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Quando eu era mais novo, também tinha esta vontade de "largar tudo" e cair no mundo por 2 ou 3 anos, mas por saber muito bem como é viver com muito pouco dinheiro, longe casa,  sempre no aperto e sempre sem dinheiro para nada, estas lembranças sempre me fizeram repensar a ideia.

Quando eu fui fazer faculdade, lá no passado com meus 17 anos, o curso que eu queria não era oferecido na minha cidade, tive que sair de casa e me mudar para Curitiba para estudar numa universidade pública, a minha família nunca foi rica, meus pais sempre ralaram um monte pra fechar as contas no final do mês, mas cortando alguns gastos, acharam que teriam condições de me bancar até eu conseguir arrumar algum emprego ou estágio e ajudar no meu sustento

Nos primeiros 6 meses correu tudo bem, mas ai veio uma crise financeira, e meu pai ficou desempregado, e eu ainda não tinha conseguido arrumar um emprego ou estágio para ajudar nas despesas, me vi em apuros, e para não largar a faculdade e voltar para casa, tive que me virar com menos da metade do que eles me mandavam todo mês, valor este que já era bem apertado antes de ser cortado pela metade...

E uma coisa que me recordo bem, é o desespero que dava quando você abria o armário para ver o que fazer para o almoço, e percebia que a comida só ia durar até amanhã, e que para depois de amanhã não teria nada o que comer, e que eu não tinha um real na carteira, que o aluguel estava atrasado, e que meus pais também não teriam de onde tirar dinheiro para me mandar...

Foi o ano mais complicado da minha vida, com muito sacrifício meu e dos meus pais conseguimos superar esta fase, mas esta experiência me faz encarrar de outra forma esta ideia romantizada de largar tudo e sair por aí sem dinheiro ou com muito pouco dinheiro, os problemas que você enfrenta são grandes demais e podem acabar tirando todo o prazer da viagem se todo dia ou a cada semana, você tiver que se preocupar onde arrumar algum dinheiro para comer ou para pagar um lugar onde dormir.

E uma coisa bem diferente é você optar por viajar gastando pouco, mas ter uma reserva de onde tirar dinheiro caso precise, e outra bem diferente é viajar sem ter de onde arrumar dinheiro caso a coisa complique, mas quanto de reserva você vai precisar, depende de muitos fatores como já falado acima.

Quando eu consegui me estabilizar, eu comecei a colocar em prática o meu sonho de viajar por aí e conhecer locais diferentes, mas resolvi fazer isto aos poucos, e com dinheiro para aproveitar as coisas boas que o local oferece.

Todo ano tento fazer uma viagem para algum lugar diferente nas minhas férias,e hoje, chegando perto dos 40 anos de idade, posso dizer que que já tenho um histórico respeitável de viagens, já estive em 23 dos 27 estados brasileiros, só está faltando Amapá, Roraima, Tocantins e Alagoas, e também já estive em 39 países diferentes.

O meu trabalho me ajudou um pouco, por que frequentemente eu tenho que viajar a trabalho, mas a maior parte destas viagens eu fiz nas férias, sem largar o meu emprego, e  se nada atrapalhar, pretendo continuar no ritmo de pelo menos 1 país novo por ano, e assim quando eu chegar nos 70 anos, e não tiver mais tanta força para ficar andando por ai, já terei estado em uns 80 países diferentes!

Ou seja, não é necessário largar tudo para conhecer o mundo, você pode fazer isto aos poucos e sem pressa, e com dinheiro no bolso para aproveitar as coisas boas que cada local oferece.

 Mas se você sente que somente poderá ser feliz largando tudo, largando a rotina, o dia-a-dia, sem problema, largue e corra atrás do seu sonho, mas acho que na verdade o problema talvez esteja na sua rotina atual, provavelmente num emprego que você não goste muito, e largar tudo é só uma forma de fugir do problema sem realmente enfrentar ele.

Mas se resolver largar tudo e cair na estrada,  só pense no que você vai fazer depois que esta viagem terminar, se você terá algum lugar para voltar e se apoiar se por acaso em algum momento resolver voltar para casa ou se acomodar em algum lugar.  

 

 

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Acho que todo mundo desse fórum passou por essa fase depois da primeira viagem rs. No meu caso foi com 19 anos. 

Não sou funcionária pública mas tenho um emprego relativamente estável e tenho onde morar por tempo indeterminado por um valor bem abaixo do mercado. Depois de muito pensar nessa ideia, cheguei a conclusão que o melhor pra mim seria ir conhecendo os lugares aos poucos confome eu fosse conseguindo férias, umas vez por ano. É um pouco frustrante sim se eu ficar me comparando com muitos viajantes desse fórum e com blogueiros de viagem, é bem difícil dominar a inveja e não se deixar afetar. No final, se soubermos que fizemos o nosso melhor, temos que ficar feliz com o que conseguimos, se não viveremos numa eterna insatisfação. 

