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Postado (editado)

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Cachoeira da Capivara

 

As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/TravessiaCachoeiraDaCapivaraLapinhaSerraDoCipoMGJun12.

 

Mal terminei a travessia Travessão-Lagoa Dourada (relato em http://lrafael.multiply.com/journal/item/14/14) e já parti para outra longa caminhada na Serra do Cipó, desta vez numa tentativa de ligar o parque nacional, mais precisamente sua porção norte, local conhecido como Alto do Palácio, à região da Lapinha, outro vasto campo de exploração para trilheiros ávidos por novidades. Uma noite apenas em Cardeal Mota foi o tempo que tive para descansar e reabastecer a mochila para mais dois dias de caminhada (há dois mercados e duas padarias com mercearia).

 

A Lapinha ou Lapinha da Serra, como também é conhecida (para diferenciá-la da Lapinha de Lagoa Santa, onde está a famosa gruta e sítio arqueológico), é um distrito do município de Santana do Riacho, assim como Cardeal Mota.

 

1º DIA: DA CACHOEIRA DA CAPIVARA AO VAU DA LAGOA

 

Depois de obter muitas informações desencontradas sobre horários de ônibus e ficar plantado à sua espera por 1h30, finalmente subi a serra no bus da viação Serro que passou no centrinho de Cardeal Mota (km 97 da MG-010) às 10h25. Desci junto à estátua do Juquinha, no km 122, às 11h. A pernada começaria oficialmente na porteira da Cachoeira da Capivara, 1km acima, mas quis revisitar e fotografar a escultura que homenageia o apanhador de flores mais famoso da Serra do Cipó. Feito isso, subi pelo asfalto até a porteira e passei pela cerca à esquerda dela às 11h45, tomando a direção oeste inicialmente. Depois de 500m na estradinha, um grande cercado delimitando uma área em recuperação (com placa do DER) confunde um pouco quanto à direção a seguir, mas é só acompanhá-la à direita que logo se chega à trilha tremendamente erodida que desce para a cachoeira, talvez o motivo da interdição dela. Logo começo a avistar a enorme queda, bem como as casas da sede da fazenda distantes à direita. Às 12h45 já tenho a bela cachoeira enquadrada em minha câmera. Por incrível que pareça, após tantas idas ao Cipó, essa é a primeira vez que visito a Capivara, e fico impressionado com tamanha beleza. E aquilo era só metade do espetáculo pois uma trilha íngreme leva à queda inferior com seu grande poço igualmente negro.

 

Satisfeito o desejo de conhecer a Cachoeira da Capivara, dou continuidade às 13h53 à minha travessia tomando a trilha bem marcada que aponta diretamente para oeste a partir do poço inferior. Ultrapasso alguns riachos, um tronco que serve de ponte (felizmente com um tronco-corrimão), uma cerca, até que caio numa estrada de terra que já avistava havia algum tempo, na qual toquei para a direita (norte) ingenuamente pensando tratar-se de uma estrada "pública".

 

Às 15h tropeço numa ponte de madeira com laterais de ferro sobre o Ribeirão Capivara e ao ultrapassá-la sou abordado por um homem num carro que me informou que ali era propriedade da Cedro Têxtil. Contudo, ao explicar-lhe que meu objetivo era chegar à Lapinha, não fez nenhuma objeção, só não sabia me informar o caminho até lá. Após a ponte a estradinha subiu e me proporcionou do alto a visão do meu objetivo, a Serra do Breu, com os picos da Lapinha e do Breu nas extremidades do conjunto montanhoso.

 

Na descida deparo às 15h30 com uma bifurcação e uma placa: casa dos acionistas à direita e casa da turbina à esquerda. Explico: é que ali funcionava uma usina que produzia energia para a fábrica de tecidos Cedro Têxtil em Caetanópolis-MG a partir do represamento do Rio Parauninha. Tentei primeiro à direita mas a direção me pareceu errada (mas encontrei uma bica para abastecer o cantil). Tentei sair da estrada e tomar uma trilha na direção oeste mas ela terminou no rio, largo demais. Só me restou tomar a esquerda na bifurcação da placa e perguntar na casa abaixo, que devia ser a tal casa da turbina, torcendo para não ser impedido de continuar por algum segurança mal-humorado. Mas para minha surpresa, o que encontrei foi um grupo grande reunido ali comendo, bebendo e se divertindo em plena quinta-feira à tarde. A surpresa maior deve ter sido deles ao verem um sujeito sozinho aparecer do nada com um mochilão nas costas e dizendo que queria ir para a Lapinha, ainda muito distante dali. Fui muito bem recebido pelo grupo, que me ofereceu sanduíches, frutas, refrigerante e até me apontou a continuação do caminho. Conversamos algum tempo, tiramos fotos e dei prosseguimento à pernada às 16h45 pelo caminho da casa dos acionistas, o qual passou pelas casas dos funcionários da empresa e cruzou o Parauninha por uma ponte molhada, ou seja, que pode ficar submersa em caso de chuva forte. No caminho uma barragem desativada e muita erosão foi o que restou da Central de Geração Hidrelétrica Vau da Lagoa, hoje desativada. Continuei subindo pela estrada mas às 17h33 deixei-a em favor de uma trilha à esquerda que foi providencial pois ao longo dela é que encontrei um local plano e sem pedras para armar a barraca quando já escurecia.

