Membros felipeparra Postado Outubro 12, 2021 Membros Postado Outubro 12, 2021 (editado) Este é o primeiro tópico que crio no Mochileiros, depois de ter usado o site tantas e tantas vezes para planejar viagens e aventuras, chegou a vez de eu contribuir de alguma forma. Como comecei no ciclismo há pouquíssimo tempo fiquei na dúvida se faria ou não o relato, mas acho que a percepção de um iniciante tem seu valor intrínseco para incentivar outras pessoas A ideia não é descrever minuciosamente o trajeto, mas apresentar de forma geral o percurso, o equipamento, como foi o planejamento e etc. Bom, vamos lá: DADOS GERAIS Percorri o caminho velho da Estrada Real, de Ouro Preto até Paraty, quase na totalidade pelo caminho oficial (vou chamar de oficial o percurso do instituto ER, cujo site é este para quem não conhece http://www.institutoestradareal.com.br/roteiros/velho) Foram 640km com 11830m de desnível acumulado em 8 dias. De 30/08/21 a 06/09/2021 Fiz o percurso sozinho, dormindo em pousadas pelo caminho, portanto carregando vestimenta, ferramentas e itens essenciais, ao final coloco o check list do que levei Utilizei uma gravel bike, a Versa da Sense. PLANEJAMENTO Meu primeiro esporte é o montanhismo, e devido à pandemia a possibilidade de uma viagem internacional estava incerta para o período que eu teria férias, então comecei a pensar em alternativas Eu já tinha feito um ou outro pedal esporádico, e depois de ter feito um pedal de 100km com um amigo em março desse ano me animei e comprei uma Caloi 10 para pedalar com mais frequência. Quando decidi que faria algo de bike nas férias pensei em algum roteiro que me tomasse vários dias e não foi difícil chegar na ideia da Estrada Real A primeira decisão seria qual bike usar. Embora o mais apropriado a princípio fosse uma MTB, me deparei nas pesquisas com as bikes gravel, e me pareceu uma boa ideia usá-la na viagem e depois no dia a dia substituindo a speed, assim poderia ter uma bike só. Como ando pouco em estradas de terra (na verdade andei apenas uma vez antes dessa viagem rs) e me interesso mais por roles longos e menos por velocidade foi uma ótima escolha Para navegação eu usei o meu Garmin 64s que não é próprio para ciclismo, mas deu conta do recado. Consegui um suporte específico no Mercado Livre e o utilizei no guidão como os demais. Creio que ele seja tão preciso quanto os ciclocomputadores, mas peca em não ter algumas funcionalidades como mostrar o percentual de inclinação das subidas Há algumas semanas da viagem eu não sabia praticamente nada de mecânica de bike, não tinha nem trocado uma câmara se quer. Como não participo de nenhum grupo de ciclismo e gosto de fazer as coisas sozinho, comecei a pesquisar vídeos sobre o assunto e tentar fazer o básico em casa. Quando chegou a viagem eu sabia ao menos trocar e remendar câmara, e esperava conseguir consertar a corrente de fosse necessário rs A experiência de montanha tornou mais fácil montar a lista do que levar e ser bem compacto na vestimenta e tudo o mais. Outro material que ajudou no planejamento foi o livro sobre a ER do Olinto e Rafaela que contém informações de bicicletarias e pousadas no percurso por exemplo Estabeleci um plano A de quanto pedalar por dia e onde ficar, mas optei por não fechar nenhuma pousada, e procurar somente quando chegasse na cidade RELATO Moro em Santo André/SP, peguei ônibus em São Paulo às 20h do sábado e cheguei por volta das 7h do domingo em Ouro Preto. Tirei o domingo pra descansar, conhecer um pouco da cidade e organizar a bike Eu tinha feito apenas uma viagem de ônibus levando a bike antes dessa e tinha sido super tranquilo. Dessa vez o rapaz da empresa Útil ensaiou arrumar problemas, mas por fim consegui levar a bike apenas desmontando a roda da frente e o canote