Hoje tenho 29 anos, consegui pisar em 15 países diferentes e infelizmente apenas 7 estados do Brasil. Esse ano planejava incluir mais 4 estados mas o corona não deixou. Foram poucos se pensar que tem gente que faz isso e mais um pouco em um ou dois anos mas tô ciente que é muito mais do que o brasileiro médio conseuiu na vida. Ainda tem muito lugar que quero conhecer e provavelmente morrei antes de conseguir mas até lá vou dar o meu máximo.  

Eu sinceramente acho que essa vontade de viajar mundo "passa" depois de um tempo mas também não julgo quem decide viver essa experiência. Tem decisões que são mais fáceis pra uns do que pra outros e tem coisas que podem ser toleradas por um mas insuportáveis para outros. Analise suas finanças, o padrão de viagem que vc quer ter, o seu tempo disponível e até que nível se perrengue você está disposto a passar. Pense no seu retorno, como sua vida estará depois disso tudo. Terá onde morar? Terá fonte de renda? Pensando em tudo isso tenho ctz que tomará uma decisão mais assertiva.    

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 @Henriquexxt , a cada viagem, quando retorno ao Brasil, tenho o sentimento que deveria ter ficado lá fora... Isso acontece pois é muita coisa nova, estilo de vida diferente, um ritmo de vida diferente da rotina do dia a dia...

Agora, uma coisa é viajar, ficar 30, 60, 90 dias de curtição e saber que, quando voltar para a sua origem, seu emprego estará te esperando e você produzirá para poder viajar novamente... Outra coisa é "largar tudo" e sair sem essa "segurança". É uma grande diferença entre viajar de férias e jogar tudo para o alto para cair na estrada...

Lembre-se dos "ciclos" da carreira e consequentemente a renda... Apesar de não ser uma regra, é uma média de estudo que podemos levar em consideração:

Até 25 anos: Exploração e entrada no mercado

25 a 35 anos: Consolidação da carreira escolhida

35 a 45 anos: Crescimento /Desenvolvimento

45 a 65 anos: Estabilização da carreira

65 anos: A partir daqui é declínio / aposentadoria.

Pense que largar tudo agora, pode fazer você atrasar esse ciclo... Aí você vai ter que entender suas prioridades...

Sendo bem pragmático, sem estar estruturado, sua experiência pode não ser das melhores e você estará desperdiçando a idade em que, por natureza, deveria estar se consolidando na carreira que escolheu.

Hoje, com a visão que tenho da vida aos 40 anos... não trocaria essa fase de consolidação profissional para seguir uma aventura, principalmente que você tem condições de aproveitar os dois juntos...

Eu e minha esposa pretendemos se lançar no mundo, mas assim que tivermos condições de mantermos nossa qualidade de vida com o patrimônio que construirmos até lá... Vai ser com 45, 50, 55, 60 anos... não sabemos, mas estamos nos organizando para tal... Até lá, vamos viajando 1 ou 2 vezes ao ano para conhecer novos países e com isso vamos escolhendo nosso "lugar para morrer"...

Cada um tem que saber onde seu "calo aperta". Pense no montante que você vai conseguir levantar, quanto tempo vai conseguir se manter com ele (lembre-se que ganhar dinheiro viajando não é fácil...) e se em caso voltar, como irá ser sua carreira a partir dali... Tudo vai estar ligado até o seu limite de financiar sua aventura e até o que você está disposto a abrir mão para vivê-la...

 

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Cara, estou com 26 anos e estou para me formar. Já passei por outros cursos de graduação, mas não finalizei nenhum por não me ver trabalhando + de 30 anos na área. Apesar de ir muito bem nesse atual curso, engenharia, não me vejo feliz na frente. Eu sou muito inquieto. Até já tive e tenho alguns transtornos psicológicos por causa dessa rotina que tenho e as perspectiva para o futuro. Passei  anos olhando tendencias de mercado para ter um emprego que me deixasse rico, porque era o que eu julgava felicidade. Esse ano foi o ponto de inflexão na minha vida. Comecei a dedicar a fotografia, algo que eu amo, e espero poder viver dela. Vou terminar minha faculdade, mas vou tentar viver trabalhando com algo que me possibilite estar onde eu quero, quando eu quiser, e a fotografia pode ser esse caminho. Viver da arte não é muito bem visto na sociedade e estou trabalhando para acabar com esse meu medo de dar tudo errado.

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Agradeço a resposta e sugestão de todos, os quais são muito experientes, bem mais que eu.

Li dezenas de relatos e histórias desse fórum. Assisti no youtube dezenas de vídeos de viajantes, muitos destes que, quando jovem lá pelos 20 a 30 anos largaram tudo para viajar. Cheguei a conclusão que aqueles que viajaram por 3, 4 anos, curtiram demais, mas uma hora a grana acabou, e com isso, para alguns veio a tristeza e até a depressão (muitos pararam de postar vídeos após um período), porque canal de viagens não dá muita grana, não monetiza bem igual canais de outros assuntos, tais como, finanças, humor, musculação, etc, bem como por terem ficado fora do mercado de trabalho, ficaram meio perdidos, tendo alguns até voltado ao padrão de vida normal de trabalho de antes. E quando o dinheiro acaba, os problemas parecem aumentar, sem grana tudo piora. Notei também que boa parte dos que viajam dessa maneira, a família possui condições financeiras para ajudar, bancar quando for necessário. 

