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E estamos de volta pessoal! Para quem não nos conhece, eu e minha esposa recentemente aproveitamos a pandemia e a impossibilidade de viajar e lançamos um blog das nossas viagens antigas. O blog é osmochilinhas.com, mas também iremos postar na íntegra os relatos aqui. E chegou a hora de falarmos da nossa viagem para a África do Sul em 2017. Os relatos são em forma de diário e eu costumo escrever bastante hehehehe. Para quem quer só pegar as dicas, mapas e preços (embora defasados) das cidades e atrações visitadas, pode pular direto para o post de resumo. Sem mais delongas, segue o relato:

ÁFRICA DO SUL 1º Dia - Chegando em Joanesburgo e partindo rumo à Neilspruit (14/11/2017)

 

Começou em 2017, e nos anos posteriores, diversas promoções para a África do Sul. Desde antes da Copa do Mundo que ocorreu lá em 2010, por toda sua história, grande parte dela muito triste, era um país que entrou nos meus planos e, em 2017, aproveitamos o início das promoções para realizar esse sonho. A média das passagens estava em torno de R$1.700 ida e volta saindo de São Paulo. Como infelizmente não moramos em São Paulo e comprar o trecho até lá separado iria sair pelo mesmo preço, compramos a passagem inteira Porto Alegre - São Paulo - Joanesburgo por 2.100 reais. Mal sabíamos que alguns anos depois sairiam outras promoções com preços de até 1.200 reais ida e volta de São Paulo!

Depois de um dia inteiro viajando, chegamos em Joanesburgo dia 14 de novembro às 9h da manhã no Aeroporto OR Tambo, um dos maiores aeroportos da África (que não é um país) e principal hub do continente, uma das diversas vezes que passaríamos por este aeroporto durante nossa viagem.

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Partindo para mais uma aventura!

A imigração foi bem tranquila, brasileiros não precisam de visto para a África do Sul e, após algumas perguntas básicas pelo agente da imigração, depois que falei que era funcionário público nos passaram na hora com um grande sorriso: "welcome to south africa".
 
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Welcome to South Africa!

 
A fim de não perder nenhum dia no nosso corrido roteiro e também de economizar transporte do aeroporto para a cidade, visto que ele fica bem afastado do centro, já seguimos direto do aeroporto em direção ao Kruger Park, deixando pra conhecer Joanesburgo na volta de lá (e assim poupar ter que duas vezes até o aeroporto para retirar o carro alugado).

O transporte intermunicipal público na África do Sul, além de não ser muito organizado em questão de horários das linhas de ônibus, não compensa em questão de valores para duas pessoas (às vezes até para uma), em comparação a alugar um carro. Alugar um carro na África do Sul é muito barato, gasolina também por lá é bastante barato, bem mais barato do que se fossemos utilizar o transporte público, além do que as rodovias na África do Sul são espetaculares, padrão de primeiro mundo e a prática de aluguel de carros é uma coisa bastante popular e utilizada por todos, principalmente estrangeiros que visitam o país.

Já deixamos o carro reservado e pago aqui do Brasil mesmo pelo site rentalcars.com, o melhor site para aluguel de carros na África do Sul junto com o rentcars.com. E vale a pena reservar com antecedência e através do próprio site, que contempla diversas locadoras pelo mundo, tanto pelos descontos que se consegue, quanto pela praticidade.

No aeroporto, trocamos alguns Dólares por Rands, a moeda sul-africana. Como a cotação era boa (embora cobrassem uma pequena taxa) e davam uma garantia de devolução dos Rands ao fim da viagem pela mesma cotação da compra, já trocamos o suficiente para nossas despesas até que voltássemos para Joanesburgo (no fim sobrou até chegarmos em Cape Town). Dinheiro trocado, nos dirigimos então para o guichê da locadora de carros da companhia Budget.

Como dito, pela popularidade do aluguel de carros no país, a fila para retirar o carro é grande. A maioria do pessoal que desembarca no OR Tambo a primeira coisa que faz é se dirigir para as locadoras. Quando chegou nossa vez, já de cara nos deparamos com uma grande característica dos sul-africanos: o inglês com sotaque carregado. Acho que foi o país que visitamos que mais tivemos dificuldade de compreender o inglês de certas pessoas na rua, e isso que é a língua oficial do país (ou talvez exatamente por isso, já que o inglês deles foi se moldando ao longo dos anos à sua maneira de falar). Na verdade, o país conta com 11 línguas oficiais, além de outras tantas reconhecidas e, como ficamos sabendo mais tarde, o inglês é usado apenas como "língua comum", utilizada somente quando precisam se comunicar com alguém que não entende a mesma língua que a pessoa, praticamente os estrangeiros só (nota-se inclusive um certo desdém pelo inglês). Resumindo, tivemos bastante dificuldade de entender todas as instruções do atendente da locadora mas no fim deu tudo certo. Conseguimos inclusive escapar do golpe do GPS: o atendente informou que era 30 reais a mais o aluguel do GPS. Quando íamos fechar o valor, descobrimos que esse valor era por dia, e recusamos.

Outra característica que nos chamou atenção na prestação de serviços sul-africana é a confiança. Quando nos passou os documentos do carro, já nos foi avisado os locais onde o carro tinha pequenos arranhões e, depois na devolução não há uma inspeção minuciosa, tu simplesmente estaciona o carro na garagem e põe a chave numa caixa de devolução. Também só nos foi informado o local do carro e fomos sozinhos até a garagem, onde ficam todas as chaves nas respectivas ignições (o que no fim fez a gente demorar um pouquinho para achar o nosso hehehehe).

E aqui já vai uma dica: embora não seja necessária, e nem solicitada na hora de retirar o carro, é importantíssimo fazer e levar a permissão internacional para dirigir (PID) a fim de não correr o risco de alguma barreira policial te parar, pedir o documento e querer encrencar se você não a tiver (é um golpe bastante comum por aqui).
Dá pra fazer em qualquer DETRAN do Brasil, variando de estado para estado a forma de fazer e a taxa de emissão (no RS por exemplo, bastava na época somente pagar uma taxa de R$60,00).
Superadas as tarefas burocráticas de início de viagem, iriamos enfrentar então um dos maiores desafios dessa viagem: dirigir um carro na mão inglesa pela primeira vez.
Para quem não sabe, a África do Sul (por ter sido colônia inglesa), adota a mão inglesa no trânsito, ou seja, tanto o lugar do motorista quanto a faixa de trânsito são invertidas em relação a que temos aqui no Brasil.
O mais difícil não é nem trocar as marchas com a mão direita, e sim se orientar na faixa contrária do trânsito, com os cruzamentos invertidos (bem bizarro). Como a Juliana é motorista profissional, ela foi a que experimentou primeiro o desafio. Na infinidade de cruzamentos e viadutos da saída do aeroporto fomos se guiando somente pelas placas, já que nosso GPS off-line do maps.me ainda não havia carregado o mapa da cidade, mas foi tranquilo. Quando chegamos na auto estrada propriamente o GPS começou a funcionar e aí nos tranquilizamos e seguimos rumo à Neilspruit.
 
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Rindo, mas de nervosos

Mas porque Neilspruit se nosso objetivo em ir para o leste era visitar o Kruger Park? Os turistas mais experientes, chegando no horário que chegamos normalmente pegam o carro e fazem os 400 km que separam o aeroporto OR Tambo do Kruger Park em umas 3 horas (devido a excelente qualidade das estradas), chegando no parque ainda antes do horário do check in às 14 horas. Mas nós, sabendo dos nossos limites, tanto físicos quanto à questão de ter que se adaptar à mão inglesa, já prevíamos que iríamos chegar no parque lá pelo final da tarde e, embora o parque feche os portões às 17h, mesmo que chegássemos a tempo de pegar os portões abertos, iríamos "perder" um dia inteiro de parque e uma diária à toa, o que não é barato. Optamos então por pousar essa primeira noite em Neilspruit, umas das cidades bases de quem visita o Kruger e a que encontramos a hospedagem mais barata e, assim no outro dia sair bem cedo e aproveitar de bônus uma manhã inteira no parque. Inclusive, muitos viajantes fazem isso, não se hospedam dentro do parque e sim nas cidades ao redor, somente visitando-o durante o dia.

Voltando à estrada, como já havia comentado, as auto estradas sul-africanas são espetaculares! Muito bem asfaltadas, sinalizadas e com várias pistas largas. O limite de velocidade é 120 km/h que dá pra se alcançar sem nem perceber, até com o nosso carrinho alugado Hyundai 1.0.

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Espetaculares estradas sul-africanas

Também, a manutenção é ininterrupta. Cada mínima rachadura no asfalto que avistávamos no caminho já havia toda uma equipe de manutenção sempre numerosa a postos para consertar (o que acaba atrasando um pouco a viagem até hehehe).
 
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Qualquer buraquinho na pista já tem uma galera pra consertar

O problema é que conta com muitos e caros pedágios (chegamos a pagar o equivalente a 38 reais em um). Mas como o aluguel de carro e a gasolina é barata (na época estava na média de 13 Rands o litro, um pouco mais de 3 reais), nós brasileiros não podemos reclamar.

A paisagem é plana com muitos campos e poucas belezas naturais como árvores e rio. O que mais nos chamou a atenção são as muitas usinas termoelétricas no caminho, com aquelas chaminés típicas de usinas nucleares e muitos conjuntos habitacionais que foram construídos por Nelson Mandela durante seu mandato presidencial, aos moldes dos conjuntos habitacionais do minha casa minha vida aqui no Brasil (bem parecidas as construções inclusive).

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Muitas usinas termoelétricas e conjuntos habitacionais pelo caminho

Já com mais de duas horas de viagem, paramos para comer num paradouro na beira da estrada. O paradouro que parecia um mini shopping, nos revelou outra característica do país: a infestação de fast foods internacionais! Dificilmente se encontra algum restaurante ou lanchonete caseiro ou local, a não ser em nível bem rudimentar de bairro mesmo. A maioria ou é fast food ou é aqueles restaurantes gourmet (que acabam tendo preços em conta pra nós brasileiros). Sendo assim, comemos uma fatia de pizza numa lanchonete estilo domino´s de "almoço".

Depois de almoçados, seguimos viagem agora com a minha vez de experimentar a direção. Se com carros "normais" já não tenho muita habilidade para dirigir, com mão inglesa então... Toda hora batia a minha mão esquerda no vidro procurando a manopla de câmbio para trocar a marcha hahahaha. Seguindo a 80 km/h numa estrada que permite até 120, umas 3 horas depois chegamos finalmente em Neilspruit.

Neilspruit é a capital da província de Mpumalanga e foi uma das cidades sede da Copa do Mundo de 2010, tendo um estádio bem bonito construído apenas para a Copa (e que hoje está abandonado), com torres em formato de girafas e as cadeiras com cores lembrando zebras. Apesar de pouco conhecida, vale a pena visitar com calma para conferir algumas atrações turísticas ao seu redor como o Blyde River Canion e o Lowveld National Botanical Gardens. Além de servir de base para o Kruger Park.
A cidade tem um certo ar de interior misturado com cidade grande. Para quem é do RS, pode-se comparar com a cidade de Caxias por exemplo. Apesar de contar com ruas limpas e bem organizadas, conseguimos achar nossa pousada somente com a ajuda do GPS, já que ficava numa zona residencial bem "escondida" e chegamos já quase no final da tarde.

Com os ombros destroçados de tão tensos de dirigir do lado errado da estrada tantas horas, nem fizemos check in e já pedimos direto duas cervejas superfaturadas no bar do hostel para tomar.

Experimentamos de cara as duas cervejas mais populares do país: a Castle e a Black Label. Muito boas! Aliás, as cervejas e vinhos da África do Sul estão ainda hoje em 1º lugar no nosso ranking das bebidas que tomamos fora do Brasil.

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Castle, principal cerveja da África do Sul
 

A pousada que escolhemos foi a Old Vic Travellers Inn, essencialmente pelo preço, já que iriamos só passar a noite mesmo. No entanto, essa pousada fica numa área com bastante verde, aos fundos da reserva natural de Neilspruit, com casas de madeira de vários andares que permitem uma vista privilegiada de toda a natureza da região e com bastante áreas comuns externas super agradáveis para se reunir, fazer um churrasco ou tomar uma coisinha em volta da fogueira à noite. Lugar perfeito para se relaxar por uns vários dias.

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Pousada Old Vic Travellers Inn

E a pousada é mais voltada para relaxar mesmo, não tendo nenhuma pretensão de ser um hostel, contando somente com um quarto compartilhado, que foi o que nós ficamos. Pegamos nossos latões então (lá na África do Sul os latões vem com 500 ml) e sentamos numas espreguiçadeiras na varanda com vista para a área verde para desestressar da viagem de carro.
 
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Descansando um pouquinho

Feito o check in na pousada, perguntamos para o dono, Dave, um australiano (ou neo zelândes, não lembro) apaixonado por safáris, o que se percebe pelas milhares de fotos dele espalhados pelo local, se havia algum mercado próximo onde pudéssemos comprar nossa janta. Mostrando conhecer o Brasil, ele nos explicou que, diferente do nosso país, na África do Sul não existem mercadinhos de bairro a cada esquina. Na mesma linha dos restaurantes e lanchonetes no país, este nicho é dominado quase que exclusivamente por grandes franquias de supermercados (e são gigantes mesmo os supermercados na África do Sul) sendo estes as mega franquias SPAR, Checkers, Choppies, Pic n Pay (este o mais "popular"), entre outros. Além disso, lá tudo fecha muito cedo, em média 17h da tarde a maioria do comércio já encerrou suas atividades. Pensávamos que isso acontecia somente ali por se tratar de uma cidade do interior mas depois descobriríamos que é dessa forma em todo o país, inclusive em cidades grandes como Joanesburgo e Cape Town.

Sabendo já que não teríamos janta, fomos conhecer o resto das áreas da pousada. Descendo a parte de trás da casa principal, mais área verde e, inclusive, descobrimos um "mini-zoológico" por ali com algumas aves, tartarugas, coelhos e vários filhotes de avestruzes, além de um lagarto gigantesco!

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"Mini zoo" dentro da área da pousada

Também tinha uma piscina bem bonita e convidativa, com algumas fontes na borda e numa área bem privativa. Só que, como fica no meio das árvores, não batia sol, fazendo a água ser muito gelada ainda mais já no começo de noite. Mesmo assim, a Juju encarou o mergulho (já que estávamos pagando né hehehe).
 
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Piscininha show de bola!

Apesar dos vários recantos agradáveis na área externa, mal caiu a noite e a pousada parecia ter virado uma casa fantasma (pra quem tá acostumado com hostels né... estranha), inclusive com as luzes do pátio todas apagadas. Sem nada pra fazer e com o frio que fazia à noite, comemos umas barrinhas de cereais que trouxemos na mochila só pra não dizer que fomos dormir de barriga vazia e nos recolhemos, a ideia era acordar bem cedo para seguir rumo ao Kruger Park!

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Nosso Quarto

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ÁFRICA DO SUL 2º Dia - Kruger Park! (15/11/2017)

 
O Parque Nacional Kruger é a maior reserva de animais da África do Sul e um dos maiores santuários da fauna selvagem do mundo. Com cerca de 20.000 quilômetros quadrados, é uma área realmente gigantesca, do tamanho de países como Israel e Eslovênia, contando com 350 km de norte a sul e 60km de leste a oeste. Se localiza no nordeste do país, na fronteira com Moçambique e Zimbabwe onde, juntamente com os parques do Limpopo e Gonarezhou, que ficam nestes outros dois países, formam o gigantesco parque transfonteiriço do Grande Limpopo.
 

Nomeado em homenagem ao presidente do país entre 1883 a 1900, Paul Kruger, ele é considerado um dos melhores lugares do mundo para se realizar a prática de safári pois conta com uma infinidade de animais selvagens e entre eles os cinco grandes da África, popularmente conhecidos como "Big Five": Leão, Búfalo, Elefante, Leopardo e Rinoceronte.

Outra expressão bem conhecida neste meio dos safaris é a "game", que seria meio que uma referência aos animais avistados durante o safari. O "game drive" seria tipo a atividade de dirigir e ir "caçando" os animais no parque. Para os amantes e praticantes do "game drive", visualizar os big five durante a passagem pelo parque é o objetivo maior sempre, como se a visita não ficasse completa sem este momento.

Dito isso, ir na África do Sul e não conhecer o Kruger é como ir no Rio de Janeiro uma única vez e não conhecer o Cristo. Parada obrigatória no país, nosso objetivo era chegar bem cedo lá, junto com a abertura dos portões, próximo das 6h da manhã. Aproveitar a manhã inteira antes do check in às 14h na nossa acomodação para explorar o parque e sem pagar nenhuma taxa a mais!

