Membros Vanilsa Potira Postado Julho 12, 2014 Membros Postado Julho 12, 2014 (editado) “E se der medo... finge que tem coragem e vai com medo mesmo”. (Wilton Lazarotto) E assim eu encarei o avião teco-teco com destino ao Parque Canaima – Setor Ocidental, no sul da Venezuela . Visitar Salto Angel, foi um desejo antigo que sempre adiava por medo de voar em aviões mono e bimotor. Porém, uma oportunidade imperdível e com incentivos de amigos, o sonho de conhecer a maior queda d'água do mundo se materializou de forma inesquecível e com vontade de retornar a um dos lugares mais encantadores que já conheci. Essa oportunidade surgiu há dois meses quando minhas amigas me convidaram para desfrutar da cachoeira Puerta del Cielo, próxima de Santa Elena – cidade fronteiriça com o Brasil – com um amigo delas chamado Joel, que é guia profissional e opera uma agência de turismo nessa cidade venezuelana. Além do trekking no Monte Roraima e no Kukenan Tepuy e passeio pela Gran Sabana, sua agência oferece pacotes para o Salto Angel e outras cachoeiras do Parque Canaima – setor ocidental. Nas conversas sobre aventuras, acabamos fechando um pacote de três dias e duas noites para o Salto Angel por R$ 850,00 incluídos transporte ida e volta de ônibus desde Santa Elena a Ciudad Bolívar, boletos aéreos de ida e volta Ciudad Bolívar a Canaima, alimentação, estadia em acampamentos, redes e mantas no acampamento em frente ao Salto Angel e passeio pelos saltos Sapo, Sapito e Hacha, entre outros. Não foram incluídos nenhum tipo de seguro, nem a taxa aeroportuária (50 bolívares) e muito menos a entrada no Parque Canaima (200 bolivares por pessoa). Para nós essas taxas à parte não foi problema. Quanto ao que levar na mochila, Joel nos aconselhou a evitar o excesso de bagagem e nos recomendou a levar somente o necessário: roupas leves, um casaco de frio, roupa de banho, roupa de dormir, capa de chuva, toalha, chapéu ou boné, tênis ou botas, sandálias tipo papete, meias, protetor solar, repelentes, lanterna e itens de higiene pessoal. Com todas as informações sobre a aventura, eu, duas amigas e um amigo saímos de Boa Vista para Santa Elena na manhã do dia 02 de Julho, em um táxi que nos custou 30 reais por pessoa até a fronteira Brasil-Venezuela. Na fronteira carimbamos os passaportes, com exceção de Elizene, que entrou no pais venezuelano apenas com a Carteira de Identidade, que assim como o passaporte, precisa ser apresentada tanto na Polícia Federal como na Aduana venezuelana. Em outras palavras, com Passaporte ou com Carteira de Identidade, todo brasileiro e toda brasileira deve se apresentar no balcão da Polícia Federal para registrar a saída do país e, ao retornar, registrar a entrada no Brasil. Na aduana venezulena, os únicos documentos válidos para adentrar no país é o passaporte e a carteira de identidade. A Carteira de Habilitação não é considerada como documento válido de identificação pessoal. Após os tramites, fomos almoçar e depois ao encontro do Joel. Acertamos os valores da excursão com ele e em seguida, fomos ao comércio comprar itens de higiene pessoal e depois fazer um lanche. Às 19 horas tomamos o ônibus com destino a Ciudad Bolivar, onde chegamos por volta das 6h da manhã. Na rodoviária tomamos um táxi para o aeroporto, que custou 70 bolívares. No aeroporto, pagamos 50 bolívares de taxa de embarque e depois fomos para um restaurante tomar café e aguardar a hora da partida, prevista para as 8h30min da manhã. O voo foi muito tranquilo e durou mais ou menos uma hora. O medo foi superado!! . Chegamos em Canaima e fomos recepcionados por outro guia, Anthony, que Joel nos apresentou e que nos acompanharia nas excursões em Canaima. Além de nós quatro havia outro grupo de viajantes vindos da Dinamarca, EUA, Espanha, Austrália e outros. Em seguida, após pagarmos a taxa de entrada (200 bolívares) no parque, uma espécie de caminhão tipo pau-de-arara nos transportou até o acampamento Kavac, onde ficamos hospedados. Nesse