Membros Patricia Lopes Szcspanski Postado Janeiro 31, 2021 Membros Postado Janeiro 31, 2021 Sem dúvida eu gostaria que todos os meus pensamentos se transformassem em palavras, de forma automática, no calor do momentos, para que eu fosse fiel ao descrever o que vivi, o que senti, muitas vezes sob efeito do medo, da dor, da exaustão, do deslumbre, do encantamento... mas vamos lá. Essa rota é conhecida como desafio das catedrais, criado há mais ou menos 6 anos atrás pelo Arnaldo, um cara com um bonito histórico peregrino que incluiu Santiago de Compostella, o caminho consiste em sair da catedral metropolitana de Londrina e caminhar até a catedral de Maringá, pelas estradas rurais dos distritos, em 24 hs! existe também o formato em 5 dias, mas o preço para mim era inviável. Sempre ouvi falar nesse caminho, queria faze-lo por minha conta, mas tinha medo, minha historia com caminhos é recente, ainda estou me descobrindo e vencendo meus limites. Minha infância não foi marcante, fui uma criança sonsa e que brincava muito sozinha e dentro de casa, minha adolescência e vida adulta não foi muito diferente, tinha e tenho limitações físicas que no passado me fizeram acreditar que eu não era capaz de muita coisa, hoje com minha autoestima consolidada e completamente apaixonada por caminhos e pela natureza, me supero em cada novo trajeto percorrido. Mas esse amor por estradas é recente, data de uns 4 anos pra cá, então a cada novo sonho, é preciso planejamento, concessão da família... sou casada e mãe de dois filhos adolescentes que muito se preocupam comigo, ao longo desses 4 anos de paixão pelas estradas, muitas vontades minhas os surpreende de tal forma que muitas vezes eles julgam: enlouqueceu de vez! então, em meio à prudência deles e a minha insensatez eu procuro achar um meio termo, por isso optei por percorrer esse caminho com a ajuda da organização oficial de um evento: me inscrevi na modalidade desafio das catedrais, 130 km em 24 hs! meio insano, mas pelo menos, cabia no meu bolso e a certeza de ter a companhia de um grupo me dariam a autorização pra fazer o feito. Nesse formato, a prova atrai muitos ultramaratonistas, que veem esse feito como um desafio mesmo, colocando como meta, a conclusão da prova no tempo estabelecido. Minha visão é de contemplação, de conquista pessoal, de comunhão e imersão com a natureza. Desde de que comecei a caminhar, correr, fui aumentando minhas distancias, me apaixonei por grandes distancias... nunca cogitei melhorar tempo, o que me fascina é saber até onde posso ir com minhas próprias pernas, até onde minha mente me leva. Então eu já sabia: não terminaria em 24 hs jamais!!! 2020 foi um ano atípico para todos, e lá no começo, meu 2020 como o de tantas pessoas, era promissor: havia fechado varias corridas longas e em lugares que prometiam ser muito legal conhecer, e a promessa de grandes caminhadas era certa, mas com a pausa que o mundo dava, eu não tinha opção de ficar em casa. Trabalho na área da saúde, meu oficio é cuidar das pessoas, vi como as pessoas começaram a adoecer por neura, por ficar em casa, então conclui que se para mim era impossível ficar em casa, eu tinha de sair para os lugares mais perigosos em relação ao vírus: os hospitais, eu não iria adoecer da mente por falta de vida, e assim, passei a caminhar sozinha, a caminhar em grandes distancias com amigos em comum da minha área, a procurar refugio nas estradas rurais e no silencio da natureza, e no final de 2020, quando a sociedade já enfadada de quarentena e com muitos dos seguimentos comerciais dando seus pulos para se adequar e manter suas atividades financeiras, o desafio das catedrais abre as inscrições! Eu, trabalhando em dois hospitais sendo um deles nas frentes de COVID, me inscrevi! planejei folgas, e fazia caminhadas de longa distancia cerca de 2 vezes por mês como preparo. Como medida de segurança, as saídas se dariam a partir das 17 hs, da catedral de Londrina, do dia 11 de dezembro de 2020. Sendo assim, as 17 hs lá estava eu, pronta! tinha nas costas uma pequena mochila pesando cerca de 2 kg, com bolachas, uma garrafinha de 250 ml de agua, uma troca de roupa, uma calça de tecido molinho pra se por acaso esfriasse de madrugada, duas lanternas de bile, daquelas pequenas, uma lanterna mais, daquelas que carrega na tomada, carregador externo, um rolo de papel higiênico, uma bandeira do meu grupo de corrida: Amor a Corrida, um tênis amarrado a alça da mochila, uma meia extra... acho que só. A Catedral de Londrina, minha velha conhecida, passou quase sem importância! A foto de saída eu estava sozinha, nada mais verdadeiro e apropriado! Feita as pressas, só pra registrar a saída. Por