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Dividir com vocês o último trekking que fiz, se trata da famosa trilha até o trolltunga, um dos principais pontos turísticos na Noruega.
A diferença aqui que o percurso foi realizado durante o forte inverno noruegues
Esse foi um dos passeios que fiz durante minha viagem para Suécia e Noruega que compreendeu o período de final de fevereiro e início de março.
O principal motivo dessa viagem foi ver a aurora boreal, o que foi feito com sucesso na região norte 
mas como gosto muito de trilhas e trekking, e a Noruega é muito famosa por isso, resolvi que tentaria realizar pelo menos uma de suas inúmeras caminhadas.
O problema que minha viagem seria no inverno e muitas dessas trilhas estão fechadas durante esse período do ano.
Meses antes da viagem em sí, após diversas buscas e pouquissimas informações, achei o site trolltunga- active, que seria a agência oficial para realizar atividades no Trolltunga
Eles estão há pouco tempo fazendo o trekking até o trolltunga durante o inverno, não achei nenhum relato detalhado de como seria a trilha nessa época do ano, mas como tenho uma certa prática de trekking e um condicionamento físcio ok, resolvi reservar o passeio.
Ao contrário da primavera e verão que a trilha pode ser feita sem qualquer guia, no inverno só são permitidos com o guia, por motivos óbvios, a trilha durante o inverno está completamente abaixo de muitos metros de neve (no ponto mais alto, estamos andando acima de 10 metros de metro sobre o solo) e tem todo o fator climático envolvido
Antes de reservar o passeio, combinei com a agência que em caso de não poder realizar a trilha por motivos climáticos (infelizmente isso pode ocorrer com uma certa frequencia), eles me devolveriam o dinheiro.
 
Então vamos para o grande dia
Estava em Bergen, e saí de lá 1 dia antes da data programada para ir até Odda, que é a cidade base para o Trolltunga.
Aluguei um carro justamente para fazer o trajeto de menos de 3 horas
Detalhe que o caminho mais rápido tem um trecho de balsa
Esse foi outro problema, porque durante o inverno a balsa opera em horário reduzido e algumas vezes nem opera. Demorei muito para achar um site que confirmasse o funcionamento da balsa no dia que precisava
Caso a balsa não esteja operando ou você prefira dirigir mais, existe um caminho mais longo, que dá a volta ao longo do trecho que você faria pela balsa.
Outro problema que tive foi que na ida, o cobrador da balsa me cobrou pela entrada, na volta não fui cobrado porque o carro tinha um tag do estilo "sem parar" que automaticamente fazia a cobrança, ou seja na ida fui cobrado 2 vezes mais isso resolvi facilmente na hora de entrega do carro (fizeram um estorno para mim)
 
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Em Odda, fiquei hospedado no Trolltunga hotel, que parece ser da mesma equipe que tem a agência de passeios.
Aparentemente eu era o único hóspede do hotel, que além de quartos de hotel também tem quartos compartilhados no estilo hostel
Toda noite, às 21:00, tem um briefing sobre a trilha no dia seguinte, são dadas orientações de o que levar de roupa, comida, informações sobre o tempo, entre outros
Chegaram depois outras 3 pessoas que não estavam no hotel, mas que fariam a trilha comigo.
O instrutor falou que as pessoas que tinham tentado fazer a trilha naquele dia não conseguiram e tiveram que voltar.
Como no inverno os dias são curtos, o grupo tem que manter um ritmo bom para conseguir chegar até o trolltunga e voltar.
Um dos parâmetros que eles levam em conta é que os primeiros 10 km tem que ser feito no máximo em 2 horas e meia. Se o grupo não conseguir, vão voltar e nesse caso não tem reembolso
Outra coisa, que existiam 2 trechos com risco de avalanche, e que isso só poderia ser confirmado ao chegar no local, ou seja, poderíamos andar quilometros e chegar em algum desses 2 pontos e ter que dar meia volta.
 