O parque funciona da seguinte forma: se paga uma taxa diária de conservação. Porém, para quem pernoita dentro do parque, a taxa é calculada pelo número de diárias que a pessoa pagou, ou seja, se a pessoa ficou apenas uma noite no parque, pagará apenas um dia de taxa de preservação, podendo entrar no parque no primeiro dia a partir das 6h da manhã e, no outro dia fazer check out e ficar dentro do parque passeando até às 17h da tarde.

Nós por exemplo, reservamos 2 noites no parque, com check in no dia 15 e saída no dia 17, pagando somente duas diárias de taxa de preservação (que na época custava 328 Rands, aproximadamente 82 reais por dia e por pessoa) mas podendo ficar dentro do parque todos os 3 dias inteiros (15, 16 e 17).

O Kruger Park é administrado por uma empresa pública nacional de preservação ambiental, denominada South African Parks, ou Sanparks. Além do Kruger esta empresa é responsável pela administração de outras dezenas de parques e áreas de preservação do país, entre estes a Table Mountain, Cape Agulhas e os parques ao longo da Garden Route, só pra citar os que conhecemos nessa viagem. E pode se dizer que fazem um excelente trabalho (pro delírio dos neoliberais fanáticos por privatizações). Todos os locais que visitamos sob a administração do San Parks eram muito organizados, limpos e com um atendimento impecável. Inclusive compramos o ingresso para o parque e as acomodações no próprio site oficial do Sanparks, pagando no cartão de crédito, de forma muito prática e fácil pra quem sabe um pouquinho de inglês. E o melhor, sem nenhuma taxa a mais que alguma outra agência poderia cobrar (só o IOF desgraçado do cartão de crédito, mas daí não tem como fugir). E comprar o ingresso e acomodação com antecedência de meses é extremamente necessário, visto se tratar de um dos mais famosos parques do mundo e em praticamente todo o ano ser alta temporada por lá.

Talvez isso também (ser administrado por uma empresa pública) faça do Kruger o destino de safari mais "democrático" de todo o continente, com acomodações com preços para todos os gostos, bem diferente da grande maioria dos safaris pela África, que são inacessíveis para viajantes de baixo orçamento.

O Kruger conta desde com acampamentos simples a acomodações de luxo (os chamados "lodges"), espalhados por diversos cantos do parque. Uns bem distante uns dos outros podendo chegar a mais de duas horas de distância de carro. Entre estes, o mais conhecido e popular é o Skukuza Restcamp, bem próximo ao portão Kruger Gate e um dos poucos que além das acomodações tradicionais possui espaço para armar a própria barraca. Também é um dos únicos que possuem posto de gasolina, restaurante, supermercado e duas piscinas!

E foi justamente este que escolhemos para passar duas noites no parque, principalmente pela questão logística de possuir um supermercado dentro do acampamento, essencial para "viajantes econômicos" como nós. Além disso, dizem que o Skukuza se localiza num ponto privilegiado do parque, onde mais fácil seria de avistar animais selvagens, incluindo os Big Five.

Dentro do Skukuza, como não tínhamos como levar barraca e equipamentos de camping nas nossas mochilinhas, optamos pela segunda opção de hospedagem mais em conta que são as "Safari Tents", tendas tipo aquelas de exército montadas com cama e até frigobar! Mas o local para fazer comida e banheiros é coletivo, juntamente com quem fica acampado de barraca. A outra opção de menor valor depois dessa são os bungalows: simpáticas cabaninhas em formato de cone com espaço próprio para cozinhar e banheiro, mas daí pelo dobro do preço das Safari Tents. Reservamos também para este primeiro dia um safari guiado no por-do-sol: o "sunset game drive", para ver como é a experiência de fazer um safari "profissional", naqueles carros 4x4 abertos e altos. Estes passeios variam de acampamento para acampamento, sendo os do Skukuza normalmente os mais em conta.

Voltando então ao nosso dia, até que acordamos cedo para ir em direção ao parque, o problema é que a única staff do hostel estava atendendo um pessoal e tivemos que aguardar, tomando um chá de banco. O bom é que deu pra desbravar mais um pouco a pousada, algumas outras áreas comuns bem legais.

 
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Aproveitando o chá de banco para aproveitar mais um pouco a pousada

Depois de meia hora e feito o check out, fomos então em busca do supermercado mais próximo no GPS para comprar algumas coisas para comer. Como dito anteriormente, na África do Sul todos os supermercados são enormes, e ficamos impressionados com o tamanho e a variedade de produtos do Pic n Pay que entramos.
 
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Supermercados na África do Sul são gigantes!

Outra coisa que nos chamou a atenção é que, tirando vinhos, nenhum supermercado vende bebidas alcóolicas. Todas as bebidas são vendidas sempre em uma loja à parte, que fica normalmente em frente ao até dentro do supermercado, as "Liquor Stores", uma coisa bem americanizada do país.
Como é proibido levar comida e bebida pra dentro parque (e eles revistam o carro mesmo, inclusive porta malas), nos concentramos em comprar alguma coisa para fazer nosso café da manhã. Compramos então uns sanduíches e uns iogurtes e fizemos nosso desjejum sentados na calçada do estacionamento do supermercado mesmo. Enchemos o tanque do carro para não correr o risco de que lá dentro a gasolina fosse muito mais cara do que na estrada e seguimos viagem.
 
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Próximo ao Kruger, a paisagem vai ficando mais bonita

De Neilspruit, 67 km depois, chegamos ao portão mais próximo do Kruger Park, o Malelane Gate. É no próprio portão que fazem a revista no carro e já se "acerta" toda a questão da entrada no parque e a hospedagem, inclusive o check in no acampamento, restando somente lá na recepção do Skukuza retirar a chave da cabana. Tudo muito prático e organizado.
 
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Portão de entrada Malelane Gate

A partir dali, atravessando o "Krokodile River" (que infelizmente estava bem seco nesta época e não conseguimos ver nenhum crocodilo), começa então o safári no Kruger Park! Aqueles cenários típicos de savana quando se pensa em um safári na África, mas infinitamente mais espetacular do que se assistindo no National Geographic hehehehe.
 
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Krokodile River

A partir dali também, a velocidade máxima permitida é de 50km/h, obviamente para que não ocorra nenhum acidente com os animais. E essa velocidade é bem controlada mesmo, já que o parque conta com sensores de velocidade em cada canto, alguns muitos bem camuflados no meio dos arbustos, quase imperceptíveis. Tomar uma multa por lá é bem comum, tem que se cuidar bastante. Com isso também, cobrir grandes distâncias dentro do parque num único dia fica totalmente inviável. Para se ter uma ideia, deste portão que fica no extremo sul do parque até o Skukuza, que fica só um pouco mais ao norte, são duas horas de distância nessa velocidade. Percorrer todo o parque então, deve levar no mínimo um mês de visita. As estradas principais dentro do Kruger são todas asfaltadas, e as secundárias são estradas de terra, mas super tranquilas para rodar com um carrinho 1.0.
E se tínhamos algum receio de que fosse muito difícil enxergar algum animal dentro do parque, uns poucos metros rodados, esse receio já foi por água abaixo. Confesso que, tirando na infância, naquela fase que toda criança tem de ficar fascinada por animais, nunca foi um "sonho" meu fazer um safari, mas quando tu avista o primeiro animal selvagem solto andando do lado do carro, no seu habitat natural, é uma coisa inesquecível, não tem como não se emocionar! E os primeiros que vimos, cruzando nosso caminho foram justamente os elefantes, um dos mais simpáticos dos Big Five.
 
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Família de elefantes na entrada do parque

No começo e, inexperientes que somos, os 50km/h do limite máximo ficam longe de serem alcançados, já que se roda bem devagarinho para curtir bem o passeio, e toda hora qualquer balanço num galho ou pedra um pouco mais diferente já parávamos para ver se era algum animal. O segundo bicho que vimos foram os impalas, o que mais tarde saberíamos que é o animal que mais se enxerga no parque, chega uma hora até que perde a graça hehehe.
 
 
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Impalas estão por toda parte!

É certo que há um animal por perto quando se avista vários carros parados num mesmo local. É certeza que foi visualizado algum animal por ali. Ainda mais se um dos carros é um dos 4x4 que realizam os game drives do próprio parque, já que eles são especialistas em avistar os animais.
Seguindo mais adiante, a primeira parada "forçada" (algo que acontece com frequência): uma manada de elefantes atravessando a pista, inclusive com uns bebezinhos muito bonitinhos. Passaram no meio dos carros que estavam parados em frente, bem tranquilões.
 
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Família elefante atravessando!

Mais adiante, vimos uma hiena tomando banho num açude artificial e, bem no meu lado do carro, um leopardo, bem na beirinha da estrada! Só que esse infelizmente se assustou antes que eu conseguisse avisar a Juju, subiu numa árvore e não consegui mais vê-lo.
 
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Hiena bem bela tomando um banhinho

Chegando perto do acampamento, avistamos uma das áreas em que é permitido descer do carro (por sua conta e risco é claro), em cima de uma pequena colina, e fomos conferir. Esse paradouro possui uma vista fantástica do parque, com vários pássaros e também permite visualizar de longe mais alguns vários animais. Como é bem próximo do Skukuza, ficamos de voltar lá no outro dia para acompanhar o nascer do sol.
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Paradouro em cima de uma colina onde é permitido descer do carro

Além deste paradouro, existem alguns "Picnic sites", espalhados pelo parque fora dos acampamentos: locais onde é permitido descer do carro e contam com uma estrutura como mesas para lanchar e banheiros. Quão seguros eles são não sei dizer, pois não possuem cercas nem nada que os separe dos animais.
Mais uns quilômetros adiante, chegamos finalmente no Skukuza, eufóricos pelo passeio e ansiosos para conhecer a área de camping. Somente essa manhã rodando no parque já valeu muito a pena! Realmente um safári no Kruger é uma experiência inesquecível que todos deveriam experimentar.
 
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Entrada do Skukuza

Chegando no camping, estacionamos o carro no estacionamento da recepção e fomos verificar no suntuoso prédio da recepção se de repente já poderíamos pegar a chave da nossa cabana antes do horário do check in.
 
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Prédio da recepção do Skukuza Camp (dizem que esses três velhos brancos colonizadores são os fundadores do Kruger)

Como não nos deixaram, sob a alegação que ainda estavam limpando e arrumando a cabana, fomos dar uma volta a pé dentro do camping, que é bem grande e muito bem estruturado, sendo ele uma atração por si só, com vários caminhos só para pedestres muito bem sinalizados. Além de ruas para todos os cantos, todas asfaltadas.
 
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Toda a área do camping é muito bem estruturada

Fomos caminhando em direção a área onde fica o restaurante, a lanchonete e o supermercado, todos próximos uns dos outros mas a uma boa pernada da entrada. Primeiro fomos dar uma conferida no mais importante: o supermercado. Havíamos lido que os preços do supermercado dentro do Kruger eram os mesmos dos supermercados regulares do país, mas nós achamos tudo muito mais caro que o supermercado que havíamos visitado em Neilspruit no começo do dia. Depois nós descobrimos que os preços do Kruger são "normais" sim, Neilspruit é que é uma cidade bem mais barata que o resto do país. O supermercado dentro do Skukuza parece mais uma loja turística, metade dele vende só souvenires e a outra possui poucas opções de comida mesmo. Ah, e ao lado dele a Liquor Store vendendo bebidas alcóolicas (essas estavam com um preço bom).
Depois seguimos para a área onde fica o restaurante e a lanchonete. Estes ficam num lugar muito agradável, nas margens do Sabie River, com mesinhas e cadeiras na parte externa que dizem que dá pra lanchar e observar os vários animais que passam por ali para beber água (infelizmente não vimos nenhum).
 
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Restaurante e lanchonete fica bem nas margens do Sabie River

Como faltava ainda um tempinho para o check in, resolvemos almoçar por ali mesmo. O restaurante não tem preços muito amigáveis, mas a lanchonete que fica junto dá pra encarar. Experimentamos então os primeiros pratos típicos sul africanos. Eu comi um pap, a comida mais popular não só da África do Sul, mas de toda a África subsaariana (faz-se a comparação que o pap seria o arroz deles): uma massa batida de farinha de milho grossa, bem diferente das nossas, servido normalmente junto com um molho e um refogado de carne. Normalmente come-se ele com a mão, sendo ele utilizado como "colher", fazendo-se bolinhas de pap, molhando ele no molho e juntando uns pedaços de carne. Achei bem sem gosto de nada, mais para ajudar a estufar mesmo e dar aquela energia. Já a Juju pediu um cachorro quente de Boerewors, a linguiça típica dos brancos africâneres. Essa comida, como se percebe pelo nome, é herança dos bôeres, os colonizadores holandeses no país que hoje são conhecidos como os Africâneres, e é bem gostosa, feita com bastante carne dentro da linguiça.
Apesar de não passar nenhum animal para observarmos no rio durante o almoço, em compensação, tem sempre bastante companhia louca para roubar tua comida nas mesas na beira do rio: os macaquinhos!
 
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Tem que ficar muito esperto com a comida por aqui

Chegada às 14 horas, horário do check in, pegamos a chave na recepção e finalmente fomos conhecer nossa tenda onde passaríamos as próximas duas noites.
Nas fotos na internet já tínhamos achado as Safari Tents bem legais, mas ao vivo é ainda melhor, bem grande e com direito a geladeira equipada (com consumo cobrado à parte, é claro), ventilador, copos e amenidades para banho como shampoo e sabonete. Cabe até quatro pessoas mas o valor da hospedagem é para duas, tendo que pagar um extra por cada pessoa a mais. Pagamos na época 1.216 Rands o total para as duas noites.
 
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Safari Tents do Skukuza (na porta um aviso para não deixar comida do lado de fora por causa dos babuínos)

A área de camping onde fica a cabana, conta com cozinha e banheiros compartilhados muito limpos e organizados, com chuveiro excelente, embora digam que tenha sempre que se tomar cuidado para não topar com um macaco ou algum escorpião pelo banheiro (inclusive há avisos por todos os lados pedindo para tomar cuidado com os babuínos e outros animais, não deixar comida na parte externa, etc). Por ali também ficam vários trailers e motor homes acampados, alguns superequipados, com cara de que os donos devem ficar meses por lá (que inveja!).
Ah! Uma coisa muito importante que nós ainda não tínhamos comentado: O padrão das tomadas da África do Sul são diferentes de tudo que já se viu, não sendo compatível com nenhum adaptador universal. Sendo obrigatório comprar um adaptador enquanto estiver no país. Havíamos visto um adaptador bem baratinho no supermercado em Neilspruit mas não compramos achando que não iríamos precisar... Acabamos tendo que comprar um dentro do supermercado do Kruger, pelo triplo do preço.
 
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Bizarro padrão das tomadas sul africanas

Como o sunset game drive que havíamos marcado era somente às 16h30, fomos dar mais uma volta de carro pelo parque ver se avistávamos mais algum animal antes do passeio. Conseguimos avistar um grupo de zebras e uma simpática galinha d'angola atravessando a rua, bem legal!
 
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Zebras e a simpática galinha d'angola

Um pouco antes das 16h se dirigimos então à recepção onde era o ponto de encontro para fazer o passeio. Dentre os passeios oferecidos no Skukuza, os mais procurados são o sunset game drive e o morning walk. Este último é um passeio a pé que se faz no meio da savana bem cedo na manhã. Optamos por fazer o sunset game drive, primeiro para o caso de que sozinhos não conseguíssemos ver nenhum animal (o que é praticamente impossível), e segundo para ter a experiência de fazer um safari "de verdade", já que além do carro 4x4 aberto e alto, vamos junto com os guardas-florestais, conhecidos como "rangers", que são especialistas em avistar animais e ainda contam com rádio comunicador para se comunicarem entre eles, avisando os outros rangers caso avistem algum animal. Ah, eles andam também com um rifle, o que é bom caso algum leão ou elefante decida que somos seus inimigos hehehehe.
Também dizem que o melhor horário para se encontrar os animais é justamente no nascer do sol ou no pôr-do-sol, embora isso seja muito relativo. O certo é que, como os portões de todos os campings fecham às 18h30 e é proibido dirigir sozinho após esse horário visto que à noite a selva é muito perigosa, somente é possível ver o pôr-do-sol e um pouco da noite rodando no parque através dos passeios.
Chegado o 4x4, fomos logo subindo para sentar bem atrás no carro, achando que seria o melhor local para conseguir ver bem tudo, algo que depois se arrependemos pois é o lugar que mais sacoleja e, quase no fim do passeio quando começou uma chuvarada, foi o pior lugar para ficar.
 
