (eu), afundei até o pescoço quando minha mochila boiou e me jogou de vez na correnteza. Dei um grito e falei algumas palavras muito lindas, que nao vai dar para contar aqui, porque esse relato é de família, ou quase (rsrsrsr). Com a ajuda de um dos camaradas consegui chegar ao outro lado. Que sufoco!!!!

 

Retomamos nosso caminho, trilha sempre aberta. Ignoramos uma trilha que desce a esquerda e vai até ao Saco das Anchovas, que não é uma praia, mais um porto feito de troncos de árvores, pelo menos era em 2004. Em um dia de sol com o mar calmo é um excelente lugar para mergulhar, com várias piscinas naturais cheio de peixes coloridos. Mas como ainda chove muiiiito esse recanto vai ficar para uma próxima vez. A trilha começa a subir e logo sai em campo aberto onde é possível apreciar lá de cima toda a extensão da Ponta da Joatinga e localizar logo abaixo a enorme praia de Martim de Sá. No caminho somos surpreendidos por vários minhocuçus gigantes de quase um metro de tamanho. No começo levei um susto, pensei que fosse uma cobra. Veio-me a cabeça o acidente com o ofídio na Ilha grande. O Dema e o Jony pegaram os bichinhos nas mãos para uma foto, eu achei melhor manter distância vai que......Dez e meia da manhã chegamos a Praia de Cairuçu das Pedras. Outra pequena praia simpática e de águas cristalinas. Vejo muito excursionista tratar essa praia com desdenho e muitos em seus relatos aconselham a nem perder tempo para descer até ela, o que é uma pena, pois essa praia em dia de sol é um dos mais belos recantos desta travessia, a cor da água é um espetáculo a parte. Mas nós fomos só até o mirante para uma foto e partimos ás pressas por causa da chuva. Seguindo de novo pela trilha principal, bem aberta e carpida, logo à frente passamos por uma casinha, que fica á direita da trilha. Seguimos em frente, pois trilha parecia uma estradinha de tão aberta. Fomos andando até chegarmos a uma grande laje a esquerda e a direita alguns pés de cana que nos dizia: Me chupa, me chupa!!! Então não teve jeito, sentamos ali naquela laje, pegamos algumas canas e ficamos por lá olhando aquele marzão sem fim. Com a barriga cheia de cana continuamos atravessando pela laje de pedra, que sinceramente eu não lembrava de ter passado em 2004. Menos de 10 minutos à frente encontramos um casal de velhinhos que cuidava de um roçado. _ “’Vocês estão na trilha errada, meus filhos”. Tivemos que voltar todo o caminho até a casinha que havíamos visto ao lado da trilha e de lá pegamos uma discreta trilha, que sai a direita da trilha bem batida. A chuva não dava trégua e agora para piorar fazia um frio de lascar. Trilha praticamente não havia mais, caminhávamos dentro de cachoeiras, que as vezes batiam no joelho, e pensar que em 2004 quase morremos de sede ao cruzar por esses caminhos. Meio dia e meia, depois de muito sofrimento chegamos finalmente a Toca da Onça, que alguns também chamam de Berta Figueira. Embaixo desta toca da para armar umas três barracas, pois o chão é plano. Mas desta vez a toca esta quase toda alagada e vejam só, corre um rio por dentro dela. A decisão de passar a noite Martim de Sá nunca foi tão acertada. Ficamos ali na toca batendo o queixo de frio, quando passou um nativo pela trilha á caminho da Praia de Ponta Negra, nosso destino também. Ele nos disse que seria praticamente impossível passarmos pelo rio que ficava a uma meia hora da praia e que provavelmente teríamos que esperar a água baixar.

 