A partir daqui vou reproduzir o que anotei ao final de cada dia de pedal. DIA 1 - Ouro Preto x Congonhas - 86km com 1149m de desnível Sai de Ouro Preto por volta das 7h30, já estava quentinho, mas ficou o dia todo um clima agradável, creio que no máximo 22 graus Logo na saída da cidade um subidão, bora! Mas parece que errei no primeiro trevo e peguei uma pirambeira desnecessária onde já tive que carregar a bike, vi pelo gps que em mais alguns km encontraria a rota, então continuei por ai. Até São Bartolomeu foi uma alternância de subidas e descidas íngremes, exceto uma muito arenosa desci todas pedalando e gastando minha escassa técnica rs Ai eu já tinha encontrado a rota oficial. Passei por Glaura e em Cachoeira do Campo parei pra me abastecer de água, tomei um gatorade e bati um papo com o dono Santo Antônio do Leite parecia ser uma cidade grandinha, "passei de passagem" e segui buscando Lobo Leite que seria o destino do dia. até Miguel Burnier foi o mesmo esquema da primeira estrada de terra, chegando lá descobri a Gerdau Aço Minas e fiquei espantado com o tamanho da siderúrgica(?). Até ai a terra tava bem seca, mas bem quando cheguei lá um caminhão pipa passou despejando água e virou uma lama, pqp. Chegando em Lobo Leite descobri que não tinha pousada por lá e precisaria seguir até Congonhas, como estava bem não achei nada mal ganhar alguns km no primeiro dia. Chegando em Congonhas por volta das 15h parei numa lanchonete pra tomar uma água, responder mensagens, e definir a pousada onde ficaria Fui para o Café Pouso Luisinho, uma pirambeira da porra até lá. O dono foi super gente boa e receptivo, custou 80 reais um quarto simples e na medida. Tomei uma ducha, dei uma volta e passei em frente à igreja Matosinhos onde tem as esculturas do Aleijadinho. Passei no Jacubar que fica ali próximo e encomendei um feijão tropeiro com bife de porco por incríveis 13 reais e tava uma delícia! O planejamento está perfeito até aqui, embora tenha sentido falta de uma suspensão em alguns momentos acho que a gravel compensa no geral O pneu mais fino que da mtb também dá uns sustos, mas também falta técnica haha Estava me sentindo muito bem e confiante para os próximos dias Detalhe, meu garmin não está salvando trajetos, apenas naveguei por ele, então a contagem de quilômetros e a altimetria informados são do Strava que marquei pelo próprio celular, então provavelmente haverá diferença para outras fontes de dados DIA 2 - Congonhas x Lagoa Dourada - 77km com 1935m de desnível Como essa cidade é longe! Não podia começar o relato de hoje de outra forma rs Sai de Congonhas às 7h20 aprox, com o tempo nublado e ficou assim até por volta de meio dia, depois abriu um pouco. Aliás, choveu um pouco ontem à noite, no lucro pois tinha chuva prevista para os três primeiros dias à tarde Passei primeiro por Alto Maranhão, uma vila bem pequena que parece ser distrito de Congonhas, até ai numa estrada de calçamento que rendeu bem, a partir dai entrei numa estradinha de terra, quase trilha, e de fato num trecho precisei carregar a bike Passei por Pequeri e São Brás do Suaçui sem parar, e depois ainda por estrada de terra, mais agradável, fui até Entre Rios de Minas, seria originalmente meu lugar de pernoite, mas ainda bem que mudei, as pessoas não eram muito receptivas, mal consegui atenção pra pagar a conta na vendinha rs A partir daí segui a dica do Luizinho e pulei o trecho pra Casa Grande, então foram aprox 35km em asfalto razoável, com várias e várias subidas longas Cheguei por volta das 14h em Lagoa Dourada, almocei no restaurante do posto que tinha uma costela muito boa e vim pra Pousada das Vertentes Peguei um quarto grande com três camas por 65 reais e café da manhã incluso, incrível! Conversei um pouco com ciclistas que