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Começando o game drive

Junto com a gente, vários turistas, a maioria europeus, todos muito bem equipados com câmeras gigantes profissionais e binóculos idem, e nós só com nossa camerazinha do celular hehehe. Como já mencionado, com os rangers, é garantido que tu vai ver algum bicho, toda hora os diversos carros se comunicam entre si e indicam onde estão os animais, já de primeira paramos para deixar um cão selvagem africano passar. De selvagem aquele vira-lata não tinha nada, passou bem à vontade no meio dos carros e ainda depois, já na grama, ficou se exibindo todo pros turistas de barriga pra cima.
 
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Cão selvagem africano. Nas últimas fotos ele se roçando na grama, parece que querendo se exibir pros turistas

Logo mais já foi informado que havia leopardos tomando água no açude artificial onde na manhã tínhamos avistado a hiena tomando banho, então seguimos para lá e lá estavam os bichinhos, bem faceiros tomando água. Para não espantá-los, tivemos que ficar bem de longe observando.
 
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Leopardos bem de longe

O bom é que nossos colegas de passeio eram muito gente boa. Vendo que não tínhamos binóculos, vários vieram nos emprestar os seus para a gente olhar melhor, sem nem pedirmos nem nada!
 
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Leopardo de pertinho

Depois seguimos para um lago grande, na tentativa de avistar uns Hipopótamos e o por-do-sol. Ficamos lá um tempo e um pessoal disse que conseguiu ver alguns Hipopótamos bem de longe, mas como era muito afastado, até de binóculos, ficamos na dúvida se não eram na realidade umas pedras no meio do lago hehehe. Já o por-do-sol, o tempo começou a nublar e esse ficamos sem.
Chegando à noite, o carro começa a rodar no breu total. Para não afugentar os animais, não são ligados os faróis deixando uma atmosfera bem assustadora no meio daquela mata (muito legal).
 
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Rodando no puro breu

 
Apenas quando os rangers avistam os animais, daí sim ligam sua lanterna para que possamos enxergá-los. Do nada uma hora o carro parou e quando vê, uma família de rinocerontes! Em um dia no Kruger então já havíamos visto 3 dos big five! Pena que com nossa câmera, sem luz natural, as fotos ficam bastante prejudicadas.
 
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Tá difícil de enxergar mas são rinocerontes

Depois de avistar mais alguns animais, entre eles uma hiena bem simpática e já retornando em direção ao Skukuza, um dos momentos mais legais do passeio: uma girafa correndo na nossa frente no meio da estrada. No escuro, nem deu pra ver de onde ela saiu.
 
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Girafinha. Para mim um dos animais mais bonitos

Faltando ainda uma meia-hora para chegarmos, do nada então começou uma tempestade violenta que obrigou o nosso motora a encerrar o passeio um pouco antes (uns 10 minutos antes). Mesmo tendo baixado uma lona na parte de trás do carro que teoricamente nos protegeria da chuva, ainda assim entrava muita água no 4x4. Sentado na parte bem de trás ainda, peguei chuva nas costas o caminho inteiro. Com o frio que começou depois que baixou o sol e eu só de camisetinha todo ensopado, foi bem sofrido o trajeto. Chegou uma hora que pensei que ia ter uma hipotermia e já fiquei imaginando pegar um resfriado e estragar alguns dias de viagem. Fica aí a dica: levar sempre casaco para o game drive, de preferência impermeável. Quando chegamos ao acampamento, foi um alívio tremendo, só que, ao invés de ir correndo para nossa cabana se secar, como não tínhamos comprado nada para comer à noite, tivemos que correr para pegar o supermercado aberto, que não fica exatamente perto da recepção onde o carro nos deixou não. Mas conseguimos chegar no supermercado antes das 19h, horário em que ele fecha, comprar algo para comer a noite e umas cervejinhas claro hehe.
Agora sim, finalmente de volta à cabana, tomamos um banho quente nos ótimos banheiros do acampamento e já estávamos novinhos em folha. Como a chuva não deu trégua a noite toda, ficamos trancados dentro da nossa cabana até o outro dia.
Ah! Existem milhares de aplicativos para celular do Kruger Park, dos mais variados tipos e objetivos. Tem uns que tu marca pontos cada bicho que tu vê e pode competir com outros usuários inclusive. A gente baixou alguns e são bem bons, principalmente pelas várias informações e curiosidades dos animais e do parque, valem muito a pena, recomendamos!
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ÁFRICA DO SUL 3º Dia - Mais um dia no Kruger Park! (16/11/2017)

 

Com aquela chuvinha gostosa caindo a noite toda somada ao conforto absurdo das camas do nosso Safari Tent, a ideia de acordar de madrugada para ver o nascer do sol no parque foi pro saco. Até porque os portões do camping só abrem depois que o sol já nasceu mesmo. De qualquer forma, felizmente o sol voltou a mil e, assim que acordamos, montamos uns sanduiches para fazer nosso desjejum no caminho e já pegamos a estrada curtir mais um dia de safari!

Antes de sairmos, demos uma passada na recepção do Skukuza, já que ali na parte de fora, ficam vários quadros que durante todo o dia o pessoal do parque fica marcando num mapa a localização onde encontrou determinados animais nos dias anteriores e no próprio dia. Como o preenchimento do quadro é "self service", não dá pra se guiar muito, mas ajuda mais ou menos para saber onde encontrar cada animal.
 
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Quadros na recepção do Skukuza onde tu pode marcar onde tu viu os animais. Cada cor equivalendo a uma espécie de cada.

Seguimos naquela manhã em busca do Leão, que era o pontinho vermelho ali no mapa. De longe o mais procurado por todos! Logo de cara próximo ao portão, a Juju avistou uma "bundinha" grande no mato. Paramos para olhar e era um Búfalo! Que animal magnífico! E agora só faltava o Leão para fecharmos os Big Five!
 
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Búfalo africano. Que animal incrível!

Seguimos depois para uma área mais afastada, de estrada de terra, seguindo o mapinha aquele da recepção, em busca do Leão. Neste caminho, encontramos um grupo grande de zebras e, entre elas, uma Girafa. Como os dois são "comida" de predadores carnívoros, é normal andarem juntas em bandos para se protegerem mutuamente (ou diminuir a probabilidade de serem devoradas).
 
 
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Zebras e uma Girafinha aproveitando a companhia

Por ali também avistamos pela primeira vez um Antílope! Outro animal bem interessante.
 
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Antílope no meio dos arbustos

Mais adiante então, nos deparamos com vários carros parados na beira da estrada, entre eles um 4x4 de game drive do parque, sinal que tinha algum animal por ali! Só que olhamos para o lado que eles estavam tudo virados e não vimos nada. Conseguimos perguntar para o ranger que estava no 4x4 e ele apontou para nós lá bem atrás de umas árvores, uma família de leões. Infelizmente, eles estavam bem longe e bem difícil de enxergar no meio da mata. O macho estava dormindo, então só se via o barrigão subindo e descendo da respiração do bichano. A fêmea é que de vez em quando dava uma caminhada e conseguíamos vê-la entre os galhos. Não sei se essa contou, mas se contou, fechamos então no segundo dia, os Big Five!
Vendo que os Leões não iam sair dali tão cedo, seguimos agora para o lago que havíamos ido no dia anterior durante o game drive, ver se conseguíamos agora ver algum crocodilo ou hipopótamo.
Como o clima estava espetacularmente agradável ali na beira do laguinho, com uma vista sensacional, aproveitamos para dar uma relaxada e fazer nosso café-da-manhã, esperando ver se aparecia algum bichano.
 
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Dando uma relaxada

Novamente estavam lá os dois "montes" no meio da água, o que ajudou a corroborar nossa tese de que se tratavam de duas pedras, e não hipopótamos, mas não conseguimos realmente descobrir. Deixamos aqui a foto para que vocês decidam por si mesmos:
 
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Serão hipopótamos ou pedras?

No fim não apareceu nenhum hipopótamo ou crocodilo, mas conseguimos ver vários pássaros bem bonitos por ali.
No fim da manhã, começamos a fazer o caminho de volta para o Skukuza. No caminho ainda nos deparamos com uma manada de elefantes. No começo vimos um passando, depois dois, três, e quando vimos tinham dezenas de elefantes atravessando a rodovia! Incluindo os fofíssimos filhotes elefantes.
 
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Manada de elefantes

Mas o mais engraçado é que tinha um macho que ficou para trás que estava furioso, gritava e quebrava os galhos das árvores enlouquecido, deu até um certo medo. Parecia que tinham deixado ele lá de castigo hehehehe.
 
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Elefante furioso que ficou para trás

Voltando ao acampamento, seguimos até o supermercado decidir o que iriamos comprar para almoçar. Como o clima estava muito agradável ao ar livre neste dia, tivemos então a melhor ideia possível: fazer um churrasco, ou melhor, um "braai"!
Para quem não sabe, os sul africanos são fissurados pelo braai, o churrasco deles. Não existe casa que não tenha uma churrasqueira ou encontro social em que não role um braai.
Tanto negros como brancos, ricos ou pobres, o braai é a comida (ou seria um evento?) número 1 disparado do país. A diferença do churrasco deles para o nosso aqui, pelo menos no Rio Grande do Sul, é que é sempre feito numa grelha ao invés de espetos, utiliza-se carnes magras que são sempre muito bem passadas, inclusive assadas no meio das labaredas ao invés de só com o calor do carvão, e os acompanhamentos são normalmente o pap e o "chakalaka", outro prato típico sul africano delicioso que irei comentar melhor daqui a alguns posts. Todas as acomodações no Kruger e os camp sites contam com uma churrasqueira já com grelha para o pessoal fazer o seu braai e, você percebe que a maioria dos visitantes do parque são estrangeiros porque você não vê quase ninguém fazendo um.
Decididos então, fomos conferir as carnes disponíveis no supermercado. Como já mencionei, não se encontra aqueles pedaços enormes de maminha ou vazio, são todas carnes magras, maioria em formato de bifes. Como não encontramos nada com um preço muito agradável em comparação à cara das carnes, compramos somente carne moída para fazer uns hambúrgueres, pão e umas linguiças boerewors (para fazer o tradicional "salchipão" gaúcho).
 
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Carne moída. A carne na África do Sul não é muito barata, mas hoje com certeza deve estar mais barata do que no Brasil.

Outro problema é que a cabana não fornecia talheres nem pratos, então tivemos que comprar, totalmente à contragosto, pelo menos um par de talheres descartáveis para nos auxiliar no braai.
Iniciando a função, apanhamos bastante para conseguir fazer o fogo. O carvão (pelo menos o vendido no Kruger) é um carvão vegetal bem diferentão, que vem em bolotas que não pegava fogo e nem soltava aquela fumaçeira toda a que estamos habituados. A Juju quase morreu de tanto soprar para pegar brasa mas depois de uns 30 minutos, deu certo! Em compensação, o carvão dura muito, tanto que quando chegamos à noite ainda tinha brasa (e conseguimos fazer mais um braai).
 
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Foi difícil mas saiu o fogo!

Feito o fogo, aproveitamos então nosso churrasquinho africano, aqueles momentos simples mas que entram para a história. Nem nos meus sonhos mais loucos eu imaginaria que um dia iria fazer um churrasco do outro lado do oceano!
 
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Grande churrasquinho!

Nos acompanhando no Braai, bonitos pássaros azulados, que ficavam bem à vontade ali no acampamento, chegando bem perto da gente sem medo. Fui pesquisar depois que espécie era e só encontrei o apelido: "pássaro azul-orelhudo".
 
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Pássaro "azul-orelhudo"

Depois do almoço, nos preparamos para dar mais uma volta de carro no parque. Antes porém, fomos só conferir rapidinho como era a piscina do Skukuza. A piscina é bem grande, dividida a parte das crianças e dos adultos, mas parecia meio abandonada. Na hora que fomos não havia ninguém por ali e, como o clima deu uma fechada e começou a esfriar, estava pouco convidativa. Acho que pelo jeito ninguém quer perder minutos preciosos de safari no Kruger Park dentro de uma piscina (a não ser que você tenha muito tempo sobrando para aproveitar). Em volta da piscina umas árvores muito interessantes cobertas com umas "bolotas" (seria uma fruta?) nos troncos e galhos, lembrando muito a jabuticaba aqui do Brasil. No fim não soubemos que fruta era, se é que é uma fruta.
 
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Piscina do Skukuza

Conhecida a piscina do camping, seguimos para mais um safari no Kruger, ou mais comumente chamado: "self game drive". Dessa vez seguimos para um caminho oposto ao da manhã, costeando o Sabie River em direção leste. Esse caminho é bem bonito, no meio de uma mata mais fechada e com alguns pequenos morros, de vez em quando cruzando o rio em pontes e com várias"saídas" em chão de terra em meio aos arbustos para observar os animais mais escondidos. Pena que nesta época a África do Sul estava passando por um período de seca, com o nível do rio bem baixo. Espantando um pouco os animais que normalmente o utilizam para beber água.
 
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Caminho costeando o Sabie River. Rio praticamente inexistente nessa época

Nesse caminho vimos só alguns animais pequenos, como um jabuti, um porco espinho muito engraçadinho e uma simpática família de passarinhos atravessando a estrada bem de boa. Ah, e também os impalas, mas esses estão por toda parte sempre!
 
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Tartaruga, Sonic, Impalas e uma família de passarinhos atravessando tranquilamente a estrada

Tivemos também por ali nosso primeiro momento "national geographic" da viagem: um urubu fazendo a festa com a carniça de um animal morto na beira da estrada. O problema é que quando chegamos mais perto, ele ficou com vergonha de comer na nossa frente e deu uma "disfarçada", voando para um galho de árvore próximo.
 
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Natureza selvagem

Seguimos até o paradouro "Nkuhlu Picnic Site" e, embora este estivesse passando por reformas, aproveitamos para esticar as pernas e usar o banheiro antes de começar a fazer o caminho de volta para o Skukuza. O tempo começou a nublar novamente e ficamos com medo de pegar chuva na estrada. Bem na saída do picnic site ainda, encontramos novamente os "temíveis" macaquinhos. Temíveis porque eles são os animais que mais gostam de "interagir" com os visitantes, seja subindo no carro, roubando alguma coisa se deixar uma frestinha de janela aberta ou jogando coco na gente (uns amores), sendo assim, é melhor encontrar um leão na tua frente do que estes bichinhos (dentro do carro, óbvio). Mas estes, pra nossa sorte, estavam preocupados com alguma outra coisa na mata e nem nos deram bola.
 
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Os temidos macaquinhos

Com o tempo nublado, novamente perdemos o por-do-sol na savana, e como seria nossa última noite no Kruger, ficamos sem esse momento. De volta a nossa cabana, vimos que a churrasqueira ainda estava quente, e não é que demos uma soprada para reativar a chama e o carvão que tinha sobrado pegou brasa de novo? Vendo também que as nuvens se dissiparam e não havia sinal de chuva, novamente saímos correndo para pegar o supermercado aberto, compramos uma linguiça e umas cervejas e fizemos mais um braai para a janta!
 
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Mais um churrasquinho à noite
 
Com o tempo abrindo, antes de ir dormir ainda pudemos acompanhar à noite um céu estupidamente estrelado no acampamento, coisa mais linda.

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ÁFRICA DO SUL 4º DIA - Primeiras impressões de Johanesburgo (17/11/2017)

 

Dia de se despedir do Kruger Park. Diferentemente do dia anterior, este conseguimos acordar bem cedo para ver o sol nascer rodando no parque. Sol nascer mais ou menos, porque os portões do camping nessa época só abriam às 6h, depois que os primeiros raios de sol já tinham aparecido. Mesmo assim, deu pra pegar um visual bem legal na savana com alguns animais já na ativa.

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Amanhecer no Kruger Park

Subimos então até o morro aquele que passamos no primeiro dia, aonde é permitido descer do carro, e pegamos um visual muito bonito com os raios de sol ainda tímidos iluminando a selva.
 
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Mais amanhecer no Kruger Park

Como o check out da acomodação é bem cedo (10 horas), voltamos para a nossa tenda para dar uma descansada, arrumar nossas coisas, fazer o check out e aí já liberados, ficar rodando mais um tempo dentro do parque. Na hora do check out, mais uma amostra da confiança sul-africana: na recepção tinha uma caixa escrito "check out keys" ou algo assim, onde tu só jogava a chave ali e deu, tá feito o check out. Nada de passarem para fiscalizar o quarto para ver se tu tinha levado algum talher ou consumido algo do frigobar, deixando na mão dos hóspedes (e na consciência destes) fazer esses acertos finais no caixa antes de ir embora.
Depois do check out, ficamos mais um bom tempo dentro do parque fazendo mais um self game drive avistando diversos animais pelo caminho como zebras, pássaros e, se no dia anterior tínhamos avistado apenas "um" búfalo, dessa vez topamos com um grupo deles. Muito impressionantes!
 
