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Olá viajantes!

Aproveitei o tempo livre durante a pandemia da Covid-19 para fazer o relato de uma viagem que fiz com minha companheira e mais 3 amigos em julho de 2019. Rodamos 1675 km por 4 estados nordestinos (PE, AL, BA e SE). 

Eu e os amigos somos todos professores de História no Estado do RJ e participamos de um simpósio em Recife na semana que antecedeu a viagem. Na verdade a nossa ideia inicial era alugar um carro e ir pelo litoral até Natal, passando por João Pessoa. No entanto a previsão era de muita chuva e decidimos viajar pelo interior, conhecendo as seguintes cidades: Caruaru - Garanhuns - União dos Palmares - Piranhas - Canudos. Aproveitamos para visitar uns parentes meus em Frei Paulo - SE e retornamos a Recife. Foram 6 dias de viagem, entre os dias 20 e 25 de julho de 2019. 

Dia 1: 20/07/19 (sábado) - Recife - Caruaru - Garanhuns

Pela manhã fomos buscar o carro alugado no aeroporto. Já estava reservado pela Unidas. Pegamos um Sedã pois éramos 5 e precisávamos de espaço. Inicialmente queríamos um Nissan Versa, porém o rapaz da locadora nos indicou pegar um dos VW Voyage que estavam novos em folha. O que pegamos tinha menos de 2000 km e com central multimídia. Valeu bem a pena. Traçamos as rotas pelo Waze mesmo e onde não havia sinal pelo Here Maps (no Here é possível baixar mapas para a utilização off-line). Saímos no fim da manhã para almoçar em Caruaru.

O caminho é pela BR-232, rodovia movimentada, porém toda duplicada. Há um trecho de serra. Como chovia, pegamos neblina na altura de Gravatá. Chegamos em Caruaru na hora do almoço, indo direto pra lendária feira, que é bem grande e movimentada. Artigos de couro são ótimos e bem em conta. Todo mundo saiu de lá com uma sandália de couro! Elisa com duas bolsas e sandalinhas para todas as afilhadas. Almoçamos numa barraca no cantinho da área de alimentação e fomos atendidos por um cara muito simpático que não lembro o nome. Lá comemos um Sarapatel sensacional! O Tiago repetiu a dose! As meninas comeram rabada. Pena não poder ficar mais um pouco na cidade para conhecer a obra do Mestre Vitalino. seguimos para Garanhuns para chegar ainda de dia.

Garanhuns é frio, acreditem. Chegamos lá no fim da tarde, chovia fino e fazia uns 16 graus (Tolerável para cariocas, abaixo de zero para os padrões nordestinos). Por sorte todos tinham algum agasalho no carro. Estava acontecendo o Festival de Inverno de Garanhuns, a cidade estava completamente lotada e foi meio difícil achar hospedagem. Acabamos achando um Hostel que estava funcionando num hotel imenso, certamente o maior da cidade. O Hostel era temporário e um TCC de uma garota da cidade que se formava em turismo. Os quartos amplos e boas camas. O banheiro era estilo vestiário, com vários boxes. Ducha sensacional no frio nordestino! Estava caro: R$ 100 com café da manhã. Foi nossa hospedagem mais cara.

A cidade apesar de lotada nos deu ótima impressão. Fomos direto pra festa, que acontece numa praça de eventos batizada em homenagem ao grande Dominguinhos, filho ilustre da terra. Curtimos o show de Zélia Duncan debaixo de chuva fina. Foi legal e inusitado encontrar uma festa imensa no meio do caminho. antes das 2 da manhã fomos pra cama. O dia seguinte era cheio.

