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ÁFRICA DO SUL 8º Dia - Cidade do Cabo, finalmente! (21/11/2017)

A Cidade do Cabo é o equivalente ao Rio de Janeiro da África do Sul. E as semelhanças não param só no fato de serem as cidades mais famosas e turísticas de seus respectivos países. As duas são realmente bastante parecidas. Tratam-se de cidades grandes e bastante urbanizadas mas que contam com uma beleza natural impressionante no encontro de belíssimas praias com as imponentes formações rochosas, com várias trilhas para se fazer em meio a natureza. Assim como o cristo, Cape Town também conta com uma recém declarada nova sétima maravilha do mundo, no caso as naturais, a icônica Table Mountain, que assim como o Pão de Açúcar é acessível por um bondinho suspenso e, assim como o corcovado, se avista de todo o lugar na cidade. A vista também lá de cima é bem parecida, permitindo ver o estádio Green Point abaixo lembrando bastante o Maracanã. A maior diferença acredito que sejam as favelas. Enquanto no Rio de Janeiro elas foram surgindo nas encostas dos morros, na Cidade do Cabo os colonizadores desde cedo trataram de criar as Townships em locais bastante afastados, impossibilitando qualquer tentativa de que os não brancos da região frequentassem as áreas centrais e as praias.

Ávidos para começar a conhecer a maravilhosa Cape Town, acordamos cedo para tomar o café da manhã no hostel. Como o café não era incluído e, depois de dois dias viajando não tínhamos nem uma bolachinha na mochila, fomos à caça de um supermercado e, felizmente, havia um shopping bem em frente ao prédio do hostel que possuía um Pic n Pay. Compramos então pão, frios entre outras coisa e fomos tomar café no agradável terraço do hostel com uma bela vista dos característicos morros que circundam a cidade que, como já mencionado, se avistam de todo o lugar que você está na cidade. O problema que este dia, assim como quase todos em que estivemos em Cape Town, estava ventando muito e fazendo um certo friozinho, então era meio ruim ficar a céu aberto por muito tempo. Por esse motivo também, resolvemos seguir a dica que sempre damos mas que raramente cumprimos, que é fazer o Free Walking Tour no primeiro dia que se chega no local. Rapidamente então seguimos para o local de encontro dos Free Walking Tours, a praça Green Market, bem próxima ao hostel e que também é local principal de embarque dos ônibus turísticos de City Sightseeing de Cape Town.

A praça Green Market é uma pracinha pequena e bem simpática onde ocorre diariamente uma feira de rua com venda de artesanatos e lembrancinhas turísticas e que é meio que o ponto central e de encontro da zona mais turística do centro de Cape Town. É por ali também que fica uma igrejinha histórica, a Central Methodistic Mission, que já foi a Igreja Metropolitana Central da Cidade do Cabo, construída lá por 1700.

A empresa que havíamos pesquisado os free walkings em Cape Town, ofereciam 3 tipos de passeios: o padrão, pelo centro e pontos históricos; o tour pelo bairro histórico e cenográfico de Bo-Kaap e um outro tour sobre o Apartheid e a escravidão. Como todos são interessantes, queríamos ver se daria tempo de pelo menos fazer mais um desses tours, além do tour padrão.

Como o tour começava às 11h, pudemos dar uma volta pela praça, a igreja e as banquinhas, todas naquele esquema de sempre: nada com preço e tudo tendo que obrigatoriamente pechinchar pra comprar.

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Greenmarket Square

Achei tudo muito caro ali, mesmo com a pechincha, lugar pra achacar turista mesmo. Mesmo assim, a Juju conseguiu comprar umas girafinhas de madeira para dar de presente bem bonitas.

Às 11h chegaram os guias e começamos o free walking tour, junto com bastante gente que estava ali esperando. O tour pelo centro histórico, que assim como em Johanesburgo é conhecido por CBD, é um trajeto bem curto, mas com muita informação a cada ponto de parada, o que faz com que seja um pouco difícil de absorver tudo, ainda mais que como tem sempre bastante gente, fica difícil interagir muito com o guia. Mesmo assim, o pouco que dá pra conhecer da história de Cape Town torna o passeio imperdível (ainda mais que é de graça né?).

A primeira parada é logo num dos primeiros lugares de colonização do país: a Grand Parade, uma grande esplanada que fica em frente à primeira edificação construída na África do Sul, o Castelo da Boa Esperança.

O Castelo da Boa Esperança trata-se de uma fortificação enorme e muito bonita construída em 1666 pelos Holandesas quando da colonização da África do Sul, para defesa. Hoje é um museu bastante conservado com muita informação histórica e está entre as atrações turísticas imperdíveis na Cidade do Cabo.

Em frente ao Castelo, na Grand Parade, se realizavam os exercícios e as paradas militares do exército holandês e mais tarde viria a ser um local de comércio e trocas da cidade, principalmente de escravos. Com a ocupação inglesa após a guerra dos Boêres, a esplanada continuou a ser o principal ponto de encontro de comerciantes da região, mas foi diminuída, dando espaço para a construção no seu entorno de diversos prédios históricos de arquitetura vitoriana como a Biblioteca pública de Cape Town, que conta com uma quantidade gigantesca de livros em seu acervo e o Cape Town City Hall, magnífico prédio com uma torre copiando o Big Ben (e que dizem que inclusive conta com peças importadas do próprio Big Ben) que sedia os eventos culturais da cidade e lar da Orquestra Sinfônica da Cidade do Cabo. Todas essas construções foram idealizadas por Edward VII, imperador da Grã-Bretanha entre 1901 e 1910 e que dizem ter desempenhado um papel importante na Guerra dos Boêres. Inclusive, é dele a estátua que fica no centro da Grand Parade.

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Cape Town City Hall e Estátua de Edward VII no centro da Grand Parade (dá pra ver pela Juju como estava frio esse dia)

Mas o lugar ganhou fama mesmo por ter sido ali que Nelson Mandela discursou para uma multidão apaixonada pela primeira vez após sua libertação da prisão, em 1990 e escolhido também para ser o local de seu discurso na posse como presidente do país em 1994. No mesmo ano que estivemos lá, um mês depois foi inaugurada uma estátua de Nelson Mandela em frente ao Cape Town City Hall, no exato local onde foram proferidos os seus discursos. Nem preciso dizer o quão emocionante foi ter o privilegio de estar num lugar assim. Foi também na Grand Parade a sede da Fan Fest na Copa de 2010. Hoje é um lugar não muito turístico, sendo utilizado para o comércio de rua, com milhares de barraquinhas que vendem de tudo (tudo bugigangas), bem estilo camelódromo mesmo.

Dali seguimos umas quadras para dentro da CBD em direção à Church Square. A Church Square é uma pequena praça (se é que dá pra chamar de praça), que a principio não se dá nada pelo lugar. No entanto, é um lugar carregado de significado histórico no que se refere à escravidão na antiga colônia do Cabo.

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Church Square. Esse sorriso é porque ainda não sabíamos do que se tratava a praça

Era ali, naquela pequena quadra onde realizava-se o massivo comércio de escravos no início da colonização holandesa no Cabo, sendo que em uma das esquinas se localiza um pavilhão que servia de "depósito" dos escravos e na outra funcionava uma antiga fábrica de algodão que utilizava estes escravos como mão-de-obra, dois dos prédios mais antigos da África do Sul, datando do século XVII.

A história da escravidão na África do Sul durante muito tempo foi "ofuscada" pelo Apartheid, não recebendo a devida atenção que merece e dando espaço para discursos revisionistas da questão. No entanto, a escravidão no país foi brutal como em qualquer processo de colonização e responsável pelos diversos grupos étnicos que hoje compõem a região do Cabo. A partir dos anos 2000 iniciou-se um processo de resgate desta parte da história com diversas iniciativas, dentre elas a transformação do antigo pavilhão de escravos na esquina da Church Square no Museu da Escravidão, o "Iziko Slave Lodge", museu que rememora um pouco dessa história sendo aqueles lugares, assim como o Apartheid Museum, bastante pesados e imperdíveis para se visitar.

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Iziko Slave Lodge, museu da escravidão na Cidade do Cabo

Já na própria Church Square, foram erguidos em 2008, 11 pilares de granito como o "memorial dos escravizados". Neles estão encravados os nomes de milhares dos escravizados que passaram pela praça, como forma de homenagem e memória dessas pessoas. Os escravos na Cidade do Cabo foram trazidos pelos holandeses para a colonização da região principalmente devido à instalação da Companhia das índias Orientais, instalada por estes no Cabo da Boa Esperança como interposto marítimo das navegações europeias em direção à Ásia. Por conta disso, a maioria desses escravizados foram trazidos do sudeste asiático, principalmente malaios e indonésios, que mais tarde formariam o bairro histórico de Bo-Kaap, o qual iríamos visitar mais tarde naquele dia, e do leste e centro da África. Bastante curioso é que a maioria desses nomes obviamente são nomes genéricos que os escravizados recebiam pelos seus senhores, sendo que era comum a designação de um sobrenome que informasse de onde o escravo vinha, portanto tem vários "van algum país" (em holandês van significa "de", referente a lugar) como por exemplo van angola, van mozambique, o guia nos mostrou inclusive alguns nomes de escravos que vieram do Brasil! Só não lembro qual era a palavra holandesa para "do Brasil".

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Pilares de memória da escravidão

Bem escondido nos arredores da praça, apenas com uma pequena placa e uma intervenção artística bem discreta demarcando o local, fica também outra memória da escravidão: a "Old Slave Tree". Como diz o nome em inglês, trata-se de uma árvore. Nessa árvore os senhores amarravam os escravos enquanto iam na igreja em frente, para estes não fugirem. Dizem que também serviu de pelourinho para os escravos "rebeldes". A árvore foi derrubada em 1916, mas o exato local foi conservado de forma bem discreta.

E por falar em igreja, em frente à praça fica a famosa igreja Groote Kerk, que em Afrikaneer significa grande igreja. A igreja data de 1700, mas essa foi totalmente reconstruída em 1841, já durante o domínio inglês, ficando somente uma torre original, o que faz com que ela não chame nenhuma atenção para quem vê de longe e não conhece sua história, parecendo uma igreja qualquer.

Por fim, na mesma quadra da praça fica o importante Iziko Social History Centre. A Iziko museums é uma agência pública da África do Sul responsável pela gestão de diversos museus nos arredores da cidade do Cabo, entre eles o Castelo da Boa Esperança e o Museu da Escravidão. Iziko significa "coração" na língua Xhosa, língua banta nativa predominante nessa região e uma das 11 línguas oficiais da África do Sul sendo a segunda mais falada do país atrás do Zulu. Inclusive trata-se de uma língua tonal muito diferente de tudo que estamos acostumados. Muitas palavras parecem com um estalo da boca ou um ranger de dentes, quem quiser procurar no Youtube algumas palavras, vale bastante a pena conhecer!

O Iziko Social History Centre é um desses museus administrados pela Iziko. Possui coleção de peças históricas e culturais do país, além de servir de galeria de arte com exposições temporárias e permanentes e espaço de pesquisa com bibliotecas e salas de reuniões, o equivalente ao que seria a Casa de Cultura Mário Quintana aqui em Porto Alegre.

Este museu fica num imponente prédio na Church Square, que outrora pertenceu a uma Companhia de Seguros Australiana fundada em meados do século XIX e que já teve diversas utilidades na cidade. Em frente fica a estátua de Jan Hendrik Hofmeyr, um importante político da Cidade do Cabo de origem Afrikaneer.

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Iziko Social History Centre

Dali seguimos para a Company´s Garden. No caminho porém, uma rápida passada pela Saint George´s Cathedral. Essa Catedral é considerada a mais antiga catedral da África do Sul, datando de 1901, embora pelo estado de conservação não aparente ter toda essa idade. Mas mais do que sua arquitetura, ela ficou famosa por ser um importante ponto político de luta contra o Apartheid. Foi aqui que o vencedor do nobel, o bispo Desmond Tutu, primeiro bispo negro da África do Sul, abriu as portas da igreja para todas as raças no país e serviu de refúgio para diversos movimentos sociais de luta contra o Apartheid, sendo ele que primeiro cunhou a expressão "rainbow nation", fazendo referência às diversas raças e etnias que faziam parte da África do Sul e que fez com que a catedral ficasse conhecida como a "igreja de todas as cores". Hoje a antiga cripta que a igreja possui foi transformada em um restaurante aonde se apresentam bandas de jazz, chamado de "the crypt", e a igreja se orgulha de possuir o maior órgão da África.

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Saint George´s Cathedral e entrada do Company´s Garden com a Catedral ao fundo

Chegando no Company´s Garden, mas ainda não dentro do parque propriamente dito (embora já seja considerado parte do parque), chegamos na Government Avenue, uma agradável travessa só para pedestres, com algumas banquinhas de artesanato (muitos mendigos) e muito utilizada pelos locais para praticar caminhadas e corridas, que como o nome sugere, é onde ficam os prédios governamentais da África do Sul. Para quem não sabe, a África do Sul possui 3 capitais, uma sediando cada poder, sendo o poder executivo sediado em Pretória, o poder judiciário em Bloemfontein e o legislativo na Cidade do Cabo, e é ali na Government Avenue em frente à Saint George´s Cathedral e ao lado do Iziko Slave Lodge que se localiza o parlamento do país, num bonito complexo de 3 prédios de arquitetura holandesa neoclássica. Embora os prédios sejam todos neste estilo mais antigo, somente um é considerado patrimônio histórico, inaugurado em 1884. Os outros foram construídos já no século XX mas, para se manter o padrão, foram utilizados o mesmo estilo neoclássico. Justamente o prédio mais novo (o prédio em cores tijolo e branco da foto abaixo), construído em 1980, é o mais imponente deles e o que mais ostenta detalhes neoclássicos na sua arquitetura.

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Parlamento da África do Sul

Finalmente então, adentramos no Company´s Garden, um parque/jardim enorme e muito bonito, com várias seções diferentes, sendo um oásis em meio ao tumulto da CBD.

A origem do Company´s Garden remete à instalação da Companhia Holandesa das Índias Orientais no Cabo. Por ter sido o lugar com o solo mais fértil encontrado na região e local de vazão de água dos lençóis freáticos das montanhas ao redor, foi utilizado como local de plantação das mais diversas frutas e hortaliças que serviam para prover os navios holandeses que faziam a rota da Europa para a Ásia e utilizavam o cabo como entreposto comercial, tendo sido iniciadas as plantações em 1650 e sendo assim considerado o parque mais antigo da cidade.

Hoje é um lugar de natureza em meio ao centro da Cidade do Cabo, sendo muito utilizado para passeios e picnics pelos locais, principalmente os que trabalham nos prédios próximos que o utilizam para dar uma descansada da correria no dia a dia.

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Company´s Garden

O parque conta com muitas áreas diversas, com grande diversidade de espécies de plantas, fontes, muitas esculturas históricas, espaços culturais e alguns memoriais, como por exemplo o memorial da primeira guerra, além de uma belíssima vista para a Table Mountain.

Em volta do parque (ou seria dentro dele?) ficam diversos museus da Iziko, como o South African Museum, South African National Gallery, a Biblioteca Nacional, restaurantes, entre outros prédios importantes da cidade.

O guia do passeio nos parou para contar a história do parque justamente em frente à estátua mais "controversa" do lugar, pessoa a qual ele também contou algumas histórias: a estátua em homenagem a Cecil John Rhodes, imperialista britânico e supremacista branco, que foi primeiro ministro do cabo nos anos 1890.

Fundador da Rodésia (hoje Zimbabue), Cecil tinha o sonho de transformar toda a África numa grande colônia britânica, do Cabo ao Cairo, o que fez ele ficar conhecido pelo seu enorme ego, tanto que essa estátua foi construída por ele mesmo e ficava na entrada da cidade, na Avenida Adderley. Após o seu fracasso na tentativa de tomar o poder na África do Sul em favor dos britânicos, o que desencadeou mais tarde na Guerra dos Bôeres, sua estátua foi "silenciosa e vergonhosamente" transferida para o Company´s Garden.

Não sei se houve o movimento Black Lives Matter na Cidade do Cabo, mas taí uma das primeiras estátuas a serem derrubadas.

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Estátua de Cecil John Rhodes

Mas o mais legal mesmo do Company´s Garden é a sua "fauna". Vários patos e pássaros típicos transitam tranquilamente entre os pedestres sem medo, além dos esquilos fofíssimos que são uma atração à parte e os que mais ganham a atenção (e comida) dos que passam por ali.

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Esquilos e patos fazem a alegria dos frequentadores do parque

Aliás, na Ásia, no México e na Europa conhecemos praças com esquilinhos, e dizem que nos Estados Unidos é bem comum também. Será que só no Brasil que não temos esquilos nas nossas praças?

O parque como já dito, é bem grande e conhecemos só uma pequena parte dele. Lemos depois de alguns comentaristas de internet que o local é perigoso pois tem muitos pedintes e batedores de carteira, mas achamos bem seguro e agradável, claro, tomando-se as devidas precauções e não dando bobeira (como em qualquer parque no Brasil digamos assim).

Depois do Company´s Garden, voltamos à Green Market Square, finalizando o tour. Como já havia comentado, a área percorrida é pequena, mas o volume de conhecimento recebido é bastante "denso". Demos a nossa gorjeta de sempre que fica ali entre 30 e 50 reais e combinamos de à tarde, fazer o Free Walking Tour pelo bairro Bo-Kaap.

Enquanto aguardávamos, retornamos aos arredores da Grand Parade para dar uma passada nas lojas de roupas por ali, já que é uma região mais "centrão" mesmo, onde não se vê turistas e consequentemente há produtos mais baratos. A Juju conseguiu comprar umas camisetas da North Face (falsificadas claro, mas muito boas) por o equivalente a 9 reais cada uma! No caminho por essa parte do centro, encontramos alguns resquícios do Apartheid nas ruas, como os "famosos" bancos separados só para negros e só para brancos, que são mantidos até hoje para recordar a população desse regime cruel.

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Memórias do Apartheid nas ruas da Cidade do Cabo

Para almoçar, na Cidade do Cabo, pelo menos na época, estava em alta os tais de "food markets", espécie de mercados com várias banquinhas que servem os mais variados pratos de comida, tudo meio gourmetizado, de vários estabelecimentos diferentes. Pode-se comparar aqui no Brasil a àquelas feiras de food trucks, onde num mesmo espaço tu pode comer um sushi de um estabelecimento e uma pizza de outro, só que numa escala bem maior, com muito mais variedades, algumas barracas tinham até buffet e, diferente do Brasil, preços bem variados e não somente os olhos da cara. Os mais próximos ali da Green market Square são o Food Lovers Market e o Eastern Food Bazar, sendo o primeiro bem na praça mesmo e o mais famoso deles, que foi o que nós fomos. Não lembro o que nós comemos mas de tantas e deliciosas opções diferentes, fica bem difícil de escolher (ou de não acabar comendo demais e gastando demais). Nessas de querer experimentar "algo diferente", tomei um suco verde que levava pimenta caiena na composição que foi uma das piores coisas que já tomei na vida. Tanto que da garrafinha de 300 ml não consegui tomar a metade.

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Uma das várias entradas do Food Lovers Market e o suco verde dos infernos

Almoçados, as duas da tarde então começamos o free tour pelo bairro de Bo-Kaap, saindo do mesmo local do tour da manhã.

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Começando o Free Walking Tour. No centro o nosso guia da tarde

Três quadras adiante sentido noroeste partindo da Long Street já adentramos no bairro denominado Bo-Kaap.

Bo-Kaap é um dos bairros mais famosos de Cape Town e um dos mais "instagramáveis" também por suas casas coloridas e antigas. Fica num local privilegiado entre o centro e o morro Signal Hill. É considerado o bairro "malaio do cabo", pois foi fundado especificamente para abrigar os escravos trazidos de diversas partes da Ásia pela Companhia Holandesa das Índias Orientais. Nem todos vieram da Malásia, mas, por algum motivo todos os habitantes ficaram conhecidos como Malaios do Cabo

Com o passar dos anos se tornou um lugar de acolhimento não só para os escravos asiáticos mas para os escravizados vindos de todas as regiões, além de outros estrangeiros muçulmanos, se tornando um bairro essencialmente de imigrantes e com uma cultura única fruto dessa interação entre diversos povos.