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Família de búfalos!

Encontramos também pela primeira vez outro animal que é bastante mal falado, por ser considerado agressivo: um babuíno. E esse era bem "antipático" mesmo, depois que nos viu ficou nos encarando na beira da estrada escondido atrás de uma moita.
 
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Babuíno "mal-encarado"

E pelo terceiro dia consecutivo, tivemos mais uma parada forçada para deixar os elefantes passarem em bando. E novamente havia um elefante que tinha ficado para trás e estava quebrando tudo, porém, esse acho que não estava brabo, só com fome destroçando (e põe destroçando nisso) os galhos de umas árvores para comer as folhas.
 
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Mais elefantes atravessando a estrada. Bem acima, um que "destroçava" as árvores com raiva (ou fome)

E foi "escoltando" os elefantes que, saudosos, nos despedimos do Kruger Park rumando em direção à Johanesburgo, já pensando no dia que voltaremos para esse lugar incrível que acabou nos surpreendendo para quem sabe curtir mais Braais e ver novamente os "Big Five".
Eu confesso que achava que não era tudo isso ficar dirigindo e vendo os coitados dos bichinhos que só querem ficar na deles em paz. Mas, realmente, fazer um safari no Kruger é uma coisa inesquecível, aquelas coisas que todos deveriam fazer pelo menos uma vez na vida. E mesmo que não seja das coisas mais baratas ficar dentro do Kruger Park (pelo menos para nós que estamos acostumados a ficar em hostels baratos), vale muito a pena reservar pelo menos uns 5 dias lá dentro acampando, fazendo tudo com calma e fazer alguns passeios pagos também com os rangers do parque. Tem gente inclusive que só fica lá pelo acampamento, curtindo um churrasquinho e uma piscina, nem roda com o carro pelo parque para ver os animais.
 
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Belas paisagens do Kruger

Para fazer um caminho diferente na volta para Johanesburgo e aproveitar para conhecer outras partes do país, resolvemos sair do parque pelo portão Phabeni Gate, passando pela cidade de Hazyview, outra cidade bastante utilizada como base para se visitar o Kruger, seguindo pela rodovia R538 em direção sul até Neilspruit. A distância de Neilspruit para este portão é a mesma que o portão que utilizamos para entrar (o Malelane) então não fez diferença no tempo de viagem, no entanto, este caminho conta com paisagens um pouco mais bonitas, com alguns morros imponentes, mas nada muito imperdível.

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Paisagens da estrada

Já chegando em Neilspruit, acabamos pegando uma saída diferente, o que foi legal porque conseguimos ver (mesmo que de longe) da beira da estrada, o bonito Mbombela Stadium, estádio construído para a Copa do Mundo de 2010 com torres com formato imitando girafas.

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Mbombela Stadium

Aliás, já tínhamos visto na cidade diversas vezes o nome "Mbombela" (mbombela shopping, mbombela taxi rank, mbombela public library) e ficávamos se perguntando: "quem foi mbombela". Só depois (pesquisando no google) descobrimos que Mbombela na verdade é o antigo nome da cidade de Neilstpuit, sendo ainda hoje reconhecida por este nome por muitos moradores.

Seguindo viagem então, a volta, assim como a ida, foi bem cansativa, ainda mais que agora já estávamos rodando a bem mais tempo dentro do parque.
Já passava das 4 horas da tarde quando pegamos um grande engarrafamento devido à consertos na rodovia (como eu disse, eles estão sempre consertando) e começamos a ficar com medo de que não conseguíssemos chegar no horário estipulado para a devolução do carro no aeroporto, marcado para as 19h. No fim deu tudo certo, chegamos no aeroporto um pouco depois das 17h, totalizando mais ou menos 6h de viagem desde a saída do portão no Kruger, só parando para almoçar rapidamente num supermercado Checkers no caminho, umas comidas prontas que vendem no mercado. Na chegada, o próprio GPS do maps.me indica certinho o caminho para a garagem de devolução dos carros da locadora budget dentro do aeroporto, o que não foi o suficiente para que nós não nos confundíssemos um pouco na hora por causa da mão inglesa e as conversões tudo invertidas hehehe, fazendo com que errássemos a entrada e tivéssemos que dar umas voltas a mais para finalmente chegar na garagem para devolver o carro.
Semelhante ao check-out do Skukuza, para devolver o carro também não é necessário conversar com ninguém e nem fazer nenhum procedimento burocrático, basta estacionar o carro na garagem, entregar a chave num armário de chaves e acabou o aluguel, no outro dia já havia sido estornada a caução que fazem no cartão de crédito (para quem não sabe, sempre ao alugar um carro, a locadora faz uma reserva de um saldo no seu cartão de crédito, para cobrir eventuais danos ao carro).
De volta novamente ao aeroporto OR Tambo, tínhamos agora que arranjar um jeito de chegar no nosso hostel. Como já comentado diversas vezes, o transporte público na África do Sul é bem precário. Em Johanesburgo então, a cadeia de transporte público é dominado por vans "particulares", que lá eles chamam de "táxis", milhares delas que lotam as ruas da cidade e que fazem os trajetos mais bisonhos possíveis, de acordo com a vontade dos donos e sem nenhum compromisso com horários. Inclusive há toda uma máfia das vans, que acaba sendo um dos maiores problemas da segurança pública da cidade. Enquanto no Brasil temos as guerras entre traficantes por pontos de drogas, em Johanesburgo ocorrem com frequência guerras entre donos de vans rivais em busca de pontos, contribuindo para a alta taxa de homicídios da cidade. Dito isso, é bem complicado para um turista utilizar essas vans, não só pelos riscos inerentes, mas porque há todo um sistema complexo de rotas e toda uma linguagem de sinais que se faz com as mãos para chamar uma van na rua e indicar onde você quer ir que somente quem mora a muito tempo lá domina (sério mesmo, dependendo do gesto que você faz para chamar a van na rua com a mão, indica para onde ela vai te levar: um dedo você vai para tal lugar, dois dedos outro lugar, bem louco!). Também há o trem suburbano, que alcança alguns bairros mais afastados, o metrorail, mas este todos os sul africanos, blogs de viagem, site de turismo de Johanesburgo e etc, alertam reiteradamente que NÃO deve ser utilizado por turistas, especialmente brancos. Há um alto índice de assaltos nestes trens e uma regra velada de que brancos não o utilizam, um dos muitos resquícios do Apartheid, pois os trens levam somente para os bairros negros da cidade e foram feitos na época apenas para os trabalhadores não brancos. Para se ter uma ideia, até o Seat61, o principal site com informações e dicas sobre trens de todo o mundo, recomenda que turistas não peguem de forma alguma os trens suburbanos de Johanesburgo. Para ter mais uma noção ainda, procurando informação por trens ou metrôs em Johanesburgo na internet, simplesmente é ignorado que estes trens existem! Você só encontra informações sobre o Gautrain, trem ligeiro que foi construído para a Copa de 2010 e que faz um trajeto somente do aeroporto até os bairros ricos e de maioria branca do norte, Sandton e Rosebank e tido como o principal meio de transporte para o aeroporto. Para a copa do mundo também, foi implantado um sistema de ônibus tipo BRT na cidade, o Rea Vaya, esse sim um transporte confiável, porém, não engloba (pelo menos na época) toda a cidade e é necessário fazer um cartão para utilizá-lo, que na época lembro que era bem caro e feito em poucos lugares. Também conta com poucas linhas e horários, sendo o último normalmente às 20h (coisa comum na África do Sul, tudo encerra cedo).
Este breve relato sobre como funciona o transporte público em Johanesburgo foi para mostrar o quão difícil e quanta pesquisa tivemos que fazer para planejar nossos deslocamentos pela cidade. Nessas, descobrimos então que existe um ônibus da companhia "metrobus" ao valor de 20 Rands, que levava do aeroporto até a Gandhi Square, praça nomeada em homenagem à Gandhi que ficava próxima do nosso hostel, e o plano A então era pegar esse ônibus. No entanto, podre de cansados da viagem de carro e meio sem saber onde que se pegava esse ônibus no aeroporto e se neste horário ainda iria passar algum, apelamos então pro UBER. O UBER na África do Sul funciona muito bem e é muito barato e seguro. Na época ainda era uma novidade no país e, assim como ocorreu bem no início aqui no Brasil, não era muito bem visto pelos taxistas. Um taxista inclusive, vendo que estávamos no celular com o aplicativo aberto veio querer nos tirar satisfação e tivemos que despistá-lo. Na época também o local de embarque dos UBERs no aeroporto ficava no segundo andar numa saída em frente a uma lancheria, bem meio que "escondido", tendo que o motorista nos enviar o local exato pelo chat do aplicativo. Embarcados no UBER, agora sim iríamos começar a conhecer Johanesburgo.
Johanesburgo, também conhecida como Joburg ou Jozi pelos mais íntimos, é a 6ª maior cidade do continente africano. Se levar em conta sua região metropolitana, é a primeira. É um dos centros urbanos, econômicos e culturais mais importantes da África e conta com o maior aeroporto da África subsaariana, sendo o principal hub do continente. Por isso, muitos inclusive sempre pensam que Johanesburgo é a capital da África do Sul, mas não. Algo semelhante ao que acontece com Sidney na Austrália, onde quase ninguém sabe que a capital na verdade é Canberra (ou no próprio Brasil também).
Infelizmente também é considerada a cidade mais perigosa em questão de criminalidade urbana do continente e, embora para nós brasileiros os números da violência não sejam nada muito diferentes dos daqui, para os turistas a coisa é diferente por serem os principais alvos de roubos e assaltos, inclusive possuindo regiões em que há altas recomendações para que turistas não transitem sozinhos.
A primeira vista, Joburg é uma cidade enigmática, aquelas que te convidam a conhecer por seus próprios olhos para tirar suas próprias conclusões. Embora em todo o país o Apartheid esteja ainda presente e seja sentido na pele, existindo cidades de maioria negra e cidades de maioria branca onde você não vê famílias ou grupos de amigos "misturados", em Johanesburgo acredito que seja aonde mais se sinta em um só lugar a herança desse regime maldito. Dependendo de cada região da cidade onde se está, é um mundo completamente diferente.
Dito isso, foi um dos lugares mais difíceis também de escolher onde iríamos se hospedar. Todos os blogs e guias de viagens do país, indicam sempre os bairros de Sandton e Rosebank como únicas opções possíveis, bairros ricos e seguros e os únicos que possuem conexão com o aeroporto pelo Gautrain, considerado também por muitos blogs como "a única forma de sair do aeroporto de Johanesburgo" (bairros que não nos deram vontade nenhuma de conhecer). Há também o bairro "Braamfontein", bairro próximo ao centro que possui bastante comércio, alguma vida noturna e que vem passando por diversas modernizações ao longo dos anos, e também o "Maboneng", queridinho da cidade, região do centro que antigamente contava com muitas fábricas abandonadas e que havia se tornado uma espécie de "cracolândia" e que agora passa por um processo de gentrificação, sendo o novo reduto "hipster" de Jozi. Mas como iríamos ficar somente duas noites na cidade, queríamos ficar num ponto que facilitasse nossos deslocamentos, sendo assim, escolhemos um hostel bem no centro de Johanesburgo, na "temível" CBD.
O bairro CBD (Central Business District), o equivalente ao "centrão" de Joburg, já foi a principal região econômica da cidade. No entanto, logo após o fim do Apartheid em 1994, os negros que haviam sido proibidos de morar nesse bairro e nos bairros adjacentes e removidos para a periferia, começaram a retornar e ocupar a região. Muitos brancos donos de escritórios no centro, horrorizados com os novos vizinhos, além de grandes empresas simpatizantes do regime, querendo boicotar o governo como resposta à abolição, abandonaram esses bairros e se mudaram para os bairros ricos do norte como Sandton e Rosebank.
Sem uma política pública efetiva de reestruturação, a reocupação da CBD ocorreu de forma desordenada, com o esvaziamento de prédios e fábricas inteiras extinguindo as fontes de renda da região, o que desencadeou uma onda de criminalidade e violência, com rotineiros assaltos à mão armada e briga de gangues, fazendo dela uma das regiões mais perigosas do país.
Olhando suas ruas no google maps, não vemos nada de amedrontador ou diferente de qualquer centro urbano de cidades grandes, com muito comércio e trânsito de carros e pessoas (inclusive aparentemente melhor que diversas cidades brasileiras).
 
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Ruas da CBD com sua característica infinidade de vans

Realmente, nos últimos anos o centro de Johanesburgo vem se reestruturando através de iniciativas pontuais e já não é mais um "lugar esquecido por deus", mas ainda é considerado um dos lugares mais perigosos para transitar na cidade e altamente recomendado que turistas não passem por lá. Muitos moradores de Johanesburgo inclusive passam a vida toda sem conhecer o centro, o que para nós é muito estranho imagina, uma pessoa não conhecer o centro de sua própria cidade? Em Johanesburgo estranhamente a periferia é mais segura do que o centro da cidade.
Mesmo com todas essas informações desencorajadoras, resolvemos encarar, pois afinal encontramos um hostel no booking bem no coração da CBD, o Urban Zulu Backpackers que possuía boas avaliações. Ficamos entre esse e o Once n Joburg, que fica em Braamfontein, mas no fim optamos pelo Urban por ser mais barato e pela localização estratégica para nossas locomoções (o que no fim não fez diferença), se situando a uma distância a pé da Gandhi Square (onde havia o ônibus direto para o aeroporto) e da Park Station, onde pegaríamos dias depois nosso trem para Cape Town.
Voltando ao UBER do aeroporto. No caminho já deu para perceber os "contrastes" da cidade: passamos por região revitalizadas e estilosas como o Maboneng e, dobrando a esquina, várias "cracolândias". Quando descemos em frente ao hostel, vendo dois brancos com mochilas, o pessoal do staff do hostel já saiu correndo nos apressando para que entrássemos no hostel de uma vez (que clima hein?).
Este foi um dos hostels com os atendentes mais legais e atenciosos que já ficamos, pessoal fazia questão de nos ajudar o tempo todo sempre com muita boa vontade. Assim que finalizamos o check in, fizeram questão de fazer um tour pelo hostel todo e já nos convidaram para a "festa" com braai que iriam fazer na noite seguinte. O hostel era bem bom, apesar de um prédio velho com um ar lúgubre, ficamos num quarto privativo bem confortável (com os móveis bem velhos e janela emperrada, é verdade) e os banheiros compartilhados eram enormes, com água quente bem forte.
 
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Urban Zulu Hostel

Sua área comum ficava num terraço bem grande e muito agradável, com churrasqueira, sofás e mesas de sinuca com vista 360º para as ruas da CBD (além de varais para secar a roupa, muito útil!), sendo esse terraço o "diferencial" mesmo do hostel.
 
