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Capítulo 11: Inverness 

 

Aviso: as fotos estão amassadas, mas se clicar nelas, elas são visualizadas normalmente :)

Dessa vez não passei 9 meses para atualizar, apenas 6 hahaha.

 

Me dá uma mistura de sentimentos compartilhar as histórias dessa viagem; quase quatro anos depois, estou com uma vida bastante diferente (diferente na verdade, sendo o padrão, indo à uma universidade e deixando as viagens mais em segundo plano). É bom lembrar o que me fez viajar, e as coisas que aprendi e que não quero esquecer. Recordar tira um pouco o peso da vida normativa e me faz lembrar que toda forma de viver é certa se faz sentido para você no momento.  Lembrar desse mochilão tem um gostinho agridoce. Vocês que viajaram por muito tempo e depois voltaram para uma vida mais padrão, sentem esse gosto?

 

Agora, saindo dos devaneios e de volta para as aventuras.

 

Inverness! Uma cidade bem pequenina localizada nas Highlands (terras altas) da Escócia. O rio Ness passa por lá, e fica a um pulo do lago Ness, que foi a minha maior motivação de visita à cidade. Passei três dias lá, mas dá pra ver tudo tranquilamente em um dia. 

A viagem para Inverness foi tranquila, são três horas de Edimburgo para lá (peguei carona com umas duas pessoas apenas; quase levei chuva de granizo, mas deu tudo certo)

Minha estadia lá foi calma. Fiquei na casa de uma escocesa. Cheguei no dia 07/05 e na primeira noite, ela estava com mais dois couchsurfers em casa; um casal de professores de inglês que estavam viajando o mundo e conseguindo se manter com as aulas online. Uma americana e um neozelandês. Dormi em uma cama de camping na primeira noite, e surpreendentemente, foi super confortável. 

Na manhã seguinte, Fui pegar carona para o lago Ness, que fica à 20km da cidade. Pouco tempo depois, um senhorzinho inglês parou para mim. Disse que se chamava Jin e estava com dois cães no banco de trás. Perguntou se eu aceitaria ir fazer uma trilha com ele e seus cães e disse que depois me deixava no lago. 

 

-Claro, por que não?

 

Foi uma das trilhas mais legais que já fiz. Vimos cachoeiras, seus cães se divertiram muito no caminho e ele me contou que tinha o hábito de visitar aquele lugar no passado, mas que não ia lá fazia 10 anos até aquele dia. Fiquei feliz de ter dito sim.

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pequenos registros da trilha

 

Na volta, ele me deixou no lago. Lindíssimo, mas como eu não tinha dinheiro, não tinha como fazer os passeios. Fiquei admirando o espaço e pensando na história do monstro do lago Ness. O Jin tinha me dito no caminho para a trilha que “claro que ele existe, você só precisa estar muito bêbado para enxergá-lo!"

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 Lago Ness

 

Pouco tempo depois, comecei a pedir carona para voltar. Só havia um problema: a estrada de volta, era do lado oposto à onde eu estava. A pessoa que parasse, teria que ter a boa vontade de atravessar para o estacionamento do lago. Não me desesperei porque eu sabia que ia dar certo; havia ainda muitas horas de luz pela frente. 

 

Acho que uma ou duas horas depois, uma mulher inglesa chamada Maryn me levou até Inverness. Ela disse que também costumava pegar carona na juventude e achei aquilo um máximo. Sempre ficava muito feliz em encontrar outras pessoas (principalmente mulheres) que já tinham experiência com hitchhiking.

 

Ela me deixou no centro da cidade e fui procurar algum lugar onde eu pudesse usar wi-fi tranquilamente. Achei um McDonalds e comecei a pesquisar sobre outros pontos turísticos que eu pudesse visitar no dia seguinte. 

 

Nesse meio tempo, um senhor que havia sentado ao meu lado, puxou conversa, falando sobre a arquitetura de um prédio em frente. Meia hora de papo depois, decidi fazer um teste. Até aquele presente momento, não havia pedido dinheiro para comer na viagem (apenas a comida em si). Tinha uma Poundland logo em frente e a fome estava começando a bater. 

-Posso lhe pedir um favor?

- Claro, o quê?

- O senhor pode me dar uma libra para que eu possa comprar algo para comer ali? 

- Moça, eu pago algo de verdade para você comer se aceitar tomar uma cerveja comigo.

- Não bebo, mas aceito um café.

 

Em momentos como esse, eu sentia que deveria ser simpática com cautela e contar a minha história. Porque se nesse momento a intenção fosse diferente, é conversando que se sente alguém. E que bom que esse senhor foi legal. Mas houveram outras pessoas que às vezes ofereciam as coisas na malícia, e a gente que viaja sozinho sabe que as pessoas geralmente são empáticas e solícitas. Mas quando não, a gente tem que ter jogo de cintura e às vezes, ser grosseiro quando acham que por conta do seu estilo de viagem, você vai aceitar qualquer tipo de situação. De qualquer forma, é só prestar atenção em como a pessoa fala com você que dá tudo certo. 

 

Fomos ao The Wetherspoon e lá ele me pagou um burguer vegano, um café e pediu uma cerveja para ele. Conversamos sobre nossas visões a respeito do álcool e falei que estava viajando sozinha e quase sem dinheiro.

-Mas você não pode fazer isso!

-Eu posso e estou. E têm dado certo, não se preocupe.

-Eu vou te dar um dinheiro.

-Eu não quero. Tá tudo bem.

 

Ele me encarou e disse que ia para o lado de fora fumar um cigarro, Quando ele voltou, abriu minha mão, colocou algo dentro e fechou.

-Aceite.

Ele não parecia ter a intenção de aceitar um não, então só coloquei na minha bolsa, sem olhar. Conversamos mais um pouco e nos despedimos.

 

Quando cheguei na casa da minha host fui olhar minha bolsa e descobri que ele havia me dado 40 Libras. Caramba. 

Eu não aceitei o dinheiro de primeira, mas por conta daquele homem, consegui comprar meu café da manhã por mais de duas semanas (isso intercalando com quando eu tomava café na casa dos meus hosts) e comprar café. Não lembro do seu nome, não lembro direito do seu rosto. Mas sou agradecida a ele.

 

No outro dia, apenas bati perna pela cidade. Achei um jardim botânico com plantas tropicais, então bastante coisa familiar. O clima dentro do jardim também haha. 

 

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Inverness

 

Já tinha visto tudo que queria ver, então não demorei muito pra voltar pra casa da minha host. No dia seguinte, parti para Glasgow. 



 

Obrigada por ler e feliz ano novo!

Editado por camilandarilha
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  • 6 meses depois...
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Parabéns pela coragem, são relatos como esse que me fazem pensar qual é o sentido da vida. Fico muito feliz em ler tantas histórias e experiências que você passou de um jeito leve e inspirador (Mesmo com pouca grana). Espero que você conquiste tudo que deseja e possa viajar por esse mundo cheio de maravilhas, afinal, é só isso que levamos.

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