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Belíssimo bairro Bo-Kaap

Dizem que na construção do bairro, todas as casas eram pintadas de branco, simbolizando que tratavam-se de casas de escravos. Com o fim da escravidão no século XX, seus moradores decidiram começar a pintar as casas de forma bastante colorida, como forma de simbolizar a liberdade e a alegria da região. Hoje há uma norma interna que obriga a cada casa ser pintada de uma cor diferente, nunca repetindo a mesma cor entre uma casa e a outra do lado, dando essa impressão de arco íris (rainbow nation).

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Belíssimas casas coloridas do bairro

Considerada ainda uma favela, a comunidade Cabo Malaia resistiu bravamente aos desalojamentos durante o Apartheid e hoje luta contra um processo de revitalização e consequente gentrificação que vem aumentando o custo de vida na região. Hoje os moradores se dividem entre descendentes dos primeiros escravos que fincaram raízes por lá e moram ainda nas mesmas casas lutando para manter as tradições da comunidade com um cada vez maior custo de vida, e os novos moradores atraídos pelo "hype" do bairro.

Durante o passeio passamos por vários pontos da região, com destaque para a primeira mesquita construída no país, a Auwal, que data de 1794, um museu da Iziko que foi criado pela própria comunidade (antes de se tornar museu da Iziko) numa das casas mais antigas do bairro, que data de 1760, além de várias escolas da religião islâmica, religião predominante da região, mas que aos poucos vem cedendo espaço às outras, com a chegada de novos moradores.

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Uma das várias mesquitas do bairro

Chegando na parte mais alta da Wale Street, a principal rua do bairro, num campinho onde estava uma gurizada jogando bola ao lado de uma escola comunitária, apreciamos uma linda vista da Table Mountain e da cidade.

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Pracinha no alto da Wale Street

Bem em frente dessa pracinha também, o guia nos mostrou onde ficava o Restaurante Biesmiellah, o restaurante mais famoso e procurado de Bo-Kaap e um dos mais famosos da Cidade do Cabo, onde se pode provar a verdadeira e rica comida malaia do cabo!

A comida dos malaios do cabo reflete essa mistura de diversas culturas, o que faz dela uma culinária única e patrimônio imaterial do país, e ali no Biesmiellah dizem ser o melhor lugar para experimentar os variados pratos "malaio cabenses", com destaque para o famoso "Bobotie". Bobotie (se lê, "babuti") é um prato feito com carne desfiada, curry e frutas, principalmente uvas passas, servido coberto com uma camada de ovo e arroz (parecendo um escondidinho) e em alguns lugares também é servido com coco ralado. Tão gostoso quanto exótico, tivemos a oportunidade de experimentar algumas vezes mais tarde na nossa viagem, mas infelizmente não ali no Bo-Kaap, pois o restaurante estava fechado neste dia. Ah, dizem também que o Bobotie é o prato favorito de Nelson Mandela, que passou muitos anos preso na Cidade do Cabo.

Terminamos o passeio na própria Wale Street, na parte mais baixa onde fica o Museu da Iziko e vários ateliers de arte que, embora a maioria seja de donos estrangeiros, tentam preservar a arte e a cultura da região.

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Representação de Bo-Kaap numa típica arte cabo malaia

Por mais que a revitalização do bairro esteja à mil e que o bairro seja bastante frequentado por turistas todos os dias, Bo-Kaap ainda é considerada uma região meio "perigosa" da cidade e recomenda-se que, tirando as ruas principais como a Wale Street ou a Church Street e à noite, turistas não fiquem passeando por ali.

Terminado o tour, demos mais uma gorjetinha para o guia e seguimos para dar uma volta na Long Street. A Long Street é a rua boemia da Cidade do Cabo, onde se concentram os principais bares e casas noturnas da cidade, embora tenhamos achado ela mais movimentada durante o dia do que à noite, já que, não sei se porque fomos numa época meio fria, mas o movimento era mais dentro dos bares em si do que na rua mesmo, parece que o pessoal chega lá de Uber direto no bar que quer ir e deu.

Paramos então para tomar uma cervejinha num dos bares mais famosos dali, a Beer House. Cervejaria que se destaca por oferecer 99 rótulos de cervejas em garrafa e mais umas várias torneiras de chope artesanal.

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Garotos propaganda

O bar fica no segundo piso de um casarão bem estilo colonial e por dentro tem uma decoração bem "descolada", sendo um lugar bem agradável onde se toma só cerveja.

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Decoração descolada da Beer House

Pela dificuldade de escolher entre tantos rótulos (e também pelo preço não muito amigável), pedimos só uma tábua (literalmente) de degustação com 6 tipos de cerveja artesanais diferentes que vem com uma cartela indicando qual ordem tu tem que tomar (da mais fraca para a mais amarga), bem bom! Mas bem pouca quantidade...

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Degustando uma cervejinha no fim do dia

Cansados de bater perna o dia todo e da overdose de informações históricas e culturais recebidas, deixamos para conhecer a noite na Long Street num outro dia. Ao invés disso, passamos no Pic n Pay em frente ao hostel e compramos umas pizzas para comer no hostel e umas cervejas. Na área comum do hostel conhecemos o simpático mascote do lugar, um cachorro vir-lata muito brincalhão e que não tinha muita noção do seu tamanho, já que ficava subindo no nosso colo sendo que era quase do meu tamanho hehehe.

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Simpático mascote do hostel

Fechamos a noite então comendo uma pizza do supermercado, tomando umas Black Labels e curtindo um joguinho de futebol do campeonato nacional sul africano na TV do hostel.

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ÁFRICA DO SUL 9º Dia - Subindo (e descendo) a Table Mountain (22/11/2017)

Como o dia amanheceu sem nuvens no céu, chegara o dia de conhecer o principal cartão postal da Cidade do Cabo, quiçá da África do Sul: a Table Mountain, montanha com o cume em formato plano, lembrando uma "mesa" (daí o nome) proclamada em 2011 como uma das sete maravilhas naturais do mundo, em eleição global realizada pela fundação new7wonders, iniciada em 2007 e que contou com a participação de pessoas de todo o mundo.

Novamente fomos tomar nosso café da manhã no agradável terraço do hostel. Desta vez havia um hóspede metido a chef que achava que a cozinha era só dele fazendo uma cacetada de omeletes que atrasou nosso lado para fazermos nossos sanduíches. Ainda por cima depois chamou a atenção da Juliana porque ela gastava água demais para lavar a louça. Tá certo que em 2017 toda a região do Cabo estava passando por uma crise de falta de água (crise que depois descobrimos que é recorrente na região), inclusive nos banheiros de todos os estabelecimentos sempre havia placas alertando para que se gastasse somente o necessário para a higiene e no próprio hostel havia um tempo máximo definido para os banhos, mas achamos bem desnecessário ouvir sermão de um carinha que não era nem funcionário do hostel.

Feito o desjejum, partimos então para mais um dia desbravando Cape Town. A ideia inicial era além da Table Mountain, subir até o Signal Hill para ver o pôr-do-sol. Signal Hill é outro ponto turístico bastante visitado, principalmente para apreciar o pôr-do-sol no oceano, visto que trata-se de uma colina que fica num ponto estratégico com uma vista panorâmica da península, tendo como pano de fundo a Table Mountain. Também é um lugar de fácil acesso todo por uma estrada asfaltada saindo da avenida que leva à Table Mountain e, embora não haja transporte público para lá, dizem que é bem fácil subir a pé e conseguir uma carona no meio do caminho e pra voltar. Sendo assim, ficamos de subir a Table Mountain somente à tarde, até porque dizem que pela manhã é o horário mais movimentado, com filas de mais de uma hora para se pegar o teleférico e inclusive é mais barato o preço dele após às 14 horas.

De manhã então, fomos dar uma passada para conhecer o "Victoria & Alfred Waterfront", ou só V&A Waterfront, antigo cais da cidade que foi todo revitalizado e transformado em complexo turístico, se tornando um dos lugares queridinhos e uma das principais atrações turísticas da cidade. Mais uma semelhança com o Rio de Janeiro, neste caso, o equivalente à hoje o píer Mauá. Para chegar lá, utilizamos o MyCity, serviço de ônibus públicos muito bom, um dos legados da Copa do Mundo de 2010.

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Garota propaganda dos ônibus MyCiti

Dizem que antes da Copa o transporte público em Cape Town era praticamente inexistente, tendo que os moradores se virarem com táxis ou com as caóticas vans. Em 2010, em razão da Copa do Mundo, foi implementado um serviço de ônibus inspirado em cidades exemplo de transporte público (Curitiba por exemplo) que funcionam com cartão e corredores exclusivos. Além disso, as linhas e os horários são muito bem definidos, quase que como se fosse um metrô, além de contar com algumas estações fechadas que servem de conexão, em que é possível fazer a troca de linha sem pagar nada a mais por isso. Resumindo, ao contrário do resto do país, é muito fácil se locomover na Cidade do Cabo, pelo menos na região central e nas zonas mais turísticas.

Dito isso, seguimos então para a estação Adderley para comprar nosso cartão MyCiti e carregá-lo, lembrando que este não é vendido em qualquer parada de ônibus, somente nas estações, pontos onde se pode fazer a troca para ônibus de outras linhas, diferentemente das paradas normais que, como se fosse um metrô, você passa o cartão para entrar na estação e não dentro do ônibus. Os ônibus MyCiti são realmente muito bons e confortáveis e rapidinho descemos na parada Breakwater, uma das diversas paradas que cercam o V&A Waterfront.

O Cais é realmente um lugar bem agradável de se passear, embora bastante elitizado. Descendo na estação Breakwater, de primeira para se chegar à zona do píer propriamente dita, passa-se por dentro de um shopping e complexo hoteleiro bem ostentação e gigante, que ocupa os dois lados da avenida onde se desce do ônibus, só com lojas chiques: o Victoria Wharf Shopping Center.

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Uma das entradas do píer, pelo Victoria Wharf Shopping

Agora sim no cais mesmo, este ocupa um espaço enorme, contando com diversas lojas, museus, restaurantes entre outras atrações às margens da baía de Cape Town, tendo o local roubado o posto da Table Mountain de ponto turístico mais visitado na cidade nos últimos anos.

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V&A Waterfront

E por falar nela, no píer encontramos vários pontos onde pode-se observar a Table Mountain de forma privilegiada, inclusive com locais indicativos para "enquadrar a sua selfie".

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Fazendo coisa de turista

No Waterfront, aproveitamos para dar uma olhada em algumas lojinhas de artesanatos e souvenires turísticos, com destaque para a lojinha African Trading Port, que embora contasse com preços acima do normal, ainda assim são preços normais para nós brasileiros e ainda por cima artesanatos de excelente qualidade, bem diferentes dos que tínhamos conferido lá pelo centro.

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African Trading Port, lojinha bem bacana de artesanatos no Waterfront

Assim como no cais revitalizado no Rio de Janeiro (e diversos cais turísticos pelo mundo), que conta com o museu do amanhã, roda gigante e um aquário turístico. Aqui também há diversos museus, com destaque para o novíssimo museu Mocaa, inaugurado em 2017 (ano que estávamos lá) e que hoje é considerado o maior museu de arte contemporânea da África e maior museu do mundo dedicado à arte produzida por artistas africanos. A Cape Wheel, roda gigante de 40 metros de altura que permite visuais incríveis da baia. E também o Two Oceans Aquarium, aqueles aquários turísticos que você meio que "entra" dentro do mar e pode visualizar milhares de espécies de animais marítimos.

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Atrações do pier e a Juju sempre fazendo amigos

E por falar em museus, é aqui que partem os passeios rumo à Robben Island, famosa ilha prisão que fica próxima da costa e lugar onde Nelson Mandela ficou preso por mais ou menos 18 anos, hoje transformado em museu com passeios guiados que contam diversas histórias (pesadas) do local, com destaque é claro, para a cela onde ficou Nelson Mandela, sendo este mais um passeio imperdível de se fazer para quem visita a Cidade do Cabo e que nós, infelizmente, pelo pouco tempo na cidade, perdemos (fica pra próxima).

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No pier há bastante movimento de embarcações

Em suma, visitar o V&A é um lugar para se ir várias vezes para poder aproveitar bem todas as suas atrações. Muitos turistas (não mochileiros) inclusive escolhem se hospedar pela região para aproveitar o fim da tarde de passeios curtindo o por do sol pelo cais e tomando um café nas diversas cafeterias gourmets que tem por ali. Inclusive, nossa ideia inicial neste dia era voltar lá para conferir o lugar à noite.

Chegando o horário do almoço, na beira do píer ficam diversos restaurantes e cafés chiques, inclusive tinha um de comida brasileira quando fomos lá e que, apesar de elitizados, quando se compara com o Brasil, preços muito mais em conta. Mas de qualquer forma, no Waterfront há também um food market, aqueles galpões descolados com diversas barraquinhas de comidas gourmet dos mais variados tipos, igual ao que havíamos almoçado no dia anterior lá no centro, o V&A Food Market e pra lá que fomos procurar algo pra comer. E, assim como no dia anterior, de tantas opções de comidas dos mais variados tipos e banquinhas de diferentes cervejas artesanais, fica difícil de escolher. Optamos por uma comida oriental "fusion" bem exótica (mistura de sushi com arroz e feijão) então e uma cerveja artesanal que diziam ter ganhado vários prêmios nos últimos anos.

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Decoração "hipster" do V&A Food Market e nosso almoço "fusion"

Depois do almoço, demos mais uma descansada no agradável píer. Sentamos num banquinho em frente a um local bem legal que tem ali que é a Praça Nobel, pequeno espaço onde ficam lado a lado quatro esculturas em homenagem a quatro sul africanos que ganhadores do prêmio Nobel da paz, principalmente pelo seu papel na luta contra o Apartheid: Nelson Mandela, Desmond Tutu, o ex-presidente branco que estabeleceu o fim ao Apartheid, De Klerk e Albert Luthuli, ex presidente do CNA defensor da não-violência, preconizada por Gandhi na África do Sul e primeiro negro a ganhar um Nobel. Antes de seguir viagem, ficamos ali curtindo os pássaros "fazendo a festa" nas estátuas meio caricatas destas quatro grandes (e importantíssimas) figuras mundiais.

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Nobel Square e o passarinho desrespeitando a estátua do Mandela

Partimos então para o "ápice" da nossa visita à Cape Town, a subida à Table Mountain. Para isso tivemos que pegar um ônibus novamente na estação Brakewater e "voltar" até a estação "Civic Centre", espécie de estação central dos ônibus MyCiti, que fica ao lado da estação central de trem de Cape Town, visto que não há ônibus diretos do Waterfront pra lá.

Ficamos impressionados com essa estação. Parecia um shopping! Bem ajeitadinha, sem nenhuma sujeirinha no chão e portões individuais onde tu esperava o teu ônibus, quase como uma área de embarque de aeroporto, muito legal! Para brasileiros que nem nós, olhando as fotos nunca diríamos que aquilo seria um terminal de ônibus público.

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Embasbacados com a estação de ônibus Civic Centre

Dali pegamos o ônibus 107 até a parada "Kloof Nek", que fica numa rótula a caminho da praia Camps Bay onde de um lado fica a estrada para Signal Hill e Lion´s Head e do outro a Tafelberg Road (que significa Table Mountain em Afrikanêr), estradinha para a Table Mountain. Dali a apenas 1 quilômetro e meio já fica o prédio onde se pega o teleférico para subir a Table Mountain mas, para evitar uma caminhada numa subida e debaixo do sol, pode-se pegar o ônibus 110 da MyCiti gratuito, que sai de um estacionamento ali na rótula mesmo onde descemos e leva até o prédio do teleférico (que foi o que nós fizemos). A parada de ônibus e a entrada do teleférico fica numa parte mais elevada que já proporciona bonitas vistas da cidade.

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Parada de ônibus em frente à entrada do teleférico. Na foto à direita, A Lion´s Head e Signal Hill ao fundo, respectivamente à esquerda e a direita

Existem diversas trilhas dos mais variados tamanhos e dificuldades e com paisagens estonteantes que levam ao topo da Table Mountain, o que faz dela uma atração gratuita! O melhor de tudo é que elas são todas sinalizadas e com o trajeto mapeado no Google Maps (algumas tem até street view). As mais famosas e procuradas são a India Venster e a Platteklip Gorge, consideradas de dificuldade baixa, com 2 a 3 horas de percurso e que partem (e terminam) bem próximas ali do terminal do teleférico. Queríamos ter as duas experiências (trilha e teleférico), então, achando que para descer todo santo ajuda, optamos por subir de teleférico e descer pela trilha (o que acabou sendo a pior opção).

Como esperado, a fila para subir de teleférico a essa hora da tarde não estava tão grande e em menos de uma hora já estávamos embarcando. O atendente quando viu nosso bilhete só de subida, olhou para nossa cara de sedentários com espanto e perguntou se tínhamos comprado o bilhete certo hehehe.

O teleférico vai atrolhado de gente e é bem pequeno, não sendo muito proveitoso para apreciar a vista apesar dele subir girando em torno dele mesmo 360º graus fazendo com que se pudesse ver todos os ângulos da paisagem. Em menos de 5 minutos já estávamos lá no topo.

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Subindo a Table Mountain de teleférico

Demos muita sorte de pegar um céu praticamente sem nuvens e sem muito vento (apesar de que estava sim um ventinho meio gelado). Dizem que é comum a suspensão do serviço de teleférico sem aviso prévio, devido às condições climáticas que mudam bruscamente, tanto que o bilhete do teleférico comprado previamente pela internet não possui data específica, facilitando que possa ser usado em outro dia caso se chegue lá e do nada as viagens estejam suspensas. Também no embarque há diversas televisões que mostram como esta a vista lá do alto, bem parecido com o embarque do bondinho para o cristo no Rio de Janeiro, daí a pessoa pode olhar e se achar que o tempo está muito fechado, dá meia volta e retorna outro dia (privilegio que pessoas como nós que viajamos com os dias contados normalmente não temos).

Enfim, chegamos ao topo da Table Mountain e de cara já fica-se embasbacado com a paisagem.

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Vista do topo da Table Mountain

A Table Mountain é considerada uma das montanhas mais antigas do mundo. Há resquícios de ocupação da montanha por seres humanos que datam de 30.000 anos atrás. Na história mais recente, antes da chegada dos europeus, era habitada pelo povo Khoisan, que a batizaram de Hoerikwaggo (Montanha do Mar) e acreditavam que a montanha era sagrada e a morada de um Deus.

Fiquei imaginando os Europeus chegando por ali pelo mar para colonizar e destruir com os povos originários, como deve ter sido se deparar com essas montanhas esplendorosas, impossível não terem ficado emocionados e hipnotizados pela beleza. Tanto é que os portugueses, primeiros europeus que passaram por ali, trataram logo de desbravá-la, em 1503, com o português Antonio de Saldanha recebendo o título de primeiro estrangeiro a subir a Table Mountain, ocasião em que a batizou de "Tábua do Cabo".

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Table Mountain, uma das 7 maravilhas do mundo

Somente por volta de 1930, já sob domínio Afrikanêr, começou-se uma preocupação com a preservação do local e o mesmo foi transformado em reserva natural, hoje administrado pela South African National Parks (SAN Parks), empresa pública que administra quase todos os parques e reservas naturais do país. Por esta mesma época foi instalado o bondinho teleférico, ou seja, ele é bem antigo. Uma curiosidade: nos anos 2020 um pequeno grupo Khoisan ocupou um pedaço do parque nacional da Table Mountain como forma de pressionar o governo pela devolução da posse da região ao povo Khoisan originário, como legítimos donos da montanha.

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Achando que é Khoisan

Olhando de baixo, a Table Mountain parece um grande planalto reto (como uma tábua mesmo), mas lá em cima o terreno é bastante acidentado com bastante pedras pra subir e descer rendendo fotos espetaculares (e servindo pra cansar os tornozelos também).