estavam fazendo o trecho Mariana x Carrancas Pelo visto eram o guia, dois de Cascavel PR e um de Rondônia Dei uma lavada bem superficial na bike e pela primeira vez na vida lubrifiquei a corrente da bike, um ciclista que estava por perto riu e me deus uns toques O almoço custou 20 reais no esquema coma à vontade Também comprei o famoso rocambole da cidade, tão grande que vai sobrar Hoje o trecho final tinha muito mais subidas que ontem, então estava mais cansado que ontem na chegada, mas depois do banho estou na verdade me sentindo melhor, sem o cansaço geral Estou com um bocado de km a frente do planejado, provavelmente vou usá-los amanhã pra pedalar menos e ficar em São João del Rei onde vi que tem uma lavanderia Usei a mesma roupa de ontem, só troquei as meias, pois tenho três pares DIA 3 - Lagoa Dourada x São João del Rei - 55km com 940m de desnível Hoje já exigiu um pouquinho do psicológico, talvez porque acompanhei por um tempo o grupo de MTB e o gramado do vizinho é sempre mais verde rs Depois de um trecho curto de asfalto saindo de Lagoa Dourada entrei numa estradinha de terra, bonita mas também complicada. Precisei carregar a bike numa descida mais técnica, outras descendo com cuidado, e ainda teve a pinguela que preferi atravessar pela água tirando as sapatilhas, pouco tempo depois o grupo me alcançou, por sinal uma galera muito gente fina Até Prados foi um misto de subidas pesadas, em uma carreguei a bike pois não tinha aderência Em Prados comi uma coxinha, tomei uma coca, e toquei em frente até Bichinho, passando por lá e até Tiradentes, no que creio terem sido uns 8km, foi uma estrada de pedras irregulares onde foi bem chato pedalar. Já em Tiradentes dei umas voltas nas ruas principais, o centrinho é bem charmoso. E toquei direto pra São João del Rei, nuns 8km de paralelepípedo chato também, chegando na cidade veio o asfalto bom e acelerei pra liberar o stress hehe Saí 7h30 de Lagoa e cheguei pouco antes das 13h em São João, o dia não rendeu tanto, mas cheguei num bom horário Rolou uma garoa fraquinha durante o pedal, mas nem chegou a incomodar, agora a previsão é de zero chuva para os próximos dias. Aqui em SJ tá um solzão à tarde. Aqui em SJ deu mais trabalho pra achar pousada, algumas do guia do Olinto fecharam permanentemente, uma que fui pessoalmente e outra que liguei não aceitavam deixar a bike no quarto, agora que tô ciumento com ela procurei até achar uma que pudesse. Não por acaso as mais baratas são mais tranquilas quanto a isso, benefício duplo! Peguei o Hotel da estação de trem por 110 reais, tudo ótimo, só a cama que poderia ser um pouquinho maior, é tipo meia de solteiro rs Deixei as roupas pra lavar por 30 reais, tudo limpo amanhã deve dar uma animada! Passei pra carimbar o passaporte da loja de bike Ophicina, foi ótima escolha porque peguei umas dicas com o Alexandre, super gente boa Esqueci de mencionar os dogs, não tem pedal sem dog, ontem eles deram o ar da graça, dois tentaram me pegar hehe e um "pedalou" comigo por um tempo Percebi que chegando em Prados e principalmente em Bichinho e Tiradentes parece ter um turismo voltado pra artes no geral, peças e exposições Aqui em SJ fiquei impressionado com a enorme quantidade de prédios antigos, parece que são centenas tombados Pensando nos dias seguintes já tava meio que planejando qual seria o dia de descanso, mas com a informação de que as estradas ficaram melhores (site instituto e cara da loja) animei de tocar direto, veremos rs A gravel realmente exige mais do ciclista, ao menos aqui na Estrada Real, o terreno onde ela rende mais é exceção. Na maior parte do tempo faz falta pneus mais largos e uma suspensão Até aqui nenhum pneu furado, ou qualquer problema com a bike, tô no lucro As bolsas estão perfeitas até aqui, o