Dia 2: 21/07/19 (domingo)  Garanhuns - União dos Palmares - Piranhas

Acordamos um pouco tarde, antes das 9, e tomamos o café do Hostel com o clássico nordestino: Cuscuz recheado. Continuava frio e o tempo meia boca. Nosso destino do dia era visitar o sítio histórico da Serra da Barriga em União dos Palmares - AL. O trajeto era de uns 130 km, pegando uma rodovia estadual, a PE-177, até encontrar a BR-104, sentido sul até Palmares. Estradas simples, mas boas e pouco movimentadas, afinal era domingo. Chegamos em Palmares pelo meio-dia. A cidade estava completamente deserta. O parque fica bem próximo à cidade, com um acesso pavimentado (parecia recente). Até pq a Serra da Barriga é íngreme e subir por estrada de chão num dia chuvoso seria inviável. 

O sítio histórico fica bem no topo da serra. Pouco visitado e um pouco mal cuidado, infelizmente, fruto do severo corte de verbas que nossas instituições de educação e cultura enfrentam. O local está sob a administração do IPHAN e da UFAL. Ao menos existem guardas lá. Porém isso não foi um problema, já que todos estavam em êxtase por estarem na terra de Zumbi dos Palmares (imaginem 4 professores de história juntos em Palmares!!). A emoção foi geral. Susanna se debulhou em lágrimas do início ao fim. Foi comovente. Existem dois mirantes de onde podemos ver toda a  planície entorno da serra. Aí percebemos a escolha daquele local pelos palmarinos. Existem algumas construções que remontam as originais, torres de observação e a barraquinha dos souvenirs. É bem simples, mas bastante simbólico. Todos gostaram bastante.

No retorno buscamos algum lugar pra almoçar. Só tinha um restaurante aberto, bem no centro, numa praça onde parecem ocorrer os eventos da cidade. Era um Self-Service, não tinha muita coisa pela hora já alta e o pessoal da cozinha, super solícito, fez uma lasanha na hora pra nós. Estava ótima!

Voltamos pelo mesmo caminho, alcançando a BR-423 em Garanhuns. Essa rodovia corre em direção sudoeste, de Caruaru a Paulo Afonso - BA. Seguimos por ela, avistando um belo pôr do sol até Delmiro Gouveia-AL, onde seguimos pelas estaduais AL-145 e AL-220 até chegar em Piranhas - AL. Lá achamos boa hospedagem no Hotel Mandacaru, fora do Centro Histórico (R$ 55 a diária por pessoa). Como chegamos no início da noite ainda deu pra visitar o centro da cidade, à beira do Velho Chico.

Dia 3: 22/07/19 (segunda) - Piranhas:

Pela manhã fomos à barragem da Usina de Xingó, do lado Sergipano, fazer o passeio de Catamarã pelos Canions do São Francisco. O passeio dura em média 4 horas, com direito à banho de rio. É um passeio caro (R$ 110 por pessoa. Uma lata de cerveja R$ 10) mas vale a pena. Almoçamos um peixe frito na beira do rio em Canindé do São Francisco - SE. No fim da tarde passeamos pelo centro de Piranhas e à noite por indicação do Henrique, da recepção do hotel, comemos uma deliciosa e barata carne de sol com feijão tropeiro num bar local. É o que o nordeste tem de melhor. Boa gente, comida e bebida boa e barata.

Dia 4: 23/07/19 (terça) - Piranhas - Canudos - Frei Paulo:

Após o café visitamos o Museu do Cangaço no centro de Piranhas e partimos rumo a Canudos - BA. Fizemos o mesmo caminho até alcançar novamente a BR-423, seguindo por ela até Paulo Afonso - BA. Vale uma parada na Ponte Metálica D. Pedro II para uma foto do São Francisco e da barragem de Paulo Afonso. Nessa cidade encontramos a BR-110 e seguimos por ela na direção sul até Jeremoabo - BA, pista simples e bem conservada. Lá alcançamos a BR-235, a Rodovia do Vaqueiro, sentido oeste, em direção à Juazeiro - BA. Nesse trecho é preciso mais atenção. A rodovia é mal sinalizada com um trecho de cerca de 10 km ainda em Jeremoabo na piçarra (barro). O asfalto retorna, mas logo desaparece novamente. Ao menos até Canudos a maior parte do trecho é no asfalto. A medida em que se avança rumo ao sertão profundo, mais deserto fica o caminho. Há que se ter muito cuidado com os Bodes que atravessam a pista o tempo todo. Não aconselho de forma alguma andar por esse trecho à noite. Alcançamos Canudos por volta das 12 horas e o Parque Estadual fica um pouco depois da cidade, à beira do Açude de Cocorobó. O Parque é administrado pela UNEB e precisa ser melhor sinalizado. Tem que ser visitado de carro, pois as distâncias são longas. O ponto alto do Parque é a vista do açude e de um trecho da Canudos Velha do alto do Morro da Favela, local onde as tropas do Exército ficaram estacionadas. Na seca é possível ver as ruínas da cidade velha. Em julho estavam submersas. A vista do sertão é espetacular! Todos ficaram pensativos tentando encontrar um porquê para tanto sangue derramado naquela terra extremamente seca. Estima-se que o Arraial do Belo Monte tinha 25.000 habitantes no início da guerra, o qual sobraram 400 pessoas, somente mulheres e crianças. O cenário é melancólico.