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Mais vistas de tirar o fôlego

Lá em cima são oferecidas caminhadas guiadas gratuitas, que saem de hora em hora do Twelve Apostles Terrace, terraço que fica em frente à lojinha e a lanchonete, bem na saída do teleférico, sendo a última do dia às 15h. Preferimos transitar livremente pelo topo e dispensar a visita guiada, mas deve valer a pena sim fazer e descobrir mais sobre a montanha. Sendo assim, percorremos toda a volta na "borda" da montanha. Esse passeio lá no topo é divido em 3 "trilhas" que se pode fazer: a Dassie, Agama e Klipspringer, mas na verdade consiste mais em passear pela borda mesmo, apreciando diversos pontos de vista de cima da montanha, o que por ser um espaço bem curto, mais ou menos 3 quilômetros de área total, se consegue em no máximo 1 hora (contando as infinitas paradas para babar pela paisagem).

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Trilhas no topo da Table Mountain

Nesse caminho é bem comum toparmos o tempo todo com os simpáticos "Dassies", animais muito famosos por ali que lembram uma capivara só que menor. Lembremos que a Table Mountain é uma reserva ambiental, extremamente importante para a preservação da diversidade da fauna e flora do Cabo, contando com diversos animais selvagens dentro do parque, sendo os Dassies os principais habitantes, junto com alguns pássaros típicos e que já estão mais do que acostumados com os turistas, o que não é necessariamente algo bom, já que sempre tem aqueles que tentam dar comida que não deve além de tentar abraçar os bichinhos coitados.

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Dassies e pássaros que habitam a Table Mountain

E por falar em paisagens, um dos pontos mirantes mais bonitos pra se admirar a vista é justamente próximo ao Twelve Apostles Terrace, onde pode-se ver ao fundo as montanhas apelidadas de "os doze apóstolos" com a praia de Camps Bay abaixo. Forçando um pouco tu consegue enxergar até o Cabo da Boa Esperança bem lá longe, o ponto mais sudoeste da África.

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Vista do lado oposto

Com a tarde avançando, o vento começou a ficar cada vez mais forte e frio, passando a ficar bem complicado a situação lá em cima. Chegou uma hora que não conseguíamos mais nem curtir a paisagem direito de tanto frio e vento na cabeça. Turistada também começou a se mandar para a fila do teleférico com medo de que o mesmo fosse suspenso do nada e tivessem que descer a pé, formando uma fila gigantesca para pegar o bondinho.

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Fila gigante para pegar o bondinho

Aproveitamos a diminuição do movimento para conferir a lanchonete lá de cima. A lanchonete tinha uns preços um pouco abusivos, mas possuía aquecedores próximos das mesas extremamente convidativos (e um alívio para aquele frio que fazia lá fora), o que nos fez parar para comer um pedaço de pizza e tomar uma cerveja artesanal, até para dar aquela energia para começarmos a descida depois né hehehe.

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Aproveitando o aquecedor da lanchonete
 
Quase perto das 16 horas, começamos então a descida da Table Mountain. Nossa ideia era fazer a trilha Platteklip Gorge, considerada a mais fácil de todas com duração média de duas horas. Na internet da lanchonete conferimos que o último ônibus MyCiti gratuito que partia da parte baixa do teleférico era às 19h30, normal na África do Sul o transporte público encerrar cedo, então saindo às 16 horas, teríamos tempo suficiente para chegar lá tranquilões (pelo menos era o que achávamos hahaha). De cara já demoramos para encontrar o inicio da trilha. Seguimos até o lado oposto do terraço dos doze apóstolos, na outra ponta da "tábua" e não encontramos nada que parecesse com um início de uma trilha. Até que vimos um pessoal seguindo por um caminho que era uma descida perto de uma nascente de água e os seguimos.
 
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Começo da trilha

Aí então que começa a trilha "de dificuldade baixa". O primeiro trecho é praticamente uma descida num caminho de pedras bastante irregulares, quase que como uma escadaria mas com algumas bem altas em relação à próxima no caminho. Grande parte do arranjo das pedras também são intervenção humana, com algumas grades de contenção inclusive para evitar desmoronamentos ou quedas.

Segue-se nessa descida em zigue-zague que parece não ter fim, como dá pra ver direitinho no google maps, no meio de uma fenda na montanha, o que ajuda bastante na contenção do vento. Como a diferença de nível entre um "degrau" e outro é muito irregular, tu acaba forçando demais a perna a cada descida para apoiar a pisada, ou seja, é menos cansativo subir do que descer, e aí de cara já percebemos que foi burrice nossa a escolha de subir de teleférico e descer pela trilha, deveríamos ter feito ao contrário. Ainda pra variar, como bons mochileiros de apartamento que somos, não levamos uma garrafinha de água ou barrinha de cereal sequer para nos hidratarmos e nos alimentarmos durante o caminho...

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Descida em meio à fenda na montanha

No caminho pode-se apreciar a impressionante biodiversidade floral do Cabo, com a vegetação "Fynbos" única no mundo.

Fynbos é o nome de um dos seis reinos florais do planeta, sendo ele o mais diversificado de todos com mais de 9 mil espécies de plantas e dessas, aproximadamente 6 mil só existem ali na região do Cabo, fazendo do Cabo a região com a maior diversidade floral do mundo e considerada por organizações ambientais a preservação dessa região uma prioridade para a conservação mundial da biodiversidade.

Destas plantas, a que mais se destaca por sua beleza e presença constante são as Proteas, flores símbolo da região que estão por toda a parte contando a região do Cabo com quase 65% de todas as espécies de forma endêmica, ou seja, só se encontra lá. Essa flor é muito bonita e ficamos até com vontade de levar umas sementes que vimos para vender noutro dia em Stellenbosch, outra região onde se encontra dezenas delas.

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Flora da Table Mountain, com destaque para as Proteas na última foto

Aliás, falando em biodiversidade floral, outra atração imperdível na Cidade do Cabo (e que nós perdemos) é uma visita ao Jardim Botânico Kirstenbosch, primeiro jardim botânico do mundo a receber o título da UNESCO de patrimônio da humanidade e que abriga mais de 7 mil espécies de plantas endêmicas da região, sem nenhuma espécie exótica, que além de ser um importante centro de pesquisa botânica é um espaço de lazer belíssimo na cidade, com lindas vistas da Table Mountain de pano de fundo.

Depois do que parecia ser umas 5 horas descendo em zigue-zague, chega-se em uma área mais aberta e a partir daí, junto com o sol que já estava bem baixo, a paisagem é espetacular, dando uma energia extra para continuar a caminhada.

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Durante toda trilha, a paisagem é surreal!

Numa encruzilhada onde se juntam diversas trilhas diferentes, todas sinalizadas, resolvemos seguir pela trilha India Vernster, pois essa segue contornando a montanha em linha reta, dando uma trégua da descida sem fim e ainda deixando bem mais próximo da parada de ônibus no ponto de baixo do teleférico. Foi uma boa escolha porque essa trilha é bem bonita, passa-se por debaixo de pedras bem rente ao desfiladeiro com algumas tímidas quedas d´água e, apesar de um pouco perigoso devido ao risco de quedas, muito melhor andar numa superfície mais ou menos plana do que forçar ainda mais as panturrilhas descendo pedras.

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Margeando o desfiladeiro. Pela cara da Juju dá pra ver nosso nível de cansaço nesta hora

Já passavam de três horas e meia de caminhada e parecia que não chegávamos nunca. Quando se aproximava do horário do suposto último ônibus, tentei dar uma apressada no passo mas a Juju já estava com 0% de energias, forçando com que parássemos no meio do trajeto, o que era ótimo para apreciar mais um pouco aquela vista fantástica.

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Juju fingindo que não estava cansada

Quando finalmente chegamos no caminhozinho final, uma descida entre pedras que levava até a saída do teleférico, avistei o ônibus lá embaixo e dei uma embalada para pelo menos pedir para ele nos esperar para sair, com a Juju totalmente morta de cansada ficando bem pra trás.

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Último trecho da trilha com o prédio do teleférico ao lado da parada de ônibus bem abaixo e a Juju dando seu último gás

No fim nem precisou, o motorista nem estava ainda no ônibus e deu tempo suficiente para chegarmos, nos sentarmos e capotarmos durante a viagem. No fim levamos praticamente 4 horas para descer a trilha que dizem ser de duas a três horas, com as pernas, coxas, joelhos e panturrilhas destroçadas. E se nossa ideia inicial do dia era depois da Table Mountain ainda subir até Signal Hill para ver o pôr-do-sol, nem preciso dizer que essa ideia foi totalmente abandonada.

Mortos de cansados, chegamos no hostel, só ficamos um pouco na área comum e já nos recolhemos, ficou para outro dia conhecer a noite na Long Street.

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ÁFRICA DO SUL 10º Dia - Passeando pela região das vinícolas da África do Sul (23/11/2017)

Este dia reservamos para fazer a rota dos vinhedos e provar os famosos vinhos da África do Sul.

A região vinícola do cabo fica nos arredores de Cape Town, e dela fazem parte cidades como Stellenbosch (mais famosa e normalmente o ponto de partida dos passeios), Paarl, Franschhoek, entre outras. Nessa região existem infinitas vinícolas, quase todas oferecendo visitas com degustação tanto de vinhos como espumantes e algumas também de queijos, algo bem parecido com o que temos aqui no Rio Grande do Sul, na região vinicultora do qual fazem parte cidades como Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Farroupilha.

A maioria das vinícolas fica em fazendas nas regiões mais afastadas das cidades, sem um transporte público que passe próximo delas, então, como é meio perigoso (e proibido na África do Sul) misturar degustações de vinhos com direção, a forma mais indicada para fazer esse passeio é através de agências de turismo. Até porque as agências levam nos lugares "confirmados", visto a infinidade de vinícolas na região e o tempo que se perderia escolhendo as que se iria visitar. Há também quem se hospede em Stellenbosch e faça o passeio de bicicleta, mas devido às distâncias consideráveis entre uma vinícola e outra, é preciso ser meio "atleta" para conseguir (e resistente à álcool). Para quem não tem muito tempo e quer ter "só um gostinho" de fazer a rota dos vinhos, há também a opção de utilizar o ônibus turístico City Sightseeing que sai da praça Greenmarket no qual uma das linhas passa por algumas vinícolas menores e mais turísticas que ficam na cidade de Cape Town mesmo. Quanto às agências, como esperado, existem dos mais variados preços e tipos de passeio, a maioria saindo de Cape Town e percorrendo umas 4 ou 5 vinícolas. Depois de pesquisar bastante, encontramos uma muito bem avaliada e com um preço muito bom, a Stumble Inn Wine Tour, com ponto de saída de uma guest house de mesmo nome em Stellenbosch, e deixamos reservado o passeio de dia inteiro que passa por 4 vinícolas e almoço incluído, com bastante antecedência por e-mail mesmo (stumble@iafrica.com) por 650 Rands por pessoa, naquele esquema de confiança sul africana, pagando somente lá no dia no balcão.

Com o passeio reservado, só tínhamos que dar um jeito agora de ir até a cidade de Stellenbosch, distante 50 quilômetros da Cidade do Cabo. A grande maioria dos turistas que vai até Stellenbosch ou vai de carro, pernoitando na cidade para poder fazer o passeio (e beber) ou de UBER, visto a distância não tão grande entre as duas cidades. Mas nós vimos no mapa que próximo à Guesthouse ficava uma estação de trem, então fomos pesquisar esta opção na internet. Com muita dificuldade de encontrar informações sobre os trens, achamos finalmente um site bem precário que possuía algo que supostamente seriam as tabelas horárias dos trens que saiam da estação central de Cape Town, este site aqui: https://cttrains.co.za/. Também encontramos informações bem básicas no seat61.com, site que já fiz propaganda várias vezes aqui de que ele é o site mais completo sobre trens do mundo inteiro, que dizia que, diferentemente dos trens suburbanos de Johanesburgo os quais seriam extremamente perigosos e meio que proibidos para turistas, esses de Cape Town os turistas "até que poderiam pegar", tomando algumas precauções, como por exemplo: não pegar o trem à noite, não ostentar objetos de valor e não entrar em vagões vazios. Com essas informações então e descobrindo o preço do trem (20 Rands, muito barato!), estava decidido como iriamos até Stellenbosch.

Cedo da manhã então partimos. Com medo de perder o trem e não confiando muito no site misterioso, saímos cedo e acabamos nem tomando café direito. Sair cedo foi um acerto pois, com as pernas destruídas de descer a Table Mountain no dia anterior, demoramos bastante pra chegar até a Estação, menos de 500 metros do hostel, tendo que parar algumas vezes no caminho de tanta dor nas panturrilhas.

Apesar da estação ser grande, achamos fácil o guichê de venda de bilhetes da Metrorail, mesma companhia dos trens de Johanesburgo e, rapidinho já estávamos na plataforma esperando nosso trem. Realmente, tirando o trem que vai até Simon´s Town que é bem turístico e que vai costeando a baía de False Bay no que dizem ser um passeio muito bonito, nenhum turista pega trens em Cape Town, sendo este um transporte mais utilizado mesmo por pessoas de baixa renda. Tanto a plataforma quanto o trem em si são bem sucateados e fizemos como nas dicas do site seat61, esperamos para ver qual era o vagão que encheu mais e entramos. Na verdade o vagão "menos vazio", pois tinha muita pouca gente pegando o trem naquela hora, em sua maioria estudantes com livros e uniformes escolares estilo ingleses, visto que Stellenbosch possui uma importante e grande universidade, sendo considerada uma cidade universitária do país e atraindo pessoas de diversos lugares para estudar lá, o que faz da cidade e do trajeto até lá bem movimentado todos os dias.

Dentro do trem a situação é ainda mais precária: vagão bem sujo, com as paredes todas pichadas e diversos panfletos colados nas portas com propagandas de serviços bem "questionáveis", com destaque para as de clínicas de aborto que tinham propaganda por todos os cantos. Para completar a situação, numa estação adiante entrou uma mulher com uma criança reclamando que estava apertada e não é que a mulher baixou as calças da criança e fez ela mijar ali dentro do vagão mesmo, próximo a porta, com todo mundo olhando e nem dando bola, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

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Trem para Stellenbosch

Apesar do cheiro de xixi, sempre digo e volto a afirmar que pegar transportes locais é uma das melhores coisas de uma viagem e o trajeto foi bem tranquilo, em pouco mais de uma hora e milhões de paradas no caminho, já estávamos chegando na charmosa estação de Stellenbosch. A estação de Stellenbosch, assim como praticamente todas no caminho, parece que você foi transportado para o período colonial. Os prédios com certeza devem datar de 1700... 1800 e alguma coisa. Descemos na estação e fomos seguindo os estudantes em direção à charmosíssima cidade de Stellenbosch. No caminho, muitas casas brancas de madeira estilo coloniais, ruas limpíssimas com todo um ar de cidadezinha holandesa do interior (na verdade, parece até uma cidade cenográfica). Seguimos pela Dorp Street, uma das principais ruas da cidade até a Guesthouse Stumble Inn, distante apenas uns 300 metros da estação, já passando por vários pátios e fazendas com parreiras.

Chegamos cedo na Guesthouse, pagamos os 650 Rands por pessoa no guichê de atendimento e ficamos esperando um pouco ainda na área comum. Esta guesthouse parecia bem boa, com uma ótima área comum com sinuca e ping-pong, acho que vale a pena ficar uns dias por lá. Chegada às 10 horas, conhecemos o nosso guia e motorista do dia, o William, primeiro Sul Africano de etnia Africâner que conhecemos na viagem, um cara muito gente boa. Também descobrimos que seriamos os únicos a fazer o passeio neste dia, ou seja, faríamos um passeio privativo. Geralmente não acho legal essa ideia de fazer passeios privativos, mas no fim foi bem legal, pudemos aproveitar bem mais o passeio, conto mais detalhes adiante.

Partimos então de van em direção à primeira vinícola do dia, já vislumbrando belíssimas paisagens da região.

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Começando o tour

Fomos conversando com o William, que achou muito legal que tivéssemos ido até lá de trem já que turistas nunca utilizam o trem, o que pra ele era uma pena, e ele nos contou que preferia passeios privativos assim, pois rendiam mais e permitiam flexibilizar o trajeto, porque em grupo ele tem sempre que fazer o passeio previsto ou ter altas discussões com os clientes para não desagradar ninguém. Também contamos da nossa trilha do dia anterior e das dores nas pernas e ele disse que fizemos a escolha certa então de visitar as vinícolas neste dia, pois rapidinho depois de algumas degustações de vinhos não estaríamos sentindo mais dor nenhuma hehe.

E a primeira vinícola do dia foi a Dieu Donné Vineyards, que fica em Franschhoek. Essa vinícola é mais famosa pelos seus champanhes e, justamente por ser ainda de manhã e começar os trabalhos com alguma coisa mais "fraca" que foi escolhida a degustação de champanhes de lá. Chegamos e já fomos direto nos sentar no pátio do local, um gramado numa parte mais elevada com uma vista sensacional para os morros e as parreiras da fazenda.

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Vista espetacular da vinícola

Sentamos então numa mesa ali na parte de fora e ficamos apreciando aquela vista maravilhosa enquanto o pessoal nos trazia champanhes.

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Que vida ruim...

Como estava um dia espetacular ensolarado, nem preciso dizer o quão prazeroso estava esse momento e arrisco dizer que só ter ido nessa primeira vinícola já estava valendo a pena ter feito esse passeio.

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Aliás, como já havia comentado, todas as degustações e o almoço do passeio já estavam incluídos no valor, inclusive enquanto ficávamos degustando vinhos sempre víamos nosso guia pagando o pessoal no balcão lá na hora, além da gasolina. Ficamos nos questionando se afinal eles iam ter algum lucro depois.

Provamos quatro champanhes muito bons e depois, com as dores nas pernas um pouco já "anestesiadas", fomos dar uma volta entre as parreiras da fazenda. O William, vendo nosso amadorismo para tirar fotos decentes, se ofereceu para tirar umas fotos para nós que ficaram bem legais.

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Nos parreiras da vinícola Dieu Donné

Já "degustados" de champanhe então, seguimos para a próxima vinícola do tour. A próxima seria a vinícola Fairview, vinícola muito famosa que fica em Paarl, outra cidade bastante importante da região, a uns 30 quilômetros de Stellenbosch.

No caminho, já em Paarl, vimos ao longe em cima de um morro um monumento grande e estranho. Perguntamos pro William o que era e ele entusiasmado com nossa curiosidade, sem revelar do que se tratava, disse que iria nos levar lá depois para conhecermos. Também comentamos que, apesar de gostar de vinhos, principalmente os sul africanos que são sensacionais, éramos mais "beer people". Ele também se entusiasmou e disse então que iria nos levar numa cervejaria muito famosa e que ele gostava muito: a CBC, e que pra ele era uma baita oportunidade de dar uma passada por lá visto que normalmente os turistas nunca querem ir, preferindo ficar só nas vinícolas. No fim ele estava curtindo o passeio tanto quanto a gente hehehe.

A vinícola Fairview é mais "tradicional", digamos assim. Fica numa fazenda que contém um casarão principal bem colonial mesmo, estilo Casa grande, mais parecido com as vinícolas que temos aqui no Rio Grande do Sul.

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Vinícola Fairview

Apesar de não ter a mesma vista das montanhas como a vinícola anterior, a propriedade é bem bonita e toda decorada com jardins e fontes.

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Bonita propriedade da Fairview

Nesta vinícola a degustação foi de vinhos e queijos (delícia), fazendo o "pareamento" ou "harmonização" entre diferentes tipos de vinhos e queijos.

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Harmonizando vinhos e queijos

Também é uma degustação "guiada", com o atendente no balcão apresentando cada vinho e contando a história do mesmo, fabricação e explicando porque ele harmoniza com o queijo tal, um texto pronto que o funcionário coitado deve falar umas quinhentas vezes por dia para cada visitante...

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Balcão onde ocorre a degustação na vinícola

Já falei antes que não sou um grande amante de vinhos, mas posso dizer que todos que experimentamos foram sensacionais. Os queijos então, nem se fala! Apesar da pouca quantidade oferecida, foi muito bom. Ainda aproveitamos para comprar alguns, já que os preços eram bem baratos, e ficamos com queijo praticamente para todo o resto da viagem hehe.

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Queijos muito baratos!

Depois de degustações em duas vinícolas, agora sim as dores nas pernas tinham sumido completamente. Ainda bem que a próxima parada seria o almoço, se não ia dar ruim o passeio hehehe.