saco estanque do bagageiro só ameaçou se soltar uma vez, mas no geral ficou bem preso. O Garmin também tá funcionando muito bem, e as sapatilhas estão confortáveis DIA 4 - São João del Rei x Carrancas - 79km com 1726m de desnível O dia começou rendendo bem e terminei babando pra subir a serra de Carrancas, não tem jogo ganho por aqui rs Seguindo a dica do rapaz da loja de bike de ontem comecei pela rodovia pra pular um trecho sofrido até pra MTB, depois entrei numa estradinha de terra muito bonita, achei interessante a quantidade de pessoas fazendo caminhada por ali Passei numa vila num trecho de asfalto e por descuido a corda que prende o saco estanque se soltou e o cassete a "engoliu", tive que cortar com o canivete pra conseguir soltar, por sorte não comprometeu nada delícia! Passei por São Sebastião da Vitória, tomei uma coquinha e repuz água pra seguir até Caquende, até ai na maior parte do tempo pedalei em estrada de terra em boas condições, em Caquende bati um rango de arroz, feijão, ovo, macarrão e cupim assado enquanto esperava a balsa, 13h quando chegava a balsa o Paulinho do grupo chegou, veio chinelando rs mas eles saíram mais tarde que eu e de Tiradentes Deixei pra comprar água na Capela do Saco e... tudo fechado, contei com imensa gentileza de uma moradora que me abasteceu de água com pedras de gelo. De fato o pessoal é generoso e parece ter ainda mais vontade de ajudar alguém fodido de bike rs O começo desse último trecho também rendeu bem, ainda assim eles me passaram um por um rs Paulinho, depois Sandro e no finalzinho o Cícero Bem no final o terreno ficou péssimo, terra muito solta que me dava zero aderência, ruim pra subir e péssimo pra descer, hoje dei uns gritos ao vento e uns tapas na bike, um pouco de raiva faz a coisa andar também hehe Hoje também foi o dia dos mata-burros, e vários de comprido, inclusive escondidos depois de curvas, surreal. Também abri e fechei porteiras uma par de vezes, e nos riachos fiquei com preguiça de tirar a sapatilha e atravessei direto, depois no almoço troquei as meias Notei os dias ficando mais quentes, ainda mais hoje que terminei às 16h, o sol castigou. Aliás sai às 7h45 aprox de SJ, cheguei 12h10 em Caquende e retomei o pedal 13h40 na Capela do Saco Vinha reparando no horário em que eu estava de banho tomado rs caiu de 17h30 no primeiro dia em Congonhas pra 16h30 em Lagoa Dourada, 14h30 em SJ e hoje voltou pra 17h30 Chegando na pousada Roda Viva e antes do banho ainda dei uma lavada meia boca na bike, mas dei um trato na corrente, pois no final do dia já senti ela empoeirada Pela primeira vez a bike não ficou comigo no quarto, aqui não aceitam, mas não estava em condições de procurar outro lugar rs aqui custou 130 reais, pernoite mais caro até aqui, embora tenha até piscina não terei tempo de usar Não deu nem tempo de andar pela cidade, mas ainda jantei com o grupo. DIA 5 - Carrancas x Caxambu - 95km com 1776m de desnível Sem dúvidas o dia mais desgastante até aqui! De Carrancas até Cruzilia foram uns 65km sem uma vendinha se quer, e a maior parte do tempo era naquele terreno horrível de terra fofa, alternando com costelas de vaca Saí da pousada umas 7h30 e cheguei aqui em Caxambu 16h30, o dia mais longo (ou foi ontem?) Fiz uma pausa de uns 40min em Cruzilia pra alma voltar pro corpo Consegui reabastecer água por volta dos 30km rodados com dois caras que estavam trabalhando numa pickup na beira da pista. Os outros 35km foram com 2L de água que obviamente foi pouco, cogitei entrar em alguma fazenda pra pedir, mas parecia tão inacessível que toquei direto, quando parei a bike na vendinha de Cruzilia que senti a pressão baixar e uma leve tontura, precisei de uma garrafa de água, uma coca, um guaraná, uma coxinha e um bolo prestígio hehe dai até