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Agradabilíssimo terraço do hostel

Já acomodados, nos preparamos então para fazer um reconhecimento da região e encontrar um lugar para comprarmos nossa janta e café-da-manhã para o outro dia. O staff do hostel nos indicou então que o supermercado mais próximo seria um Pic n Pay que ficava dentro do icônico Carlton Center, um dos prédios mais famosos da África do Sul e ponto de referência da região.
O Carlton Center já foi o prédio mais alto da África do Sul (hoje é o segundo) e um dos principais pontos turísticos da cidade, contando com um shopping e salas comerciais. Após a degradação do CBD, chegou a ser totalmente abandonado no fim dos anos 1990. Em 2000 no entanto, foi comprado pela empresa paraestatal Transnet, que começou a reocupá-lo novamente em meados dos anos 2000, reabrindo o shopping, supermercado, bares e escritórios fazendo dele novamente um centro comercial importante, mas ainda muito longe da importância e do glamour que teve no período do Apartheid.
Como ponto turístico também, apesar de ser um ponto de parada ali do ônibus turístico hop-on hop-off, raramente tem aparecido em listas "do que visitar" na África do Sul após o fim do Apartheid. Também há pelo centro diversos "mercadinhos" abertos por imigrantes, em sua maioria indianos, mas muito rudimentares e com quase nada "aproveitável" para se comprar (de itens de alimentação não possuem pão, frios e nem bebidas, somente salgadinhos e biscoitos de procedência duvidosa). Aliás, como cidade mais "rica" do continente, após o fim do Apartheid Johanesburgo se tornou o maior centro migratório da África, concentrando uma população imigrante enorme de pessoas de todo o mundo ou fugindo de guerras em seus países ou apenas buscando melhores oportunidades, o que novamente, sem uma política pública imigratória eficiente e numa economia de alta concentração de renda e desemprego, tem despertado um sentimento xenófobo na população e vem gerando ondas frequentes de violência xenofóbica desde meados dos anos 2000. Um dos episódios mais recentes ocorreu a bem pouco tempo em 2019, quando diversos comércios gerenciados por imigrantes estrangeiros, em sua maioria de nigerianos e moçambicanos, sofreram ataques de saques e depredações deixando diversos mortos e uma centena de feridos. Felizmente, no ano que estávamos lá a situação estava "pacífica", inclusive conhecemos bastante imigrantes por ali e o máximo de xenofobia que presenciamos foram as diversas piadas com a forma com que os indianos falavam inglês balançando a cabeça.
Seguimos então em direção ao Carlton Center, após reiteradas orientações do staff para que nos cuidássemos bastante no caminho e que não levássemos nada de valor (coisa que infelizmente já estamos mais do que acostumados a fazer no dia-a-dia aqui no Brasil). Também que teríamos que "correr" já que já estava quase no horário do Pic n Pay fechar. Sabendo agora que isso não era uma coisa exclusiva do interior, aproveitamos para perguntar então para o pessoal porque tudo na África do Sul fecha tão cedo e, meio sem saber realmente o motivo, nos foi dito que seria porque os trabalhadores todos moram muito longe, por isso encerram o trabalho cedo para poderem chegar em casa num horário decente, mas não ficou claro se é realmente isso.
Em todo o caminho e dentro do shopping do Carlton Center, éramos os únicos brancos, e o segurança do prédio fez questão de nos acompanhar até a porta do supermercado para que não ficássemos transitando perdidos pelo prédio, visto que ele fica no subsolo, bem meio escondido mesmo. Compramos então pão e frios para a janta e café do outro dia mas não conseguimos pegar a Liquor Store aberta e ficamos sem a cervejinha para a noite hehehe. Cumprida a "missão" das compras, aproveitamos para conhecer um pouco o shopping. Achamos um ambiente bem normal, bem longe do pavor que o pessoal do hostel nos meteu. Bem à vontade, antes do shopping fechar ainda aproveitamos para dar uma jogadinha no fliperama, inclusive contando com a ajuda de uma gurizada que estava lá para comprarmos nossas fichinhas.
Voltando pro hostel, já escurecendo, encontramos o atendente do hostel na entrada conversando com um amigo. Fomos perguntar pra ele onde poderíamos achar cerveja por ali e ele foi conosco numa rua na esquina num bar/danceteria/inferninho para que pudéssemos comprar uns latões de Castle (superfaturados). No bar ele nos apresentou pro dono e prum pessoal que tava ali e estes fizeram a maior festa vindo nos cumprimentar e nos dar boas vindas, acho que por sermos os primeiros (e talvez únicos) turistas que viam por ali a muito tempo.
Com nossas cervejas, ficamos mais um tempo por ali na rua conversando com o pessoal. Um dos amigos do carinha do hostel (que estava mais interessado é em filar nossa cerveja) nos contou que veio da Zâmbia para trabalhar numa indústria gráfica devido às dificuldades no país dele. Contou um pouco da história dele e que a família dele foi toda separada na fronteira da Zâmbia com o Zimbabwe arbitrariamente por causa do colonialismo do homem branco "tipo eu", ele apontava para mim, fronteiras criadas sem nenhuma consideração pelos povos e etnias que ali viviam, não gerando nenhum sentimento de "nação". Cicatrizes que ainda estão muito vivas na África subsaariana.
Depois mais tarde, subimos no terraço do hostel para fazer nossa janta e tomar nossas cervejas. À noite fica ainda mais agradável o terraço, com as luzes da cidade na paisagem ao fundo.
 
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Noite na CBD

Conhecemos também uma galera bem legal que nos chamou para conversar, uns guris que eram da África do Sul mesmo (um inclusive morador de Johanesburgo) e uma americana que estava fazendo mestrado lá em Jozi. Ficamos até tarde na resenha, de quebra nos ensinaram (tentaram pelos menos), umas palavras em zulu e kosha, duas das línguas bantas oficiais mais faladas da África do Sul. Com a grande variedade de línguas faladas no país, todo sul-africano sabe se comunicar em pelo menos 3 das 11 línguas oficiais, algo que para nós que só falamos e temos contato com o português para tudo, é algo bem difícil de assimilar. Tendo esse contato com línguas diferentes desde crianças e o tempo todo, é muito mais fácil para eles aprenderem novas línguas. Inclusive com uma grande imigração no país de moçambicanos e angolanos, até português eles sabem algumas palavrinhas. O inglês pra eles então, é a "língua comum" (língua de bosta, que disseram), que só usam em último caso, para se comunicar com estrangeiros e que segundo eles, é tão pobre gramaticalmente que qualquer um aprende em um dia. Como sul africanos negros, quando perguntei sobre o Afrikaneer, rapidamente mudaram de assunto e falaram que nem consideram isso uma língua. Futuramente falarei mais sobre a questão da língua Afrikaneer na África do Sul.
Também conseguimos conversar um pouco sobre racismo, assunto de muito interesse para os sul africanos, e estes ficaram horrorizados ao descobrir que o Brasil, país que possui a segunda maior população negra do mundo, é também um dos países mais racistas do mundo, pois para eles a imagem que tinham do nosso país é que esse seria uma "democracia racial", não acreditando quando passei para eles as estatísticas de desigualdade do país entre brancos e negros. Comparando os números, para um país que saiu de um Apartheid há menos de 30 anos, a situação dos negros sul africanos em questão de ocupação de cargos públicos importantes, nível de escolaridade e salários (além de taxa de mortalidade, homicídios e população carcerária) é muito melhor do que a dos negros brasileiros. Lá como o racismo era uma coisa legalizada e não escondida que nem no Brasil, muito mais fácil foi aplicar políticas públicas reparatórias ao final deste regime, coisa que aqui nunca foi feita após o fim da escravidão. Pelo contrário, ainda tentou-se (e ainda hoje tenta-se) exterminar a população negra do país. Lá políticas de cotas é uma coisa inquestionável, bem diferente do que vemos no Brasil, que é um assunto ainda polêmico por causa do nosso racismo velado e o mito da "democracia racial".
Já tarde da noite, antes de nos recolhermos para o quarto fomos ver o que estava fazendo um barulho alto no fosso do elevador desativado do hostel. Quando olhamos para os quatro andares abaixo, uns ratões enormes! Pareciam uns cachorros, revirando o lixo. Ainda bem que o elevador estava desativado mesmo...
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ÁFRICA DO SUL 5º Dia - Um dia em Johanesburgo (18/11/2017)

 

Sendo o nosso único dia "cheio" em Johanesburgo, e como deixamos para conhecer o Soweto no fim da viagem quando regressássemos à Johanesburgo, tínhamos como roteiro fazer a visita ao Museu do Apartheid pela manhã e, no início da tarde, fazer um Free Walking Tour que saia em frente à Park Station. Tomamos nosso café da manhã no hostel então com as coisas que tínhamos comprado no dia anterior no Carlton Center e tratamos de descobrir como chegar no Museu do Apartheid, que fica a uns 8 km do centro numa zona conhecida como "Gold Reef". Como o pessoal do hostel novamente nos meteu um pavor dizendo que não era para nós andarmos por aí se não fosse de UBER e, vendo que o preço era bom, fomos de UBER até lá.

O Museu do Apartheid (Apartheid Museum), é o principal museu da África do Sul e parada obrigatória para quem visita Johanesburgo. Como o nome sugere, se dedica a expor uma das maiores tragédias da humanidade, sendo aqueles locais difíceis de digerir e que destroem qualquer um. Locais que considero de suma importância para nos mostrar o quão baixo o ser humano pode chegar e para que não corramos o risco de repetir os erros da história (parece não estar dando muito certo essa parte ultimamente).
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Museu do Apartheid
 
Dito isso, se você não sair devastado deste museu, preocupe-se, você pode ser um psicopata.
Chegando no museu, logo na entrada já temos uma amostra de como era a vida na África do Sul durante o Apartheid. No ingresso que te dão há uma "classificação": brancos ou não-brancos, que indica qual porta você pode usar para entrar no museu.
 
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Entrada do museu do apartheid

Nessa primeira entradinha também, ficam expostas réplicas de várias das carteiras de identidade que foram introduzidas no país que destacavam a classificação racial do indivíduo e também alguns discursos políticos que endossavam o regime, todos baseados na suposta inferioridade das outras raças diante da raça branca e inclusive contando com o apoio irrestrito da igreja católica para espalhar tal ideologia (que novidade não?). Também há quadros com as explicações de como eram feitas essas classificações como por exemplo a medição dos narizes, olhos, além do ultrajante "teste do lápis" (pra quem não sabe o que é isso, procura aí no google).
 
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Explicação (se é que é possível chamar assim) das "leis raciais" e exposição das carteiras de identidades de raça

A partir daí, nas áreas internas é proibido tirar fotos, o que de certa forma é até bom porque as imagens e vídeos são muito chocantes.
O museu é bem no estilo que eu gosto, que possui salas numeradas e em ordem cronológica, fazendo que tu possa percorrer todo ele de forma linear e sem se perder ou perder de ver nada. Relata toda a história do apartheid desde o início ao fim do regime com documentos, fotos, vídeos e objetos históricos.
O regime "apartheid" teve início oficialmente em 1948, com a vitória nas eleições do Partido Reunido Nacional, partido segregacionista da etnia afrikaneer, etnia de origem holandesa da África do Sul. No entanto, desde 1900, os ingleses, que haviam vencido os holandeses na guerra dos boêres e dominavam o país nesse período, já vinham colocando em prática diversas leis segregacionistas que retiravam qualquer direito dos negros, maioria no país.
Mas é em 1948, quando os afrikaneers tomam o poder com a campanha eleitoral "apartheid", palavra que significa "separação" na língua afrikaneer, que o regime passa a vigorar oficialmente no país "aperfeiçoando" o racismo de forma mais violenta e controladora com a classificação e divisão da população em "brancos" e "não brancos", delimitando os locais em que cada raça poderia circular e a quais bens e serviços cada uma poderia ter acesso, proibindo também qualquer casamento ou relação interpessoal entre as raças.
Já em 1950 começam os movimentos de resistência liderados por um tal de "Nelson Mandela" e o seu partido Congresso Nacional Africano (CNA), partido liberal que hoje no Brasil estaria sendo taxado de "comunista". Há uma seção no museu destinada especificamente ao partido, com documentos, bandeiras e símbolos, bem legal.

Adentrando o museu, chegamos numa parte dedicada às manifestações e protestos realizados pela população contra o regime, todas reprimidas violentamente. Nessa seção são exibidos vídeos e fotos perturbadoras, com destaque para o massacre de Sharpeville, protesto pacífico organizado pelo CNA no bairro de mesmo nome em 1960 que terminou com a morte de 69 pessoas negras e mais dezenas de presos e feridos das formas mais perversas possíveis. Essa parte do museu é muito forte, e é preciso parar para respirar um ar e tomar uma água para conseguir seguir em frente.

Achando que o pior já tinha passado, encontramos outra seção tão chocante quanto: uma ala dedicada à BOSS, a polícia criada nos anos 1960 especialmente dedicada à repressão, uma espécie de DOPS sul africano.
Após o massacre de Sharpeville e a repercussão mundial negativa gerada para o país, a solução encontrada pelo governo foi de aumento da repressão. O CNA foi considerado ilegal assim como qualquer tipo de manifestação sendo o partido dissolvido e todos os seus líderes presos, entre eles o nosso Nelson Mandela, que permaneceu preso até 1991. Nesta esteira, também foi criado o Departamento de Segurança do Estado da África do Sul (BOSS, sigla em inglês), uma polícia especializada em reprimir atos políticos e considerados subversivos com delegacias e celas espalhadas pelo país.
Nessa seção do museu, as exposições são realizadas em salas que simulam as celas de algumas dessas prisões, além das salas de interrogatório (leia-se: salas de "tortura") com fotos e histórias igualmente nauseantes. Por ali também fica exposto um dos carros blindados que eram utilizados para adentrar nas Townships e reprimir a população, um dos mais famosos símbolos materiais do regime. Carro esse que é bem semelhante ao nosso "caveirão" aqui do Brasil, inclusive dizem que o modelo sul africano serviu de inspiração para o nosso aqui (a utilidade dele, matar corpos negros, nós sabemos que é a mesma). Mas uma das seções que mais me chamou a atenção nesta parte do museu é sobre Steve Biko, ativista anti-apartheid líder do movimento estudantil que encabeçou diversas ações e manifestações contra o regime, tendo sido morto na prisão em 1977. No museu é exibida uma simulação da cela onde ele foi mantido e as diversas torturas a que foi submetido. Pelo seu papel na luta contra o Apartheid, acredito que ele tenha sido ainda mais importante do que o próprio Nelson Mandela, mas não é tão reconhecido mundialmente (há um filme sobre a história dele chamado "Cry Freedom", com Denzel Washington, que ainda não assisti). Inclusive o próprio Mandela em um de seus discursos concorrendo a presidência disse que, se Biko não tivesse sido assassinado, o Apartheid já teria terminado muito antes.

Mas o mais triste mesmo é a seção que fala sobre o fim do Apartheid e perceber que, mesmo com todas as manifestações e pessoas que morreram lutando contra esse regime maligno, o Apartheid, que assim como qualquer regime fascista é o resultado inevitável do capitalismo financeiro, só acabou mesmo porque a África do Sul deixou de ser um país atrativo economicamente. Em outras palavras, se o mercado financeiro mundial ainda estivesse lucrando com o racismo legalizado na África do Sul, ele ainda estaria lá até hoje, se sustentando em cima de cadáveres negros. Ocorre que, com uma maior exposição da mídia para a situação do país, a partir dos anos 1970 a ONU até tentou impor um bloqueio econômico à África do Sul mas, um país com grande reserva de ouro e diamantes e mão-de-obra barata (semi-escrava), pouco foi a adesão a este bloqueio. Pelo contrário, muitas empresas multinacionais viram na África do Sul e sua mão de obra escrava uma ótima oportunidade para obter grandes lucros. Somente nos anos 1980, com o enfraquecimento da economia do país após o saque de quase todas suas riquezas foi que os países começaram a cortar relações comerciais com a África do Sul, sob o pretexto de serem "contra o apartheid" (só agora né?), o que tornou insustentável a manutenção do regime. Curiosamente, o último país a aderir ao bloqueio econômico foi a nossa vizinha Argentina! Sendo assim, no final dos anos 1980, o presidente eleito em 1989, De Klerk, começou a transição rumo ao fim do apartheid. Libertou Mandela e pôs fim à proibição dos partidos de oposição, entre eles o CNA. Em 1992 a população (somente brancos podiam votar) foi chamada às urnas para um plebiscito para decidir sobre a continuidade ou não do apartheid e o "não" venceu com uma pequena margem de 68% dos votos válidos. Mais tarde, em 1994, a eleição de Nelson Mandela como presidente na primeira eleição em que negros puderam votar, marcou definitivamente o fim do Apartheid como lei e como regime político, embora como já comentado, ainda hoje a herança dos anos de segregação esteja viva e presente em todo o país.

E por falar em Mandela, uma das alas mais procuradas do Museu é justamente a dedicada a esta figura histórica, com informações, fatos sobre sua vida e os eventos que celebram o Mandela Day, dia internacional dedicado à Nelson Mandela que ocorre todo ano no dia 18 de julho. Como presidente, existem muitas críticas ao seu desempenho, principalmente vinda de seus apoiadores, pois, mesmo que o CNA nunca tenha sido um partido de esquerda propriamente dito, este optou por um caminho conciliador, na tentativa de agradar tanto brancos como negros sul africanos. Seu governo foi responsável por diversas políticas sociais que foram importantes na melhoria da qualidade de vida da população negra e pobre do país, mas ao mesmo tempo foram feitas diversas concessões ao mercado, enriquecendo mais ainda as grandes corporações sul africanas, não causando uma ruptura com o sistema financeiro, o que era tão esperado pelos seus apoiadores. Algo parecido aos governos Lula e Mujica, aqui na América do Sul, para dar um exemplo. Essa parte do museu é uma das poucas que, como possui uma área externa, dá pra tirar fotos, e aproveitamos para registrar algumas.

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Exposição Nelson Mandela

Outra exposição que fica na área externa do Museu são os "Pilares da Constituição", que homenageiam a nova constituição do país promulgada em 1996 que, segundo o museu, "é a constituição que mais garante direitos iguais para todos em todo o mundo". São diversas obras de arte moderna espalhadas pelo pátio, entre elas uma que consiste em pilares com fotos de pessoas das mais diversas raças como se estivessem caminhando, chamada de "The Journey".
 