Chegada a hora do almoço, William nos levou então ao monumento no topo da montanha que havíamos vislumbrado da estrada que, oportunamente possuía um restaurante anexo.

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Restaurante junto ao Monumento dedicado à Língua Africâner

Trata-se do "Monumento dedicado à Língua Africâner", ou "Afrikaanse Taalmonument" na língua africâner, monumento construído em 1975 em comemoração aos 50 anos do reconhecimento da língua africâner como uma língua independente, separada do holandês. Mas antes de conhecer o monumento, fomos almoçar no restaurante anexo o almoço incluído no valor do passeio, com direito a uma bebida não alcóolica. Cabe aqui fazer um elogio à decoração do restaurante, cheio de plantas com destaque para diversas flores Proteas bem bonitas de vários tipos.

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Bonita decoração do restaurante anexo ao monumento

Inclusive vendiam as sementes ali, ficamos loucos de vontade de comprar várias e trazer para o Brasil hehe.

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Variadas sementes de Protea para vender

Dos pratos do restaurante, aproveitamos para experimentar pela primeira vez o famoso Bobotie. Este especificamente ali era servido com coco ralado para usar de cobertura, o que não é o original do prato mas é bastante utilizado na região. De acompanhamento uma saladinha, arroz com curry e batatas assadas.

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Experimentando o famoso Bobotie

Achei bem "exótico", não necessariamente bom e nem ruim, a mistura de doce com salgado com bastante curry. Ficamos curiosos para comer novamente em um outro restaurante para experimentar uma receita diferente do prato.

Almoçados, subimos então a colina por um caminhozinho bem bonito entre jardins bem floridos e agradáveis para dar uma olhada no monumento em homenagem à língua africâner.

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Monumento em homenagem à língua Africanêr

E se entre nossos amigos de Johanesburgo o africâner nem podia ser considerado uma língua, inclusive vale lembrar que somente um ano após a inauguração deste monumento, em 1976, ocorria em resposta à imposição do africâner nas escolas negras o Levante do Soweto, episódio que resultou em centenas de estudantes negros mortos pela polícia do país, aqui, em território Africâner, ela é bem estimada. Ficamos impressionados do orgulho com que o nosso guia William nos falava sobre o monumento: "a união entre as línguas europeias e as africanas", "harmonia entre as diversas etnias que formam a África do Sul" (algo estranho se tratando de uma língua imposta pelos europeus e um dos símbolos do Apartheid). Realmente, brancos e negros vivem em dois mundos completamente diferentes na África do Sul (o que não é muito diferente do Brasil). Uma das placas comemorativas do monumento, poema recitado por Van Wyk Louw, diz o seguinte:

  • Afrikaans é a língua que conecta a Europa Ocidental e a África. . . Ele forma uma ponte entre o grande e brilhante Ocidente e a mágica África. . . E o que pode emergir de sua associação - talvez seja o que o Afrikaans deverá descobrir. Mas o que nunca devemos esquecer é que essa mudança de terreno e paisagem foi, por assim dizer, aguçada, amassada, tricotada, tricotada para a nova linguagem. . . E assim o Afrikaans tornou-se capaz de expressar este novo país. . . Nossa tarefa está no uso que fazemos e faremos desta ferramenta brilhante.

A retórica lembra muito o que foi construído aqui no Brasil com o mito da democracia racial, "país miscigenado", mais um mecanismo de dissimulação e ocultação do racismo estrutural tentando apagar uma histórica de séculos de escravidão dos povos africanos.

Quanto ao monumento, arquitetonicamente falando, este consiste em várias estruturas crescentes de natureza convexa e côncava.

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Estruturas que representam as diversas línguas que originaram o Africanêr

São dez pilares quase que como se fossem obeliscos de tamanhos diferentes representando as línguas africanas, três "meia-luas" côncavas representando as línguas europeias (inglês, holandês e francês) e um caminho de pedras representando as línguas asiáticas. Todas essas estruturas convergem num caminho que leva para dentro do monumento, numa espécie de caverna onde fica uma fonte de água que seria o coração da estrutura toda, demonstrando que todas aquelas línguas ali representadas nas esculturas se fundem para formar o Africâner, a união definitiva das várias línguas de três continentes.

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Coração da Estrutura

Não se prestamos a aprender nada de Africâner, mas pelo que deu pra ver, trata-se na realidade de um holandês com algumas palavras diferentes... O que não dá pra ignorar é a vista privilegiada do lugar, permitindo até enxergar a Table Mountain bem ao fundo no horizonte.

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Bonita vista do monumento à língua Africanêr

Depois da visita ao monumento, agora sim fomos conhecer a tão famosa cervejaria Cape Brewing Co, ou popularmente conhecida como CBC. Não fazíamos ideia, mas essa cervejaria é uma das mais famosas do país e também do mundo em se tratando de cervejas artesanais, sempre ganhando diversas premiações todo ano, inclusive o título de melhor cerveja artesanal do mundo por dois anos consecutivos.

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CBC Cervejaria

Ela também fica em Paarl, numa fazenda gigantesca e o lugar onde são realizadas as degustações é também a fábrica (enorme) onde pode-se observar todo o processo de produção das cervejas. Além da degustação dá também para comprar cervejas e ficar tomando ali em mesinhas bem agradáveis ao ar livre junto a uma hortinha, e realmente foi o único dos lugares do passeio onde vimos pessoas locais (e não só turistas) visitando para fazer seu piquenique regado a cervejas.

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Bonita parte externa da cervejaria

A degustação também é realizada num balcão de forma "guiada", com um atendente introduzindo as diferentes cervejas e contando sobre sua história, ingredientes e como é fabricada.

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Experimentando as cervejas da CBC

O marketing básico da CBC, propagandeado pelos atendentes é que: para eles, cerveja de verdade leva somente 4 ingredientes: água, lúpulo, malte e levedura, e que eles seguem isso à risca, reiterando que cervejarias que utilizam ingredientes a mais do que esses, não podem ser consideradas cervejarias.

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únicos 4 ingredientes da verdadeira cerveja

Experimentamos várias cervejas (weiss, ipa, red lager) diretas da torneira, e nem preciso dizer o quão deliciosas eram todas.

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Garotos propaganda

Só por isso já estávamos podre de faceiros, mas eis que o William de repente, nos chama entusiasmado para nos apresentar a uma pessoa. E essa pessoa era Wolfgang Koedel, nada mais nada menos que o mestre cervejeiro, o "cara" que transformou a CBC no que ela é hoje, que por acaso estava na fábrica neste dia. Pela felicidade do William e depois lendo um pouco sobre, descobrimos que ele é uma celebridade gigante na África do Sul e entre o mundo cervejeiro (trabalhou muitos anos na Paulaner) mas no dia não fazíamos ideia disso e ficamos tipo: "tá, é o dono da produção da cervejaria, ok." hehehehe. Mas mesmo sendo famosão, o cara foi bastante simpático e atencioso, disse que quando ficou sabendo que tinham brasileiros visitando a cervejaria, queria nos conhecer. Nos levou para dar uma volta dentro das áreas de produção, onde não é permitido entrar visitantes. Nos mostrou como funciona toda a produção das cervejas, os tonéis, a refrigeração, etc.

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Aprendendo como se faz cerveja

De quebra, nos contou que estava trabalhando na produção de uma nova cerveja e que nós dois seríamos as primeiras pessoas no mundo a experimentar, que honra!! Ele serviu então os copos direto do cano da saída da cerveja, e tomamos então a tal da nova cerveja que tinha um gostinho meio que de tangerina, junto com um dos caras mais famosos do mundo da cerveja (não é sempre hein?), jamais vamos esquecer (principalmente das cervejas hehehe). Tiramos umas fotos para registrar o momento e nos despedimos agradecendo muito o seu Wolfgang.

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Tomando uma cervejinha com Wolfgang Koedel, um dos maiores cervejeiros do mundo!

O nosso guia William ainda estava incrédulo e muito entusiasmado pelo acontecimento. Disse que era muito raro ele aparecer na cervejaria, visto que esta sempre viajando o mundo estudando sobre cerveja e divulgando a CBC, e menos ainda parar para conversar com os visitantes. No carro depois só ouvíamos ele repetir diversas vezes falando alto: "Que grande dia! Que grande dia!" hehehehe.

Depois de tantos acontecimentos, restava ainda no "pacote" mais uma vinícola para visitar, e a escolhida foi a Warwick Wine State, essa localizada em Stellenbosch mesmo. Confesso que depois de visitar tantos lugares incríveis, essa última ficou meio "ofuscada", mas é igualmente belíssimo o local e possui vinhos igualmente deliciosos.

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Warwick Wine Club

Essa vinícola é mais refinada, com vinhos mais "chiques" e mais caros, mas como só iríamos degustar mesmo, para nós não fazia diferença hehehe. Das que visitamos é a que menos produz vinhos em questão de quantidade, pois dizem que as uvas são muito bem selecionadas, utilizando-se somente as melhores para a produção. Realmente em questão de tamanho, foi a menor de todas mesmo. Dessa vez degustamos tanto espumantes como vinhos numa varandinha show de bola em frente à vinícola.

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Se achando os sommeliers

De frente para essa varanda fica uma graminha na beira de um laguinho extremamente convidativa para sentar e passar uma tarde fazendo um piquenique regado a vinhos.

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A propriedade da Winewick é belíssima

Já em clima de fim de passeio, ficamos ali na varanda conversando com o William o tempinho que nos restava. Sabendo que seria uma correria para pegar o último trem para Cape Town, aproveitamos para nos despedir dele ali mesmo e agradecer imensamente pelo dia espetacular na região vinicultora da África do Sul.

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Nosso guia e motorista do dia, William

Havíamos lido alguma informação na estação que parecia dizer que o último trem partia de Stellenbosch às 18h, mas como não dá pra confiar muito nos horários dos transportes sul-africanos, terminamos as degustações dos vinhos e já fomos indo. Chegamos na agência onde seria o fim da linha do passeio já perto das 18h. O William então, devido ao horário avançado, resolveu nos levar de van até a estação e deu uma acelerada para que chegássemos a tempo. Quando paramos na sinaleira mais próxima da estação, vimos que estava vindo um trem e descemos correndo, conseguindo chegar na estação a tempo de pegá-lo (ainda bem que graças aos vinhos e cervejas a dor nas pernas já tinha passado hehe). No fim nem soubemos se era o último trem ou não já que ainda ficou bastante gente na estação esperando.

Esse trem da volta, apesar de não estar lotado, veio bem mais cheio que o da manhã, maioria o pessoal que trabalha nas vinícolas e na universidade, além de estudantes voltando para casa.

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No trem, voltando, com aquelas carinhas de cansados...

A Juliana até fez um "amigo" no trem, um carinha que ficou bem entusiasmado e curioso de ver turistas no trem que veio conversar com ela, contando que fazia aquele trajeto de mais de uma hora todos os dias para ir e voltar para o trabalho.

De volta à Cape Town finalmente, apesar de cansados e satisfeitos, só tínhamos mais duas noites na cidade, então não iriamos deixar passar de novo a oportunidade de conhecer a noite na Long Street. Tomamos um banho então e fomos dar uma volta para ver como era a noite na zona considerada a mais boêmia da Cidade do Cabo.

A Long Street é bem legal, possui praticamente um bar do lado do outro, muitos em prédios coloniais de madeira conservados bem estilosos mas, não sei se porque estava meio friozinho na noite essa época ou devido a que na África do Sul é proibido consumir bebidas na rua mas é bem diferente do que nós brasileiros consideramos como uma rua boêmia, com as calçadas lotadas de gente conversando e curtindo e onde o barato é pegar um latão e sair caminhando por aí (bem o nosso estilo).

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Long Street

Na Long Street não, as ruas ficam bem desertas e a curtição acontece dentro dos bares e pubs o que dá até um certo ar de insegurança para caminhar a esmo pela região. Volta e meia se andávamos muito devagar curtindo o local, vinha algum carinha suspeito falar ou oferecer alguma coisa para nós. Não sei o que era porque se fazíamos de surdo e nem dávamos papo.

Paralela à Long Street, outra rua cheia de opção de bares e que é considerada a "Long Street para adultos" é a Bree Street. Para adultos não porque tem aqueles lugares que você está pensando, mas sim porque tem bares que tocam jazz e outros mais elitizados, que recebem uma clientela mais velha mesmo.

Fomos até o fim da rua e voltamos, dando uma olhada nos estabelecimentos e escolhendo algum lugar para comer e tomar uma cerveja. Um dos restaurantes que todos recomendam que tem por ali é o Mama Africa, que serve comida etíope, mas fomos conferir e o preço era um pouco acima dos nossos padrões, então guardamos para comer comida etíope quando formos para a Etiópia mesmo hehe.

Acabamos então optando por um restaurante indiano que servia também comida chinesa: o Bollywood Café, comida barata e farta e de quebra matar a saudade dos restaurantes indianos da Tailândia.

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Bollywood Cafe. Recomendo!

E quando digo farta, é farta mesmo! Comemos um yakissoba e um Chicken Biryani servido com pão que acho que daria para alimentar umas quatro pessoas!

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Yakissoba e Chicken Biryani (porções imensas)

Satisfeitos (e empanturrados) e sem vontade de gastar muito entrando em pubs, se recolhemos para o hostel, bem atentos é claro, visto que já era tarde da noite e também lembrando da tentativa de assalto no dia da chegada na frente do hostel. Mas chegamos bem.

  • 2 semanas depois...
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ÁFRICA DO SUL 11º Dia - Conhecendo as praias da Cidade do Cabo (24/11/2017)

Infelizmente, chegara nosso último dia na Cidade do Cabo. Este dia guardamos para "pegar uma praia", e coloco pegar uma praia entre aspas porque, para quem não sabe, a Cidade do Cabo fica na mesma linha de longitude do Uruguai, ou seja, final de novembro, ainda estava meio frio para curtir uma praia por lá, então a ideia era só conhecer mesmo as praias e nem se preocupamos em levar roupas de banho para o passeio.

Nosso itinerário planejado era ir de ônibus até a parada Breakwater, a mesma que havíamos descido para ir no V&A Waterfront, e ir descendo caminhando pela orla passando por toda a costa oeste de Cape Town. Praias de Sea Point, Clifton Beach e terminar o dia curtindo o pôr-do-sol na praia de Camps Bay, que diziam ser espetacular. No google maps parecia ser uma caminhada razoável (achávamos). Como a ideia era ver o pôr-do-sol, deixamos para começar o passeio de tarde. Pela manhã aproveitamos para arrumar nossas coisas e fazer algumas coisas burocráticas como trocar dinheiro pro restante da viagem. Quanto a isso, não encontramos casas de câmbio em abundância na cidade como as demais cidades turísticas que conhecemos. O pessoal do hostel nos indicou o Western Union no shopping em frente ao hostel, mas não achamos a cotação deles boa. Sendo assim, fomos procurar um banco para trocar dinheiro, e encontramos um Standard Bank, banco bem conhecido na África do Sul, a umas duas quadras do hostel, na Thibault Square. Esse banco sim tinha uma cotação bem boa e trocamos o que acreditávamos ser suficiente para todo o resto da viagem, visto que não sabíamos como seriam as próximas cidades que visitaríamos. O único problema é que, como banco, tem que levar o passaporte para fazer o câmbio, o que em cidades grandes nunca é bom ficar andando com ele na rua (além de todo o dinheiro em si né).

Depois do almoço então, pegamos o ônibus e descemos na parada Breakwater onde começamos a caminhada costeando o oceano atlântico. Passando o local onde fica o Estádio Greenpoint, um dos estádios que foi sede da Copa do Mundo de 2010, começa a parte das praias na orla conhecida como Seapoint. Essa primeira parte da orla não possui faixa de areia, ela é toda com conchinhas e pedras, inclusive com algumas partes bem largas que permitem caminhar por cima das pedras e chegar bem junto ao mar.

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Orla do Seapoint

Em compensação, o calçadão à beira mar é muito bonito e agradabilíssimo, limpo e equipado com playgrounds, quiosques, bancos e gramados pro pessoal sentar e aqueles aparelhos de ginástica que sempre tem nos lugares públicos, fazendo dali um dos lugares mais procurados pelos locais para caminhar e praticar esportes. Isso tudo com os belíssimos morros ao fundo como a Lion´s Head e o Signal Hill.

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Calçadão do Seapoint

Lembrando que essa parte não é a mais, mas é uma das zonas mais ricas da cidade. Fazendo uma comparação, pode-se dizer que seria a praia do Leme da Zona Sul do Rio de Janeiro, já começando a aparecer muitos prédios chiques e alguns carrões (além de muitas pessoas brancas).

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Ruas do Seapoint, bem diferentes do que estávamos acostumados

Mais ao sul, chega-se na primeira praia com faixa de areia, a Milton Beach. Como já comentado, nessa época do ano o clima ainda não estava muito pra praia por lá, então a praia estava totalmente vazia na faixa de areia.

Mas independente da época do ano, uma das principais características das praias da África do Sul é que a água é sempre muito fria, então mesmo no verão é muito difícil ver muita gente tomando banho de mar por lá. Por causa disso, os sul-africanos da Cidade do Cabo tiveram uma ideia genial: construir piscinas públicas na beira da praia! Passando Milton Beach chega-se em uma delas, a Seapoint Pavillon Swimming Pool. Quando lemos sobre isso não levamos muita fé que fossem piscinas boas, afinal, no Brasil, quando se pensa em piscina pública o que vem a cabeça são aqueles lugares tenebrosos, lotados e cheios de xixi de criança. Mas quando chegamos nessa piscina... nossa! Parecia um parque aquático! São várias piscinas de vários tamanhos e com aquele visual da praia, sensacional! Se arrependemos amargamente de não ter trazido roupas de banho...

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Arrependidos de não ter trazido roupas de banho...

Dentro da área das piscinas fica um termômetro informando a temperatura da água do mar e das piscinas, essa última uns 15 graus mais quente que a primeira. Se paga um valor para usá-las, mas lembro que era um valor bem baixo, em torno de 15 reais por pessoa e ainda podia-se alugar toalhas. Para nós de qualquer forma, restou ficar só observando e morrendo de inveja do pessoal se divertindo.

Seguindo adiante, passamos por mais algumas pequenas praias como a Sunset Beach e a Queen´s Beach, também muito bonitas. Chegando na Queen´s Beach, percebemos que ir caminhando até Camps Bay não ia rolar. Ali era metade do caminho e já estávamos bem cansados, com a dor nas pernas da trilha da Table Mountain voltando a nos atormentar. Sendo assim, seguimos bairro adentro encontrar uma parada para continuar o trajeto de ônibus. Fomos seguindo a Queen´s Road, uma rua íngreme que começava numa rótula lá na beira mar com um visual bem bonito da Lion´s Head.

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Bonito visual subindo a Queen´s Road

Nesse trajeto, bem na rótula dessa rua com a Regent Road, vimos um pub meio escondido aberto e resolvemos entrar para dar uma descansada e "se hidratar". E valeu muito a pena parar nesse barzinho estranho. Nunca fui à Inglaterra, mas acho que dá pra dizer que o Pub esse era um tele transporte pra lá. Desde o tio estereotipado que atendia, as cervejas vendidas em "Pints" direto da torneira e servida no balcão e toda a temática do bar com televisões transmitindo jogos de Rugby e tocando ACDC de fundo, tudo lembrava aquilo que se entende por um típico pub inglês.

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Típico pub inglês na Cidade do Cabo

Depois vimos que esse tipo de pub de influência inglesa é muito comum na região branca da África do Sul, mas esse em especial foi o mais estereotipado que nós entramos, muito bizarro.

Dali pegamos o ônibus do MyCiti número 109 em direção à praia de Camps Bay. No caminho passamos por outra praia bem conhecida que é a Clifton Beach. Essa praia é meio estranha, ela fica num nível bem abaixo da estrada que margeia o oceano, sendo acessível somente por escadarias. Também é dividida em várias enseadas não interligadas, separadas por pedras, cada uma reconhecida por um número (Clifton Beach 1, Clifton Beach 2...) e a entrada nelas se dá por umas "entradinhas" que dão acesso às escadarias, parecendo até que são praias particulares.