 

Nesse dia caminhei 15,1km.

 

2º DIA: DO VAU DA LAGOA À LAPINHA, COM CACHOEIRA DO LAJEADO

 

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Serra do Breu

 

Iniciei a caminhada às 8h continuando pela trilha, mas ela logo me levou à estrada de terra novamente, onde segui para a esquerda (oeste). Subi pouco mais de 1km e topei com uma porteira que parece ser o limite das terras da Cedro pois a partir dali a placa indicava ser área de preservação ambiental. Essa subida me proporcionou visão de estradas de terra que apontavam para o norte, meu destino, porém pretendia chegar lá por alguma trilha que desejava encontrar mais a oeste, em terreno mais alto. Assim, da porteira fui acompanhando a cerca para o norte e depois descendo a noroeste até alcançar um colchete que cruzei para tentar me manter na direção oeste. A trilha estava mais marcada a partir dele e, após bordejar um morro pela esquerda e ultrapassar um portão azul no meio do nada, ela toma definitivamente a direção que eu procurava: norte. Um ponto de água às 10h abastece meus cantis já vazios.

 

Subo por essa trilha sem erro tendo como visão à direita (sudeste) todo o percurso feito desde ontem à tarde pela estrada. Mas às 10h30 atinjo o alto e à minha frente surge magnífica no horizonte a Serra do Breu e toda a campina que devo atravessar para chegar até ela. Foi uma visão empolgante pois, além da beleza, confirmou que essa travessia praticamente desconhecida tinha tudo para dar certo.

 

Às 11h30 chego a uma extensa cerca paralela a uma estrada precária. Podia ter acompanhado a cerca para o norte sem cruzá-la já que não havia colchete para facilitar a passagem, mas preferi passar por baixo para me aproximar de uma casa junto a um arvoredo. Porém ela estava abandonada e até começando a ruir. Cerca de 100m depois da casa deixo a estrada que ruma direto para o norte e tomo uma trilha que se encaminha para noroeste (esquerda). Cerca de 1,5km depois a trilha se perde no capim baixo e caio para a esquerda para cruzar a mata ciliar à frente num ponto mais favorável. Acabo atravessando-a às 12h50 próximo a uma solitária e erma casa cor-de-terra (avermelhada), justamente onde o riachinho desaba em duas singelas quedas paralelas.

 

Depois da casa continuo pela trilha e permaneço na direção noroeste. Às 13h25 cruzo um ribeirão mais largo pelas pedras, cenário muito bonito com os picos da Serra do Breu ao fundo, e 20 minutos depois atinjo a borda da serra, com espetacular visão do vale do Córrego Mata-Capim desde o fundo (para os lados da Cachoeira do Lajeado) até a Lagoa da Lapinha ao norte. A descida dessa serra exigiu atenção pela quantidade de pedras soltas e muita erosão.

 

Uma vez no vale do Mata-Capim às 14h15 vários caminhos se dirigem para o fundo, à esquerda, e sigo o primeiro que encontro. Cruzo uma porteira azul, uma casa de pau-a-pique isolada mas com atentos vira-latas como vigias, um colchete e um ribeirão de pedras brancas para as 15h chegar à Cachoeira do Lajeado. Porém ela estava com bem pouca água e causou uma certa decepção. O que vi foi uma parede alta e escura recoberta de muita vegetação com algumas quedinhas isoladas. Explorei algumas trilhas por ali que tinham continuidade e podem significar futuras travessias na direção de Cardeal Mota. Às 16h atravessei o ribeirão de pedras brancas de volta mas não quis apanhar da sua água devido à grande quantidade de lodo. Depois da porteira azul seguiram-se diversas outras porteiras e alguns riachos (parei no primeiro deles para apanhar água e comer algo), a trilha se alargou e começou a contornar à esquerda a extremidade norte da Represa Coronel Américo Teixeira/Lagoa da Lapinha. Restou atravessar a ponte de concreto sobre o Córrego Lapinha, que deságua na represa, e tomar a rua em forma de túnel arborizado para chegar às 17h50 ao centrinho do vilarejo, com uma igreja nova e outra mais antiga no meio de um gramado.

