Membros de Honra cad girl Postado Maio 2, 2007 Membros de Honra Postado Maio 2, 2007 Tartaruga mais rara do mundo agora tem companheiro, diz estudo Talvez ainda não seja tarde demais para resgatar das garras da extinção o réptil mais carismático do planeta. George, o Solitário, um macho de tartaruga-gigante que era considerado o último representante de sua espécie e hoje é um ícone da destruição ambiental, não está mais tão solitário assim, revela uma nova análise genética. A nova esperança para a espécie de George – hoje listado no Guinness com o nada invejável título de “criatura viva mais rara do mundo” – por enquanto se resume a outro macho adulto. Trata-se de um híbrido, cujos pais provavelmente eram um parente de George e uma tartaruga-gigante de outra espécie, nativa de uma ilha diferente do arquipélago das Galápagos (costa do Equador), onde vivem nada menos que 11 espécies do bicho. É claro que os dois machos não podem cruzar, mas é quase impossível que o híbrido seja o único de seu tipo, declarou ao G1 a bióloga Adalgisa Caccone, da Universidade Yale (EUA). “Pode até ser que ainda existam alguns indivíduos puros da espécie de Pinta [à qual pertence George]. Lembre-se de que eles vivem bastante”, ressalta Caccone, co-autora do estudo genético na edição desta semana da revista científica “Current Biology”. Pinta de sobrevivente A espécie de George, Geochelone abingdoni, assim como as demais das Galápagos, são basicamente jabutis sul-americanos que acabaram crescendo depois de atravessarem o Pacífico por acidente há milhões de anos. George, por exemplo, nativo da ilha de Pinta, tem uma carapaça de 1 m de comprimento e pesa cerca de 90 kg. O fato de os bichos estarem isolados por tanto tempo – com pouco contato entre cada ilha do arquipélago – permitiu que eles se diferenciassem um bocado. “Algumas pessoas preferem se referir às tartarugas de cada ilha como subespécies, mas, com os dados genéticos que obtivemos, hoje as consideramos espécies diferentes”, diz Caccone. Em maior ou menor grau, isso vale para toda a flora e fauna nativas das Galápagos, que é única no mundo. A chegada dos seres humanos, porém, dificultou catastroficamente a vida de George e companhia. A partir do século 16, navegadores, pescadores e baleeiros passaram a usar as Galápagos como ponto de reabastecimento ou fazenda, criando cabras e capturando tartarugas como forma de ter carne fresca durante a travessia do Pacífico. (Os bichos conseguem sobreviver meses sem comida e água, podendo ser carregados vivos e abatidos mais tarde.) Essa pode ter sido a apólice de seguro da espécie de George. Embora as tartarugas tenham sumido de Pinta (menos George, que foi resgatado em 1971 e levado para a Estação de Pesquisa Charles Darwin, onde vive até hoje), uma ou algumas delas poderiam ter sido levadas para o mar por outras ilhas, ou então abandonadas lá por humanos. “Quando os barcos ficavam pesados demais por causa da abundância de capturas, pode ser que os marinheiros jogassem algumas tartarugas na água”, diz Caccone. E assim, ao que tudo indica, pelo menos uma G. abingdoni chegou ao vulcão Wolf, na vizinha ilha de Isabela. Sabe-se que a população de tartarugas do Wolf é altamente hetereogênea, contendo marcas físicas e genéticas das outras ilhas do arquipélago. Os pesquisadores compararam o DNA das tartarugas do vulcão com todas as outras espécies vivas do bicho, e até com membros da espécie de George que hoje estão empalhados em museus mundo afora. O resultado: de 27 bichos amostrados no vulcão Wolf, um tem o DNA que se esperaria de um híbrido de primeira geração entre a espécie de George e a G. hoodensis, da ilha de Española. Como só no vulcão Wolf existem entre mil e 2.000 tartarugas-gigantes, é quase impossível que o híbrido seja um caso isolado, diz Caccone. George, embora viva com duas fêmeas, até hoje nunca conseguiu cruzar com elas; por isso, talvez a grande chance de ressuscitar a espécie seja se concentrar nesses híbridos. “Poderíamos trazê-los para Estação de Pesquisa Charles Darwin e começar um programa de reprodução em cativeiro. Por meio de sucessivos cruzamentos, poderíamos reduzir os genes que não são de Pinta, teoricamente até 99,99%. Claro que isso vai levar muitas gerações, mas pode ser feito.” A busca continua. (Fonte: Reinaldo José Lopes / Portal G1)
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