Baependi a estrada era boa na maior parte do tempo, masss foi numa dessas subidas que parecia areia de praia que tomei o primeiro capote, eu tava ensaiando desde o primeiro dia rs De Baependi até Caxambu foi numa estradinha ruim, mas curta Como os caras me avisaram passou por mim um monte de caminhão carregando madeira, e dá-lhe terra subindo Hoje confirmou que os dias estão muito, mas muito mais quentes, e boa parte do dia foi sem sombra, amanhã vou tentar sair mais cedo Fora a sofrencia de sempre com a bike devido ao terreno ela tá dando conta do recado, nenhum problema até aqui, hoje prendi melhor o saco estanque e ficou perfeito também Percebi a importância de limpar a bike no final do dia e lubrificar novamente, em pouco tempo na terra ela já fica "mastigando" Fisicamente tô melhor do que eu podia esperar, numa estrada razoável acho que eu aguentaria ainda mais horas de pedal hoje. Provavelmente amanhã será o último dia mais puxado em quilometragem, espero que o terreno ajude rs Aqui estou num hostel, não é o ideal por não deixar a bike no quarto, que na verdade nem cabe rs mas custou 70 reais e foi fácil de achar, o primeiro que liguei Hoje joguei a garrafinha pequena fora, estava pura terra, e a inscrição no bico juntava terra e não saía Também joguei a meia cinza fora. Amanhã espero poder lavar todas as roupas em Passa Quatro Caxambu é uma cidade muito charmosa, não à toa gosto da região, das outras que passei quero voltar principalmente pra Tiradentes pra conhecer mais Dia 6 - Caxambu x Passa Quatro - 86km com 1356m de desnível Bacana notar a autossuficiência ao longo do percurso, já são 6 dias pedalando tendo tudo que preciso em 7kg de bagagem, exceto comida e água obviamente Ontem foi o dia mais desgastante, mas talvez hoje tenha sido o dia que mais senti esse desgaste, boa parte vem do acumulado dos dias, mas uma parte vem do calor forte, percebi que isso fez com que eu comesse menos também, e no decorrer do dia o preço vem. Mas tô animado de estar fazendo a viagem exatamente como planejei, agora são mais 3 dias, que prometem ser mais tranquilos, veremos Hoje foi o dia que em que as estradas estavam em melhores condições, de Caxambu à São Lourenço foi uma delícia. Lá conversei com o Hugo, um cara que me parou na rua pra puxar assunto, e me deu umas dicas de roteiros pela região. De São Lourenço até Pouso Alto a Estrada Real foi um morde e assopra, terreno bom, mas com poucas e íngremes subidas, em pelo menos 3 delas carreguei a bike, talvez 4 haha, a moral tinha caído até eu ver que estava rolando o enduro de motocross da Independência por ali, se o terreno é digno do evento, não é fácil mesmo. Além disso creio que foi o dia no qual vi mais gente de mtb da própria região passeando Esqueci de fazer upload, ou deu problema no trajeto de Pouso Alto até Itamonte, pra evitar dor de cabeça fiz esse trecho pela rodovia, chegando na cidade ainda tomei dois copos de caldo de cana e comi um pastel, nem deu tempo da leseira. Nem parei em Itamonte e toquei direto pra Itanhandu, e de novo não dá pra levar muito em conta o desenho de altimetria do instituto, ou no mínimo precisa de um olhar mais acurado rs acho que a escala às vezes não demonstra muito bem a altimetria, juntando meu cansaço então rs Depois de Itanhadu pra Passa Quatro foi bem tranquilo. Saí 6h30 de Caxambu e cheguei 14h aqui Hoje a diária ficará em 150. Muito bem pago, pois o Café da tarde foi quase um almoço, a Lourdes ainda lavou minhas roupas e pude lavar a bike. Amanhã a roupa limpa dá ânimo de novo Fiquei encantado com a cidade de São Lourenço, parece combinar o charme e clima das cidades da região com a estrutura de uma cidade média, vou pesquisar imóveis por lá hehe Dia 7 - Passa Quatro x Guará - 77km com 1039m de desnivel Tá