Brifing feito, papéis assinados (que era uma ativadade de risco, que minha saúde estava ok, que a agência não se responsabilizaria por qualquer dano, etc ,etc)
De roupa eu fui com uma dupla pele (em cima e embaixo), uma calça impermeavel. E acima levei uma outra blusa térmica bastante grosa e uma jaqueta também grossa.
De tênis levei uma bota resistente à agua, o ideal seria uma 100% impermeável, mas como sabia que a minha nã era, levei meias extras;
Eles fornecem aqueles tênis para andar na neve e você não afundar, lanternas de cabeça (porque os quilometros finais são feitos já a noite) e bastões de trekking
 
De alimentos, levei 2 sanduíches prontos, latinhas de atum e sardinha, barra de chocolate, 1 garrafa de coca e 2 garrafa de água.
Nesse quesito de líquido acho que falhei, durante a trilha não tem como você encher a garrafa porque está tudo congelado (no verão você consegue ir enchendo) e logo que eu percebi isso, tive que começar a me segurar na hidratação. (outra opção é ir comendo neve no caminho, o que fiz, porém não é a mesma coisa que tomar água)
 
No dia seguinte a trilha começa cedo, quem está hospedado no trolltunga hotel, tem direito ao trajeto de van que percorre 23 km da cidade até o início da trilha (apesar de estar com carro alugado preferi ir de van mesmo)
 
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A trilha tem um total de 28 km, sendo que no verão os primeiros 4 km podem ser feito de táxi ou ônibus, o que já deixa a trilha 8 km mais curtas
Sendo que esses primeiros 4 km só são de subida já bem pesadas
As outras 3 pessoas que estavam fazendo a trilha no meu dia eram russos que logo no início disseram que não tinham experência com trekking, eu me achando que eu era safo, já fiquei preocupado deles atrasarem o passo e assim poderem comprometer o pace
Mas nos primeiros 4 km já senti que o trekking seria puxado de verdade, e começei a me preocupar se eu conseguiria fazer
 
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(nesse mapadá para ter uma noção, o trolltunga está no pico de uma represa de uma hidroelétrica (uma das mais importantes da noruega por sinal), esse zig zag até o estacinamento são os primeiros 4km, que no verão você pode pular e já começar da trilha mesmo, mas no inverno tem que ser subido no pé mesmo!!)
 
Um pouco de terreno plano e logo depois a pior subida, não me lembro quantos km exatos são, mas o grupo tem que chegar no cume dessa subida em 2hrs e meia. (dá pra ver bem no desenho também)
A partir daí, o pior já tinha passado, paramos para comer, hidratar e descansar, mas como a trilha é longa e o dia curto, as paradas são poucas e por pouco tempo
A partir daí alternamos terreno plano, pequenas subidas e descidas
 
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O primeiro ponto que podia ter avalanche passamo sem problema algum
 
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(na trilha ficam 2 cabines para se proteger em caso de evento extremo)
 
No segundo o guia parou, ficou olhando, examinou, falou que tinha tido uma nevasca na noite anterior e acumulado muita neve, um verdadeiro paredão que parecia intransponível 
Nesse ponto faltava uns 2km para chegar até o trolltunga, já estava exausto, e tinha certeza que não teríamos como passar por aquele paredão. Pensei, todo aquele esforço para morrer na praia
O guia foi na frente, mandou a gte tirar os sapatos de neve, e foi fazendo sozinho um caminho por aquele paredão e pediu para ir um por vez para não estressar a camada fofa de neve
 
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Paredão vencido, andamos os quilometros finais até o trolltunga
Ao chegar o tempo estava fechado, porém o grupo estava tão cansado que todos desabamos e fomos orientado a comer e hidratar antes de ir na pedre em si e tirar fotos.
 
G0033562.thumb.JPG.cd7011a2631f4fb419ff62d5870295b6.JPG
 
O tempo abriu, e finalmente fomos contemplar aquele visual espetacular.
Infelizmente devido a fragilidade da neve da pedra Trolltunga em sí, o guia proibiu de ir até ela
Fotos tiradas, descansados e agora andar os 14 km de volta.
 