muitos momentos eu contemplei a catedral mais merecidamente. Com a autorização de sair ok, eu segui num grupo pequeno de outros 3 participantes: um de nome alemão que eu não vou lembrar, de 60 e tantos anos, contando ser ultramaratonista, outra da minha idade, a Siri, também ultramaratonista, e a Claudete, de 50 e tantos, também ultramaratonista (que que eu tava fazendo lá!!!!) Saio correndo acompanhando o pequeno grupo pelas ruas do centro, já que se inicia uma chuva até grossinha, logo a chuva passa e eu ainda correndo / andando, vou tirando da mochila alguns itens que planejei usar como fones de ouvido e meu mp4, e a bandeira do grupo Amor a Corrida, na pressa da saída, não tinha ajeitado nada. Amarro a bandeira no pescoço de forma que cubra minhas costas, fico parecendo o batmam com sua capa preta (a bandeira é preta e o logotipo e escrita, amarelos) e assim, coberta pelo apoio de amigos que acreditam em mim, abastecida de uma boa seleção musical, sigo atrás do grupo. Até consigo estabelecer uma parceria e uma prosa com a galera desse descrito grupo, saber quem eram, de onde eram... mas a medida de avançamos, vou ficando pra trás, primeiro com o alemão de nome difícil e a Claudete, sendo possível conversar o suficiente para admira lós como pessoa que são. Depois de correr / caminhar cerca de uns 15 km, entramos numa rodovia que dá acesso aos distritos de londrina / Cambé, uma rodovia estreita, sem acostamento, com transito de caminhões, é preciso quase pular no meio do mato em muitos momentos, eu ainda na companhia da Claudete, fico muito agradecida por ter saido as 17 hs e passar por esse trecho ainda com a claridade do dia, que já vai se acabando. Claudete com muita dor no pé, me conta que tem um Neuroma de Morton (uma lesão no pé, uma espécie de inflamação no nervo do pé, que causa muita dor - minha mãe já operou do tal neuroma - é doido mesmo) ela tem que parar a cada 10 minutos para tirar o tênis e colocar de novo, como sei bem o que é um neuroma de morton, já imagino: ela não vai chegar! Mas a prosa com ela é muito enriquecedora: mulher valente, guerreira, apaixonada por montanhas, tenho certeza de uma coisa: a amizade de Claudete é mais um dos presentes que a vida me dá. Ao colocar o pé na estrada de chão, a alegria foi tão grande que pode se comparar a uma criança que ganha um doce! Ver o brilho nos olhos da Claudete foi contagiante, ela não tinha mais dor, ela era pura energia, e juntas, assistimos a um espetacular por do sol, um festival de cores: Azuis, laranjas, lilases, rosas, verdes... a sensação era de caminhar por uma obra de arte impressionista, com trilha sonora do canto dos passarinhos. Claudete, num show de empolgação, correu como uma criança corre ao encontro de um balanço no parque, parecia dizer: "dane-se pé, eu quero ser feliz", e foi ai que a vi se afastando cada vez mais até perde lá de vista, e me perceber confortavelmente só, ao menos naquele momento. A medida que escurece vem a apreensão, mas eu já esperava por ela. O fluxo de gente ainda ameniza muito a sensação de medo, mas bastava uma pequena olhada pro celular, por mapa, pro wats, que no retorno, percebia que tinha escurecido muito mais, era hora de pegar a lanterna. Vem então o primeiro problema: pra correr eu havia feito um ó muito forte na tira da mochila, passando no peito, que não conseguia desatar, não conseguia acessar nada! Caminhando no escuro ainda tímido, até que um corredor passa por mim e me diz: "tá sozinha? Cê é doida hem!... precisa de algo?" ele alcança pra mim uma lanterna, uma daquelas pequenas de bicicleta, eu agradeço e ele segue. a lanterna era extremamente fraca e a medida que a noite cai, vejo que preciso de mais luz, mas o trafico de gente e de veículos (os apoios) é grande, o que me faz não precisar tanto da lanterna, e é para um desses carros que peço ajuda para cortar meu nó da mochila. Os cara até tentam desatar, mas vai na faca mesmo! Ufa, consigo acessar minha mochila: agua, comida e lanterna melhor ao alcance. Sigo. Passar por mim um corredor que me presenteia com uma lanterna de cabeça! ele me ajuda a ajustar e segue correndo, agradeço, mas assim que ele vira as costas a lanterna cai da minha cabeça kkkkk, demoro ajustar sozinha, mas uma vez ajustada, ela era ótima! fico feliz e penso: agora sim! com menos de meia hora, passa por mim uma senhora me dizendo: "como é difícil correr no escuro"... Dou a lanterna de cabeça pra ela! A gente dá o que a gente recebe! Chegamos em Caramuru, um distrito de Cambé com a rua principal iluminada, lá, encontro Siri e o alemão, me contando que se perderam, mas estão preocupados com Claudete, acreditavam que ela estava comigo, logo eles