Em Camps Bay, descemos bem no começo da praia para ir caminhando por toda orla. Essa praia é a mais com "cara de praia" mesmo, com uma faixa de areia bem larga com bastante espaço para estender sua canga e abrir o guarda-sol e só curtir, além de partes com gramados e bancos para quem não curte muito ficar cheio de areia.

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Camps Bay

Essa também é disparada a praia mais ostentação da cidade (seria o Leblon de Cape Town?), com muitos carrões e prédios chiquérrimos, parecendo que estávamos em outra cidade.

Mas o que mais chama a atenção e o que faz da visita a Camps Bay imperdível é a vista da cadeia de montanhas conhecidas como "os 12 apóstolos" ao fundo que é sensacional.

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12 apóstolos ao fundo de Camps Bay

Tiramos nossos tênis então e fomos dar uma caminhada na praia, aproveitando para molhar os pés e confirmar que realmente a água do mar na África do Sul é muuuuuito gelada!

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Botando os pés na areia

E quando finalmente pudemos dizer que estávamos curtindo uma praia, começou então de repente aquela ventania que fazia todas as tardes, só que, lá na beira, parecia que o vento estava 10 vezes mais forte do que nos dias anteriores, com a areia literalmente nos cortando as partes do corpo descobertas.

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Essa hora já estávamos com quilos de areia nos bolsos

Sem mentira nenhuma, botou no chinelo o "vento nordestão", famoso aqui nas praias do Rio Grande do Sul por infernizar a vida dos banhistas. Em poucos minutos, os bolsos dos nossos casacos e calças ficaram com quilos de areia trazida do vento e ficou praticamente impossível ficar na beira da praia. E o pior que o vento não diminuiu um segundo até o começo da noite.

Sendo assim, fomos nos refugiar no calçadão junto à Victoria Road. Por ali ficam vários bares elitizados, com direito a uma franquia do Hard Rock Café. Todos locais somente frequentados por pessoas brancas de olhos claros com roupas de marca (e cortes de cabelos) caríssimos.

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Calçadão de Camps Bay

Os preços dos drinques nesses bares até que não eram muito caros comparados ao padrão brasileiro, pelo contrário, haviam promoções de 2x1 de amarulla entre outros, bem em conta, mas não nos sentimos muito à vontade para entrar em nenhum deles (muita ostentação pro nosso gosto). Decidimos então conferir um supermercado Pic n Pay Express que tinha por lá. Esse sim, tinha preços bem mais caros que os Pic n Pays "normais", mas como na África do Sul é proibido beber nas praias, compramos só uns salgadinhos e um refri, mais para fazer tempo mesmo dentro do super e fugir um pouco do vento cortante.

Faltava muito tempo ainda para o pôr-do-sol e o vento continuava insuportável mas, sendo nossa última noite em Cape Town, não íamos perder por nada, então se abrigamos junto a parede de uma piscina pública que tinha por lá que deu uma leve "amenizada" no vento cortante e ficamos observando os patinhos que estavam passeando por ali.

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Quase congelados já e com quilos de areia nos bolsos

19 horas e pouco então, enfim a recompensa! O belíssimo pôr-do-sol em Camps Bay.

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Pôr-do-sol em Camps Bay

Mas surreal mesmo é a luz avermelhada do sol dessa hora do dia refletindo nos 12 apóstolos, simplesmente sensacional, valeu muito a pena a espera abaixo de um vento cortante mas, assim que o sol desapareceu no mar, já estávamos correndo pro ônibus para voltar para o hostel, e que alívio foi entrar no ônibus e estar num lugar onde não estivesse ventando hehehe.

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Cenário surreal!

Chegando no hostel, tomamos um merecido banho quente e fomos dar uma volta na Long Street, aproveitar a última noite na Cidade do Cabo. Dessa vez, traumatizado com o frio que passamos à tarde, peguei um casaquinho de lã da Juju emprestado e vesti por baixo do casaco para sair à noite.

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Tou ridículo mas tou quentinho

Apesar de fim de semana, novamente a Long Street estava deserta, somente com movimento dentro dos bares. Novamente ficamos naquele dilema de escolher onde entrar e no fim optamos novamente pelo restaurante chinês/indiano, já que realmente era o que tinha as comidas mais baratas e fartas da rua mesmo. Ah, outra coisa que estranhamos é que não encontramos, nessa região, comidas de rua, coisa que é sempre bem comum em bairros boêmios. Nem uma barraquinha de cachorro-quente sequer!

Depois de alimentados, voltamos pro hostel, ficamos um pouco na área comum vendo o movimento e depois nos recolhemos, no outro dia começaríamos a nossa Garden Route!

Como deu pra perceber, a Cidade do Cabo é aqueles destinos turísticos que você pode voltar quantas vezes quiser que sempre terá uma atração nova para conhecer ou alguma atividade nova para fazer. Nossos 5 dias que acabaram virando 4 foi o suficiente só para ver como a cidade é linda, mas não deu pra conhecer ela mais à fundo como ela merece. Já estamos ansiosos para voltar um dia!

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ÁFRICA DO SUL 12º Dia - Visitando o Cabo da Boa Esperança antes da Garden Route (25/11/2017)

E chegou o dia de se despedirmos de Cape Town e iniciarmos a Garden Route, a rota de carro mais famosa da África do Sul.

Para quem não conhece, a Garden Route (Rota Jardim em português) é uma rota que se faz de carro que oficialmente começa (ou termina) em Mossel Bay, cidade que fica a 385 quilômetros da Cidade do Cabo e vai até Port Elizabeth, num trecho de 370 quilômetros. Porém na prática, e o que a maioria dos turistas faz, é partir ou chegar de Cape Town e se estender até Port Elizabeth, com alguns se aventurando até Durban, mais ao leste da África do Sul, totalizando assim mais de 1.600 quilômetros de estrada.

No caminho que vai costeando o oceano Índico, paisagens belíssimas, parques, safaris, visualização de baleias na costa, milhões de atividades turísticas, trilhas e cidades encantadoras para se parar no caminho e aproveitar. Inclusive boa parte da região faz parte do parque nacional da Garden Route, parque também administrado pela SANParks. E eu digo que a rota é feita de carro porque não existem ônibus públicos que fazem este trajeto de forma regular e que vá parando nas cidades pelo caminho. A maioria das linhas de ônibus ou vans que vão de uma cidade a outra não possuem horários definidos, algumas cidades eles não passam, enfim, até dá pra ir de ônibus, mas é bem complicado. Existe também a opção de fazer a Garden Route com o Baz Bus, uma empresa de ônibus conveniada com diversos hostels pelo caminho que se vende como o transporte oficial para os mochileiros da Garden Route. Só que para poder usar esse ônibus, pelo menos na época, tinha que ser reservados os hostels já com antecedência, somente os conveniados com o Baz Bus (mais caros) e aí já tinha que deixar definido todos os trajetos e horários que o ônibus passaria para te pegar nas acomodações (somente nas previamente reservadas). Tudo isso por um precinho nada camarada. Na época estava custando em torno de R$ 1.000 reais por pessoa todo o trajeto. Para se ter uma ideia, reservamos o carro por 6 dias para nós dois por 275 reais. Mesmo tendo que pagar mais um valorzinho depois (por motivos que vocês saberão depois), ainda assim não valeria nem um pouco a pena utilizar esse Baz Bus. Carona também é uma forma de transporte bastante utilizada na rota, mas por lá a carona mais comum é a do tipo "paga". O pessoal para pegar carona no caminho fica fazendo sinal para os carros segurando notas de Rands indicando quanto irão pagar pela carona. No começo achávamos bem estranho aquele pessoal na beira da estrada balançando notas de dinheiro para os carros.

Pela manhã então, partimos até a locadora de carros Avis, retirar o carro que havíamos já previamente alugado pela rentalcars.com site no qual já fiz propaganda aqui no blog. De tantas atrações e cidades para se passar no trajeto, a Garden Route necessita tempo e planejamento. Nosso planejamento para fazer a rota foi pesquisar as cidades e atrações que mais nos chamaram a atenção e tentar encaixá-las nos 7 dias que reservamos para fazer a rota. Já aviso de antemão que no nosso ritmo, os 7 dias não foram suficientes para aproveitar as cidades pelo caminho do jeito que queríamos, mas deu pra ter uma boa noção de toda a rota, durante os relatos vocês saberão mais. Na locadora, novamente uma certa dificuldade para compreender o inglês dos atendentes. Pela barateza que ficou o aluguel, tentei contratar lá na hora o seguro total do carro, aquele que caso o carro fosse roubado ou destruído não precisaríamos pagar nada a mais por isso, mas no fim o atendente não me entendeu e eu não entendi ele e acabamos ficando sem o seguro mesmo (o que nos deu um prejuízo no final).

Partimos então com nosso Kia 1.0, carrinho bem bom, ainda melhor que o que havíamos alugado no início da viagem para ir até o Kruger Park. Neste primeiro dia de rota, a ideia era visitar o Cabo da Boa Esperança, passando pela Chapman´s Peak Drive, considerada a estrada mais bonita do mundo, depois visitar a colônia de pinguins de Boulder´s Beach e passar a noite na cidade de Hermanus. E a primeira dica que eu dou é: não façam isso! Da ponta do Cabo da Boa Esperança até Hermanus são 160 quilômetros. Parece pouco, mas acontece que a reserva natural do Cabo da Boa Esperança é um passeio de dia inteiro, o que fez com que fossemos chegar em Hermanus já tarde da noite e podre de cansados. O melhor mesmo é visitar o Cabo da Boa Esperança enquanto ainda se está na Cidade do Cabo num bate e volta, ou então no máximo depois do Cabo pernoitar em Simon´s Town, que é onde fica a colônia de pinguins ou Muizenberg, praia famosa pelas charmosas casinhas coloridas na beira da praia que você já deve ter visto no instagram de alguém, que também fica pertinho do Cabo da Boa Esperança.

Mas voltando ao passeio, para passar pela Chapman´s Peak Drive, atravessamos a Kloof Nek Road, rua que leva à Table Moutain, em direção à Camps Bay Road. Quando entramos no bairro Camps Bay mesmo, na parte "de dentro" (não na orla), conhecemos o bairro mais ostentação que já visitamos na vida. Mansões enormes, carrões com detalhes em ouro, uma chiqueza só. Dizem que esta região é a que mais concentra bilionários da África do Sul. Chegando na beira da praia, pudemos curtir mais uma vez a baía de Camps Bay numa estrada muito bonita que vai em direção aos 12 apóstolos.

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Victoria Road, passando Camps Bay

Chapman´s Peak Drive

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Chapman´s Peak Drive

Vinte quilômetros depois chegamos à rodovia Chapman´s Peak Drive ou "Chappies" como carinhosamente apelidada pelos locais. Esta rodovia leva esse nome pois fica aos pés de uma montanha de mesmo nome, nomeada em homenagem à John Chapman, marinheiro inglês comandante de um dos primeiros navios que atracaram por lá, e a partir desta parte do Cabo, muitos nomes em homenagens a marinheiros colonialistas europeus.

Além de ser caminho para o Cabo da Boa Esperança, ela é por si só uma atração turística, que merece ser visitada. Inclusive já foi eleita a estrada a beira mar mais espetacular do mundo.

Por conta disso e com a desculpa de manter a estrada sempre bonita para os turistas, ela conta com um pedágio exclusivo de, na época, 47 Rands, que funciona meio que como um portão de entrada para a rodovia. Além da estrada em si, que por sinal é de um asfalto espetacular (como todas que passamos na África do Sul), há algumas trilhas que podem ser feitas a pé subindo o Chapman´s Peak levando de uma ponta a outra do trajeto.

Ela inicia no porto de pesca conhecido como Hout Bay, baía em formato de "U" muito bonito e termina no bairro de Noordhoek, com vistas para diversas praias entre elas a Long Beach, mais ao sul, num trajeto que em velocidade normal seria de 20 minutos mas, devido à paisagem exuberante que faz com que a viagem de carro seja beeeem devagar, demora muito mais.

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Belíssimas paisagens no caminho

Durante o caminho, onde de um lado temos um paredão rochoso muito bonito e do outro um mar de cor azul cristalino de tirar o fôlego, diversos paradouros com bancos que permitem apreciar a vista, com destaque para o "Lookout Point on Chapman´s Peak Road", onde se tem uma vista privilegiada da baía de Hout Bay e dizem que em algumas épocas do ano pode se observar inclusive golfinhos e baleias.

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Várias paradinhas no caminho para apreciar o visual

Chama a atenção também que algumas partes da rodovia ficam "dentro" da montanha rochosa, em partes escavadas e apoiadas por postes, o que dá até um certo medo de se passar embaixo.

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Passagem literalmente "dentro da rocha"

9 km depois já chegamos na região rural de Noordhoek, com mais vistas bonitas, agora para a praia de Long Beach.

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Long Beach

Boulders Beach

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Boulders Beach

Do fim da Chapman´s Peak até a entrada do Cabo da Boa Esperança são mais 30 quilômetros (falei que não era perto), mas resolvemos ir antes na Boulders Beach, a colônia de pinguins do Cabo, o que não foi uma decisão muito acertada, já que poderíamos ter passado em Boulders depois do parque, poupando assim alguns bons quilômetros no trajeto.

Em Boulders Beach, bem no comecinho da baía, na primeira praia (de quem vem de Cape Town, ou seja, do norte), chamada de Seaforth Beach, há um estacionamento gratuito, onde deixamos o carro. Ali em frente ao estacionamento já é um lugar super agradável com restaurantes, bares, várias banquinhas com pessoal vendendo artesanato e um gramadão onde várias famílias estavam fazendo seu piquenique e seu braai, apreciando a vista para a Seaforth Beach.

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Seaforth Beach

Para quem quer ver pinguins mas não quer pagar para entrar em Boulders, ali na beira já dá pra interagir com alguns pinguins "fugitivos" da colônia. Mas vale muito a pena pagar os na época 70 Rands para entrar na praia Boulders e aí sim, imergir na colônia de pinguins (lemos em algum lugar que tem como entrar em boulders por uma trilha sem ser a entrada principal de forma gratuita, mas não achamos onde era). Para chegar na entrada da praia, segue-se um curto trecho pela Kleintuin Road em direção leste, bem fácil de achar com montes de placas indicativas.

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Boulders Beach

Mas afinal o que é essa tal de Boulders Beach?

Dizem que em 1982, um casal de pinguins africanos aportou na praia de Boulders. Visto que esta praia trata-se de uma baía bem fechada, protegida por pedras e vegetação, que espantam tanto ondas quanto predadores, ali se instalaram e rapidamente a população de pinguins se alastrou, chegando a 2.000 habitantes na praia. Infelizmente, hoje os pinguins africanos estão entre as espécies de animais ameaçadas de extinção, portanto, anos mais tarde a praia foi fechada para preservação dos bichinhos, passando a ser administrada pela SAN Parks e instalando-se lá um centro de estudos e preservação ambiental.

A colônia trata-se de duas praias na verdade: a Foxy Beach, cuja entrada se dá no centro de visitantes e só pode-se avistar os bichinhos de uma passarela, e a Boulders propriamente dita, mais a direita, onde pode-se inclusive entrar no mar e ficar lado a lado com os pinguins. Ambas só são acessíveis com a compra do ingresso, porém somente 1 ingresso já serve para entrar nas duas.

Fomos primeiro na Foxy Beach. Essa praia é onde ficam os ninhos e é como se fosse a "casa" dos pinguins propriamente dita. Portanto, não é permitida a entrada nela. Apenas pode-se observar os bichinhos de duas passarelas de madeira, embora volta e meia apareça algum pinguim perdido andando pela passarela (inclusive há placas avisando que os pinguins mordem!).

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Cuidado! Pinguins mordem!

Os blogs que lemos davam dicas de ir na segunda passarela pois tinha menos turistas, mas fomos nas duas e ambas estavam cheias de gente e ambas merecem ser visitadas pois permitem visuais diferentes da colônia.

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Foxy Beach

Confesso que não levava fé que iriamos ver muitos pinguins, mas quando chegamos na ponta da passarela, nossa! São muitos (e muito bonitinhos), muito impressionante. E para variar, aquele vento gelado cortante nos acompanhou junto no passeio.

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Muitos pinguins!

Estávamos sentindo também um cheiro muito forte e não sabíamos o porquê. Depois, dando uma passada no centro de visitantes que vale muito a pena pois tem muitas informações sobre os pinguins e as espécies que habitam ali, descobrimos que eles estavam bem na época de mudança de penas, e que durante esse período eles podiam ficar até seis meses sem tomar banho (eca)!

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Centro de visitantes possui bastante informações legais sobre os pinguins

Dali seguimos para a Boulders Beach. Para chegar lá atravessa-se uma outra passarela de madeira muito bonita em meio à vegetação fechada, meio que um mangue junto à praia, onde também de vez em quando se avistava algum pinguim perdido.

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Passarela que liga Foxy Beach e Boulders Beach e um pinguinzinho perdido no meio da vegetação

Também dizem que de vez em quando aparecem babuínos por ali, mas não avistamos nenhum, só vimos (além dos pinguins) uns Dassies que acho que devem ter vindo lá da Table Mountain hehehe.

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Um Dassie perdido!

Quando chegamos na Boulders Beach, tem de se mostrar novamente o ingresso e passar numa catraca. E quando avistamos a praia, nossa! Que espetáculo!

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Boulders Beach

Nessa praia a entrada é permitida, podendo se andar lado a lado com os pinguins e inclusive pode se tomar banho de mar ali, já que a água é praticamente uma piscina, com zero de ondas e de uma cor turquesa fenomenal. Mas, como esperado, gelada pra burro! Somado à catinga dos pinguins trocando de pele, não nos encorajamos a dar um mergulho ali, só tiramos os tênis para sentir o pé na areia e a água salgada. É uma daquelas praias ótimas para só colocar a canga na areia e curtir!

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Curtindo um pé na areia em Boulders Beach

Mas o que nós queríamos mesmo era "se enturmar" com os frequentadores, cuidando sempre para não incomodar os bichinhos e também para não levar uma mordida hehehe, mas eles pelo visto estão mais do que acostumados com humanos por ali.

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Se enturmando (notem na segunda foto um dos pinguins que estava trocando de pele, parece todo descabelado hehehe)

Depois de curtir bastante os pinguins, nos despedimos dos nossos amiguinhos e seguimos então em direção ao Cabo da Boa Esperança.

Cabo da Boa Esperança

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Cabo da Boa Esperança

Mais 10 quilômetros em direção sul, costeando a False Bay, chegamos no portão de entrada do Cabo da Boa Esperança, literalmente no meio do nada (mas com um asfalto espetacular). Pagamos na época 135 Rands a entrada.

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Portão de entrada do Cabo da Boa Esperança

A reserva natural do Cabo da Boa Esperança, conhecida como Cape Point, faz parte e é o ponto final do Parque Nacional da Table Mountain. Além de um lugar com uma natureza exuberante com vegetação, falésias e praias numa área de 77 quilômetros quadrados, possui um valor histórico inestimável. Praticamente foi aí nesta ponta que se iniciou a história de colonização da África do Sul.

O primeiro a avistar o Cabo foi o navegador português Bartolomeu Dias em 1488, contornando o continente africano em direção às índias com seu navio. Inclusive, o primeiro nome dado pelos europeus à região foi em português mesmo. Primeiramente, nomeado de Cabo das Tormentas, devido aos fortes ventos que ocorrem na península (nós que sabemos!) mas que depois, o Rei de Portugal à época, Dom João II, rebatizou-o de Cabo da Boa Esperança, pois via com a descoberta do Cabo que a tão desejada colonização das índias se concretizaria.

Anos depois instalou-se ali a Companhia Holandesas das Índias Orientais, servindo de ponto de parada para reabastecimento dos navios europeus que seguiam em direção ao oriente, o resto da história vocês já sabem...

Durante o passeio de carro pelo parque, apreciamos uma vegetação e formações rochosas únicas que nunca tínhamos visto em lugar nenhum, bem parecido com o bioma da Table Mountain (não é à toa eles tratam como se fosse um parque só), porém com muito mais variedades botânicas. Como já comentado anteriormente, o Cabo possui muitas plantas endêmicas, ou seja, só indo lá para ver. O destaque é claro, fica com as belíssimas flores Proteas. Dizem que a reserva conta com mais de 1000 espécies de plantas e 500 tipos diferentes de pássaros.