 

Assim foi completada com sucesso e colocada uma nova opção de travessia entre esses dois polos da Serra do Cipó, Alto do Palácio e Lapinha, que, como disse, atraem aventureiros de toda parte dispostos a desvendar suas infinitas possibilidades de caminhos, sendo sempre presenteados com largas e lindas paisagens, bem como tranquilos e secretos recantos.

 

Nesse dia caminhei 25,3km.

Distância total percorrida: 40,4km

 

Informações adicionais:

 

Carta topográfica de Baldim (http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/mapas/GEBIS%20-%20RJ/SE-23-Z-C-III.jpg).

 

Rafael Santiago

junho/2012

Editado por Visitante
  • Amei! 1
  • 4 meses depois...
  • Colaboradores
Postado

Rafael, muito bom relato. Gosto muito de toda região da Serra do Cipó. Já fiz várias trilhas bate-volta na região e a travessia Lapinha-Tabuleiro.

Me interessei em fazer esta travessia e gostaria de saber se você tem tracklog. Se não, o caminho é tranquilo pra seguir com GPS?

Abraços

Samuel

  • Membros de Honra
Postado

Olá, Samuel

Me diga o seu e-mail para eu te enviar o tracklog dessa travessia (pode ser em MP, se quiser).

Só lembrando que ela passa nas terras da empresa Cedro Têxtil e isso significa andar por algumas estradas de terra, além da vigilância que há por lá. Só consegui fazê-la porque cheguei a essa estrada pela Cachoeira da Capivara e não passei pela portaria da Cedro, onde com certeza não me deixariam continuar.

Eu acho que tem uma variação ainda mais interessante dessa travessia que começa no camping da ACM, o que dispensa o deslocamento de ônibus para quem está em Cardeal Mota, e não deve passar em propriedades. E ainda dá para emendar com várias outras pernadas, se houver tempo. Essa outra rota pretendo fazer no ano que vem. O tracklog dela está em http://pt.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=2527715.

Abraço.

  • Colaboradores
Postado

Rafael, obrigado pelo retorno.

Meu email é samubh@gmail.com

Fiquei abendo também que o acesso à cachoeira da Capivara está interditado. Sabe de alguma coisa sobre isso?

Interessante essa variante. Vou dar uma estudada melhor nela. To querendo fazer esse ano ainda, se o tempo permitir. Eu conheço a ACM, mas não sei ondefica o camping da ACM. Poderia me explicar pra eu ter ideia?

 

Abraços

  • Membros de Honra
Postado

Samuel, a Cachoeira da Capivara está com acesso interditado há muitos anos, as placas de entrada proibida estão se desmanchando de tão velhas (veja nas minhas fotos). Não sei se alguém da fazenda fiscaliza o acesso nos finais de semana, mas eu não tive nenhum problema em entrar num dia de semana comum. Devem ter interditado por causa da erosão enorme que engoliu a trilha. É mais fácil proibir o acesso do que reparar o estrago...

 

O camping da ACM fica 5km depois do Rio Cipó e Hotel Veraneio. Dentro dele fica a famosa Cachoeira Véu da Noiva. É um camping muito antigo e ficava exatamente no final do asfalto da MG-010 antes de fazerem a obra de calçamento da serra.

 

Estou enviando o tracklog.

Abraço.

  • Colaboradores
Postado

Ahhh, tá! Rs. Conhecia o camping como camping do véu da noiva. Não sabia que era ACM. rs.

Será que essa outra travessia começando pelo camping tem como fazer em dois dias? Ela são 65km, né?! Sabe se ela passa pela cachoeira lajeado? Vou ver o tracklog dela em casa mais tarde.

Valeu pelas infos, cara!

  • 8 anos depois...
  • Membros
Postado
Em 24/07/2012 em 16:47, rafael_santiago disse:

Obrigado, Otávio! Espero que ele seja útil para outros trilheiros.

Boa noite..

Irei pedalar mas descendo para serra morena, cachoeira da caverna e indo contra fluxo parauninha...até alto tabuleiro..

Será que terei problema em uma das fazendas.. da cedro,  por exemplo?

 

  • 1 mês depois...
  • Membros de Honra
Postado

Oi, Leandro

Por essa rota que você citou, e pela experiência que já tive por esses lados, é mais provável ter problema com os sitiantes dali do que com a própria Cedro. Mas não desanime. Eu peço permissão e vou até onde me deixarem. Vai com fé!

Boas trilhas!

 

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