somem de novo na frente... de novo, estou só. Até aqui eu conhecia o trajeto, a partir de agora, vou por um caminho desconhecido, nunca passei por aqui, a escuridão é densa, mas volta e meia passa por mim alguém, eu sei que não estou sozinha. Chega o ponto de apoio do jantar, é quase meia noite, e o jantar é um alento: um caldinho de cabotiá! que delicia! ali fico sabendo que Claudete deixou a prova! Seguindo, um trecho iluminado, um vilarejo, logo vem uma travessia da BR, adentramos ainda em um trecho iluminado, margeando a linha do trem, poxa, bem o trem poderia passar! e não é que passa o trem!!!! fico admirando o trem, e sigo ainda pela ruela iluminada, mas avisto lá na frente, de novo, o buraco da escuridão. Paro pra pegar alguma coisa na mochila, passa por mim tres corredores, mas logo são engolidos pela densa escuridão, eu não sei se estava distraída arrumando a mochila, mas não vi como eles sumiram de vista. eu segui andando, quando a ruela acabava, segui reto pela escuridão que logo, já era total. A lanterna já dava sinais de acabar a bateria, só iluminava malemá o local do próximo passo, nem olhando pra trás eu avistava mais as luzes da ruazinha, a estrada de chão parecia tão estreita, lamacenta demais, ora eu estava quase entrando no mato da margem direita, ora no mato da margem esquerda, não via a luz de ninguém nem pra frente nem pra trás. O medo me abraçou, mesmo ouvindo musica nos fones eu podia sentir o peso do silencio, fui em frente por uns 15 minutos, até que me lembrei do obvio! O mapa!!! e quando olhei pro celular, estremeci de medo: estava fora da linha azul, eu era um pontinho azul no meio do nada! (o caminho é guiado por um aplicativo - Go Brasil) imediatamente liguei a lanterna do celular, vi que se tratava de uma trilha muito estreita em meio a mata, eu não sabia pra que lado seguir pois no mapa, parecia não ter nada, estrada secundaria nenhuma, foi preciso abrir bem o mapa para ver o leve risquinha da estrada secundária que eu tinha entrado, e com o mapa bem aberto eu ia dando um passo de cada vez e vendo se o pontinho azul se mexia... pensei em mandar mensagem pra alguém, contando... não! eu só queria sair dali! passava da meia noite e qualquer amigo, marido, que eu ligasse ou mandasse mensagem contando que estava perdida, não poderia ajudar, só iria incomodar. A medida que eu caminhava eu via o tal pontinho azul se aproximar na linha azul que traçava o caminho certo, e via que as luzes da ruazinha já eram visíveis, luz no fim do túnel! que alivio, deve ter sido uns 2 km, mas parece que a metade da noite se passou ali. Já me acostumei a escuridão, já me acostumei com o medo, passava da uma da manhã e eu me dei conta de todo o risco que estava correndo, a medida em que as pessoas iam passando por mim e perguntando se eu estava sozinha, me alertando para isso, a medida em que percebo a diminuição do fluxo de gente que passa por mim, que percebo que vou ficando pra trás... embora o fluxo de gente passando por mim era frequente, por muitas vezes eu me vi sozinha na escuridão, e pra não bater o desespero eu pensava no amanhecer do dia, tentava deixar de lado o incômodo de não ver o horizonte, de não ver o entorno, e contei os minutos , contei as horas, ansiando pelos primeiros raios de luz, diante daquele escuro, diante daquele pequeno foco de luz que guiava meus passos (minha fraca lanterna) eu pensava: pra que se incomodar com a falta de visão no horizonte se nada posso fazer a não ser caminhar! a única coisa que ameniza a sensação de desespero era a certeza do raiar do dia. E foi com essa certeza que contornei meus medos e segui, cantando sozinha na escuridão enquanto durou a bateria do meu mp4, em estado de alta vigilância, a cada passo, contando as horas: 1:00, 2:00. 2:30... 2:45, sentindo que as horas se tornavam mais longas. As 5 da manha desliguei a lanterna! a luz já era tão fraca que o fato de eu conseguir ver bem onde pisava já era suficiente para que eu, dai em diante, seguisse sem ela. A partir dai eu contemplei um lindo amanhecer. Enquanto o dia amanhecia, tudo era gratidão e beleza, mas como eu previa, logo a fome, o cansaço começavam a falar alto, o aplicativo já passava dos 60 km e as paradas eram muito distantes uma das outras, já passava das 10 e nenhuma parada que oferecesse café da manhã. Aos 67 km, na parada de Campinho, vejo que os poucos que restaram estão desistindo: um casal que pede informações de como orientar o Uber pra chegar até lá, e mais dois rapazes que conversam entre si sobre abandonar a prova. Eu tomo a decisão de trocar de tênis. O tênis reserva tinha o solado mais fino e zero amortecimento, saio na frente enquanto os meninos