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Paisagem única

Por toda a extensão do parque, diversas trilhas ou estradinhas secundárias, levam até belíssimas falésias e praias desertas que são verdadeiros paraísos quase intocados.

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O parque conta com diversas praias "escondidas"

Além das belíssimas paisagens, diversos animais habitam o Cabo e transitam livremente por lá. Inclusive deve-se tomar bastante cuidado na estrada para não acabar atropelando algum. O que vimos primeiro que é bem típico do sul da África do Sul e que veríamos muitos mais mais adiante na nossa viagem foram os avestruzes. Uns até com toda a família de filhotes!

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Avestruzes!

Mas o mais "famoso por lá" e que inclusive há vários cartazes para se tomar cuidado são os temidos babuínos. Por sorte vimos uns somente na estrada mesmo, mas passamos longe.

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Os "temíveis" babuínos

Voltando a parte histórica do Cabo da Boa Esperança, seguindo em direção à ponta do Cabo, o governo português erigiu dois monumentos em homenagem aos dois primeiros navegadores europeus que se aventuraram na região: Bartolomeu Dias, o "descobridor" do lugar e o nosso conhecido Vasco da Gama, que é reconhecido como o primeiro navegador que "dobrou" o Cabo, ou seja, diferente de Bartolomeu Dias que só foi até lá, Vasco da Gama contornou todo o Cabo e seguiu viagem rumo ao oriente, em 1497. Os monumentos simulam faróis de navegação com a cruz portuguesa no topo. Não chegamos a encontrar a de Bartolomeu Dias, somente a do Vasco da Gama.

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Monumento em homenagem à Vasco da Gama e a Juju vendo se avistava algum navio chegando

No extremo sul do parque, ficam duas pontas, uma voltada para False Bay e a outra voltada para o Oceano Atlântico. Na ponta voltada para False Bay fica, em cima de uma colina bem alta, um farol que data de 1860 mas que hoje está desativado, sendo somente mantido como atração turística. Para subir até lá pode-se pegar um funicular (pago à parte) ou subir a pé uns 20 minutos numa subidinha sofrida por escadarias.

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Farol do Cabo da Boa Esperança e uma placa indicando que estávamos no ponto mais ao sul da península do Cabo

Não queria pagar para usar o funicular então encarei a subida a pé. A Juju não aguentou e ficou pelo meio do caminho e acabou perdendo uma vista espetacular!

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No topo do farol

Lá em cima o espaço é bem pequeno e fica bem muvucado, cheio de turistas se acotovelando para conseguir chegar nas beiradas e tirar fotos. Mas dá pra apreciar bastante a vista. Na ponta voltada para o sul o mar é de um azul impressionante, se misturando com o céu no horizonte a perder de vista, simplesmente sensacional! Só não deu pra ficar muito tempo por causa do vento, que estava daquele jeito.

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E tem gente que ainda acha que a terra é plana...

Já na outra ponta, voltada para o oceano atlântico, que fomos em seguida, fica a famosa placa que indica que você chegou no ponto mais ao sudoeste da África. Durante muito tempo o Cabo da Boa Esperança se vendeu como o ponto mais ao sul do continente, o que é mentira, já que este local fica em Cape Agulhas, onde iríamos no dia seguinte. Mas quanto ao sudoeste sim, podemos dizer que estávamos no ponto mais ao sudoeste do continente africano. A famosa plaquinha fica numa praia de pedras bem bonita e você já deve ter visto no instagram de alguém já que 10 em cada 10 turistas que visitam o Cabo fazem a fotinho lá (e conosco não ia ser diferente ehehehe). Nem preciso dizer que a fila ali para tirar foto é grande...

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Praia mais ao sudoeste da África e na última foto a concentração de turistas para tirar foto na placa indicativa

Estávamos indo para a fila para tirar a foto quando de repente chega de ônibus um grupo grande de chineses bem na nossa frente. Muito engraçado foi quando um dos tiozinhos chineses, sabendo que eles iam monopolizar o lugar, meio que pegou o celular da nossa mão, expulsou os turistas que tavam de bobeira por ali e nos mandou lá fazer pose para ele tirar as fotos da gente para que saíssemos dali de uma vez hehehehe. Apesar das más intenções, a fotinho ficou muito boa!

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O parque como você deve ter percebido, tem muitas atrações e realmente, para se conhecer o lugar a fundo: fazer as diversas trilhas e pegar algumas das praias que tem por lá, é preciso um dia inteiro ou mais dias. Uma boa pedida é ir de bicicleta (não sei se tem para alugar por lá), só é preciso cuidar a questão do sol, visto que a vegetação é bem rasteira, quase sem árvores para se abrigar. Há também algumas acomodações dentro do parque, (além de lojinhas de souvenires e restaurantes), mas não chegamos a pesquisar muito sobre e não é muito divulgado, já que a maioria do pessoal normalmente só passa o dia no parque num bate e volta da Cidade do Cabo.

Depois de conhecer os principais pontos do Cabo, começamos então nossa viagem até Hermanus, primeira parada da nossa Garden Route. Fomos costeando a baía de False Bay, passando novamente por Boulders, Simon´s Town e Muizenberg. Seguindo por esse caminho, chega uma hora em que a estrada, a Baden Powell Drive, passa quase dentro do mar! É realmente muito perto, com uma faixa de areia muito curta utilizada bastante pelo pessoal que gosta de pescar, surreal! Ficamos imaginando se a maré inventa de subir, engole a estrada facilmente! Mais interessante ainda que do lado oposto da via, ficavam umas dunas de areia com muitos pássaros sobrevoando, gaivotas e urubus. Mas muitos mesmos, parecendo uma cena do filme do Hitchcock "Pássaros", uma cena que ficou marcada pra sempre na nossa memória! De tão impressionados, acabamos nem tirando fotos, mas convido quem poder a olhar no Google Street View, a Baden Powell Drive, em frente ao Pelikan Park. Depois descobrimos que atrás das dunas ficava um depósito de lixo, deve ser por isso a quantidade de pássaros.

Seguindo mais em frente passamos pelo bairro conhecido como Mitchell´s Plain, uma Township considerada uma das favelas mais perigosas do mundo. Lá dentro há uma região conhecida como Ghost Town que dizem ser literalmente uma terra sem lei. Tem um documentário muito interessante (e pesado) sobre essa região no Youtube que recomendo muito: https://www.youtube.com/watch?v=SA3ytkfCztM&t=921s. Mas a parte da estrada que passa pelo bairro é bem tranquila, inclusive bem bonita com bastante área verde e ainda com a vista para o mar.

Para chegar à Hermanus, ao invés de pegarmos a estrada oficial da Garden Route, a N2, seguimos costeando o mar na outra ponta da False Bay pela estrada R44, um caminho bem mais longo e demorado, mas que vale a pena pelo cenário belíssimo, acompanhando o mar azul turquesa. No meio do caminho ainda, já anoitecendo, pudemos apreciar um pôr-do-sol de chorar, com o sol desaparecendo atrás da encosta rente ao mar.

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Por-do-sol na R44, próximo à Kogel Bay Beach

O problema é que, caindo a noite, numa estrada sinuosa e sem iluminação nenhuma bem ao lado das falésias, pra completar dirigindo na mão inglesa ainda por cima, começou a ficar meio complicada a viagem. Faltando ainda uns 70 quilômetros para chegar em Hermanus, redobramos os cuidados na estrada e fomos chegar na cidade quase 22h da noite.

Bem na entrada da cidade, pra completar o stress, fomos parados pela polícia numa batida. Ainda bem que já estávamos por dentro do golpe da Permissão Internacional para dirigir, que mencionei já no primeiro post da nossa viagem. Mostrei minha CNH brasileira e o guardinha pediu: "e a carteira internacional tu tem?" Eu só respondi: "Sim, quer que eu te mostre?" e ele, com uma cara de desapontado por não poder arrancar grana de turistas desavisados, nem pediu o documento, só sussurrou cabisbaixo: "não precisa mostrar, pode ir". Ufa! hehehe

Duas quadras adiante chegamos no Hostel Hermanus Backpackers. As cidades da Garden Route, pelo menos nessa época, não tinham muitas opções de hostels. 1 ou 2 no máximo e com preços iguais, então não tinha muito o que escolher. Como as cidades são bem pequenas também e estávamos de carro, a localização não importava muito e estes eram todos bem avaliados. Este em Hermanus por exemplo era o único na cidade, mas muito bom. Fica num casarão que parece ser bem antigo, todo de madeira. O nosso quarto, para 8 camas, era enorme, quase nem se via os companheiros de quarto de tão longe que ficava uma cama da outra. Muito confortável mas lembrava muito aqueles casarões de filme de terror tipo Anabelle. E pra piorar tinha uma boneca de pano em cima dum sofá no nosso quarto! hehehhe. A recepção é que deixou a desejar. O staff é feito pelos próprios hóspedes, naquele esquema comum de mochileiros de trocar estadia por trabalho, e o carinha que nos atendeu tava mais interessado em papear e fazer festa com um pessoal lá do que nos atender. Só jogou a chave na nossa mão e disse que nosso quarto era "lá em cima", nem olhou na nossa cara.

Podre de cansados, só guardamos nossas coisas e descemos pra área comum para conhecer o lugar. E a área comum dessa hostel é muito boa! Com piscina, sala de TV e sala de jogos e muito espaço aberto no pátio com diversas churrasqueiras para fazer um Braai.

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Área externa do hostel, de dia

Aproveitamos para jogar uma sinuquinha e pedimos umas cervejas e uma batata fritas no bar que, sem comer nada direito o dia todo, parecia um manjar dos deuses! A cidade em si também parece ser bem segura, já que a guria que nos atendeu depois no bar (essa sim super simpática e prestativa e inclusive pediu desculpas pelo colega dela que jogou a chave na nossa cara) disse que se quiséssemos podíamos ir a pé até uma pizzaria que ficava a duas quadras dali, no centrinho da cidade. Mas como estava super agradável ali na área comum, com bastante gente, ficamos por ali mesmo curtindo o resto da noite.

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Relaxando na sala de TV junto com um dos mascotes do hostel

No nosso planejamento, chegaríamos em Hermanus ainda no meio da tarde a tempo de aproveitar alguma das atrações da cidade. Que ingênuos! Negócio foi dormir, coisa que foi bem fácil com o cansaço e o stress de dirigir o dia inteiro.

  • 2 semanas depois...
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Roteiro Resumido - Cidade do Cabo (Cape Town)

Segue abaixo o resumo (com mapas e valores) dos 5 dias que passamos em Cape Town incluindo o que seria o início da nossa Garden Route. Lembrando sempre que os preços das atrações aqui listados são de 2017, então a maioria já estão defasados. Também sempre cabe ressaltar que este roteiro representa unicamente a NOSSA experiência na cidade, não tendo nenhuma pretensão de ser um "guia", ou muito menos um "guia definitivo" de Cape Town. Chegamos em Cape Town quase de madrugada, numa viagem de trem partindo de Johanesburgo que era para durar 28 horas e acabou durando umas 37.

RESUMÃO: Ficamos 4 dias "inteiros" em Cape Town, sendo que no último fizemos check-out, visitamos o Cabo da Boa Esperança e dormimos na Cidade de Hermanus, dando início à nossa Garden Route. 4 dias na Cidade do Cabo é muito pouco, mas dá pra ter uma noção da cidade. A Cidade do Cabo são aquelas cidades com natureza e atrações intermináveis, então é um lugar que dá pra se passar anos e não conhecer tudo. Nossas atividades neste período ficaram divididas assim:

1º Dia: Free Walking Tour Centro Histórico, Free Walking Tour Bo-Kaap

2º Dia: V&A Waterfront, Table Mountain

3º Dia: Rota dos vinhos, Stellenbosch, Franschhoek, Paarl, CBC Brewery, Monumento ao Africâner, noite na Long Street

4º Dia: Seapoint, Milton Beach, Camps Bay

5º Dia: Chapman´s Peak Drive, Boulders Beach, Cabo da Boa Esperança, Hermanus

 

1º Dia: Free Walking Tour Centro Histórico, Free Walking Tour Bo-Kaap

1. Chegando em Cape Town, Hostel Home Base Backpackers

  • Chegamos em Cape Town de trem, na estação central. Como passava da meia-noite, nos foi dado carona pela responsável pelo trem, mas de dia pode se ir caminhando para o hostel tranquilamente:

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Trajeto da estação até o hostel
 
  • Ficamos no hostel Home Base Backpackers. Escolhemos ele principalmente pela localização, visto que a ideia era que pudéssemos ir a pé para a estação de trem, long street e estação de ônibus e esta era uma das melhores opções da região em questão de hostel e preços. O hostel não era ruim, mas é aqueles hostels gigantes, em que a cozinha está sempre lotada e você perde um pouco daquele "intimismo" de hostels, embora o staff tenha sido muito solicito e prestativo. O destaque dele são os banheiros com chuveiros ótimos com água quente e bem forte (embora Cape Town estivesse passando por um sério problema de abastecimento de água) e o terraço, com uma vista sensacional para a Long Street com os morros ao fundo. Abaixo a nossa avaliação dele no booking.com:

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2. Free Walking Tour Centro Histórico

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  • O tour inicia próximo à Greenmarket Square, em frente ao Motherland Coffe Company:

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Trajeto do hostel até o ponto de partida do Free Walking Tour

  • Alguns lugares de interesse visitados durante o Free Walking Tour:

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  1. Grand Parade

  2. Church Square

  3. Groote Kerk

  4. Iziko Slave Lodge

  5. Saint George´s Cathedral

  6. Parlamento da África do Sul

  7. Company´s Garden

  • Para almoçar, comemos no Food Lovers Market, um mercadão com várias banquinhas de comidas dos mais variados tipos e nacionalidade. Próximo do centro também há outra opção do mesmo tipo que é o Eastern Food Bazaar, marcados no mapa:

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Food Lovers e Eastern Food Bazaar marcados no mapa

3. Free Walking Tour Bo-Kaap

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Região onde fica o bairro de Bo-Kaap

  • Lugares de interesse visitados durante o Free Walking Tour (marcados no mapa):

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  1. Mesquita Auwal

  2. Iziko Bo-Kaap Museum

  3. Biesmiellah Restaurant

  • Pagamos 50 Rands de gorjeta para cada Free Walking Tour. Visto que é um tour bastante procurado, achamos ser o suficiente.

 

2º Dia: V&A Waterfront, Table Mountain

 

1. V&A Waterfront

  • Para ir até o V&A Waterfront, fomos com o ônibus Micity.

  • Para usar o ônibus é preciso comprar um cartão carregável em qualquer estação (não nas paradas normais), por 17,50 Rands.

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  • Os locais marcados como "Station" no mapa, são os lugares onde se pode comprar o cartão (também é onde se pode fazer baldeação gratuitamente).

  • Pegamos o ônibus 104 na estação Adderley até a parada Breakwater:

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Trajeto do hostel até a parada de ônibus Adderley

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Trajeto do ônibus 104

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Lugares que visitamos no Waterfront marcados no mapa

  1. Parada Breakwater

  2. Shopping Victoria Wharf

  3. Cape Wheel (a roda gigante)

  4. Lugar onde partem os ferrys para Robben Island

  5. Nobel Square

  6. Two Oceans Aquarium

  7. Museu Mocaa

  8. African Trading Port (lojinha de artesanato)

  9. Food Market

2. Table Mountain

  • Para ir do V&A Waterfront até a Table Mountain, primeiro pegamos um ônibus da parada Breakwater até a estação Civic Centre:

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  • Da estação Civic Centre, pegamos o ônibus 107 até a parada Kloof Nek:

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  • Menos de 70 metros da parada Kloof Nek, fica a parada do ônibus 110, gratuito, que leva até a parte de baixo do teleférico da Table Mountain:

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Trajeto a pé da parada até pegar o ônbus 110 gratuito

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Trajeto do ônibus 110 até a base do teleférico da Table Mountain

  • Para subir a Table Mountain, utilizamos o teleférico, comprando antecipadamente no site: https://tablemountain.net/plan-your-visit/buy-tickets.

  • Pagamos 210 Rands cada, somente a subida.

  • Para descer, descemos a pé iniciando na trilha Platteklip Gorge e no entroncamento, seguindo depois pela India Venster (todas as trilhas estão sinalizadas no Google Maps).

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Trilha Platteklip Gorge combinada com a Indian Venster

  • A trilha India Venster termina bem no local onde pega-se o ônibus 110 para voltar (pode-se ver a parada no finalzinho da trilha).

  • Para voltar para o hostel, fizemos o caminho inverso, pegando o ônibus 110 até a parada Kloof Nek e depois pegando o ônibus 107 até a estação Civic Centre.

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Trajeto da estação Civic Centre até o hostel

 

3º Dia: Rota dos vinhos, Stellenbosch, Franschhoek, Paarl, CBC Brewery, Monumento ao Africâner, noite na Long Street

1. Rota dos vinhos

  • Fizemos o passeio pelas vínicolas na rota do vinho da África do Sul com a Guesthouse Stumble Inn, que fica em Stellenbosch: http://www.winetour.co.za/.

  • Reservamos o passeio diretamente pelo e-mail: stumble@iafrica.com.

  • Pagamos 650 Rands por pessoa, passeio passando por 4 vinícolas com degustação de queijos, vinhos e espumantes e almoço incluídos.

  • Para ir até Stellenbosch, fomos de trem, saindo da estação central de Cape Town.

  • Pegamos o trem que partia às 8h13, chegando às 9h25 em Stellenbosch.

  • Pagamos 18,90 cada passagem.

  • Os horários dos trens e trajetos encontramos neste site aqui: https://cttrains.co.za/

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Trajeto de trem de Cape Town até Stellenbosch

  • Da estação de trem até a guesthouse onde partia o passeio, fomos a pé:

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Trajeto da estação de Stellenbosch até a Guesthouse Stumble Inn

  • O passeio iniciou às 10h

  • Visitamos 3 vinícolas e 1 cervejaria, entre as cidades de Stellenbosch, Franschhoek e Paarl:

  1. Dieu Donné Vineyards

  2. Fairview

  3. Cape Brewing Co

  4. Warwick Wine State

  • Almoçamos no restaurante anexo ao monumento em homenagem à língua Afrikaneer.

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Locais visitados marcados no mapa

  • Para voltar pegamos o trem novamente de volta à Cape Town

2. Noite na Long Street

  • À noite demos uma volta na Long Street:

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Long Street (mais acima marcado, o nosso hostel)

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Marcados no mapa, alguns bares que fomos

Locais de interesse marcados no mapa:

  • Boolywood Cafe

  • Mama Africa

  • Beerhouse

4º Dia: Seapoint, Milton Beach, Camps Bay

1. Lugar para trocar dinheiro

  • O melhor lugar que encontramos para trocar dinheiro foi o Standard Bank. O mais próximo do nosso hostel ficava na Thibault Square:

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Trajeto do nosso hostel até o Standard Bank

2. Praias Sea Point e Milton Beach

  • Para nosso passeio pelas praias, pegamos o ônibus 104 na estação Adderley até a parada Breakwater:

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  • Da parada Breakwater, fomos caminhando pela costa, passando pelo Seapoint, Milton Beach, até a Queen´s Beach:

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Trajeto da parada Breakwater até a Queen´s Beach

3. Camps Bay

  • De Queen´s Beach, pode-se pegar o ônibus 108, 118 ou 109 na parada Koosani, até a parada Camps Bay:

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Caminho da Queen´s Beach até a parada Koosani

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Trajeto de ônibus da parada Koosani até Camps Bay

  • Para voltar de Camps Bay, pegamos o ônibus 107 em Camps Bay, até a estação Adderley (dá pra pegar o 106 também):

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Trajeto do ônibus 107 de Camps Bay até Adderley

5º Dia: Chapman´s Peak Drive, Boulders Beach, Cabo da Boa Esperança, Hermanus

  • Retiramos na locadora AVIS o carro que alugamos pela rentalcars, ainda no Brasil.

  • Alugamos um KIA 1.0, ficando de fazer a devolução dele somente em Port Elizabeth, ao final da nossa Garden Route, sendo assim cobrado uma taxa (cara!) para devolução em destino diferente da retirada.