acampamento, os guias nos informaram que dentro de instantes partiríamos para o Salto Angel e pediram que trocássemos de roupa e que levássemos somente o necessário mesmo! Pois iriamos todos em apenas um barco. E aqueles que estavam com excesso de bagagem podiam deixar seus pertences na pousada, com segurança. E assim, partimos rumo ao majestoso Salto Angel, numa embarcação de madeira motorizada com 13 viajantes, 2 guias e três ajudantes a bordo, numa viagem que durou cerca de 3 horas navegando pelos rios Carrao e depois o Churún. Durante o trajeto pudemos contemplar a beleza espetacular do Parque Canaima, cuja extensão é de mais de 3 milhões de hectares e se localiza no sudeste da Venezuela, entre a Guiana e o Brasil. Foi criado como um Parque Nacional em 1962 e foi reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Mundial em 1994. Canaima é um parque de muitas montanhas, penhascos e cachoeiras que formam uma paisagem muito bela e charmosa . Nesse parque encontram-se os exuberantes tepuis (montanhas em forma de mesa), entre eles o majestoso Monte Roraima (na fronteira com os três países citados). Estas montanhas são formações geológicas mais antigas do mundo. As florestas e savanas da região são ocupadas por vários grupos de índios da família Carib - os povos Pemon - que administram o parque. No setor ocidental do parque está um dos tepuis mais conhecidos, o Auyantepuy (a montanha do diabo na língua dos Pemóns), de onde nasce a queda de água mais alta do mundo: o Salto Angel (com 979m). Seu nome é alusivo ao aviador estado-unidense James Crawford Angel que em setembro de 1937 aterrissou abruptamente sobre o Auyantepuy, incrustando seu pequeno avião no solo. No entanto, os indígenas já conheciam este salto como Kerepakupai Vená (“salto do lugar mais profundo”). Deste salto nasce o rio Churún, afluente do rio Carrao que, por sua vez, desemboca no rio Caroní e finalmente no rio Orinoco. O rio Caroní alimenta a hidrelétrica de Guri, que fornece cerca de 70% da eletricidade do país e abastece a maior parte do Estado de Roraima, no Brasil. Depois de embarcamos com destino ao Salto Angel, cerca de meia hora, descemos do barco e fizemos um percurso de mais de trinta minutos a pé, pois há um trecho em que as corredeiras são fortíssimas e os barcos precisam atravessá-las com mais cuidado. Após a caminhada, foi longo o percurso até o Salto. Mas a beleza da paisagem e a emoção de subir a correnteza do rio numa canoa rústica fizeram de cada minuto de desconforto momentos de pura aventura. Seguimos subindo a forte correnteza do ondulado rio Carrao, superando as corredeiras e desviando de rochas, como se fosse um rafting sem remo e no sentido contrário. Molhamo-nos muito no caminho. Durante a viagem e dentro do barco, fizemos um lanche a base de sanduíche de queijo e presunto, refrigerantes e balas. Finalmente, depois de uma longa jornada que durou mais de três horas de viagem, de longe, em meio à névoa, a figura do famoso Salto Angel começava a aparecer em meio à neblina num cenário que lembrava aquelas montanhas voadoras do filme Avatar, rsss. E por falar nisso, Salto Angel e seu entorno foram inspiração para esse filme assim como o Up! Altas Aventuras. Ao chegarmos em certo trecho do rio, desembarcamos e iniciamos a outra etapa da expedição: a dura caminhada pela trilha que leva o visitante até o destino final: Salto Angel. A trilha é íngreme com inúmeros obstáculos como troncos, pedras e raízes escorregadias. Levamos cerca de uma hora e meia para subir até o mirante e contemplar o Salto Angel majestoso em sua plenitude. Na queda livre, ao longo da rocha vertical de 979m, a água vai se tornando apenas um vapor para chegar ao solo em fina forma de garoa. Em período chuvoso a cascata torna-se mais caudalosa. Depois de um bom tempo contemplando aquela exuberante maravilha da natureza, seguimos pela trilha por mais meia hora para mergulharmos na piscina natural formada pelas refrescantes águas