discutem se continuam ou não, mas o trecho adiante tinha muitas pedras e paralelepidos. Cada pedra que pisava doia demais o pé, passei a procurar lugares pra pisar a cada passo... Embora eu tenha saído na frente, me arrasto pelo caminho, minha marcha é lenta, estou com fome, sono, cansada e os pés doloridos. A informação que tinha era que dali de onde sai (Campinho), mais 15 km seria a próxima parada (será que é lá que vai ter algo pra comer além de banana e paçoca?), sai de lá com a confiança de saber que 15 km é ali, rapidinho, pois eu caminhei 20 e não achei a tal parada! O caminho não tinha um meio fio, uma pedra ou um montinho de nada para apoiar o pé e trocar o tênis, e mesmo com o pé doendo eu pensava que logo chegaria ao ponto de parada e poderia trocar o tênis, então pago o preço da decisão errado de trocar o tênis. Avisto lá atrás um dos meninos que se dizia exausto e disposto a abandonar a prova, demora, mas ele me alcança e ouço atrás de mim os passos dele, sem forças nem pra virar pra trás eu pergunto: " Luciano, é você?" "Não, sou o Samuel, o Luciano ficou la ainda". A conversa não fui muito, caminhamos no mesmo passo por alguns minutos, mas embora ele também se arraste, logo eu fico pra trás de novo. Ouço o som de um cajado se arrastando. Agora sim, é Luciano. Ele me diz que quer parar, mas como veio sem apoio, vai seguir, vai tentar seguir até a igreja que fica no km 100, aos poucos ele me passa e lá adiante, vejo que ele já alcançou o Samuel, os dois caminham lado a lado até sumir de vista. Estou de novo sozinha. É difícil estabelecer parceria num desafio como esse em que cada um tem seus objetivos pessoais, quanto mais o tempo passa, mais o sol judia, o sofrimento aumenta, impossível pedir por companhia se eles também não veem a hora de chegar. No trecho de paralelepipido meus pés sofrem muito, preciso escolher onde pisar, vou pelos cantos onde tem menos pedras, se tropeço, o corpo inteiro sente, a vigilância tem que ser dobrada. Passa por mim uma caminhonete e pergunta se tá tudo bem (o motorista tem a camiseta da organização) responde que sim, ganho uma agua gelada, sigo... a mesma caminhonete passa de novo cerca de 1 hora depois... sim está tudo bem! Sinto uma saudade do escuro, quando olho a estrada a perder de vista! se antes, o escuro me afligia por não ver o horizonte, agora é justo ele que me aterroriza! Penso" Meu Deus! eu sabia que tinha que seguir, que só a luz do dia traria a fim da aflição, mas agora parecia ser o fim da minha aflição tão infinito quanto a visão que tinha daquela estrada! Pensei na vida, na tão óbvia comparação entre vida e estrada... que o jeito é seguir, que quando estamos desgastados, que quando já mais nada consegue nos animar, as belezas já não encantam os olhos... não adianta, não vai me ajudar em nada ficar ali parada, no meio do nada... é preciso seguir em frente, sempre. Os registros fotográficos que faço são mais no sentido de registrar o desespero da visão de um horizonte que só tem estradas! percebo que o cansaço tem níveis: I - dores nas pernas, II - dores nas costas, III - cansaço gera, sede e fome, IV - padecimento geral do corpo, V - náuseas e tonturas, VI - insanidade, tudo começa a perder a graça, desespero por saber que o objetivo ainda esta muito longe, exaustão! Comecei a sentir fome e protelava porque queria chegar logo, sentia náuseas... então comia pois tinha medo de passar mal. Enfim uma sombra!!! com um tronco de arvore para sentar! sentei, deitei no tronco, e ali queria fiar... uma arvore, uma sombra, um tronco, passam a ser um oásis! já é quase meio dia, segui por mais uns 2 km talvez, uma casa! um provável vilarejo. eu sabia que ali ficaria a tal parada do prometido café da manha, mas aquela casa parecia oferecer mais! Abrigo Bati palmas e pedi agua, aos 82 km percorridos, já tinha em mente o pedido de socorro. Bati palmas com o coração cheio de esperanças, pedi por agua, eu tinha meia garrafa de agua morna, pedi por agua gelada. A mulher que me atendeu veio parecendo pressa, estava ocupada, entrou e voltou um bebê no colo e uma jarra de agua gelada, preocupada com os cachorros e com o jabuti (quem tem bichos é sempre gente boa) e ao me ouvir, não me lembro ao certo, mas tenho a impressão que ela teria dito: "entra" desde as primeiras palavras. Veio dizendo que estava cuidando do bebê e com as panelas no fogo, eu disse que vinha de Londrina caminhando, se era possível entrar e descansar na cadeira da varanda um pouco. Eu nem sei se ela compreendeu, mas me disse pra entrar, que estava terminando o almoço e cuidando do bebê, abriu o portão e me deixou entrar, pediu desculpas por ter que fechar a porta para que