Ficamos preocupados, já estávamos achando que seria impossível terminar a trilha até a noite. Seguimos enfrente e em mais 10 minutos estávamos no topo da serra e iniciamos logo a descida final para a praia. Ao chegarmos ao rio vimos que o bicho não era tão feio quanto o nativo pintou. Subimos o rio e atravessamos a uns 15 metros de onde ele começa a despencar em cachoeiras. Em mais meia hora estacionamos nossos esqueletos congelados junto o um pequeno boteco em frente á Praia de Ponta Negra. Não precisa nem dizer qual foi a primeira frase que dissemos quando chegamos no boteco: TEM “PF”? Tiramos a roupa molhada e comemos até não agüentar mais. A chuva finalmente havia dado uma trégua, então aproveitamos a estiagem para esticarmos o passo. Subimos o morro á frente com muita dificuldade, pois ainda estávamos com uma capivara no estomago fazendo digestão. Já passava das quatro da tarde quando atingimos a Praia das Galhetas que não passa de um amontoado de pedras, onde sua maior atração é o rio de mesmo nome, que dizem tem alguns poções espetaculares, bastando apenas caminhas rio acima para ir descobrindo os recantos paradisíacos. Infelizmente é a segunda vez que passo por aqui e não irei conhecer. O rio como não poderia deixar de ser, está muito cheio. Mas agora há uma ponte pêncil para cruzá-lo. Atravessamos a ponte e fomos subindo novamente. Ignoramos uma saída a esquerda que dar na deserta Praia dos Antiguinhos e logo á frente desembocamos na também deserta Praia dos Antigos. São duas lindas praias, mas estamos com o roteiro mais que atrasado e não temos tempo para apreciarmos suas belezas. Fica pra próxima. Mais 20minutos de caminhada e chegamos ao mirante da Praia do Sono.É sem dúvida uma das visões de praia mais bela deste litoral. Lá embaixo uma gigantesca praia, a maior de toda a travessia. A praia do Sono vira um inferno nos feriados prolongados, mesmo tendo que se usar uma trilha meio longa para se chegar até ela, a galera alternativa (cachaceiros, maconheiros, forrozeiros e outros muvuqueiros) vem pra cá para se “libertar” e às vezes encher o saco de quem quer paz e sossego. Mas hoje o feriado já acabou. A chuva estragou com a farofa de todo mundo. A praia está silenciosa e vazia. Um ou outro caiçara transitando pra lá e pra cá. Atravessamos o rio com a água pela cintura e mesmo com a torcida do Dema, não afundei até o pescoço (rsrsrsrsr). Gastamos uns 15 minutos para cruzar toda a extensão desta linda praia e então entramos na última e derradeira trilha da nossa travessia, em direção ao bairro do Oratório.

 

 

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Estamos todos destruídos. Sentimos dores por todo o corpo. Mesmo com botas próprias para caminhada, não há pé que agüente tantos dias de caminhada molhada. Cada passo nesta trilha é um calvário a ser superado. Minha vontade é de jogar a mochila fora, que está molhada, pesada e nojenta. O João Paulo coitado, esse está muito pior que nós. Está todo assado, sua virilha esta em carne viva. Caminha igual a um cowboy, com as pernas abertas. Dá dó de ver o seu sofrimento. Vamos nos arrastando montanha acima e parando a todo momento para descansar e esperar o João. Finalmente ás 06h30min da noite nosso sofrimento acabou. Chegamos finalmente ao ponto de ônibus, mais um metro e cairíamos mortos. Antes das sete horas já estávamos no ônibus que liga o bairro de Laranjeiras a Parati e 20 minutos depois descemos na Rio-Santos, bem no bairro do Patrimônio para tentarmos pegar um ônibus para Ubatuba ou para a divisa de estado, junto a cachoeira da escada. Poderíamos termos continuado no ônibus par Parati e tentarmos pegar de lá um outro para São Paulo, mas as coisas do Jony estavam no guarda volumes de Ubatuba e nós não iríamos deixar nosso amigo sozinho. Já que não haveria ônibus tão sedo para Ubatuba e nem para a divisa, tratamos logo de conseguir uma carona pelo menos até a divisa. Chegamos a divisa, que fica 8 km do Patrimônio apenas para descobrir que o próximo ônibus para Ubatuba só sairia ás 09h40min da noite. Já comecei a achar que não conseguiríamos ônibus para nenhum lugar essa noite. Estávamos mais que ferrados, mas ainda mantínhamos o bom humor em alta. Quase 10 horas da noite encosta o nosso ônibus. Foi entrar no coletivo e desmontar de tanto sono. Só acordamos quando o ônibus já estava no centro de Ubatuba. Caímos do ônibus sem saber onde estávamos. Ficamos dando várias volta tentando achar a tal rodoviária. O João Paulo andando de perna aberta e com um cobertor enrolado na cintura e nós com os sacos de dormir enrolados no corpo. Parecíamos os quatro cavaleiros do apocalipse anunciando o fim do mundo, desfilávamos nossa feiúra e nossa “mulambência” pelo centro de Ubatuba assustando os alunos que saiam das escolas, nem a visão do inferno era mais feio que aquilo e o João Paulo era o nosso líder, (rsrsrsrsr).

 

Chegamos á rodoviária e descobrimos o que já me parecia obvio, ônibus para São Paulo só ás 05: 00 da manhã. E agora o que fazer? Onde dormir? Foi aí que o funcionário da rodoviária disse que poderíamos dormir entre as plataformas dos ônibus, depois que a rodoviária estivesse fechada. Esticamos os sacos de dormir e morremos naquele lugar sombrio até ás 04h30min da manhã, quando o Jony acordou para pegar sua mochila de cremes para cabelo (opsss.. sua bagagem) no guarda volume. Compramos as passagens para São Paulo, entramos no ônibus então eu não vi mais nada. Só acordei quando já estávamos no maior terminal rodoviário da América Latina, em uma das maiores metrópole do mundo. Novamente éramos a atração turística. Parecia que a cracolândia havia se mudado para o Terminal do Tietê, os líderes da mendicância estavam sendo expulsos da capital paulista. Ás nove horas da manha embarcamos para Campinas, aonde chegamos ás onze e todos nos despedimos certos de termos feito parte de uma das maiores aventuras das nossas vidas e de termos fortalecido aquilo que é mais importante na vida de um se humano: A amizade e a vontade incontrolável de continuar vivos.