Saímos do parque um pouco antes das 15 horas, buscando em Canudos algum lugar pro almoço. Não encontramos. O jeito foi parar numa padaria e comer uns salgadinhos. Meus tios já aguardavam ansiosos. Pegamos a BR-235, agora para leste, sentido Aracaju. Em Sergipe a rodovia melhora sensivelmente, mas é o caso andar na faixa dos 80 Km/h pelos buracos que surgem do nada. Antes das 19 horas estávamos junto à minha família em Frei Paulo.

Dia 5: 24/07/19 (quarta-feira) - Frei Paulo - SE:

Foi um dia de confraternização com minha família, com uma bela rabada de almoço. Mas antes fomos à Itabaiana para visitar o Parque dos Falcões. Custa R$ 20 por pessoa a entrada e lá podemos conhecer aves de rapina da nossa fauna que não podem mais viver na natureza, a maioria capturada de caçadores em ações de fiscalização dos órgãos ambientais. Vale a pena a visita. Passamos rapidamente na Feira de Itabaiana e fomos encarar o banquete. O dia foi calmo, com bate-papo e cerveja gelada no quintal. Matamos as saudades.

Dia 6: 25/07/19 (quinta-feira) - Frei Paulo - Recife:

Acordamos cedo e fomos encarar o café da manhã de Neguinho, no Povoado Alagadiço, em Frei Paulo. Na verdade é um rodízio de carnes com guarnições como rabada e queijo coalho com melado às 8 da manhã. É loucura! O preço, padrão nordestão: R$ 15 por cabeça! Antes das 10 estávamos na estrada para percorrer os 550 km finais até Recife. Depois do café hiper reforçado nem almoçamos. Chegamos em Recife no início da noite e ainda aproveitamos o finalzinho de viagem para repetir a dose no Aritana, em Olinda. Comemos um arrumadinho de charque e nos despedimos da simpática Juju, dona da casa. No dia seguinte foi entregar o carro e voltar pro Rio, sempre com saudades do nordeste!

Sobre os custos: Não tenho os valores exatos anotados e nem me recordo de cabeça. As despesas de hospedagem, combustível e refeição eram dividas por todos os amigos na hora. Refeições em média R$ 30-40 por pessoa. Só sei dizer que foi barato e valeu demais. Lembrem-se: O nordeste não é só suas praias. Vale muito a pena um passeio pelo interior. Nossa galera já quer uma outra jornada, com destinos mais ousados: De Aracaju à Serra da Capivara, passando por Juazeiro e Petrolina. Seguem algumas fotos.

 

 

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Bem legal seu relato. Obrigada por compartilhar!

Estive no sertão da Bahia por dois anos seguidos em janeiro, 2019 e 2020.

Da primeira vez fui deixar as cinzas do meu pai num pé de pequi na cidade onde nasceu, conheci só um pouco.

Este ano conseguimos andar muito mais apesar do calor sufocante até pra padrões cariocas kkkkkk

Quero conhecer mais! Toda esse sertão mais pra cima aí que vcs andaram...

Meu amado sertão.

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