o jabuti não entrasse em casa, pois ele fazia a maior sujeira, eu entrei, sentei na varanda e ela entrou na casa, fechou a porta e me deixou lá. Ela voltou agora sem o bebê, prendeu o jaboti num cercado e me disse pra ficar a vontade, estava terminando o almoço e eu iria almoçar, de novo ela entrou dentro da casa e dessa vez deixou a porta aberta. Eu desabei num choro, sem causa explicativa, de dor, de cansaço, de exaustão, das lembranças da dor do pé de Minas e que agora se repetia só que nos dois pés (em 2019 fui pra MG fazer o caminho da Luz, no terceiro dia fui acometida por uma tendinite no pé esquerdo, caminhei com dores no pé pelos 5 dias que restavam pra concluir o trajeto que se encerra no pico da bandeira) da duvida, do medo de não poder prosseguir, de tanta coisa... chorei feito criança que apanha da mãe vida. Minha sorte é que ela, a Lucineide (vim a saber o nome só um dia depois, por olha no wats) acho que por estar ocupada lá nos fundo, não me viu chorar desesperada, ou viu e não interferiu. Quando o barulho do choro cessa, só ficou o soluço, ela volta e me oferece o sofá. eu já estava deitada no chão. Falei que não podia, estava suja. Mas ela me ofereceu banho, almoço e o esperado sofá. Comi (pouco, pois tinha o estomago revirando) conversei, contei sobre o que estava fazendo, ela me disse que ouviu barulhos a noite toda do pessoal passando, e eu fui pro sofá! Ela me falou que o bebê não era dela, estava cuidando para uma amiga, a mãe do bebê viria busca-lo as 15:00 e eu poderia seguir com ela pra Sarandi, ou se quisesse, dormiria lá! Depois de conversar um pouco, fui pro sofá e mandei uma mensagem pra organização do evento dizendo que havia conseguido abrigo, pouso, comida, e que iria descansar ali, depois avaliaria se prosseguia hoje ou amanha por minha conta, a resposta foi um sucinto boa sorte. avisei alguns amigos e família, e dormi o sono dos justos. Acordei ouvindo conversas, Lucineide dizia: "Nem sei o nome dela, estou preocupada..." me mexi no sofá e ela percebeu, veio em mim e me chamou, me disse que a mãe do bebê estava lá e se eu iria querer carona para Sarandi. Só respondi que não obrigada. E disse também: "meu nome é Patrícia", voltei a dormir. estava tomada a decisão, eu iria seguir sozinha. Acordei me arrastando até o banheiro, conversamos bastante sobre a vida dela, deixei que ela falasse, aprendi que é bom ouvir, pouco falei de mim, falei apenas dos meus filhos, marido, mostrei fotos... logo dormi de novo, acordei ouvindo vozes, dessa vez, briga... eles brigavam baixinho pra não me acordar, ela e o marido, fiquei me sentindo intrusa, fingi estar dormindo até a briga cessar, só então acordei. Acordei com a oferta de lanche que me serviu de jantar. proseamos mais um pouco, ela me mostrou sua casa lá pros fundos, sinalizou querer contar os problemas conjugais, mas eu não me alonguei nesse ponto, só ouvi... eu conversava, fiz tudo para ser sociável, mas tudo o que eu queria era sossego. Lucineide foi um presente, uma pessoa que ali se mostrou tão amiga como uma velha conhecida, o coração dela não é dela, é do outro, foi um anjo. Disse boa noite e me recolhi para o sofá anunciando que sairia de madrugada (ela me ofereceu a cama, mas o sofá tava ótimo), ela subiu pro seu quarto. Dei noticias aos amigos e família, coloquei tudo pra carregar e deitei pensando ser esta a melhor decisão, pois se saísse a tarde, com certeza enfrentaria mais uma madrugada, e pelos meus cálculos, faltavam pouco mais de 50 Km, isso eu seria capaz de fazer no dia de amanha. Dormi feito pedra. Acordei as 4:10, fiz dois lanches, peguei 3 maças, enchi minha agua (só a garrafinha de 250 ml) ajeitei minhas coisas, deixei um bilhete de agradecimento e 50 reais, deixei meu numero de wats. Poxa, tudo isso parece que não, mas já era 4:40 quando avisei o grupo que estava retornando, partiu, agora era eu e eu! Segunda etapa! eu e eu mesma Sai confiante, a dor era suportável, muito parecido com a saída do Hotel Venture (um dia após o aparecimento da tendinite em MG), nas minhas contas faltavam apenas 50 Km mas como eu havia me perdido ontem, sabia que seriam mais, talvez faltasse 60 km, no mapa faltava menos da metade. Eu parti com a certeza de que um dia após o outro e uma noite no meio fazem milagre. Tinha apenas uma garrafinha de agua, era madrugada e não tomaria agua tão cedo! Liguei a lanterna e em menos de 5 km depois eu já podia desliga-la. Caminhei sem pausas, as pausas se davam apenas para conferir o mapa, xixi, ou acessar a bolsa par comer alguma coisa. Comecei a ter consciência de que estava sozinha no mundo, nada passava por mim, o primeiro carro deve ter passado depois de uns 10 