 

Divanei Goes de Paula – Novembro/2011

 

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Grande Divanei, parabéns pela travessia!!! Muito legal o trecho do saco de Mamanguá, pelo visto poucos fazem este pedaço, limitando-se a ponta da Juatinga. E pra variar um belo relato...

E sobre o caseiro mala: "Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem" Rm 12:21

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Otávio, caro amigo.

Quando saio à caminhar levo sempre comigo um coração aberto para as coisas boas. Quando falei da mochila de maconha do Jony, foi só no intuito de provocá-lo por causa dos seu enormes cabelos, por isso fiz a brincadeira com a mochila cheia de cremes e xampus.Só faço as brincadeiras com as pessoas que me cativam. Eu sabia a todo momento que o tal Robinho era a ecessão daquele lugar e repetia para a galera o tempo todo : Aqui é uma terra de homens de alma pura. Tanto que o Robinho se tornou a piada da nossa jornada. Transformamos um incidente em um causo de descontração, onde demos muitas risadas. O bom humor não pode faltar em nenhuma caminhada, mesmo que o bicho esteja pegando e a coisa se encaminhando para algum lado sombriu. Quando escrevo meus relatos de forma sarcástica, na verdade estou apenas traduzinho como foi o clima da expedição. Para mim nas caminhadas só existe um regra, que é manter a segurança de todos para que ninguém se arebente, no mais a liberdade é que nos rege e comanda nossos atos, sempre respeitando as outras pessoas. Um abração amigão e obrigado por ter tido paciência de ler um relato tão extenso, é que eu vou me impolgando e acabo exagerando.

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Só a termo de comparação segue abaixo algumas fotos tirada na Travessia da Ponta da Joatinga em 2004 :

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Poção em 2004 e poção em 2011

 

 

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Praia do Caiuruçu em 2004 e em 2011

 

 

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Cachoeira da Cajaíba em 2004 e em 2011

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Cacius,

Não caro amigo, as perneiras não influem em nada nas caminhadas. Sevem para proteger contra as cobras e também protegem as canelas com muita eficiência. Não pesa nada, não deixa entrar muita lama por cima da bota e protege a calça dos matos espinhudos. Pode a ter ser um dispositivo meio brega, que te deixa com cara de roçeiro e fora da moda, mas como " EU TÔ CAGANDO E ANDANDO PRA MODA ",vou continuar usando e deixando minha família um pouco mais tranquila, rsrsrsrsr. Um abraço.

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  • Membros de Honra
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Pra falar a verdade só usei as perneiras em lugares úmidos , como as florestas e em montanhas. Talvez uma caminhada no Nordeste ou sobre dunas esquente mesmo, mas quem precisa de perneiras pra caminhar em Dunas ? rsrsrsr . Também tudo é questão pessoal, eu sou um cara super magro e sinto frio com qualquer clima. Também é preciso saber que tipo de perneira se está usando, talvez o matrial influencie muito. As minhas tem uns furos que deixa entrar um pouco de ventilição.

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  • Membros de Honra
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Grande Divanei,

 

Diante de tão magnífica pernada e de tão emocionante relato só posso dizer uma coisa: E S P E T A C U L A R ! ! ::otemo::::otemo::::otemo::

 

Parabéns!

 

Companheiro, ri muito e acompanhei cada linha e cada foto. Meu caro, você inaugurou bem a temporada de travessias de verão, que porreta essa caminhada! Uma pena que a chuva gostou de vocês e resolveu acompanhá-los, mas faz parte, o importante é fazer como fizeram, encarar mesmo e curtir, faça chuva ou faça sol.

 

Essa região está nos meus planos para pernadas longas há algum tempo mas por infelicidade nunca deu certo... Já fiz alguns bate-volta por ali em passagens anteriores mas agora me animei com o teu relato. Quem sabe farei alguma travessia por ali em breve pois nas minhas próximas férias, em abril/2012 próximo passarei novamente por aquela região e pretendo ficar uns dias... Vamos ver.

 

Abraço!

  • Membros de Honra
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Bom caro amigo,

Eu sou o cara mais suspeito quando se trata de litoral norte de São Paulo e sul do Rio de Janeiro. Já declarei várias vezes meu amor incondicional pór estes lugares, que inclusive em uma votação a uns 10 anos atras feito pela antiga revista Os Caminhos da Terra , que entrevistou mais de 100 aventureiros brasileiros e eles colocaram estes lugares entre os 10 mais bonitos do mundo. Mais se precisar de ajuda quanto a alguns roteiros pode contar comigo. Um abração

 

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