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Parte externa do museu

Essa exposição tem como propósito propagandear que a África do Sul é um país formado pelos mais diversos povos e raças e que todos são igualmente importantes para o país, o que lhe rendeu a alcunha de "Rainbow Nation" (nação arco-íris), o que, pela herança do apartheid presenciada no dia-a-dia e os ataques xenofóbicos constantes, é uma realidade que ainda está muito distante.
Por último, na parte externa ainda, fica um terraço com uma bonita vista para a região e também uma exposição dedicada a mineração de ouro e pedras preciosas. O Museu do Apartheid, assim como todo este bairro, foi construído no exato local onde antes havia uma importante mina de extração de ouro (por isso o nome Gold Reef). Inclusive o prédio do museu era antigamente uma fábrica que fazia parte do complexo das escavações. De certa forma é um local bastante apropriado, visto ser a descoberta do ouro pelos colonizadores o principal responsável pelo Apartheid.
 
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Terraço do museu

Destruídos emocionalmente, comemos qualquer coisa na cafeteria que tinha por lá para se recompormos e encerramos nossa visita ao Museu do Apartheid, outro daqueles lugares que todo mundo deveria conhecer antes de morrer (mas é bom se preparar psicologicamente antes). Interessante ver como a África do Sul expõe de forma bastante crua sua história, por mais tenebrosa que seja, como que para deixar bem claro que foi sim um regime terrível e para que ninguém tente reescrevê-la "por outro ponto de vista" ou escondê-la, como tem acontecido aqui no Brasil onde temos pessoas que insistem em dizer que "não foi ditadura", "não houve golpe" ou "os portugueses nem pisavam na África", além de outros absurdos.
 
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Sala final do Museu do Apartheid onde já é permitido fotografar

É uma visita que leva bastante tempo e o bom é não reservar nada para o mesmo dia, mas como nós só tínhamos um dia na cidade, queríamos ainda fazer o Free Walking Tour às 13h. O problema é que saímos do museu já era quase 13h e, não conseguimos achar nenhum wi-fi para poder chamar um UBER. Tentamos no museu, na cafeteria e nada. Fomos dar uma volta na região ver se achávamos algum lugar com wi-fi ou algum meio de pelo menos voltar pro hostel.

Em frente ao museu ficam duas atrações turísticas bem conhecidas também na cidade: o Gold Reef City Theme Park, um parque de diversões bem grande estilo Beto Carrero cujo tema principal são as minerações e inclusive uma das principais atrações é um "tour da corrida do ouro", que inclui a descida de elevador 75 metros no subsolo para dentro de uma mina de ouro de verdade (hoje desativada, é claro), e o Gold Reef City Casino, um cassino hotel pura ostentação.
Já conscientes de que não ia dar tempo de fazer o free walking, fomos em direção ao parque ver se poderíamos pelo menos entrar para dar uma olhada sem ter que pagar ingresso ou então se tinha algum wi-fi na bilheteria e não conseguimos nenhum dos dois.
 
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Entrada do Gold Reef City Theme Park

Já pensando em parar qualquer pessoa na rua e pedir para chamar um UBER pra nós, vimos passando aqueles ônibus turísticos de dois andares do tipo City Sightseeing ou Hop-on-Hop-off e pensamos, por que não? Além de conhecer toda a cidade, ainda possuía uma parada no Carlton Center, podendo ser usado como transporte de volta pro hostel. Pra quem não conhece, esses ônibus são típicos de cidades turísticas ou até não tão turísticas assim (Porto Alegre tem um inclusive). Ele passa por vários pontos turísticos da cidade e no caminho auto-falantes vão contando sobre a história e curiosidades da mesma. A questão de descer e subir nas paradas dos pontos turísticos depende de cidade pra cidade. Esse de Joburg por exemplo, com o passe de um dia tu pode descer em qualquer parada e subir em qualquer parada quantas vezes quiser no período de 24 horas. Não costumamos fazer esse tipo de passeio nas cidades que visitamos, não porque somos contra ou nada do tipo, é porque normalmente é bem caro mesmo hehehe, além de que é sempre muito mais divertido e enriquecedor usar o transporte público para se locomover.

Decisão tomada, fomos descobrir como pegar o ônibus, comprar o ticket e etc. Na parada em frente ao Apartheid Museum, um pessoal nos informou que havia um guichê de venda dentro do Golden Reef City Casino. Como o ônibus estava vindo bem na hora, corremos pro luxuoso Cassino, ainda tivemos que pagar uns Rands para entrar dentro do estacionamento atrás da porcaria do guichê de vendas do bilhete do ônibus. Depois acabamos descobrindo com o motora que dá pra parar o ônibus em qualquer parada e comprar o bilhete na hora com o motorista, ou seja, gastamos dinheiro à toa para entrar no cassino... Pelo menos deu para conferir os suntuosos jardins e fontes do Cassino, realmente muito chiques!
 
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O Cassino ostentação Gold Reef City

Pagamos 150 Rands por pessoa o passe de um dia. Já mais tranquilos agora com o transporte garantido, começamos o passeio bem legal com o ônibus turístico. Junto com o bilhete você ganha um fone de ouvido que pode ligar no banco para escutar as histórias da cidade em vários idiomas, inclusive português.
 
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Turistando!

Logo no início do passeio, pegamos a auto-estrada que fornece a vista mais icônica do skyline de Johanesburgo, com os prédios altos do centro à vista, além da Hillbrow Tower.
 
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Skyline mais famoso de Johanesburgo

Do outro lado da estrada, o Estádio Soccer City (hoje renomeado para FNB Stadium), maior estádio do continente e um dos estádios com a fachada mais bonita do mundo, reformada para a Copa do Mundo de 2010 imitando uma cerâmica típica sul africana. Infelizmente as visitas ao estádio ocorrem somente nas quintas-feiras, o que não foi nosso caso, mas está na nossa lista de prioridades para a próxima vez que visitarmos Johanesburgo: estarmos na cidade numa quinta-feira.

Também ao fundo, ao redor do estádio, os característicos montes de extração de ouro que cercam a cidade. Nos alto falantes do ônibus turístico, fala-se da existência improvável de Johanesburgo. Situada numa região à quase 2.000 metros acima do nível do mar, com clima seco e sem nenhuma fonte de água próxima, era uma cidade que não era nem para existir, mas graças a descoberta do ouro não só ocorreu seu povoamento mas também fez ela se tornar uma das maiores cidades urbanas da África.
Em seguida no passeio, entramos no bairro de Newtown, um bairro bem legal e importante da cidade que vale a pena passar um dia por lá. Faz parte do centro que está sendo revitalizado e conta com vários museus e atrações, sendo conhecido como o distrito cultural da cidade. É lá que fica, junto com o Market Theatre, o Museu da África, museu enorme inaugurado em 1994, como uma das "celebrações" do fim do Apartheid, no antigo prédio histórico do mercadão da cidade e que conta a história de Johanesburgo com coleções que vão desde à era pré-histórica até os dias atuais. Além do Museu da África, a região conta também, entre outros, com o Sci-Bono Discovery Centre, um museu tecnológico estilo o Parque Explora de Medellín ou o Museu da PUC de Porto Alegre e o Workers Museum, museu que retrata a história dos trabalhadores imigrantes da África do Sul, construído num local que servia de alojamento para estes. Mas o destaque e a parada do ônibus ali ocorre no SAB World of Beer, o museu da cerveja de Johanesburgo.
Como se sabe, a África do Sul é muito famosa não só pelos seus vinhos mas também suas cervejas estão sempre figurando entre as melhores do mundo.

Este museu, que conta com exposições muito modernas que inclusive já renderam a ele por duas vezes o título de melhor atração turística do país, também foi inaugurado nos anos 1990 em virtude do fim do Apartheid e conta com orgulho não só a história das primeiras fabricações de cerveja no país mas da cerveja no mundo.

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Prédios de Newtown. Na última foto, a fachada da SAB World of Beer

Ainda sobre Newtown, é lá que se localiza o icônico prédio com a fachada da propaganda do Johnny Walker que dá pra ver de qualquer lugar da cidade e a Diagonal Street, uma avenida só para pedestres onde ocorre diariamente uma famosa feira de rua.
De Newtown, atravessando por cima das linhas férreas a ponte Mandela Bridge, uma das tantas homenagens ao líder Nelson Mandela que existem pela cidade, chega-se no bairro Braamfontein.
 
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Mandela Bridge

Por esta região também, antes de atravessar a ponte, ficam diversos terminais de vans, conhecidos como Taxi Ranks, todas com milhares de vans estacionadas desordenadamente num cenário de verdadeiro caos. Entre estes passamos pela Bree Taxi Rank que é considerada uma das mais "organizadas", um prédio com 3 andares abarrotado de vans onde antes do fim do Apartheid ficava um shopping só de brancos. Acho que nem os locais se entendem nessa muvuca toda de vans.

O bairro Braamfontein, o qual já comentei anteriormente, é um dos bairros que passam por um processo de gentrificação "queridinhos" da zona central, bastante limpo e bem movimentado com alguma vida noturna bem "descolada" e muitas lojas e fast-foods nas suas principais ruas. Rola também nos fins de semana umas feiras gastronômicas de rua. Achamos a região bem simpática e já que pode-se descer e subir quantas vezes quiser do ônibus, ficamos de descer ali para dar uma volta depois que terminasse o city tour.

De Braamfontein o ônibus segue para o que seria o seu ponto de início do passeio, o Constitution Hill, considerada a atração turística mais importante da cidade do ponto de vista histórico, que, assim como o Museu do Apartheid são aqueles lugares obrigatórios para se conhecer na cidade.

Constitution Hill é um complexo de fortificações cujo início data do fim do século XIX com a construção do Old Fort, fortaleza criada para julgar e prender invasores britânicos no país. Com o passar dos anos e o advento do Apartheid, mais e mais edificações de defesa e prisões foram sendo construídas no complexo, se tornando um símbolo da opressão e da violação de direitos humanos no país, abrigando renomados presos políticos como Nelson Mandela, Mahatma Gandhi, Joe Slovo, Albertina Sisulu, entre outros.

Com o fim do Apartheid, simbolicamente Nelson Mandela escolheu esse lugar para ser o tribunal constitucional da África do Sul em 1995, sendo promulgada lá a "Constituição Democrática" do país em 1996.

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Uma das esquinas do gigantesco Constitution Hill

Hoje o lugar é um museu que oferece diversos tipos de tours onde você pode visitar as celas conservadas dos presos políticos, os fortes e o tribunal constitucional, além de contar com exposições de arte, sendo um passeio de dia inteiro assim como o Museu do Apartheid, e bem "pesado" também.

É na parada do ônibus turístico em frente ao Constitution Hill que pode-se fazer a transição para a linha verde do ônibus, linha secundária que leva aos bairros do norte como Sandton e Rosebank, o que pode ser feito com o mesmo bilhete único comprado do passeio de um dia. Como tem essa questão de ser o "fim da linha" e a transição para a linha verde, ficamos um tempinho parados ali esperando o ônibus recomeçar o passeio. Também ali, pagando um valor a mais, pode-se fazer um passeio de duas horas pelo Soweto em vans auxiliares do ônibus City Sightseeing. Como iríamos nos hospedar no Soweto quando voltássemos para Johanesburgo no fim da viagem, não utilizamos.
Continuando o city tour, antes de seguir em direção sul, passamos rapidamente por Hillbrow, um bairro que, assim como todo o centro, já foi um lugar importante economicamente na cidade e que foi abandonado com o fim do Apartheid, sendo ocupado posteriormente quase que exclusivamente por imigrantes estrangeiros que não tinham para onde ir, ficando conhecido então como um "bairro de imigrantes", principal ponto dos ataques xenofóbicos do país e considerado hoje o bairro mais perigoso de Johanesburgo.
E se a CBD já é aquele lugar altamente recomendado para que os turistas evitem, Hillbrow então chega a ser um lugar meio que "proibido" para turistas. Dizem inclusive que se um turista é visto andando sozinho por lá os próprios moradores se encarregam rapidamente de escoltá-lo pra fora antes que algo aconteça com ele. O estranho é que olhando de fora parece um bairro comercial como qualquer outro de qualquer grande cidade. Mas o alto-falante do ônibus turístico deixa bem claro: é um bairro culturalmente interessante, mas para visitá-lo, apenas com tour guiado ou acompanhado de um morador.

A outrora "opulência" de Hillbrow se verifica por grandes edificações como a Hillbrow Tower, torre de comunicações que já foi o ponto mais alto da cidade e que possuía um restaurante panorâmico no topo muito frequentado por turistas e que hoje está fechado por razões de segurança e a Ponte City Apartments, edifício "tubular" icônico que se enxerga de quase todo lugar em Johanesburgo. Construído para ser um condomínio de luxo, foi tomado por gangues nos anos 1990 se tornando um lugar de criminalidade. Cogitou-se inclusive transformar o lugar numa prisão, até que nos anos 2000 iniciaram-se projetos de reformas pontuais e hoje o prédio é um condomínio residencial com apartamentos populares.

Também é pros lados de Hillbrow que fica o histórico estádio Ellis Park. Estádio que foi sede da copa de 2010 mas que se tornou histórico por ter sediado o campeonato mundial de Rugby em 1995, vencido pela África do Sul, sendo a entrega do troféu realizada por Nelson Mandela ao capitão branco da seleção, Pienaar (lembrando que rugby era um esporte exclusivo para brancos na África do Sul) neste estádio, um dos símbolos utilizados pelo presidente como demonstração de que o Apartheid havia sido superado (este episódio foi retratado no filme "Invictus" com Morgan Freeman).
Depois da rápida passadinha por Hillbrow, seguimos em direção ao Minning District. Antes porém, passamos pela Park Station, estação central de trens e ônibus de Johanesburgo e também ponto de encontro do Free Walking Tour da cidade. Lugar gigantesco, lembra bastante a Central do Brasil no Rio de Janeiro, pois praticamente todos os transportes do país passam pela Park Station, sendo um dos lugares com a maior circulação de gente da África. Ao lado da Park Station temos a antiga estação ferroviária da cidade, que hoje está desativada e ficaram somente suas ruínas. Ela foi construída por qual motivo? Como tudo na Johanesburgo dos séculos passados, claro que por causa do ouro né! Para escoar as pedras preciosas para o resto do continente.
 
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Antiga estação de trem de Johanesburgo

Quase todos os lugares de Johanesburgo possuem uma história, na maioria das vezes triste. Quase em frente à Park Station temos mais um prédio que é um símbolo do terror do Apartheid, o Departamento de identificação, lugar onde eram realizados operações grotescas para aferir a raça das pessoas (lembram do teste do lápis?) e emitidos os documentos de identificação raciais. Hoje ele continua sendo o departamento de identificação da cidade, mas um departamento "normal", digamos assim (inclusive o atendimento tem uma ótima avaliação no google)...
Chegamos então no Minning District, uma zona que fica entre Newtown e a CBD e que concentra a sede dos escritórios de algumas das maiores companhias mineradoras do país e do mundo (por isso o nome). Ali antigamente era onde se localizava a bolsa de valores do país, sendo uma espécie de Wall Street africana (inclusive tem uma estátua restaurada de um touro por lá). Hoje, como parte da renovação da área central, foi "tomado" pelas companhias mineradoras, se tornando uma região bem "ostentação", com cafés chiques e intervenções artísticas pelas suas ruas, além de diversos museus sobre a história da mineração. Bem no centro do complexo de prédios, fica um moinho de extração de pedras restaurado que dizem ser um dos primeiros utilizados para a extração de ouro na cidade que é bastante famoso e principal símbolo da Minning District.
 
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Minning District e seu icônico moinho

O curioso é que, saindo deste bairro podre de chique, apenas uma quadra em direção leste, já estamos no centro da CBD, atravessando o centro da Gandhi Square, um mundo completamente diferente. A Gandhi Square é uma praça nomeada em homenagem à Mahatma Gandhi e que possui uma estátua dele.
Para quem não sabe, foi na África do Sul que o jovem Gandhi, tendo sido chamado para trabalhar como advogado numa grande empresa, sentiu na pele pela primeira vez a injustiça dos homens ao ser proibido de andar na primeira classe de um trem por não ser branco. A partir daí teve início sua vida como ativista na luta por igualdade e justiça e o desenvolvimento de sua técnica de resistência não-violenta, tendo permanecido por 21 anos no país antes de retornar à Índia e se tornar uma das maiores personalidades da história.

Um dos motivos de termos escolhido nosso hostel era justamente ficar perto desta praça mas, infelizmente, pelo nosso curtíssimo tempo em Jozi, só conseguimos conhecê-la mesmo do topo do nosso ônibus turístico.