km, só tinha a companhia das assanhadas gaivotas e dos passarinhos que se encarregavam da trilha sonora. então passeia cuidar de cada passo, consciente que não poderia torcer o pé, tinha que comer no menor indicio de fome, mas a agua precisava racionar. Percebo que a característica da rota é que trata-se de uma estrada a ermo, não há como pedir socorro, agua, nada... há poucas porteiras, e quando há, só se vê a porteira, mas a propriedade...nada! não tem arvores para fazer uma sombra, muretas ou morrinhos, nada, só chão e soja... Ao virar uma curva, uma imensa estrada numa ladeira de dar medo, pontilhada de branco na direita, eram gados! pois todos vieram na minha direção!!! Pareciam capazes de pular aquela frágil cerca sem protelar! eu estava com a camiseta do evento, cor laranja e vermelha, me senti uma verdadeira toureira! parei, joguei a mochila no chão e rapidamente tirei a camiseta, estava com a camiseta do grupo Amor a corrida por baixo, preta, mas teria tirada a camiseta laranja e vermelha mesmo se estivesse sem nada e fosse preciso caminhar nua! Guardei a "bandeira de toureiro" na mochila e segui morrendo de medo das vaquinhas, a ladeira era extensa, acho que uns 2 km, e o tempo todo as vaquinhas me seguindo margeando a cerca, de cerco pensavam que espécie de bicho feio é esse. Cerca de uns 5 km dali, mais ou menos umas 9 da manhã, ouço vozes... será que estou ouvindo coisas? As vozes se aproximam rápido, apontaram 2 meninas de Bike. Pararam! ficaram pasmas de encontra uma caminhante sozinha por ali, tão longe de tudo, vindo de tão longe, indo para tão longe... Impressionadas, elas fizeram questão de tirar fotos, me procuraram no face... ganhei meu dia! renovei minhas forças e o cansaço foi embora. Encontrei um sitio, entrei pelo portão, pedi agua que aquela altura era preciosa. A pessoa que me atendeu, nada simpática, não fez nenhuma pergunta... bebi o máximo que pude, enchi a garrafinha e segui. Agora num ritmo mais rápido eu ouvi se aproximar muitas vozes... era uma nuvem de Bikers, todos meninos! e a reação deles ao me ver foi muito parecido com a das meninas, de incredulidade! "Cara, ela tá fazendo a rota das catedrais!! SOZINHA! oloko!" os cara pararam, tiraram fotos, e num clima que fez parecer muito natural, me senti amiga e velha conhecida de todos, de de longa data, ri junto com eles das brincadeiras ora fazendo pose sensual na cerca pra fotografar, ora fingindo levar um choque na cerca elétrica, tudo diversão! show. Eles me deram gelzinho de carboidrato, banana, agua, bolachas, falaram seus nomes e seguiram pra cachoeira ainda me reverenciando. Eu segui feliz, me sentindo a rainha da rota, me lembrando do livro daquela menina americana Cheryl Strayed, que fez sozinha a trilha da PCT, uma trilha que se estende da fronteira dos Estados Unidos com o Mexico até a sua fronteira com o Canada, ela mesma conta que os trilheiros recebem um apelido dado pela "própria trilha", pelos colegas de trilha ao longo do percurso de acordo com o perfil de cada um, historia essa confirmada pelo livro do casal de brasileiros que também percorreu a trilha na integra, Bia Carvalho e Edinho Ramon (aliás, os dois livros são tão bons quanto) no caso de Cheryl, o apelido que ela ganhou foi "Rainha da PCT", ela percorreu mais de 4.000 km sozinha carregando uma mochila ultra pesada. Eu segui associando essas lembranças com o apelido que me foi dado no grupo de corrida: "rainha das caminhadas" pelas longas distancias, comecei a me achar a verdadeira "rainha da rota das catedrais"! Fui experimentar o tal gelzinho no próximo indicio de fome. Parei e tirei amochila das costas, deixei o celular no chão como sempre fazia, fiz xixi, coloquei de novo a mochila nas costas e segui. Nossa como era doce o tal gel! Numa mão a agua, na outra o gel... segui, já tinha descido um monte... fui olhar o mapa no celular, Kd o celular? Aff, ficou lá atrás, no meio da estrada, no chão! Como é duro ter que voltar cada passo!!! parece que só de voltar já dói tudo de novo, eu estava a uns 5 minutos do celular, mas pareciam horas ate reencontra ló!! Foi então que a agua acabou. Só faltava um precioso gole, caminhei olhando aquele gole por... sei lá... uns 5 ou 7 km, as vezes esboçava beber... lembrava que não podia... o tal gelzinho foi muito útil, mas muito doce! entrei num sitio, bati palmas, ninguém.. mas o quintal era humilde e avista. a não tive duvidas... pulei a cerca e enchi a garrafinha com agua do tanque... estava salva! Abastecida de agua caminhei tranquila por mais uns km e avistei uma igrejinha, um pouco antes, musica, festa... um sitio, cumprimentei, pedi agua, as pessoas não muito amistosas me disseram pra