  • Pagamos U$ 164,54 (Dólares americanos) por 7 dias de reserva e a taxa para entrega do carro em outra cidade.

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Trajeto do hostel até a locadora AVIS onde retiramos o carro

  • No Google não aparece mais essa localização como sendo de uma locadora AVIS, então é bom se informar se ainda existe.

1. Chapman´s Peak Drive

  • Primeira parada do dia, a rodovia Chapman´s Peak Drive

  • Para rodar na rodovia, paga-se uma taxa de 47 Rands de pedágio.

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Trajeto da locadora até a Chapman´s Peak Drive

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Rodovia Chapman´s Peak Drive

2. Boulders Beach

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Trajeto do fim da Chapman´s Peak Drive até Boulders Beach

  • Deixamos o carro no estacionamento gratuito (Seaforth Parking Lot e fomos caminhando pela Kleituin Road até a entrada da Boulders Beach:

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Trajeto do estacionamento até Boulders

  • Pagamos 80 Rands a entrada por pessoa (o preço hoje parece que está o dobro).

  • A colônia trata-se de duas praias: a Foxy Beach, onde pode-se somente observar os pinguins de uma passarela de madeira e a Boulders Beach que se acessa saindo do Visitor Centre e seguindo por uma passarela de madeira no meio do mangue que leva até lá onde há uma outra cancela que é necessário mostrar o ingresso novamente para entrar.

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3. Cabo da Boa Esperança:

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Trajeto de Boulders Beach até a entrada do Cabo da Boa Esperança

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Visão ampliada do trajeto

  • Pagamos 135 Rands por pessoa a entrada do parque

  • Pontos que visitamos dentro do parque:

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Pontos visitados marcados com estrela no mapa

  • Cruz de Vasco da Gama

  • Farol de Cape Point (ponto mais sudeste do cabo, com um farol em cima de um morro com um mirante

  • Cabo da Boa Esperança (local mais sudoeste da África, onde fica a placa indicativa de Cape Point).

4. Hermanus

  • Para ir até a cidade de Hermanus, seguimos a estrada costeando False Bay:

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Trajeto do Cabo da Boa Esperança até Hermanus

  • Em Hermanus, ficamos no hostel Hermanus Backpacker & Budget Acommodation, pois era o único hostel que tinha na cidade na época. De qualquer forma era bem barato e com muito boas avaliações. O hostel tem uma área comum excelente com piscinas, sala de jogos, sala de tv, churrasqueiras e os quartos são espaçosos e aconchegante, recomendo fortemente. Segue abaixo a avaliação que fizemos do hostel no booking:

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  • Localização do hostel:

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Localização do hostel no mapa

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ÁFRICA DO SUL 13º Dia - Começando a Garden Route com um susto! (26/11/2017)

Hermanus é uma pequena cidade costeira de 17 quilômetros quadrados que vive em função das baleias. Acontece que é considerado um dos melhores locais para se avistar baleias no inverno, visto que as suas águas são muito frias, acabando por ser um ponto de peregrinação de baleias da Antártida. Por causa disso, mesmo sendo uma cidade de praia, Hermanus é considerado um destino de inverno. E há esculturas de baleias por todos os lados, lojas com nome de baleias e inclusive no inverno ocorre um famoso festival em homenagem às baleias.

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Um dos milhares de pontos indicados para se observar baleias

Também por ser uma cidade muito pacata, é uma das cidades mais escolhidas pelos sul africanos aposentados, tendo uma população com faixa etária bastante elevada.

Infelizmente, o período para observar baleias vai até final de outubro, o que não era nosso caso e, como nossa programação era neste dia ir até Mossel Bay passando por Cape Agulhas, um trajeto de 420 quilômetros e sabendo da nossa lerdeza no volante, não querendo ficar mais um dia na estrada e acabar não aproveitando a cidade, resolvemos partir bem cedo já direto para Cape Agulhas, deixando para conhecer Hermanus numa outra oportunidade. Para quem for a Hermanus (com tempo), aqui deixo uma lista de atrações da cidade:

  • Observar baleias (principal atração da cidade!), entre os meses de junho e novembro;

  • Visitar o Old Harbour Museum;

  • Andar de caiaque em Walker Bay, uma reserva natural;

  • Fazer uma das diversas trilhas nos morros que costeiam o mar, com diversos pontos para se observar baleias, sendo a principal trilha a Hermanus Cliff Trail;

  • Aproveitar as praias principais da cidade: Grotto e Voelklip (só curtir a praia, tomar banho de mar é só para os fortes devido à água congelante); e

  • Fazer o "Shark Cage", mergulhando numa jaula num mar infestado de tubarões.

O Shark Cage é o principal passeio buscado por turistas na região. Na verdade esse mergulho ocorre em Gansbaai, próxima cidade costeira do caminho, mas a maioria dos passeios partem de Hermanus mesmo, cidade mais turística. Funciona da seguinte forma: você embarca num barquinho que te leva a uma região do oceano que é conhecida por possuir muitos tubarões grandes, daí você é mergulhado dentro duma jaula e os guias ficam jogando carne pros tubarões para eles se aproximarem e ficarem a centímetros dos turistas, simulando como se você estivesse prestes a ser devorado pelos tubarões.

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Além de não curtir muito esse turismo que explora os animais, lembro que o preço era meio exorbitante para os nossos padrões, algo em torno de 250 reais por pessoa! O que fez com que nem pensássemos em fazer esse passeio (talvez um pouquinho de curiosidade só...).

Fizemos o Check-out no hostel então bem cedo, deixando para tomar café na cidade. Passamos pelo centrinho de Hermanus mas não tinha quase nada aberto ainda e o que tinha era meio metido a besta e não nos deu vontade de parar. Hermanus, assim como praticamente todas as cidades da Garden Route, à despeito de sua natureza exuberante, são cidadezinhas bem "sem alma". São todas ajeitadinhas, ruas limpíssimas com casinhas de madeira todas parecidas, estabelecimentos comerciais elitizados, parecem cidades cenográficas, criadas para o turista. Ainda por cima tentam simular um clima meio "europeu", naquele euro centrismo típico de países colonizados. Não tivemos aquela "química" com as cidades, embora repita, em questão de belezas naturais, são sensacionais e valem muito a pena conhecer.

Sendo assim, começamos a viagem de barriga vazia, o que certamente deve ter contribuído para os eventos que viriam a seguir. Seguimos então em direção à Cape Agulhas, aí sim porção de terra mais ao sul de todo o continente africano. Cape Agulhas, apesar de seu simbolismo, não faz parte da Garden Route. Para chegar lá pega-se um desvio bem grande da Rodovia N2, o que nos permite passar por diversos lugares bem isolados. Um desses lugares é a cidadezinha de Elim, que parecia um vilarejo medieval, com poucas casinhas de teto de palha e no final da única rua da cidade uma igreja sinistra. Com poucas pessoas na rua então, parecia cenário daqueles filmes de terror estilo Massacre da Serra Elétrica, muito macabro!

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Cidadezinha de Elim

À partir dali, acaba o asfalto e começa uma estrada de terra, por um trecho bastante extenso também. Só que, assim como as estradas asfaltadas da África do Sul, as estradas de chão batido também são muito boas e, com fome e querendo chegar logo no nosso destino para não perder o dia na estrada, se sentimos confiantes para botar 80 km/h no nosso carrinho 1.0 numa estrada de chão. Não precisa ser muito inteligente para saber o que aconteceu logo depois: A Juju, que estava no volante, de repente se vira para mim rindo de nervosa: "perdi o controle do carro!". Em questão de milésimos de segundos, terraplanamos, rodopiamos na pista e só paramos porque o acostamento contava com uma grama bem alta e fechada, o que acabou por segurar o carro e evitou que capotássemos ou coisa pior. Com o carro finalmente parado no meio do matagal, vimos que o pior tinha passado e percebemos que demos muita sorte de que nada mais grave tivesse acontecido conosco e nem com o carro, para piorar numa estrada no meio do nada que parecia que não via um carro a horas. Como o acostamento em que o carro atolou não era muito íngreme, consegui empurrar o carro sozinho para desatolarmos e seguimos viagem ainda muito nervosos, e agora torcendo para que nada de mais grave tivesse acontecido com o carro que fizesse com que tivéssemos que parar no meio daquela estrada novamente.

Já no asfalto novamente, bem próximo já de Cape Agulhas, paramos num posto para conferir o estrago. Notamos que o Kia possui um protetor interno do paralamas dianteiro. Do lado onde o carro travou na grama, simplesmente não tinha mais, nem vestígio dele. Vimos também que o paralamas ficou com um parafuso solto e com um pequeno arranhão na lataria do lado de fora. Além é claro, das rodas deste lado do carro terem sido tomadas por terra e grama que ficaram encrunhadas entre as rodas e os pneus, mas isso uma lavagem resolveria. Enfim, aparentemente o saldo do acidente resultou apenas em questões "estéticas", nenhum problema mecânico que impedisse o restante da viagem. Ufa! Menos mal! Mas para nós, que viajamos com o orçamento apertado sempre, gerou uma certa apreensão sobre quanto iriamos ter que desembolsar no fim da viagem para cobrir os estragos e, se o incidente não foi uma coisa que estragou nossa viagem, com certeza prejudicou um pouco nossa moral pro restante dela.

Voltando então, chegamos finalmente em Cape Agulhas, o ponto mais ao sul do continente africano.

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Cape Agulhas, ponto mais ao sul da África

Cape Agulhas leva esse nome pois neste ponto do globo, a declinação magnética é nula, fazendo com que a agulha das bússolas dos navegadores "pirasse". Como o primeiro navegador que chegou nesse ponto foi Bartolomeu Dias, ficou esse nome em português mesmo que é mantido até hoje: Cape Agulhas.

Essa região do oceano é considerada uma das mais perigosas para a navegação pois, além da dificuldade geográfica da bussola, possui ventos fortíssimos no inverno resultante do encontro das águas com as correntes marítimas da Antártida, que gera ondas gigantescas capazes de afundar até mesmo embarcações grandes.

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Baía pedregosa de Cape Agulhas

Cape Agulhas também é considerado o local onde acaba o Oceano Atlântico e se inicia o Índico. Há uma placa que identifica o que seria o local exato da divisão dos dois oceanos que é a principal atração turística do local, já que, diferentemente do vizinho Cabo da Boa Esperança, Cape Agulhas não possui grandes atrativos, tratando-se apenas de uma praia pedregosa no meio do nada, mas de qualquer forma bastante bonita.

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Ponto que separa o Oceano Índico do Oceano Atlântico

Bem desanimados por causa do acidente com o carro, ficamos um tempinho contemplando o local em silêncio e depois já partimos em direção à Mossel Bay, nem se animamos a ir até o farol, uma das poucas edificações que tem por lá (mas que também dizem que não tem nada demais).

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Pensando no prejuízo que iriamos ter no final da viagem...

Percorremos ainda 240 quilômetros até chegar a cidade de Mossel Bay, dessa vez tratando de ir beeeem devagar nas estradas de chão batido. Mossel Bay sim é considerada a cidade onde inicia oficialmente a Garden Route. Passando de carro, a cidade parece uma cópia de Hermanus, inclusive olhando as fotos depois, é difícil distinguir uma da outra hehehehe. No entanto, Mossel Bay é considerada uma cidade "grande" em relação a anterior.

Fomos direto para o nosso hostel e pudemos ver que se trata de uma cidade grande mesmo pois passamos no meio de uma favela no caminho. Como cidade "grande" também, havia mais opções de hostels (três), mas um que nos chamou especial atenção foi o Santos Express, não por ter as melhores avaliações no booking nem o preço mais baixo e nem uma localização próxima do centro, mas simplesmente por que trata-se de um trem desativado à beira do mar, genial! Existe uma linha férrea desativada a beira do mar na costa leste de Mossel Bay e, dentro de um trem parado nestes trilhos, resolveram fazer um hotel utilizando os vagões como quartos, todos com vista para o mar, muito legal! Traímos então nossos critérios de seleção de hostel só para ter essa experiência.

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Hotel Santos Express

Chegamos lá no meio da tarde, guardamos nossas coisas no nosso quarto vagão e já fomos conferir o restaurante do hotel, que fica num sacadão na beira da praia, muito convidativo. Com preços mais caros que o normal mas ainda assim atrativos para o padrão brasileiro, almoçamos ali mesmo um Bobotie e um peixe grelhado. O Bobotie, diferentemente do primeiro que havíamos comido na viagem, ao invés de coco ralado, vinha com uma geleia de frutas como acompanhamento. Achamos bem bom, melhor ainda que o anterior. Aproveitamos também para tomar uns chopes para ver se aliviava o stress do começo do dia.

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Nosso almoço no restaurante do hotel Santos Express e a bela vista do lugar

Com um pouco de receio ainda de ficar andando com o carro batido e ir até a cidade, depois do almoço tomamos um banho e demos uma boa descansada no nosso quarto. Um dos pontos negativos do hotel era o banheiro, literalmente um banheiro de trem mesmo...

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Vista do nosso "quarto"

No fim da tarde sim, fomos dar uma caminhada na bonita praia em frente ao hotel, a Santos Beach. Apesar do tempo nublado, havia bastante gente fazendo um Braai na praia, o estranho (pra nós) é que como é proibido beber bebidas alcoólicas nas praias na África do Sul, víamos o pessoal tudo fazendo seus churrasquinhos "no seco", sem uma cervejinha sequer.

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Santos Beach

Caminhando mais ao norte passamos por um lugar bem característico dessa praia que é o Pavilion Restaurant/ Jackal on the Beach, um restaurante que fica num prédio bem esquisito na beira da praia, que parece que foi construído a alguns séculos atrás, uma arquitetura bem interessante, mas no dia que estávamos lá estava fechado, num primeiro momento até pensamos que se tratava de um lugar abandonado.

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Pavilion Restaurant

Fomos caminhando de uma ponta a outra da praia, aproveitamos para molhar os pés no gelado oceano índico e, ao cair da noite, fomos retornando pro hotel.

À noite, demos mais uma volta na praia e antes de ir dormir, jantamos novamente no restaurante do hotel trem. Dessa vez pedimos duas porções de frituras: uma de camarão e a outra uma que até hoje ficou marcado no nosso paladar: Jalapeños empanados fritos recheados com queijo! Não só pela delícia que era mas pela ardência também hehehe. Quando vimos o pratinho pequeno, achamos que íamos passar fome mas depois que experimentamos o primeiro... tivemos que tomar umas Black Labels a mais para conseguir apagar o fogo na boca.

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Jalapeños fritos. Uma delícia!
  • 2 meses depois...
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ÁFRICA DO SUL 14º Dia - Avestruzes e cavernas em Oudtshoorn (27/11/2017)

Nosso objetivo nesse dia era chegar até a cidade de Knysna (lê-se: "naisna"), uma das mais famosas da Garden Route, passando antes em outra cidadezinha bem famosa da rota que é "Oudtshoorn", cuja principal atração são as milhares de fazendas de avestruzes e a formação geológica Cango Caves, uma extensa rede de cavernas. Oudtshoorn não fica no litoral, estando a 86 quilômetros de Mossel Bay, mas por suas atrações diferentonas, acabou entrando no rol de cidades visitadas pelos turistas que fazem a Garden Route. De lá são mais 120 quilômetros até Knysna, então, novamente saímos cedo para tentar não pegar estrada à noite (mas dessa vez tomando café da manhã direito!). Assim como Hermanus, ficou para uma outra oportunidade conhecer melhor as atrações de Mossel Bay, mas para quem tiver tempo de visitar a cidade, aqui vão alguma delas:

  • Passeios para fazer a Shark Cage, assim como em Hermanus
  • Passeios até a ilha das focas
  • Visita ao farol Cape Saint Blaise
  • Fazer diversas trilhas lindíssimas nas falésias que costeiam o mar, com direito a grutas e formações rochosas espetaculares (inclusive dizem que assistir o nascer do sol ou o pôr-do-sol nas trilhas é uma das coisas mais impressionantes que existem)
  • Visitar o Museu Bartolomeu Dias, museu dedicado às navegações portuguesas na África e que conta com réplicas em tamanho real de algumas das embarcações utilizadas por estes.

Também lemos num blog que lá é o local mais barato para se tomar a cerveja Guinness, tanto em bares quanto restaurantes. Não sabemos o motivo disso, mas definitivamente foi uma lástima não termos dedicado pelo menos um dia inteiro para ficar na cidade...

Voltando a nossa viagem, rapidinho então, ainda pela manhã, chegamos na cidade de Oudtshoorn, conhecida como a "capital mundial do avestruz".

Oudtshoorn é a cidade que mais concentra avestruzes no mundo. Essa marca iniciou em 1864, quando as penas de avestruzes, animal típico da região, se tornaram um item de moda extremamente desejados pela nobreza europeia, o que fez com que fazendas com os animais proliferassem na região, visando a exportação e os grandes lucros que se obteria com ela, já que o preço das penas de avestruz chegou a se equivaler ao de diamantes no período.

Com isso a população de avestruzes cresceu de forma desordenada, diretamente proporcional à riqueza dos fazendeiros de Oudtshoorn, fazendo dela uma cidade bastante rica. Com a queda do preço das penas no mercado internacional, grande maioria destes fazendeiros viu seus lucros caírem de forma brusca. Até que, envoltos com milhares de avestruzes sem serem aproveitados em suas propriedades, tiveram uma ideia diferente para ganhar dinheiro com os animaizinhos: nasceu assim uma peculiaridade de Oudtshoorn que são as visitas turísticas às fazendas de avestruz. As fazendas abriram suas portas para o turismo, oferecendo visitas guiadas onde você conhece um pouco da história da fazenda, aprende sobre os avestruzes, dá comida para os bichinhos (experimenta carne de avestruz...) e por aí vai. São milhares delas na região onde você pode fazer sua visita guiada, bem no estilo da região da rota dos vinhos, só que lá no caso, é a rota dos avestruzes hehehe. Com milhares de opções para se escolher, pesquisamos bem, já que como sabem, somos totalmente contra esse tipo de turismo de exploração animal, e decidimos visitar a Cango Ostrich Farm, por esta ter sido a primeira fazenda que proibiu que os turistas "montassem" nos avestruzes. Esta prática altamente condenável e que trás sequelas terríveis para os bichinhos, hoje é proibida, mas na época, essa fazenda foi a primeira e por muito tempo única a não permitir tal tortura aos avestruzes, então não foi difícil decidirmos que visitaríamos essa.

Quanto à cidadezinha, achamos ela muito charmosa. A ruazinha principal, cheia de restaurantezinhos, muitos oferecendo carne de avestruz, é muito simpática, além de ficar ao redor de montanhas muito bonitas, ficamos morrendo de remorso de não termos dedicado pelo menos uma noite pra lá.

Chegando na fazenda, aguardamos uns minutinhos para começar a visita guiada. Essas visitas são bem rápidas, menos de 15 minutos, e ocorrem o dia todo, então não é necessário reservar nem nada, só chegar. Quando chegou nossa vez, éramos os únicos esperando, então fizemos mais um tour "privativo". O tour na Cango Ostrich Farm, funciona da seguinte forma: a primeira parte do passeio, o guia nos leva a uma sala que parece uma capela, e nos conta um pouco sobre a história da fazenda e sobre os animais. Mostra alguns exemplares das antigas roupas de penas de avestruz tão desejadas pelos europeus e que foi responsável pela expansão do animalzinho na região. É bem impressionante, pois as penas são afiadas e parecem até lâminas de metal, muito bonitas.

Depois somos apresentados aos ovos de avestruz, que possuem uma grande peculiaridade: são fortes pra burro (caríssimos também, podendo chegar a R$ 300,00 um ovo)! Para demonstrar isso, o guia nos pede para subir em cima dos ovos, nós dois ao mesmo tempo, para mostrar que não tem mesmo como quebrar eles!

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Os inquebráveis ovos de avestruz

Depois dessa introdução, somos então finalmente apresentados aos bichinhos. Somos levados ao local aonde eles são criados mesmo e dá pra ter uma noção da vida que eles levam ali.