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Estátua de Gandhi na Gandhi Square

Passando o Carlton Center, antes de retornar ao Museu do Apartheid e o Gold Reef Cassino, o ônibus segue ainda pra uma região mais distante ao sul, onde fica o James Hall Transport Museum, considerado o maior museu de transportes da África e que conta com os mais diversos tipos de transportes (carros, ônibus bondes) utilizados ao longo da história do continente. Nessa parte da cidade também foi onde tivemos nosso primeiro "contato" com sul africanos brancos, ao passar por um bairro bastante residencial.

Terminada a volta completa com o ônibus turístico, conforme tínhamos decidido, descemos em Braamfontein para dar uma volta. Aproveitamos para comer num dos diversos fast-foods que tem por ali e passamos numa liquor store comprar a cerveja para o Braai à noite, nos precavendo caso não conseguíssemos pegar o Pic n Pay do Carlton Center aberto. A essa hora, o bairro estava bem movimentado, bastante pessoal com a camisa do Kaiser Chiefs, um dos dois principais times de Johanesburgo que junto com o Orlando Pirates formam uma das maiores rivalidades do mundo do futebol, seguindo em uma mesma direção. De certo estava tendo ou iria ter algum jogo este dia no Ellis Park. Braamfontein é um bairro legal e bom lugar para se hospedar, só achamos ruim na região que haviam muitos pedintes. Vendo que éramos turistas então, era como se fossemos uns trocados ambulantes.
Como tudo na África do Sul, o último ônibus turístico parte bem cedo, às 17h. Como já era perto desse horário, não deu muito tempo de conhecer o bairro mais a fundo e já tivemos que correr para a parada para conseguir pegar o último ônibus. Fizemos o tour todo novamente, já quase decorando o áudio guia e descemos então no Carlton Center. Na hora de descer, muito engraçado foi o espanto do motorista e o guia do ônibus, que gritaram para nós apavorados: "esse é o último ônibus, não desçam que não vai passar de novo", e fizeram uma cara de incrédulos e perguntaram ainda umas várias vezes se tínhamos certeza quando dissemos que nosso hostel ficava ali pela região. Conversando com um motorista de UBER uns dias depois, ele falou que éramos loucos de se hospedar nos arredores do Carlton Center, que nem os motoristas de UBER iam pra lá com medo de serem assaltados. Antes de retornar pro hostel ainda passamos no subsolo do shopping do Carlton Center para usar o banheiro. A maioria das lojas já estava fechando mas ali no subsolo havia um bar com karaokê que estava bombando e até deu vontade de sentar para tomar uma coisinha, mas já tínhamos combinado de participar do Braai com o pessoal do hostel.
Chegando no hostel, subimos direto pro terraço achando que ia estar rolando uma alta festa com Braai mas, só tinha os atendentes do hostel, os colegas que havíamos conhecido no dia anterior e um "dj", total fracasso.
 
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A "festa" do hostel

Nossos colegas, querendo que aproveitássemos nossa última noite em Jozi, tentaram nos convencer a escapar daquela furada nos indicando duas opções de regiões para ir: Mellville ou Maboneng.

Mellville, que fica ao norte próximo aos bairros "ricos", é considerado um bairro boêmio de Johanesburgo, comparado em alguns blogs à Vila Madalena em São Paulo. Só que em bemmm menor escala, já que os bares e o "fervo" se concentram em apenas uma rua, a 7th Street, e o movimento à noite nem se compara ao que estamos acostumados no Brasil a chamar de "bairro boêmio".
Já Maboneng, falei dele já, é a região queridinha de Johanesburgo, muito utilizada como exemplo da reocupação de espaços urbanos. Com o fim do Apartheid foi a região mais abandonada do centro, pois possuía apenas industrias que foram todas fechadas ou realocadas para o norte da cidade, transformando a região numa terra sem lei. Em 2010, Jonathan Liebemaunn, um empresário imobiliário cheio da grana resolveu comprar os barracões abandonados e transformar o local em um espaço de artes, cultura e gastronomia fazendo de Maboneng hoje o reduto hipster de Johanesburgo e uma das regiões mais seguras da cidade, contando com um segurança em cada esquina.
Mas como estávamos cansados já do dia inteiro passeando, já tínhamos pago 70 Rands para participar do Braai, e também pra dar um "apoio moral" pro staff do hostel que até agora tinham sido muito legais com a gente, resolvemos ficar e participar. E participar participar mesmo. Até aprendemos e ajudamos a fazer o pap, misturando aquela goma pesada desengonçadamente enquanto o carinha do hostel tirava o maior sarro.
 
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Misturando o pap

Sobre a comida, a carne daquele jeito: uns bifes magrinhos que eles deixavam tostando nas labaredas mesmo, carne ficava parecendo um carvão de tão passada.

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Nosso churrasco é muito melhor...

Em compensação, comemos de acompanhamento um chakalaka delicioso!
Chakalaka é uma comida típica sul africana que, junto com o pap, é um acompanhamento, principalmente para Braais. Trata-se de uma mistura de feijão branco com legumes como tomate e cenoura além de curry e pimenta, uma delícia! Inclusive quando voltamos para o Brasil já fizemos a receita algumas vezes para matar a saudade.

O resto da noite ficamos por ali conversando e curtindo com o pessoal enquanto o dj (que também era o assador) tentava inutilmente animar a festa.

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Curtindo a última noite em Johanesburgo

Quando acabou nossa cerveja ainda descemos lá no bar/boteco que o staff do hostel tinha nos levado no outro dia para comprar mais uns latões, dessa vez sozinhos. Apesar de ser a menos de uma quadra de distância do hostel e o pessoal do bar já nos conhecer, percorremos o curto trajeto cagados de medo por estarmos a pé na CBD à noite.

Ficamos até bem tarde da noite, depois que todos os hóspedes já tinham se recolhido, dançando e curtindo com o pessoal staff do hostel, e assim nos despedimos temporariamente de Johanesburgo. No outro dia iniciaríamos nossa jornada de trem rumo à Cape Town. Nossos amigos sul africanos do hostel ainda nos deram uma dica de Cape Town: disseram que lá iriam gostar mais de nós por sermos brancos, mas que nós, tirando as paisagens estonteantes, não iríamos gostar tanto de lá por sermos mais simples e não metidos à besta hehehe.

Se hospedar no tão mal falado CBD acabou sendo uma grande experiência, conhecemos muita gente interessante, fomos muito bem tratados e acho que foi um dos hostels no exterior que mais interagimos com outros hóspedes e nos sentimos em casa.

Você deve ter percebido, pelo tamanho destes dois últimos posts, como Johanesburgo me marcou. Como uma cidade, que nem era pra existir devido sua localização nada atrativa, acabou se tornando um dos maiores centros urbanos do mundo? Até hoje ela está no topo do ranking das cidades mais "exóticas" que conheci (só perde pra Brasília) e exerce em mim um fascínio enigmático. Se fosse hoje, acho (só acho) que não me deixaria "contaminar" tanto pelo terrorismo que todos nos colocam sobre a cidade e exploraria mais ela a pé (sem sair com muitos pertences claro), me aventuraria nas misteriosas vans, procuraria alguém para fazer um tour em Hillbrow, enfim, conheceria Johanesburgo mais à fundo, do jeito que ela merece.

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ÁFRICA DO SUL 6º Dia - Começando nossa jornada rumo à Cape Town (19/11/2017)

 

Neste dia começaríamos nossa jornada rumo à Cape Town, ou Cidade do Cabo, em português. Optamos por fazer o trajeto Joburg-Cape Town de trem, atravessando praticamente todo o país num trajeto de 28 horas, chegando na Cidade do Cabo somente no outro dia às 15h30 (pelo menos era o planejado). Sempre que possível (e o preço é razoável), preferimos fazer trajetos de trem em nossas viagens. Viajar de trem é sempre muito bom e na África do Sul havíamos ouvido falar muito bem dos trens de longa distância entre cidades, conhecido por Shosholoza Meyl, que além de confortáveis, permitem presenciar paisagens de savanas únicas, montanhas com os famosos vinhedos sul africanos e às vezes até avistar alguns animais selvagens pelo caminho. Neste trajeto que íamos fazer há ainda o Blue Train, um trem de luxo com tudo incluído (bebidas, comidas, festas, etc), uma espécie de cruzeiro sobre trilhos caríssimo, que inclusive exige código de vestimenta para ocasiões de luxo.

Pela manhã nos despedimos e agradecemos imensamente a hospitalidade do pessoal do Urban Backpackers e seguimos para a Park Station pegar nosso trem. A estação fica a 30 minutos do hostel a pé e esse tinha sido um dos motivos de termos escolhido este hostel, mas, pra variar, o pessoal do hostel nos meteu um pavor dizendo que não éramos para andarmos a pé em volta da Park Station e que se nós não chamássemos um Uber eles mesmos iam chamar e nos meter dentro. Mas nesse caso especificamente foi difícil discordar deles, visto que 10 em cada 10 mochileiros que ousaram se aventurar pelos arredores da Park Station (dos que relataram em seus blogs) foram assaltados ou sofreram tentativa de assalto por lá, sendo o entorno da estação, principalmente o lado leste onde ficam os taxi ranks, considerado o lugar mais perigoso da cidade para turistas. Antes do Uber chegar porém, fomos procurar algum lugar para comprar alguma comida pra levar no trem, mas só achamos um mercadinho de indianos dobrando a esquina que não tinha nada que prestasse. Conseguimos só comprar uma água e umas bolachinhas de hortelã que, de tão exóticas acabamos levando de recordação pro Brasil. Chegando o Uber, em menos de 10 minutos já estávamos na Park Station.

Como já mencionado antes, a estação é enorme, bastante movimentada mas bastante organizada, lembrando mais um aeroporto do que uma estação de trem. Tivemos que caminhar bastante até encontrarmos o guichê da Shosholoza para retirar nossas passagens. Compramos as passagens com antecedência pelo site da agência Southafricanrailways, meio que o site oficial de venda de passagens online dos trens na África do Sul. Dizem ser possível reservar os tickets diretamente entrando em contato com a companhia, mas não a venda propriamente dita como neste site. Pagamos na época, 1380 Rands as duas passagens na classe turística, valor que estranhamente é o mesmo até hoje, além de 40 Rands a mais da taxa de reserva pela agência. Efetuada a compra, eles te mandam um voucher por e-mail que você tem que trocar pelas passagens lá na Park Station no guichê da Shosholoza Meyl, o que, no dia que fomos, apesar de ter pouca gente na fila, foi bem demoradinho já que eles fazem uma conferência de documentos e bagagens bem "chatinha".

Com o ticket em mãos, descemos para a plataforma de trens, que fica no subsolo da estação, num lugar diferente e afastado das plataformas do metrorail, o trem suburbano. O terminal onde se pega o trem é bem "sinistro", estava totalmente vazio quando fomos e ainda nos informaram o número errado da plataforma.

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Esperando o trem e já comendo as bolachinhas "exóticas"

Para nossa sorte só havia um trem embarcando nesse horário então não teve erro. Mesmo assim perguntamos para uns 5 passageiros se eles também estavam indo em direção à Cape Town para confirmar (ou pelo menos pra não pegar o trem errado sozinhos hehe).

Já o trem era muito confortável! Os vagões turísticos tratam-se de cabines individuais de 2 ou 4 poltronas que se transformam em camas, bem espaçosos e privativos, com tranca por dentro e tudo. Se a viagem fosse durar uns 5 dias, não nos importaríamos nem um pouco hehehe. Pelo que lemos, funciona da seguinte maneira: se você compra um ticket individual, você vai numa cabine quádrupla coletiva com pessoas do mesmo sexo que você. Se você compra dois tickets na mesma compra, se forem pessoas do mesmo sexo, vão numa mesma cabine dupla, se for um casal, viajam sozinhos na cabine quádrupla (que foi o nosso caso).

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Nossa cabine no Shosholoza Meiyl. Muito confortável!

Ah! Os lençóis e travesseiros paga-se à parte na hora e os funcionários do trem preparam a cama para você à noite. Dizem também que existem vagões "simples" só com cadeiras, tipo ônibus ou avião, mas não vimos esses no trem e nem a opção para comprar esse tipo de bilhete no site.

Acomodados então, meio-dia e meia partiu o trem rumo à Cape Town.

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Começando a viagem. Estes trens amarelos são os trens suburbanos metrorail

No começo do trajeto, nos subúrbios de Joahensburgo à oeste, muitas favelas e conjuntos habitacionais na paisagem.

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Subúrbio de Johanesburgo

O trem anda muiiiito devagar, e ainda por cima é "pinga-pinga", ou seja, para em quase todas as cidades pelo caminho, o que é legal pois permite conhecer, pelo menos superficialmente, muitos lugares diferentes. Já passava de duas horas de viagem e ainda estávamos na zona metropolitana de Johanesburgo, o que nos fez questionar se ele realmente demoraria só 28 horas para chegar do outro lado do país, em Cape Town (dúvida que no fim foi acertada, mas por outros motivos). Nesta primeira metade do trajeto, maioria das cidades com nomes holandeses: Krugersdorp, Oberholzer, Potchefstroom, herança dos boêres, colonizadores holandeses na região.

Aproveitamos então para almoçar no vagão restaurante, já que, mochileiros de apartamento, não tínhamos nos planejado direito e trazido comida para a viagem. Passando pelas outras cabines, várias famílias altamente equipadas com comida pra viagem inteira, fazendo altos rangos, que inveja! No entanto, foi o primeiro trem que pegamos que possuía um vagão restaurante e foi bem legal, e o melhor: os preços não eram tão exorbitantes, pouca coisa mais cara que os preços na cidade e pra nós brasileiros, bem normal: latão de cerveja de 500ml, 17 Rands, na época, um pouco mais de 4 reais. A Juju pediu um sanduíche de carne com fritas e eu um prato com carne, salada e fritas, muito bom!

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Vagão restaurante

Já passava das 16h da tarde quando o trem parou na cidade de Klerksdorp, a apenas 170 km de Johanesburgo! Estranhamos a parada prolongada quando de repente o "gerente" do trem veio nos avisar que mais à frente havia algum problema ou manutenção nos trilhos e que por isso a viagem iria atrasar algumas horas, a previsão era de duas. Sendo assim, pegamos umas Black Labels no vagão restaurante e descemos na charmosinha estação de Klerksdorp pra esticar as pernas e aguardar.
 
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Charmosa estação de Klerksdorp

 
Nisso um tiozinho que estava viajando também e que parecia que já tinha feito aquele trajeto algumas vezes, chegou pra nós e disse: "torçam para que tenham bastante dessas (se referindo à cerveja) no trem, porque da última vez demorou 12 horas para arrumarem os trilhos". Torcemos que não fosse o mesmo caso dessa vez, mas de qualquer forma e pela própria lerdeza do trem já estávamos cientes de que iriamos perder o dia seguinte inteiro em trânsito.

Como o tiozinho previu, passou-se uma, duas, três horas e algumas Black Labels depois e nada. Pelo menos assistimos um belíssimo pôr-do-sol da estação, ironicamente o pôr-do-sol mais bonito que presenciamos na África do Sul.

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O pôr-do-sol mais bonito da viagem, presenciamos numa estação de trem

Chegada à noite, o gerente do trem fez um levantamento de quantos topariam continuar a viagem num ônibus fretado pela companhia ao invés de esperar o conserto dos trilhos, mas nós, assim como a maioria dos passageiros preferiu aguardar, afinal, se fossemos passar a noite seria muito melhor na nossa cabine de trem confortável do que numa poltrona de ônibus.

Já passava das 23h quando, ainda parados em Klerksdorp, fomos dormir. De madrugada acordamos com o barulho do trem andando! Pensamos: "Uhu! Consertaram os trilhos e agora vai!" e voltamos a dormir com o embalinho do trem, mal sabíamos que novamente seria só por pouco tempo...

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Roteiro resumido - Kruger Park e Johanesburgo

 

Segue abaixo o resumo (com mapas) da nossa chegada e os 6 primeiros dias na África do Sul, entre nossa chegada em Johanesburgo, Neilspruit, Kruger Park e Johanesburgo até o início da nossa viagem de trem até Cape Town. Lembrando sempre que os preços das atrações aqui listados são de 2017, então a maioria já estão defasados. Também sempre cabe ressaltar que este roteiro representa unicamente a NOSSA experiência nesses lugares, não tendo nenhuma pretensão de ser um "guia", ou muito menos um "guia definitivo". Escolhemos esse trajeto no início de nossa viagem na África do Sul por questões logísticas, evitando ter que ir e vir do aeroporto mais de uma vez e ficamos a primeira noite em Neilspruit para economizar e não "perder um dia" no Kruger Park. Somente na volta conhecemos a cidade de Johanesburgo, antes de partir de trem da estação Park Station numa viagem de 28 horas para a Cidade do Cabo.