que entrasse e pegasse no tanque, pedi por favor por agua gelada, depois de uns dez minutos de espera e com uma cara de pouca vontade, uma jarra de agua gelada!!! agradeci e segui. No céu armava um temporal, mas já estava ameaçando chover a algumas horas, só que agora o tempo fechava a cara mesmo. A Igrejinha fica mais próxima e na encruzilhada, ainda bem perto da tal festa, comprimento um lavrador: Bom dia! ótimo dia pra se trabalhar no pesado! ele me responde perguntando: Onde vai menina? Pra Maringá. Mas Sozinha? Vai ter uma tempestade já já, se abrigue na igreja, lá o pessoal tava dando apoio pra quem tava caminhando ontem. Agradeci e respondi que não, queria chegar logo. Obrigada, bom domingo! ele fica com uma expressão incrédula, eu sigo, mas só por um minuto no máximo, é o tempo de avistar lá longe o vento em forma de tornado, e o céu fecha a cara de um jeito que o dia se faz noite! ah voltei, foi o tempo de atravessar a estrada e entrar na igreja, que o mundo desabou em agua! A igreja tinha sido um dos pontos de apoio no dia anterior, e ali havia ainda um casal de senhores que estavam organizando as coisas que sobraram de ontem, ficaram surpresos por me verem, me dizeram acreditar que não havia mais niguem naquele caminho. disse que estava sozinha e por minha conta, que não estava mais na prova por conta da organizção do evento. Eles me ofereceram almoço e eu, que nao tinha outra coisa a fazer que nao esperar, almocei. Aquela era a tal igreja que o Luciano e Samuel me disseram que iriam só ate ela. Enquanto eu almoçava, o casal tirou uma foto minha e mandou pro cara da organização, acredito que por isso meu nome conste na ordem de chegada como se eu tivesse percorrido 110 km em 30 hs. Sentei com os pés pra cima e contemplei a chuva forte, mandei noticias a todos. Segundo o casal, daquele ponto em diante faltariam ainda 30 km, mas como se eu já havia percorrido 40!!! tudo bem, a chuva passou e eu segui, a parada foi cerca de meia hora. Segui patinando, tudo virou um sabão, muito escorregadio, meu passo que já era lento, fica ainda mais, não sei dizer o que era pior, se a subida ou descida ladeando, demora até consigo passar por aquele trecho, até que o barro tivesse mais pedras e o sol já tivesse secado mais a terra. Mas pelo menos não passaria mais sede, tinha agora duas garrafas de agua. Dali em diante faltava apenas um rabo do mapa, um pedacinho, mas esse pedacinho tinha duas voltinhas que pareciam não acabar nunca mais. Engraçado que quando a gente tava lá na rodovia ainda em Londrina, a ânsia por por os pés na estrada de chão era imensa, e agora eu só pensava em avistar o asfalto. Eu já tinha noticias da Claudete, da Siri que havia concluído, e dos meus amigos que também haviam concluído, sentia uma energia muito grande por parte deles e de tantos outros amigos que me apoiavam e me mandavam mensagens de apoio, e ao chegar numa estrada rural já com bastante movimento, percebo que estou próxima da rodovia, meu passo se afirma, mas de novo, volto a sentir medo, carros aqui passam a toda velocidade levantando poeira. Já avistando a rodovia (que alegria) eu vesti de novo a camiseta laranja e vermelha do evento, mas na divisa com a estrada de chão e o asfalto, sou surpreendida por um omega rebaixado em alta velocidade que adentra a estrada de chão em alta velocidade e faz um giro de 180 graus quase em cima de mim, endireita o carro e sai cantando pneus, não me pareceu ser sem querer. vejo que é uma característica daquela rodovia, não sei se pelo fim de semana talvez, mas há muitos carros que passam cantando o pneu em alta velocidade, som alto, moleques ao volante... Nesse trecho como se não bastasse as tais características da rodovia, o fato de ser estreita, não ter acostamento, pra se juntar a isso e aumentar meu medo, lá vem de novo a tempestade! Havia um bota jogada no "acostamento" barreado, e um pouco mais adiante, o outro pé da bota. Não resisti, fotografei e postei no face: Patrícia esta onde o Judas perdeu as botas". Era a primeira postagem que fazia referente ao caminho. Não tenho habito de postar nada em tempo real, faço fotos mas só depois é que as vejo, e posto alguma coisa que queira. Ao parar na beira da estrada pra escrever esse pequeno texto, sinto medo, ninguém transita a pé por aqui, embora a agitação dos carros já se faça um ambiente completamente urbano, parece que na estrada eu sou o único ser a passar por aqui, mas há varias pegadas no barro dos caminhantes de ontem. Meu pai começa a me mandar mensagens, recomendando cuidado, me dizendo pra desistir, não é por que estou avistando Maringá que estou perto, começa a escurecer (se bem que a cara do tempo é de