acabando! Hoje acumulei quase 10.000m de elevação e 560km rodados O terreno foi provavelmente o melhor de todos os dias. Tomei o café da manhã na pousada e saí 7h em ponto, na arrumação percebi que também não tinha o trajeto de Passa Quatro até Vila do Embaú, então fui seguindo os way points e totens no caminho Passando pelo hostel Serra Fina o caminho segue uma paralela da rua principal à direita acompanhando o trilho do trem, e às vezes o atravessando. Depois de uma subida pesada cheia de pedras grandes o trajeto entra na pista e pouco depois volta pra uma estrada de terra, até sair no portal das terras altas da mantiqueira numa subida cheia de pedras grandes Tirei foto no mirante da garganta e lembrei do comentário da galera de mtb que encontrei no primeiro dia (ou segundo?) pra pular esse trecho, mas decidi ver pra não me arrepender depois Ainda bem porque rolou a cena mais bizarra desses dias hahaha quando entrei na descidinha ao lado do mirante passavam umas 8 mulheres rezando enquanto andavam, seria um rito de passagem da minha alma? A descida até o túnel já foi bem inclinada e depois de tirar fotos ali fiquei na dúvida se seguiria. Ouvi umas vozes de dentro do túnel, pensei que fossem trilheiros, mas eram os caras de mtb que estavam no Gol vermelho que vi momentos antes, me deram a dica de voltar pelo túnel, pois a descida era realmente técnica. Atravessei 1km de túnel voltando pra MG, momento muito curioso, em frente à Estação Coronel Fugencio tem uma subida que volta pro portal, dali desci pela rodovia até a Vila do Embaú Dai até Guará o trajeto alternou entre asfalto e chão de cascalho, ai consegui pedalar muito mais rápido que nos outros dias, pelo terreno e pela menor altimetria. Cheguei em Guará pouco depois das 12h, parei num boteco pra tomar um gatorade enquanto definia a pousada, percebi que a maioria fica em Aparecida que de fato é muito perto, por fim acabei ficando no Kafé Hotel que eu já conhecia Bom porque consegui limpar a bike numa área nos fundos e deixá-la na sacada no quarto Agora são 18h e tá 30 graus, de fato o calor chegou com tudo e principalmente por isso tô deixando o final em aberto, o plano A é ficar um dia em Cunha, mas se eu estiver bem amanhã posso tocar direto pra Paraty Tinha notado nos primeiros dias o selim pouquíssima coisa desalinhado pra esquerda, como só de ontem pra hoje comecei a sentir um também leve incômodo no joelho esquerdo resolvi arrumar, tarde, mas arrumei rs amanhã verifico se melhora Dia 8 - Guará x Paraty - 81km com 1907m de desnível Ontem fiquei em cima do muro sobre dormir uma noite em Cunha ou tocar direto pra Paraty. As duas garrafas de cerveja e uma caipirinha que tomei na janta me atrasaram meia hora de manhã rs pra ajudar o pneu traseiro estava murcho - na verdade há uns dois dias ele não vinha segurando a calibragem, mas dava conta durante o dia - então troquei a câmara rapidinho. Com esses contra tempos saí 7h20 com o plano A de seguir pra Cunha O pedal rendeu bem, mesmo no trecho de terra, e depois decidi seguir só pelo asfalto, me dei esse direito rs No meio do caminho decidi que seguiria pra Paraty, como a bermuda já estava incomodando, parei pra comer e abastecer a água e aproveitei pra trocar de roupa e colocar a bermuda melhor. A panturrilha também deu sinal de vida ontem e hoje incomodou um bocado, de resto tava tudo certo O trajeto tem algumas longas subidas até a cidade de Cunha, mas não tão inclinadas, passando da cidade a coisa muda e são tanto íngremes quanto longas. Fiz algumas poucas pausas, a melhor na cachoeira à beira da pista. Pouco depois veio a placa de divisa a 1km que marcaria o fim das subidas e me revigorou haha Encontrei um casal de mtb que tem casa na região, bati um papo rápido e comecei a descida da