do Angel, onde recuperamos o fôlego e energizamos corpo e alma. Cerca de uma hora depois, iniciamos a descida para o acampamento pois, já estava anoitecendo. O local onde pernoitamos é bem rústico com energia elétrica de um pequeno gerador. Possui banheiros individuais onde é possível tomar uma boa ducha. Mas, não esperem por um banho quente, a água é gelada mesmo! No jantar, foi servido arroz com frango assado e refrigerantes e água gelados. Após o jantar, dormimos cedo em redes e cobertores cedidos pela equipe. Foi uma noite chuvosa e tranquila. Não tivemos nenhum problema em dormir em redes porque aqui em Roraima, é comum dormirmos em rede e sempre tem uma atada nas varandas das casas ou debaixo das mangueiras. . Quanto aos mosquitos, embora os guias nos alertassem sempre para o uso constante de repelentes, quase não notamos a presença deles (risos). Acreditei que eram tantos que não podíamos nem abrir a boca! Rsss. Mas, nesse dia, eles não nos incomodaram. Os únicos insetos que nos agraciaram foram as libélulas azuis que pousavam em nossos membros durante a ida para o Salto. Muito lindas! No outro dia, as cinco horas da manhã, a equipe dos guias já estava de pé preparando nosso café da manhã com ovos mexidos, arepas e queijo ralado. E depois começamos a descer o rio que estava mais cheio, devido à chuva da noite anterior e ao olharmos para o Angel, percebemos que também estava mais caudaloso. A viagem de volta foi mais rápida, com um pouco mais de duas horas de duração. Aportamos próximo do mirante do salto Ucaima e esperamos o caminhão “pau-de-arara” para nos levar ao acampamento, onde teríamos duas horas de descanso até o almoço. Joel havia nos proposto um voo rasante de meia hora sobre o Salto Angel e arredores, por R$ 200,00 a mais, porém, não tínhamos mais tempo para fazer o passeio. No início da tarde, os guias nos levaram para conhecer a Lagoa Canaima e os saltos Sapo, Sapito e Hacha. Novamente dentro do barco, demos uma volta pela lagoa Canaima, de onde nos aproximamos de uma sequência de quatro quedas d’água: Salto Ucaima, Salto Golondrina, Salto Wadaima e Salto Hacha. A vista das quedas d’água da lagoa é um espetáculo à parte, o lugar é bonito demais! Os tepuis ao fundo dão um charme especial à paisagem. Desembarcamos e seguimos por uma trilha de quase uma hora para visitar o Salto El Sapito e Salto El Sapo. As cachoeiras têm esse nome por causa dos sapinhos de cor amarelo e preto muito comum na região, segundo o guia Anthony. Primeiramente, fizemos a visita no Salto El Sapito e em seguida ao El Sapo, que foi surpreendente! Depois de contemplarmos a queda d’água em um visual de tirar o fôlego, pudemos caminhar debaixo da cachoeira, por detrás da parede de água. Foi muito divertido! Retornamos para a lagoa Canaima e fomos visitar o Salto Hacha. E quando pensávamos que já tínhamos vivido a emoção de atravessar debaixo da queda El Sapo, fomos novamente surpreendidos com uma volta sob a queda Hacha. Foi um passeio indescritível, emocionante, vocês não tem noção! (risos) A queda d’água estava com mais volume de água que a do El Sapo. Foi extasiante e maravilhoso! Voltamos para o acampamento a tempo de assistir ao jogo Brasil e Colômbia. Depois do jantar, a empolgação do passeio durante a tarde não poderia terminar em outra coisa que não fosse uma noite de rum e salsa em um bar à beira da lagoa de Canaima, desfrutados por Sara e Gilmar que estavam comigo nesse passeio. Eu e Elizene estávamos muito cansadas e fomos dormir cedo. No dia seguinte, após o café da manha, Elizene e eu fomos dar uma volta na Lagoa Canaima antes de pegarmos o voo para Ciudad Bolivar às 10 horas. No aeroporto desta cidade, ficamos até as 18 horas para tomar o ônibus de volta a Santa Elena. Demos um rápido passeio pela cidade e depois retornamos para o aeroporto e esperar o tempo passar. (risos). Canaima foi um lugar especial pois pudemos conhecer e conversar com pessoas de vários países, uma troca de