chuva forte) e eu começo a cogitar chamar um Uber, junta tudo: medo, cansaço... De repente, avisto um homem lá no meio do soja parado do lado da moto, num trilho, uma entrada, estava a uns 100 m talvez, pra estar lá distante é com as mãos nas calças, só podia estar fazendo xixi... mas não era só isso... quando vi, o contato visual já tinha se estabelecido, ele havia me visto. Baixei a cabeça e segui o mais rápido possível, se pudesse, correria, mas além de não adiantar, poderia chamar mais a atenção, apenas a distancia me tiraria da linha de vista dele... eu segui a todo momento ouvindo atrás de mim barulho de moto, mas era só na minha cabeça. Aquele momento também só não chamei o Uber porque pra faze ló teria que parar, e eu não podia parar. Uma seta amarela indicava virar pra esquerda, enfim, sairia da rodovia, mas de novo pra estradas rurais! virei, muito estranho, muito estreito, não era possível! segui olhando o mapa no celular, aos poucos o pontinho azul (eu) ia se distanciando do mapa! AFF, caminho errado, voltei, não mais que dez minutos, mas parecia eterno, segui de novo pela rodovia, a uns 100 metros dali, outra estrada secundaria, agora sim, viro a esquerda. Por serem muito próximas, no mapa foi difícil perceber o erro, e a seta amarela se explica pelo fato do ultimo poste antes da verdadeira estrada secundaria a virar estar em frente a estrada secundaria que virei errado! depois vim a saber que muita gente errou nessa parte. Enfim, trava se de novo de uma estrada de chão, mas bem movimentada por carros, o tempo fecha a cara de vez e eu temo virar um para raios naquele lugar descampado e sem nenhum abrigo por perto, só soja. Ali não adianta chamar Uber, então eu tento parar os carros na tentativa de carona. Mas ninguém para, passo em baixo das linhas de energia ouvindo o barulho da condução da energia elétrica e o barulho dos trovoes no céu juntos... que medo. Logo avisto o fim da estrada, a chuva mesmo foi um chuvisco e o vento melhora, a cara do tempo melhora. Lá no fim da estrada deve ser Sarandi, cidade vizinha à Maringá. Os tais 30 Km restante já se foram faz tempo pelo meu aplicativo que ja passa dos 70 Km, para quem acreditava ter que andar no máximo 60. Quando chego em Sarandi, chego num bairro suburbano de casas populares ainda em construção não muito amistoso, talvez pela característica do fim de semana também, uma galera com uns funk de letras de arrepiar os cabelos, bebendo, porém indiferentes a minha passagem, uma subida daquelas de subir de quatro, eu passo por aquela tribo e quando já não ouço o som das musicas, paro numa casinha em construção e chamo um Uber, na tela do celular a informação de que o cara tava terminando uma corrida e que demoraria 7 minutos, ligo e aviso o marido que me diz: estou na entrada de Maringá! Cancelei o Uber e animada, voltei pro caminho. Enquanto converso com meu marido e tento localizar meu endereço, ele me responde de forma ríspida e sucinta, me fazendo protelar o pedido que tinha em mente: chegar! Penso que na verdade, não fazia mais questão do restante do trecho urbano até a catedral de Maringá, restavam menos de 10 Km. Quando meu marido me acha, entrei no carro e recebi um singelo beijo selinho como quem vai buscar a mulher no serviço. Pedi pra que fossemos pra catedral de Maringá e a única conversa em pauta é que caminho fazer até lá. Digo a ele para que siga as setas amarelas, pois estamos muito próximos. Ele me responde que não precisa de setas, que basta seguir o waze, e não percebe que o que eu queria mesmo era passar de carro pela rota que eu deveria concluir, se não fosse resgatada. Fechei meu aplicativo de distancia medindo 77 km desde a saída da casa da Lucineide. Na catedral iluminada de tons lilases e rosa, descemos do carro, eu com certa dificuldades pois tudo dói, ele tira algumas fotos de mim, aceita dar uma volta completa ao redor da catedral, volta essa que demora pois o meu passo agora é arrastado. Ele me pergunta se não quero comer, decidimos comer em casa. Entramos no carro e partiu casa. Dali, naquele momento eu sai realizada, foi um lindo caminho. Sorri, contemplei, andei, chorei, cantei, fui imensamente feliz, e por mais que na hora do sofrimento eu jurei não voltar mais lá, ainda fica o desafio a concluir: deixa estar... Citar
Membros gustavo.woltmann Postado Fevereiro 1, 2021 Membros Postado Fevereiro 1, 2021 Legal demais! Muito obrigado por compartilhar, Patrícia! E que igrejinha mais charmosa. Fiquei encantado aqui! Abraços, Gustavo Woltmann Citar
Membros BanditHawk Postado Março 6, 2022 Membros Postado Março 6, 2022 Como funciona essa rota? 1 Citar
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