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No paredão onde existia risco de avalanche, novamente um por vez, e de lá até o início da trilha novamente.
A volta é mais fácil porque de forma geral são mais descidas, e em alguns pontos mais inclinados, podemos até deslizar um pouco 
 
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Chegamos no ponto de início/final da trilha já estava a noite
Eu estava MUITO cansado.
Porém ainda tinha a van até o trolltunga hotel e de lá pegaria o carro e seguiria viagem até Bergen na mesma noite, porque no dia seguinte já tinha outro passeio programado.
 
Concluindo, foi sem dúvida o trekking MAIS difícil e puxado que já fiz, fiquei por dias cansado e com corpo completamente dolorido, não é algo pra alguem sem um mínimo de condição física tentar fazer
O local é muito bonito, mas imagino que no verão deve ser mais bonito ainda, e sem contar o fato de poder ir andando até a ponta da pedra
 
Qualquer dúvida que tiverem, estou a disposição para tirar
Abraço a todos
E que essa pandemia passe logo
  • Amei! 1
  • 2 anos depois...
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Bom dia FCRO!

Excelente o seu relato! Estou indo para a Noruega agora em abril e considerando fortemente fazer essa trilha. Mesmo que já seja primavera por lá, ainda haverá muita neve. Minha principal preocupação é não poder subir na pedra, para fotos, pois é uma lembrança muito importante dessa trilha ter essas fotos. Inclusive falei com as duas empresas que fazem esse passeio e me confirmaram que, no momento, não está sendo permitido ir até a pedra para fotos, e que em abril é uma incógnita como estará (cada ano é de um jeito). Minha pergunta para você é: o problema para acesso à pedra é o gelo sobre ela mesmo? Ou seria a quantidade de neve que se acumula no caminho até lá? Vi algumas fotos em que parecia haver muita neve no acesso.

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Em 15/03/2023 em 08:47, pedatella disse:

Bom dia FCRO!

Excelente o seu relato! Estou indo para a Noruega agora em abril e considerando fortemente fazer essa trilha. Mesmo que já seja primavera por lá, ainda haverá muita neve. Minha principal preocupação é não poder subir na pedra, para fotos, pois é uma lembrança muito importante dessa trilha ter essas fotos. Inclusive falei com as duas empresas que fazem esse passeio e me confirmaram que, no momento, não está sendo permitido ir até a pedra para fotos, e que em abril é uma incógnita como estará (cada ano é de um jeito). Minha pergunta para você é: o problema para acesso à pedra é o gelo sobre ela mesmo? Ou seria a quantidade de neve que se acumula no caminho até lá? Vi algumas fotos em que parecia haver muita neve no acesso.

eu fiquei bem decepcionado de não poder ir na pedra em si, mas o visual já valeu a pena

pelo que eu lembro , o guia falou que é o gelo sobre ela que impede a visitação no inverno

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Em 15/03/2023 em 08:47, pedatella disse:

Bom dia FCRO!

Excelente o seu relato! Estou indo para a Noruega agora em abril e considerando fortemente fazer essa trilha. Mesmo que já seja primavera por lá, ainda haverá muita neve. Minha principal preocupação é não poder subir na pedra, para fotos, pois é uma lembrança muito importante dessa trilha ter essas fotos. Inclusive falei com as duas empresas que fazem esse passeio e me confirmaram que, no momento, não está sendo permitido ir até a pedra para fotos, e que em abril é uma incógnita como estará (cada ano é de um jeito). Minha pergunta para você é: o problema para acesso à pedra é o gelo sobre ela mesmo? Ou seria a quantidade de neve que se acumula no caminho até lá? Vi algumas fotos em que parecia haver muita neve no acesso.

Fui na primavera e foi de boa subir na preda.

A trilha é cansativa, mas compensa!

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2 horas atrás, victorprado disse:

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Fui na primavera e foi de boa subir na preda.

A trilha é cansativa, mas compensa!