experiências bastante interessante. Não tivemos contratempos e nem perrengues. Não temos nada do que reclamar! A viagem é rústica e maravilhosa, é um passeio custoso, que tivemos a oportunidade de ir com um guia muito atencioso que nos acompanhou do início ao fim da viagem e por um preço acessível. A respeito do câmbio, este está em torno de 27 bolívares por 1 real, que pode variar ao longo do dia ou de um dia para outro. Para quem pretende sair de Santa Elena, indico a agência Amaikok Tours que é operada pelo Joel. Há outras agências em Santa Elena que operam passeios turísticos por diversos lugares da Venezuela, inclusive para o Salto Angel E Monte Roraima. É possível fazer o passeio conjugado para estes dois lugares, nesse caso, consultar a agência. Também é possível fazer o passeio contratando uma agência diretamente do aeroporto de Ciudad Bolivar. Há várias delas nos quiosques do pequeno aeroporto. Posso citar a Turi Express Dorado através do email: turipress1@hotmail.com. Em Santa Elena, o contato do Joel é pelo amaikoktours@gmail.com e do Anthony, que mora em Canaima, é pelo perfil no Facebook: Anthony Alex Montes. Em Boa Vista, a agência do meu amigo Magno Souza, a Roraima Adventures, atende pelo site http://www.roraima-brasil.com.br/roteiros-gerais/2014-06-22-02-55-25/2014-06-22-03-10-05/salto-angel Com esse relato, espero ter contribuído com informações atualizadas sobre o passeio ao Salto Angel e o Parque Canaima – setor ocidental e coloco-me à disposição para outras informações. Grande abraços a todos e todas e até a próxima aventura Editado Agosto 21, 2014 por Visitante Citar
Membros leonardojorgebrasil Postado Julho 17, 2014 Membros Postado Julho 17, 2014 PARABÉNS pelo relato!! Está muito legal. Devo fazer este passeio em breve e foi bem fácil entender os seus comentários. Obrigado! Citar
Membros Vanilsa Potira Postado Agosto 17, 2014 Autor Membros Postado Agosto 17, 2014 Boa aventura Leonardo! Citar
Membros Li Rodrigues Postado Agosto 20, 2014 Membros Postado Agosto 20, 2014 Queria tanto incluir Salto Angel no meu roteiro, mas direto leio falando que é dificil chegar e nem sempre dá pra ver o topo por causa do mal tempo. E como meu mochilão será grande (Brasil, Argentina, Chile, Bolivia, Peru, Equador, Colombia Brasil Norte), pensei em deixar pra lá. Citar
Membros Vanilsa Potira Postado Agosto 23, 2014 Autor Membros Postado Agosto 23, 2014 oi Li, na verdade não é tão difícil chegar no Salto Angel. É uma viagem muito linda! Vale a pena, garanto que vc vai se surpreender. abcs Citar
Colaboradores Edu Alves Postado Agosto 24, 2014 Colaboradores Postado Agosto 24, 2014 Que lugares bonitos! Fiquei com vontade de conhecer a medida que lia. Obrigado por compartilhar essa aventura conosco Vanilsa! Citar
Membros Vanilsa Potira Postado Agosto 27, 2014 Autor Membros Postado Agosto 27, 2014 Edu vale a pena conhecer o Parque Nacional Canaima. Abraços Citar
Membros brunnotrindad Postado Novembro 3, 2014 Membros Postado Novembro 3, 2014 Olá Vanilsa, pretendo ir a Canaima por Ciudade Bolivar em janeiro, mas uma agencia me passou o valor de 16000 bolivares, isso dá quase 6000 reais. Acho que algo está errado. Você pode me indicar a agencia que vc viajou? grato. Bruno Trindade Citar
Membros Vanilsa Potira Postado Novembro 3, 2014 Autor Membros Postado Novembro 3, 2014 Oi Bruno. Creio que há algo de errado com o câmbio. Em santa Elena o cambio oscila entre 27 a 29 bolívares por 1 real. Mas, de qualquer forma entre em contato com com estes: a Turi Express Dorado através do email: turipress1@hotmail.com. Em Santa Elena, o contato do Joel é pelo amaikoktours@gmail.com e do Anthony, que mora em Canaima, é pelo perfil no Facebook: Anthony Alex Montes. Citar
Colaboradores psoares Postado Abril 13, 2017 Colaboradores Postado Abril 13, 2017 Qual foi o mês que tu fez essa viagem, ja li relatos de que na época da chuva não da para ver o salto direito. Citar
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