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Muito simpáticos

Apesar de aparentarem ser bem simpáticos, nos é explicado que o avestruz é um animal bem violento e nada amigável. Que qualquer sinal de se sentir ameaçado ele revida com bicadas e chutes! Sendo assim, a única forma de interagir com ele é dando comida hehehe. Dessa forma, para podermos dar "um abraço" no avestruz, o guia pega um balde de comida e põe nas nossas costas, só para o bichinho esticar o pescoço e fingir que está nos abraçando (baita interesseiro)...

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Fazendo amigos

Depois ele coloca o balde de comida no nosso colo e pede pra ficarmos de costas pros avestruzes, próximo a cerca que nos separa deles. Daí é dele levar pescoçada e bicada dos bichinhos, o que eles chamam de "massagem do avestruz"...

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Bem "carinhosos"

Terminada a "massagem", já encerra-se o tour e somos direcionados à lojinha de souvenires (normal né), uma lojinha com uns produtos bem "duvidosos", e caros...

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Souvenires da lojinha bem de gosto duvidoso

Como dito, o passeio é bem rapidinho, mais para ter uma noção de como funciona este tipo de fazenda e levar umas bicadas de avestruz mesmo.

Se aproximando do meio dia e como a próxima atração do dia era seguindo pela mesma rodovia, a R328, resolvemos aproveitar para almoçar na própria fazenda, no restaurante que tem lá e também aproveitar e experimentar a carne de avestruz! A Juju não quis encarar e pediu um frango frito, enquanto eu não deixei passar a oportunidade de experimentar essa iguaria. Não achei nada demais, um gosto de carne vermelha normal, nem macia nem dura, até nem sei se o que comi foi carne de avestruz mesmo, podem ter enganado o turista trouxa hehehe.

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Carne de avestruz com fritas no prato de cima

Depois do almoço, de lá seguimos na direção norte, mais uns 15 quilômetros até as Cango Caves, numa subidinha bem considerável mas, como sempre, numa estrada toda asfaltada e impecável.

As Cango Caves são a segunda maior atração de Oudtshoorn. Trata-se de um complexo de cavernas subterrâneas formadas por calcário pré-cambriano situado na chamada faixa de Swartberg e estima-se que possuem mais de 4 quilômetros de extensão.

De acordo com alguns artefatos e pinturas encontradas nas cavernas, estima-se que elas foram habitadas a mais de 80.000 anos atrás pelo povo Khoisan da região, mas foi somente em 1780 que um fazendeiro holandês local descobriu a primeira câmara da caverna, do tamanho de um campo de futebol. Com o passar dos anos mais e mais exploradores começaram a desbravar a caverna, se tornando um lugar bastante procurado por espeleologistas e com novas descobertas sendo realizadas até os dias de hoje. Hoje, 4 quilômetros dela estão mapeados e abertos para visitação turística, embora estima-se que ela seja muitas vezes maior do que isto.

As visitas ocorrem de forma guiada, diariamente mais ou menos de hora em hora, portanto assim como as fazendas de avestruzes, não é necessário comprar o ingresso e reservar com antecedência. São dois tipos de visita: a heritage tour (o tour light) onde se visita o primeiro quilômetro da caverna que é bastante aberto e com escadas para acessar alguns pontos; e a "para aventureiros" onde é necessário usar equipamento de proteção e literalmente rastejar por fendas e túneis fechados, altamente não recomendado para pessoas claustrofóbicas e não possível dependendo do tipo de corpo da pessoa.

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Mostruário demonstrando o tamanho real de algumas partes da caverna no tour "para aventureiros"

Como estamos longe de sermos "aventureiros" e sofro um pouco de claustrofobia (além desse tour ser mais caro hehehe), escolhemos fazer o tour padrão, que tem o plus de ser um tour educativo e histórico, já que se aprende um pouco da história da caverna e da região. Outra curiosidade é que são realizados tours turísticos desde 1891, fazendo das Cango Caves a atração turística mais antiga da África do Sul e o primeiro sítio de conservação ambiental do país.

Chegamos no local e pegamos uma fila considerável, tendo que esperar o próximo grupo para fazer a visita, o que foi bom pois pudemos relaxar um pouco e apreciar a vista do centro de visitantes na entrada da caverna que é bem bonita, uma região cheia de morros, além do local contar com um bar e um pequeno museu.

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Sala de espera das Cango Caves

Chegada a hora de inicio do nosso tour somos chamados pelos guias e primeiro entramos no salão principal do lugar com apenas as luzes de emergência acesas. A guia então, naquele salão lúgubre, começa a contar a história das Cango Caves, sua geologia, fala dos povos originários que a habitavam e como os colonizadores a descobriram já no século XVIII.

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Na entrada da caverna, num primeiro momento, somente as luzes de emergência ficam acesas

Antes de acenderem definitivamente a iluminação do local, são apagadas todas as luzes da caverna mesmo, incluindo as de emergência, ficando todo o lugar num breu total, não sendo possível enxergar nem um palmo a nossa frente. A guia então acende um isqueiro que não faz quase nenhuma diferença naquela escuridão e diz: "viu? Eram assim as condições que o primeiro fazendeiro explorou as Cango Caves." Muito legal! Outro motivo pelo qual dizem que o povo Khoisan não conseguiu ir além do saguão principal na exploração do local foi exatamente este: a falta de luminosidade natural.

Quando finalmente ligam-se as luzes da caverna, todos soltam aquele "Uaaaaaauuuu". Muito impressionante as estalactites (formações calcárias que se formam do teto) e estalagmites (formações calcárias que se formam do solo) de mais de 3 mil anos todas iluminadas. As luzes são coloridas e posicionadas estrategicamente para dar aquela favorecida na estética, o que deixa tudo ainda mais interessante. Infelizmente, nossas câmeras não possuem uma boa resolução no escuro.

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Iluminação temática, bem bonita

Tem várias dessas formações que surgem no teto e chegam até o chão, comprovando o tão antigas que são já que as estalactites crescem de forma muiiitooo demorada.

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Estalactites (ou seriam estalagmites?)

Dali do saguão principal seguimos conforme guiados pelo atendente por outras galerias bem impressionantes. Todo o caminho é demarcado no chão ou realizado através de plataformas, de muito fácil acesso.

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Bonitas galerias visitadas no heritage tour

Um dos destaques desse tour básico lá dentro é a Devil´s Kitchen, a galeria mais próxima da superfície, com umas "esculturas" bem impressionantes e que ao fundo possui um poço que desce 20 metros em uma câmara cheia de água.

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Devil´s Kitchen

Vimos alguns morcegos também, mas bem "tímidos", não chegam perto dos turistas.

O tour termina em mais ou menos uma hora, que passa bem rapidinho... Vale muito a pena quem estiver fazendo a Garden Route dar uma passada por lá.

Terminado o tour, começamos então nossa jornada rumo à cidade de Knysna, a 148 quilômetros das Cango Caves, nossa próxima parada na Garden Route.

Knysna é considerada uma das paradas obrigatórias da Garden Route (embora não tenhamos achado ela muito atrativa não). A parte "urbana" da cidade, conhecida como Knysna Central, é bem pequena (e elitizada), podendo ser percorrida toda a pé numa tarde.

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Mapa da pequena cidade de Knysna

A grande atração fica nos arredores, nas trilhas e parques em meio a natureza. Mas o grande diferencial mesmo são as "Knysna Head´s", uma abertura no meio de duas formações rochosas que é o ponto onde o oceano "entra" na cidade, formando a Knysna Lagoon, lagoa que banha a parte central da cidade e que possui algumas ilhas habitadas. Como trata-se de dois morros, um de cada lado do ponto onde o mar encontra a lagoa, simulando como se fosse um "portão" para a cidade, o local foi batizado de "head´s", sendo a oeste e a leste, ambas contando com diversos "viewpoints" proporcionando vistas espetaculares para o mar aberto e que são o principal cartão postal da cidade.

Escolhemos Knysna para dar uma "pausa" na nossa Garden Route, ficando pelo menos 2 dias na cidade a fim de dar uma desacelerada e resolver algumas questões "burocráticas" como lavar roupa e levar o carro na lavagem na tentativa de dar uma amenizada nas marcas do acidente (tirar a grama e a terra encrunhada nas rodas). Confesso que a cidade é legalzinha mas não merecia duas noites não, trocaria por um dia em Mossel Bay ou Hermanus, mas, naquela altura da viagem, tínhamos que fazer uma pausa de qualquer jeito. Havia duas opções de hostel na cidade, os dois com o mesmo preço (35 reais a noite) e boas avaliações, então optamos pelo Jembjo´s Lodge Backpackers, que ficava mais próximo do waterfront. Chegamos no hostel quase no fim da tarde e fomos muito bem recebidos, num hostel muito confortável e com instalações bem aconchegantes.

Só descarregamos nossas mochilas e já saímos pra desbravar (sedentos para conhecer um lugar novo, como sempre né hehehe), primeiro indo até o supermercado comprar coisas pros próximos cafés das manhãs, já que pra variar, tudo fecha super cedo. Depois se dirigimos até o Waterfront, que é a principal atração turística da parte central de Knysna.

O Waterfront de Knysna segue o mesmo padrão do V&A Waterfront da Cidade do Cabo, (mas em beeeeem menor escala) um cais revitalizado transformado em atração turística contendo diversas lojinhas de roupas, souvenires e restaurantes, quase todos de alto padrão, sendo assim o principal ponto de encontro da minúscula cidade.

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Waterfront de Knysna

Além do tamanho, o que difere também da versão de Cape Town é que esse pier não fica na beira do mar e sim na Lagoa de Knysna, com acesso ao mar pelas Knysna Head´s. Também não possui roda gigante hehehe. Apesar de tudo meio caro pro nosso gosto, achamos o píer bem simpático e agradável de passear, melhor ainda que o de Cape Town por ser mais "aconchegante" e não ter tanta gente. Com uma decoração bem bacana ainda com as bandeirinhas de diversos países e aqueles postes que indicam distâncias para diversas cidades do mundo que são bem característicos de lugares turísticos.

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Bonita decoração do Waterfront de Knysna. Na última foto, dá pra dar uma conferida nos preços de um dos restaurantes do local

Também descobrimos sobre o Bondi! Um Buldogue que é (era) o cãozinho mais famoso de Knysna e que possui uma estatua em sua homenagem lá no Waterfront, além de painéis que contam um pouco de sua história:

O cãozinho Bondi foi dado como presente em 1928, pela cidade de Maputo (Moçambique) para os tripulantes do navio Cargueiro inglês H.M.S. Verbena, navio muito famoso e ativo em toda a costa sul-africana no período, se tornando o mascote da tripulação.

Em 1931, numa das tantas visitas do navio à Knysna, na qual a tripulação estava escalada para fazer uma apresentação musical na cidade, a tripulação ancorou na ilha Thiessen, uma das ilhas que ficam na lagoa de Knysna, e foram caminhando morro acima até o local onde seria realizada a festividade. Dizem que o cãozinho Bondi, não querendo ficar para trás, seguiu a tripulação pelo caminho mas, como fazia muito calor, ele não resistiu e veio a falecer de insolação. De tão querido não só pelo H.M.S. Verbena, mas por toda a frota marítima inglesa, foi construído um memorial no local de sua morte e virou uma tradição todo navio inglês que passasse por Knysna, deslocar uma equipe da tripulação para polir a lápide e aparar a grama do local para mantê-lo sempre conservado.

Infelizmente, com o advento da segunda guerra mundial essa tradição foi suspensa e o memorial do cãozinho Bondi foi perdido. Somente nos anos 2000, por intermédio da Sociedade de História de Knsyna, foi construído um novo memorial e reavivada a tradição das homenagens pela marinha sul africana, inclusive realizados alguns festivais e concursos tendo Bondi como tema. No Waterfront, a estátua em sua homenagem é ligada à Sociedade de Cuidados de Animais de Knysna, tendo ao seu lado uma urna para arrecadação de fundos para a organização.

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Estátua em homenagem ao cãozinho Bondi

Ficamos até a noite no Waterfront e de presente conseguimos apreciar um belíssimo pôr-do-sol atrás das montanhas que separam Knysna Central do mar aberto.

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Bonito pôr-do-sol no Waterfront de Knysna

À noite, meio cansados já da agitação do dia todo e sem muita vida noturna na cidade mesmo, jantamos no hostel uma porcarias que havíamos comprado no supermercado e já se recolhemos.

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ÁFRICA DO SUL 15º Dia - Um dia pacato em Knysna (28/11/2017)

E depois de 14 dias frenéticos na África do Sul, tivemos nosso primeiro "dia livre", ou seja, dia com nada programado, só passear pela cidade e descansar (coisa que não combina muito com nosso estilo de viajar mas enfim...). Mas mais do que descansar dos quase 900 quilômetros rodados de carro desde Cape Town, precisávamos de uma parada estratégica para limpar o carro dos vestígios do acidente e lavar nossas roupas. Sendo assim, acordei cedo e já deixei nossas roupas numa lavanderia a umas duas quadras do hostel, com umas tiazinhas bem tímidas que acho que não estavam acostumadas com turistas.

Perto do meio-dia, deixamos o carro para lavar num "Car Wash", também perto do hostel (na parte central de Knysna tudo é perto). O atendente da lavagem deu uma risada, acho que de nervoso, quando viu o estado que estava o lado do carro que bateu no acostamento, principalmente pela roda cheia de tufos de grama. A lavagem funcionava naquele esquema de confiança sul africana que nós não estamos nem um pouco acostumados: só deixamos a chave com o carinha e combinamos de buscar mais tarde, nada de recibo, documento ou coisa assim.

O resto do dia então, fomos dar uma volta na cidade sem pressa e sem destino. Depois de dar mais uma passada no Waterfront, fomos conhecer a Thesen´s Island, a ilha mais famosinha de Knysna. Para chegar lá se atravessa uma pequena "ponte" (seria mais uma rua mesmo) que é a continuação da Long Street, por sobre a Lagoa Knysna, um caminhozinho muito bonito e agradável.

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Bonito caminho que liga o centro de Knysna à Thesen´s Island

Já a ilha é pura ostentação! Parece aqueles cenários de novelas da parte dos ricaços, só casarões e lojinhas elitizadas. A parte comercial da ilha é bem curta, fica bem no final da Long Street. O resto dela é composta de canais todos com casas residenciais que possuem seus próprios decks e saídas de lanchas, lembrando um pouco Veneza até (ou o que se imagina quando se pensa sobre Veneza, já que nunca fomos). A maioria dos blogs de viagem que lemos sobre Knysna davam como sugestão dois lugares imperdíveis para se conhecer na ilha: a padaria Ilê de Païn, uma padaria/bruncheria cujo marketing é de que seus pães e outras guloseimas são obras de arte de conceituados padeiros e não só comida; e o restaurante Tapas & Oysters, que dizem servir as melhores ostras da África do Sul. A padaria achamos muito chique para nosso gosto, mas o Tapas & Oyster resolvemos conferir, já que ostras não é uma coisa que se encontra todo dia (pelo menos aonde moramos aqui no Brasil) e, passando da hora do almoço, já começava a bater uma certa fome. Esse restaurante é bem legal, com uma decoração cheia de adereços com temas náuticos meio que com uma pitada daqueles bares americanos de motoqueiros, bem estiloso. Ainda possui uma vista pro Lago sensacional, mas como estava com um ventinho meio frio ficamos na parte interna mesmo.

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Restaurante Tapas & Oysters

Os preços das comidas realmente são caros pro padrão sul africano que estávamos acostumados mas, pros padrões brasileiros é bem barato. Um restaurante de frutos do mar deste nível no Brasil seria inimaginável pro nosso bolso, mas lá os pratos individuais custavam uma média de 20 reais. No cardápio uma infinidade de pratos com ostras, o carro chefe obviamente do lugar, fazendo uma mescla com comidas espanholas. A Juju pediu um prato de Ostras com Blue Cheese (Queijo Azul) acompanhado de pão com alho que ela lembra até hoje do gosto de tão extraordinário que era e eu, que não sou muito fã de ostras, fui de Paella (porque era mais baratinho hehehe). E pra completar um Chope Windhoek, que acredito ser da Namíbia (já que é o nome da capital de lá) muito bom!

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Ostras com Blue Cheese e Pão com Alho e Paella

Depois do almoço, fomos dar mais uma volta na ilha e acabamos conhecendo mais um dos "mascotes" de Knysna, a Baleia Blue. Essa baleia é da espécie "True´s Baked Whale" (não achei nome em português), que faz parte da família das baleias Ziphiidae. Essa espécie é muito rara pois são baleias que nadam em águas muito profundas do oceano atlântico e dizem que só há registro de terem sido vistas umas 2 ou 3 vezes na história. Uma delas foi justamente na costa sul africana em 2002, quando a baleia Blue foi encontrada morta encalhada na praia em Knysna e hoje seu esqueleto faz parte do acervo de um museu em Port Elizabeth. Na Thesen´s Island há uma réplica dela junto com um quadro explicativo que acabou virando um ponto de referência na cidade (e foto disputada no instagram hehehe).

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Baleia Blue!

Na Knysna Lagoon, especialmente na Thesen´s Island, há uma imensa variedade de atividades e esportes náuticos disponíveis para se praticar: caiaque, stand up paddle, paragliding, wake board, passeios de barco, de lancha, etc. Com a tarde livre e um céu azul belíssimo com um clima agradável, resolvemos arriscar então um desses e optamos pelo que achávamos ser o menos cansativo, o passeio de caiaque.

O problema é que não contávamos com a nossa falta de preparo físico e, o que era para ser um agradável passeio de caiaque, 5 minutos depois já estávamos mortos e com os braços em frangalhos de tanto remar. Para se ter uma ideia, nem conseguimos ir para a parte aberta da lagoa, visto que o local onde se aluga os caiaques é na parte "interna", dentro dos canais da ilha. Sendo assim, ficamos passeando pela parte residencial entre os diversos canais, passamos por baixo de charmosas pontezinhas e ficamos admirando as casinhas que ficam na beira da água, algumas até com pequenas praias particulares. Uma pena que, com medo de molhar o celular (e ia molhar mesmo), não levamos e acabamos não tirando nenhuma foto do passeio, mas no google street view dá pra dar uma olhada como é. Outra dificuldade que tivemos é que alguns canais são bem estreitos, e com a nossa falta de coordenação para remar de forma ordenada os dois ao mesmo tempo, várias vezes batíamos nas muretas e ficávamos encalhados hehehehe. Mas foi bem divertido, vale a pena praticar alguma atividade náutica por lá e não é nada caro.

Não lembro quanto tempo era o passeio, mas de tão cansados acabamos encerrando antes do que tínhamos combinado. Terminado o passeio, já final da tarde, fomos voltando pra Knysna Central buscar as roupas na lavanderia e o carro na lavagem. Os carinhas do Car Wash até que tentaram, mas não conseguiram tirar completamente a grama que ficou encrustada entre a roda e o pneu, mas tirando isso, o carro parecia novo e com apenas um arranhãozinho no para-lama denunciando que havíamos sofrido o acidente. Para retirar o carro, novamente uma amostra da confiança sul africana: o atendente só falou para nós: "as chaves dos carros tão lá no painel, podem ir ali e pegar a de vocês e retirar o carro, tudo pronto". Podíamos ter pego qualquer carro que estava lá na lavagem que ninguém ia notar!

Resolvidas as questões burocráticas, o resto da noite compramos coisas para comer e beber e ficamos pelo hostel. Não que haja alguma vida noturna em Knysna, mas resolvemos descansar já que no outro rodaríamos mais uns bons quilômetros rumo a mais uma parada na Garden Route: o paraíso do surfe, Jeffrey´s Bay, passando antes pelo Tsitsikamma National Park. E assim encerramos nossa passagem por Knysna. Outras atrações indicadas para se visitar/fazer na cidade são:

  • Visitar a fábrica de cerveja artesanal Mitchell´s, que fica bem pertinho do Waterfront e onde é possível fazer degustações de diversas cervejas (infelizmente estava fechado no dia em que passamos lá.
  • Fazer a trilha Buffels Bay e avistar baleias
  • Observar baleias no Margaret´s View Point
  • Curtir a praia mais popular da cidade: Brenton on Sea
  • Visitar e fazer um safári no Knysna Elephant Park

Mas a atração mais imperdível mesmo (e que infelizmente perdemos) é contemplar a vista para as Knysna Head´s dos seus viewpoints, sendo a "cabeça" do Leste a mais acessível e com maior infraestrutura.

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