Obrigado por sua resposta, @FCRO! Nas fotos parecia que o problema é o acesso à pedra (excesso de neve), mas então o problema é subir na pedra mesmo. De todo modo, é uma boa notícia, porque nesse caso em tese fica mais fácil de, se não houver muita gente no dia da trilha e ainda haver gelo, quem sabe o guia flexibilizar, né....no seu caso, vocês tentaram isso? O guia foi categórico sobre não poder ir lá?

Caramba, @victorprado! Sensacional sua foto! Queria uma assim! rs...

Você comentou que foi na primavera, mas percebo que não tinha mais neve. Então suponho que tenha sido no final de maio. Foi isso mesmo?

O problema é que em abril, por mais que já seja primavera por lá, é certo que ainda haverá muita neve. Por isso o receio de que não seja possível ainda subir na pedra. Eu falei com as empresas e, no ano passado, como referência, foi liberado subir na pedra a partir de 10/4. Eu vou na data provável de 16/4. Então existem chances. Mas, cada ano é um ano, né? Não dá pra garantir que esse ano o degelo e a melhoria do tempo será como no ano passado. Enfim, dedos cruzados por aqui!

 

  • Membros
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2 horas atrás, pedatella disse:

Obrigado por sua resposta, @FCRO! Nas fotos parecia que o problema é o acesso à pedra (excesso de neve), mas então o problema é subir na pedra mesmo. De todo modo, é uma boa notícia, porque nesse caso em tese fica mais fácil de, se não houver muita gente no dia da trilha e ainda haver gelo, quem sabe o guia flexibilizar, né....no seu caso, vocês tentaram isso? O guia foi categórico sobre não poder ir lá?

Caramba, @victorprado! Sensacional sua foto! Queria uma assim! rs...

Você comentou que foi na primavera, mas percebo que não tinha mais neve. Então suponho que tenha sido no final de maio. Foi isso mesmo?

O problema é que em abril, por mais que já seja primavera por lá, é certo que ainda haverá muita neve. Por isso o receio de que não seja possível ainda subir na pedra. Eu falei com as empresas e, no ano passado, como referência, foi liberado subir na pedra a partir de 10/4. Eu vou na data provável de 16/4. Então existem chances. Mas, cada ano é um ano, né? Não dá pra garantir que esse ano o degelo e a melhoria do tempo será como no ano passado. Enfim, dedos cruzados por aqui!

 

o guia foi categórico que não podia chegar perto dos bordos ou a trilha até a pedra 

  • Membros
Postado (editado)
Em 17/03/2023 em 12:36, pedatella disse:

Obrigado por sua resposta, @FCRO! Nas fotos parecia que o problema é o acesso à pedra (excesso de neve), mas então o problema é subir na pedra mesmo. De todo modo, é uma boa notícia, porque nesse caso em tese fica mais fácil de, se não houver muita gente no dia da trilha e ainda haver gelo, quem sabe o guia flexibilizar, né....no seu caso, vocês tentaram isso? O guia foi categórico sobre não poder ir lá?

Caramba, @victorprado! Sensacional sua foto! Queria uma assim! rs...

Você comentou que foi na primavera, mas percebo que não tinha mais neve. Então suponho que tenha sido no final de maio. Foi isso mesmo?

O problema é que em abril, por mais que já seja primavera por lá, é certo que ainda haverá muita neve. Por isso o receio de que não seja possível ainda subir na pedra. Eu falei com as empresas e, no ano passado, como referência, foi liberado subir na pedra a partir de 10/4. Eu vou na data provável de 16/4. Então existem chances. Mas, cada ano é um ano, né? Não dá pra garantir que esse ano o degelo e a melhoria do tempo será como no ano passado. Enfim, dedos cruzados por aqui!

 

Também tem um detalhe.. eu fui em 2014 então era meio várzea. Não tinha isso de guia etc. Era só chegar lá e andar..

Não sei hoje seria possível subir nas condições climáticas que estava quando fui..ainda era frio e escorregadio   

Editado por victorprado

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