 

RESUMÃO: Ns primeiros 6 dias na áfrica do Sul foram divididos em 1 em Neilspruit, 2 no Kruger Park, 2 em Johanesburgo e no sexto começamos nossa viagem de trem para a Cidade do Cabo. Nossas atividades neste período ficaram divididas assim:

1º Dia: Chegando em Joanesburgo e partindo rumo à Neilspruit
2º Dia: Kruger Park!
3º Dia: Mais um dia no Kruger Park!
4º Dia: Primeiras impressões de Johanesburgo
5º Dia: Um dia em Johanesburgo
6º Dia: Começando nossa jornada rumo à Cape Town Em Neilspruit e Johanesburgo ficamos em hostel (pousada em Neilstpruit, mas em quarto compartilhado) e pernoitamos dentro do Kruger Park no acampamento Skukuza, nas Safari Tents disponibilizadas pelo parque.
 

1º Dia: Chegando em Joanesburgo e partindo rumo à Neilspruit

  • Descemos no Aeroporto OR Tambo em Johanesburgo e, de carro alugado, seguimos para Neilsrpuit.

  • Escolhemos pernoitar a primeira noite na cidade de Neilspruit para não chegar muito tarde no parque e perder uma diária "à toa".

  • Alugamos o carro no site rentalcars.com, ainda no Brasil, pagando no cartão de crédito, um Hyundai 1.0 da companhia budget, os valores conforme abaixo:

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  • Para retirar o carro, basta se dirigir ao balcão da locadora no Aeroporto e apresentar o voucher e Carteira de Habilitação (não é necessário a carteira internacional para retirar).

  • O local das locadoras é muito bem sinalizado no aeroporto, não tem erro.

  • Do aeroporto, seguimos rumo à Neilspruit:

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Trajeto de carro do Aeroporto OR Tambo até Neilspruit
 
  • Gasolina na época estava custando em média 12 Rands.

  • Em Neilspruit, ficamos na pousada Old Vic Travellers Inn. Escolhemos ela basicamente pelo preço, por ser uma das únicas pousadas na cidade que possuíam quarto compartilhado mais barato. Aqui a avaliação que fizemos dela no Booking.com:

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Avaliação da pousada no Booking.com
 
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Local da pousada em Neilspruit
 
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Localização da pousada

2º Dia: Kruger Park!

  • Trajeto da Old Vic Travellers Inn até o portão Malelane Gate, no Kruger Park:

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Trajeto da pousada até a estrada R104
 
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Teajeto completo até o portão Malelane
 
  • Dentro do Kruger Park, ficamos no Skukuza Rest Camp nas Safari Tents:

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Trajeto do portão até o Skukuza Rest Camp
 
  • O Skukuza conta com supermercado, restaurante, lanchonete e piscina, conforme mapa:

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Mapa do Skukuza
 
  • Já deixamos reservado e pago aqui do Brasil, pelo site oficial do Kruger: https://www.sanparks.org/parks/kruger/ pagando pelo cartão de crédito.

  • Reservamos as taxas para entrada e permanência no parque, a acomodação de duas noites nas Safari Tents e um Sunset Game Drive, conforme confirmação (preços em Rands sul-africanos):

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Valores totais da estadia no Skukuza

3º Dia: Mais um dia no Kruger Park

  • Esse dia ficamos o dia inteiro passeando no parque. O Kruger é gigante, ficamos praticamente só na South Region:

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Mapa do Kruger Park

4º Dia: Primeiras impressões de Johanesburgo

1. Saindo do Kruger Park em direção à Johanesburgo

  • Para sair do Kruger Park, utilizamos o Phabeni Gate:

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Trajeto do Skukuza até o Phabeni Gate
 
  • Do Phabeni Gate, seguimos até Neilspruit pela Rodovia R38 passando por Hazyview.

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Trajeto de Phabeni Gate até Neilspruit
 
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Trajeto de Neilspruit até o Aeroporto OR Tambo em Johanesburgo
 
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Trajeto detalhado da entrada do estacionamento da locadora no OR Tambo

2. Do aeroporto OR Tambo até o hostel

  • Para ir do Aeroporto para o nosso hostel, fomos de UBER.

  • Pagamos 225 Rands.

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Trajeto de UBER do aeroporto até o hostel Urban Zulu
 
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Trajeto detalhado da localização do hostel
 
  • Também há um ônibus da empresa METROBUS, que dizem que leva até a Gandhi Square, bem próxima ao hostel. No entanto, como já havia passado do horário que constava na tabela como último ônibus e os horários de ônibus na África do Sul não são muito confiáveis, optamos pelo UBER.

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Tabela horária dos ônibus METROBUS do Aeroporto até a CBD
 
  • Escolhemos o Hostel Urban Zulu Backpackers, pelo preço, pelas boas recomendações e pela localização. Na localização tanto por causa do ônibus que sai do Aeroporto e desembarca na Gandhi Square, quanto pela Park Station, local onde pegaríamos o trem para Cape Town ficar a uma distância a pé. No fim não fez diferença por isso, mas aproveitamos muito a experiência ali. Fica no bairro CBD, local muito mal falado e considerado um dos mais perigosos da cidade. É preciso ter um pouco de cuidado realmente, mas foi onde conhecemos muita gente legal que com certeza não conheceríamos se ficássemos nos bairros turísticos. No nosso relato do Dia 4 na África do Sul você encontra mais detalhes sobre a nossa estadia. Resumidamente sobre o hostel, staff muito prestativo e simpático, banheiros grandes com chuveiro bem quente e um rooftop muito agradável. Segue nossa avaliação dele no booking:

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  • Sobre a região, alguns pontos de interesse:

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Região do Hostel, na CBD
 
  • Pontos de interesse marcados no mapa:

1 - Urban Zulu Backpackers Hostel

2 - Gandhi Square

3 - Carlton Center

5º Dia: Um dia em Johanesburgo

1. Museu do Apartheid

  • Para ir até o Museu do Apartheid, fomos de UBER pagando 65 Rands.

  • Site oficial do Museu do Apartheid: https://www.apartheidmuseum.org/

  • Valor do ingresso que pagamos em 2017: 85 Rands

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Trajeto de UBER até o Museu do Apartheid

2. City Tour

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Valores atualizados em 2021
 
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Trajeto do ônibus City Sigthseeing
 
  • Utilizamos somente a linha vermelha.

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Carlton Center até o hostel
  • Na volta, descemos no Carlton Center para voltar para o hostel.

6º Dia: Começando nossa jornada rumo à Cape Town

  • Neste dia começamos nossa viagem de trem de Johanesburgo para Cape Town.

  • O trem que faz este trajeto é o Shosholoza Meyl e a viagem dura (em média) 28 horas, partindo de Johanesburgo às quartas, sextas-feiras e domingos.

  • A rota que utilizamos é a "roxa" no mapa abaixo:

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Todas as rotas do Trem Shosholoza Meyl
 
  • Pagamos 690 Rands a passagem, mais uma taxa de serviço de 40 Rands, comprada no site https://www.southafricanrailways.co.za/ . Não é possível comprar passagens diretamente no site da companhia.

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Tabela com horários e preços das passagens
 
  • Em Johanesburgo o trem parte da estação central, a Park Station.

  • Para ir até a Park Station, apesar de perto, fomos de UBER devido ao entorno da estação ser um lugar extremamente perigoso devido à assaltos à turistas frquentes.

  • Pagamos no UBER 27 Rands.

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Trajeto de UBER do Hostel até a Park Station
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fiquei nesse mesmo hotel em nelspruit e gostei bastante também

não tive nenhum problema desse negócio que vocÊ falou de fechar tudo por volta das 17:00, será que não era domingo ou algum feriado?

fui no supermercado a noite, por volta das 19 -20 sem qualquer problema e jantei num mcdonalds que tinha ao lado

deixo a dica de inves de ir de nelspruit direto para o kruger, fazer a panorama route antes

estrada que passa por vários pontos cênicos, acho que valeu MUITO a pena

entre eles está o blyde river canyon que é o 3o maior canyon do mundo

eu acabei me empolgando e demorando mais tempo que o programado na panorama route, e como tem hora limita para entrar no kruger no final tive que dar uma acelerada e ainda estava sem almoçar ou lanchar e tive que deixar pra comer só no kruger haha, cheguei no parque morto de fome

esse  foi o trajeto que fiz saindo de nelspruit e algumas paradas da panorama route, e entrei no kruger pelo orpen gate

 

 

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Editado por FCRO
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Que show!

Quando fomos não pesquisei muito sobre a Panorama Route e a ignoramos. Mais tarde olhei umas fotos, principalmente do Blyde River Canyon e fiquei com muita vontade! Fica pruma próxima :(

  • 2 semanas depois...
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ÁFRICA DO SUL 7º Dia - E a jornada rumo à Cape Town continua... (20/11/2017)

Quase amanhecendo, o trem parou de novo. Depois de um tempo, continuou mais um pouco, e pudemos apreciar um lindo nascer do sol no interior africano.

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Amanhecer no interior africano

O resto da manhã ficou nesse para, continua, para, continua, até que parou de vez e o gerente do trem bateu na nossa porta para nos dar a noticia que não ia ter como continuar de trem. Sendo assim, teríamos que continuar a viagem com um ônibus fretado pela companhia.

Fomos todos encaminhados então para um ônibus, não lembro em qual estação. Já se aproximava do fim da manhã e, faltando quase 800 km ainda pra chegarmos na Cidade do Cabo, o pessoal da companhia nos informou que de ônibus chegaríamos lá por volta das 17h, no máximo 19h. Não sei se falaram para tentar nos tranquilizar e não ficar tão chato para eles ou se não tinham muita noção de tempo mesmo. Hoje conhecendo melhor os transportes na África, apostamos na segunda opção. Mas como nós não conhecíamos o trajeto e sabendo que o trem é bem mais lento que um ônibus, compramos a ideia e ficamos tranquilo, chegaríamos em Cape Town ainda podendo aproveitar o fim da tarde. O ônibus era bem confortável, como tinha pouca gente ainda aproveitamos para sentar bem na frente com mais lugar para esticar as pernas e apreciar melhor a vista.

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Rumo à Cidade do Cabo

Junto com o motorista, veio conosco a bordo também uma senhora funcionária do trem. Muito solícita e atenciosa, ela acabou fazendo papel de "guia" da viagem, auxiliando todo mundo e até apontando locais e contando algumas histórias pelo caminho. A guia e o motorista falavam entre eles numa outra língua, bem diferente das que havíamos escutado até agora no país.

O resto do dia então, passamos na estrada, atravessando praticamente todo o país e apreciando as diversas mudanças de paisagens rumo à Cidade do Cabo.

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Casas bastante simples na beira da estrada e os típicos montes de extração de ouro

A partir mais ou menos da metade do caminho, os nomes holandeses das cidades começam a dar lugar a nomes ingleses, como Hutchinson, Beaufort West, Prince Albert Road, etc.

O ônibus fez questão de deixar todos os passageiros em suas respectivas estações de trem, o que foi bem legal, visto que muitos passageiros que ficaram pelo caminho tratavam-se de senhores de idade, cujos parentes estavam esperando nas estações. Legal também que pudemos conhecer muitas das cidadezinhas pelo caminho. Ficamos impressionados com a diferença nessas cidades do interior em relação ao que havíamos conhecido do país até agora, todas bem com aspecto de cidade pequena mesmo, maioria das casas de madeira bem estilo coloniais, bastante europeizadas e, com a maioria das pessoas brancas.

O problema é que muitas estações ficavam bem longe da estrada, tendo o ônibus que fazer desvios de até 80 km para chegar nas estações e, como já imaginávamos, passando das 19h ainda estávamos longe da Cidade do Cabo.

Se aproximando de Cape Town, entramos na região vinicultora da África do Sul, com a paisagem mudando bastante com relevos mais acidentados e clima mais ameno, bastante propício para o cultivo das uvas e, é claro, vinhedos por todos os lados, bem bonito!

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Região dos vinhedos

A funcionária da companhia de trem/guia da viagem nos contou um pouco da história dos vinhos na África do Sul. País mundialmente famoso por seus vinhos e cuja produção remete a mais de 300 anos de história, diz que já foi considerado um dos piores vinhos do mundo. Que foram os imigrantes franceses, vindos em busca do ouro durante a época colonial, com sua expertise somada a qualidade do solo e clima da região, que conseguiram "elevar" a qualidade da produção de vinho e colocar a África do Sul no posto de produtores dos melhores vinhos do mundo.

Já passava das 22h e ainda estávamos no ônibus. O hostel que reservamos na Cidade do Cabo foi o Home Base Backpackers Hostel. Ficamos entre este e o 91 Loop Boutique, pois eram os únicos dois hostels que ficavam na região da Long Street, zona boêmia de Cape Town. Apesar do Home Base contar com piores avaliações no Booking.com, era mais barato que o 91 Loop e, também se localizava mais próximo à estação de trem (500 metros), nos permitindo ir a pé quando chegássemos na cidade. Só que, tarde da noite, não sabíamos se isso seria mais possível. Fomos conversar com nossa "guia" sobre isso e ela nos falou que era muito perigoso andar a pé a esta hora. Muito atenciosa e prestativa, na mesma hora ela pegou o número do hostel e ligou pra eles "exigindo" que mandassem um carro para nos buscar na estação. Ao que eles disseram que não tinha como, ela falou pra ficarmos tranquilos porque ela ia dar um jeito de nos levar até o hostel.
Chegamos na estação já quase meia-noite. A estação central da Cidade do Cabo é parecida com a Park Station de Johanesburgo, funciona como ponto de onde partem todos os trens para os arredores da cidade e também os ônibus intermunicipais, sendo assim também a rodoviária da cidade. Seus arredores não é uma zona considerada tão perigosa quanto à Park Station, mas como qualquer rodoviária de cidade grande, é sempre bom ficar ligado, inclusive um amigo meu que tinha ido para lá uns dois meses antes de nós nos relatou que sofreu uma tentativa de assalto por lá com faca.

O pouco pessoal que restou no ônibus, ou chamou um UBER para suas devidas acomodações, ou tinha alguém esperando por eles, nem se prestaram a nos oferecer uma carona ou nada do tipo. Sendo assim, ficamos por conta da "guia". Depois de esperar todo mundo pegar seus respectivos transportes, ela conseguiu uma carona de carro para ela e pra nós com um dos operadores de trem que estavam por lá ainda. Como esperado, em menos de 5 minutos já estávamos na frente do hostel. No caminho já deu pra ter um gostinho da zona central da Cidade do Cabo, com prédios altos e "chiques" ao longo da Strand Street, uma das principais avenidas por ali. No entanto, apesar de cidade grande e turística e ali ser considerada uma região boêmia, ruas totalmente desertas.

Chegando na frente do prédio onde seria nosso hostel, uma situação inusitada pra fechar a nossa jornada com chave de ouro: a tiazinha guia, vendo que o prédio do hostel estava com a porta fechada e não contava com nenhuma identificação, ficou meio desconfiada e disse que iria ficar ali esperando até que entrássemos e estivéssemos em segurança. Enquanto tocávamos a companhia do prédio e aguardávamos abrirem para nós, um mendigo que estava dormindo na entrada do prédio ao lado se levantou e veio em nossa direção colocando a mão por debaixo da camisa como que se estivesse armado. Nisso só ouvimos a tia gritar bem alto de dentro do carro: "não se atreva! Deixa eles" e o carinha, assustado, se recolheu enquanto a porta abria e entrávamos no hostel. Com toda a correria no fim e o cansaço da viagem, nem conseguimos nos despedir e agradecer imensamente toda ajuda e gentileza da tiazinha da companhia. Além de todo o apoio e atenção que deu a nós e a todos os passageiros, ainda evitou que fossemos assaltados!

Finalmente no hostel! Apesar do horário, estava bem movimentado. Trata-se daqueles hostels grandes com muitos andares e bar que vai até altas horas (mas que fica no terraço e não faz barulho para os quartos). O staff, graças a ligação da guia anteriormente pedindo para nos buscarem, já estava nos aguardando, então foi bem tranquilo e sem problemas com perda da reserva por causa do late check in ou algo assim. Instalados mas ainda com a adrenalina à mil, nos restou então aproveitar o bar do hostel tomando umas cervejas superfaturadas e jogando uma sinuquinha para relaxar e fechar a noite. Finalmente tínhamos chegado em Cape Town!

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Fechando a noite no bar do hostel

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