Andando no meu carro pela cidade em que moro, passei em frente a uma agência da Caixa Econômica Federal e vi dezenas de pessoas na fila para receber o auxílio covid, naquele momento percebi que seria uma ingratidão minha abandonar meu emprego e futuramente correr o risco de virar uma daquelas pessoas (depender de ajuda de governo/ficar desempregado), filas de mais de 100 metros, pessoas sentadas na calçada, esperando no sol (humilhante). 

Refleti também que só pude pensar em abandonar meu emprego estável e minha renda, que não é tão ruim assim, porque tenho a renda e o cargo. Provavelmente se estivesse desempregado ou em uma situação financeira ruim, estaria em busca de um cargo público (como já estive em 2014), de condição financeira boa.

Como muitos falaram, um dia a viagem acaba, e é bom ter um local para ficar, moradia, uma renda, uma certa segurança financeira. No próximo ano faço cinco anos de serviço público e, possivelmente, terei direito a licença prêmio (licença por três meses). Há também a possibilidade de eu pedir licença para tratar de assunto particular, sem remuneração. Há ainda a pandemia, a qual impossibilita até fazer certos planos devido a duração dela(viagem provavelmente só de janeiro pra lá, e olhe lá), além dos possíveis efeitos econômicos negativos que advirão da pandemia, e que podem influenciar no fechamento de hosteis, de empresas de turismo, afetando viagens e viajantes.

Sendo assim, vou deixar o tempo passar mais um pouco, fazer viagens nacionais, e adquirir experiência (preciso ainda também aprender inglês). Futuramente quem sabe faça uma viagem pela América do Sul, contudo, por enquanto vou me programando financeiramente $ para, como muitos falaram, poder usufruir de coisas boas e que precisam ser pagas durante a viagem.

Desde já agradeço a todos. Olhei o perfil de vocês e vi que são verdadeiros ninjas das viagens. 

Aprenderei muito por aqui.

 

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@Henriquexxt

Cara, tu já é um baita de um privilegiado por ser funcionário público. Eu sou funcionário de estatal desde os 25 anos, sou privilegiado também, e hoje nos meus 34  anos não me vejo na mesma vibe que esses mochileiros roots, de trabalhar em troca de acomodação, empregos lixosos, fazer vídeos em troca de alguns dólares no youtube etc.. coisa que me fascinava um pouco aos 26 anos.. Quando eu viajo eu quero um pouco de conforto, não sou muito exigente, fico em hostel se for bom até hoje em dia...  Já viajei mais de 10x pro exterior, e sempre quando devo voltar penso em largar tudo e continuar viajando.

Quando fiz meu primeiro mochilão pra Europa em 2013 também fiquei com essa aura "quero largar tudo, quero ser mochileiro" Também, era um cara de 26 anos que tinha acabado de passar quase 40 dias em Amsterdam-Paris-Londres-Bruxelas-Berlim e voltei por Munique em pleno carnaval.. Imagina, uma cara terceiro mundista nessa realidade, e com algum dinheiro no bolso. Isso ilude e não é pouco... Conheci uma mulher que viajava e trabalhava em hostel, fazia drinks, trabalhava organizando os pub crawls, e ele tinha uns quase 40 anos, sem família, sem filhos, dependendo de sub-emprego. É isso que tu quer pra sua vida?

Hoje definitivamente não tenho a mesma energia.. Era um pegada bruta de hostel, bebidas, dormir mal e pouco, enfim... conheci muita gente doideira mesmo, alguns tenho contato até hoje, mas definitivamente era uma realidade paralela. Uns são herdeiros ricos e podem se dar ao luxo dessa vida. Outros praticamente mendigam pra conseguir viajar, ou puxam saco dos mais ricos, ou sei lá...

Youtube engana bem, ali é um mundo de fantasia em alguns canais, poucos mostram a verdade. Enfim, o mundo é mais cruel do que a fantasia nos faz pensar. Ter um emprego bom e estável já é uma coisa que te bota na frente de 95% das pessoas desse país. Aproveita os 30 dias que você tem de férias, e viaje sem moderação. É o que nós meros mortais temos direito..

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  • 4 semanas depois...
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Putzzz.

Me identifiquei demais com o seu post, cara.

Tenho 25 anos, sou formado, concursado, ganho relativamente bem, no entanto, a vontade de largar tudo e viajar por uns anos tem tomado conta da minha mente!

Uma opção que tenho por aqui é pedir um afastamento do serviço público, mas tem que pagar 1/3 do salário todo mês para manter o vínculo (um absurdo né) . Dê uma olhada se você consegue o mesmo por aí. Assim não abre mão da sua segurança e se der tudo errado tem pra onde voltar.

 

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