serra. Tudo certo nos primeiros quilômetros, fiz uma pausa pra ajustar o saco estanque e percebi que o freio já não estava 100% - na verdade desde ontem não estava, mas estava funcional então segui viagem - quando retomei o pedal e apertei o freio simplesmente não funcionou, então desci desgovernado por alguns longos segundos, sorte que não passou carro nesse tempo, a curva que fiz não era tão fechada, e logo veio um trecho mais plano onde consegui parar com o pé esquerdo na pista. Como não saberia trocar as pastilhas ou regular o freio foram mais ou menos 10km carregando a bike morro a baixo - sim, coisa simples! ficou o aprendizado pra próxima - no caminho peguei uma garrafa de água com um trabalhador da fiscalização, e comi um pastel no tiozinho da beira da pista. Devo ter descido uns 400m de desnível carregando, quando cheguei no plano pedalei até o centro histórico Sai 7h20 e cheguei 16h, poderia ter sido bem mais cedo rs Até esse problemão eu estava muito animado, o dia estava muito agradável, percebi que gosto de subidas longas hehe e no final fiz a ER em um dia a menos que o planejado, muitas coisas acertadas e poucas pra corrigir Fiquei três dias em Paraty curtindo a cidade, fiz o passeio de escuna e conheci Trindade com um casal nota 10 que conheci por lá. Depois voltei de ônibus pra São Paulo. (A quilometragem desse dia é maior, mas fechei o Strava ainda na serra) IMPRESSÕES GERAIS As paisagens são de fato muito bonitas e pra quem gosta de passeios urbanos vale à pena ir com mais tempo pra aproveitar as cidades, eu gosto do pedal em si. Quem tem melhor preparo físico pode fazer em menos dias Tirando o trecho de Carrancas a Cruzília, o percurso todo tem lugares para comprar comida ou bebida com frequência Nas cidades médias e grandes foi bem tranquilo encontrar uma pousada. Apenas se você pretende passar a noite numa cidade muito pequena acho que é essencial reservar antes CHECK LIST ESTRADA REAL ITEM PESO (g) toalha pequena 80 bermuda bike 125 calça 340 camisa bike 170 camisa dry fit 160 segunda pele grossa 300 2 pares de meia 60 2 cuecas 140 chinelo 400 anorak 350 carregador cel 60 carregador pilhas 90 kit banho e higiene 320 pilhas 240 adaptador tomada 30 saco estanque pequeno 45 2 sacos estanque médios 150 bolsa guidão 215 bolsinha selim 70 bagageiro 690 bolsa quadro 150 2 caramanholas 260 garmin 200 farol 70 bomba 150 chave multiuso 150 2 camaras reserva 320 espatulas e kit reparo 55 lubrificante 60 cadeado 190 gancheira 30 canivete 75 kit primeiros socorros 70 tripe p celular 50 aranha bagageiro 100 flanela 30 5995 kit primeiros socorros silver tape 10 cadarços 15 imosec 5 ibuprofeno 5 anti-inflamatório 5 dorflex 5 nexcare bolhas 10 kit agulhas 15 kit higiene escova 15 pasta 40 shampoo 60 condicionador 60 pente 10 sabão roupa 90 papel higienico 25 cotonetes 20 capacete sapatilhas luvas bermuda camiseta meia oculos Editado Outubro 12, 2021 por felipeparra Corrigir a formatação em negrito 3 Citar
Membros de Honra casal100 Postado Outubro 13, 2021 Membros de Honra Postado Outubro 13, 2021 Muito show o seu relato! Citar
Membros BrunoMLeite Postado Maio 19, 2022 Membros Postado Maio 19, 2022 Show de bola. Pelo seu relato vc mesmo diz que não teme xperiencia com bicicleta, mas no geral acha que a gravel vai bem nesse terreno? ou uma MTB vai melhor? Citar
Membros guigabala1929 Postado Julho 14, 2022 Membros Postado Julho 14, 2022 Muito bom! Moro em Belo Horizonte e fiz esse percurso diversas vezes de carro a trabalho, deu uma vontade de pegar uma bike e cair na estrada também. Tenho uma urbe da sense, imagino que a versa foi uma ótima escolha mesmo para pedalar mesmo sentindo em alguns trechos. Parabéns! Inspirador te ler. Forte abraçco Citar
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