Membros Fernando Paiotti Postado Março 30, 2020 Membros Postado Março 30, 2020 São Paulo, dia primeiro de julho de 2018. Por um bom tempo, este seria meu último dia em solo brasileiro, haja vista que eu estava me preparando para a viagem mais long... não, viagem não faz jus à experiência vivida... jornada? Simples... Já sei: Por um bom tempo, este seria meu último dia em solo brasileiro, haja vista que eu estava me preparando para a minha saga em continente asiático, mais precisamente, no Japão, a terra do sol nascente, dos samurais, gueixas, templos, sake, One Piece e peixe cru. Por mais que você leia sobre o que são 30 horas de viagem, só quem realmente a fez foi capaz de sentir como é perder quase 2 dias de sua vida sentado, olhando, com agonia, a peculiar e heterogênea paisagem da poltrona de sua frente... Parece exagero? Vejamos na prática como foi. Saí de São Paulo rumo a Washington DC num voo noturno, com duração de cerca de 10 horas. Sinceramente, as coisas até aqui transcorreram bem, dormi bastante e ainda estava ansioso e animado. No dia seguinte, lá estava eu em solo norte-americano, com 6 horas de escala para aguardar, que seriam amenizadas pela partida Brasil X México pela Copa do Mundo de 2018, onde vencemos por 2 a 0, se não me engano. Além disso, contava com a companhia do meu amigo Hebrão para jogar conversa fora. Passada esta etapa, lá fomos nós rumo a Tóquio, com mais 12 horas de voo pela frente, sem uma gota sequer de sono, duramente superadas através de 3 mijadas, 3 refeições modestas, 4 filmes e muito desespero. 28 horas depois, lá estava eu em Tóquio: enjoado, meio surdo, com tontura, coriza, hálito podre, suado, há 2 dias sem banho, com tudo que era dor articular no corpo, com olheiras que me fizeram redimensionar meu conceito de olheiras, desnorteado, enfim, um verdadeiro príncipe encantado, um menino pra casar... Para quem pensou "ufa, mas pelo menos a viagem acabou! que bacana", ledo engano, caro leitor, haja vista que ainda havia muito que ser feito: milhares de pessoas chegaram todas no mesmo horário e o saguão de desembarque virou o maior labirinto de filas que vi na vida, acrescentando mais 2 horas no saldo do querido mochileiro que vos escreve. Findo mais este capítulo, chegou o momento de pegar um trem do aeroporto até Tóquio propriamente dita, fato que somou mais 1 hora de duração. Posto isto, peguei um shinkansen, o famigerado trem bala, que me levaria a Kyoto, sendo este, na verdade, o destino final de minha saga: some mais 4 horas na conta, por favor (e quase 800km de trilhos)!!! Ah, acabei me esquecendo de um detalhe: ouvi tudo que foi tipo de recomendação de quem fez uma saga rumo ao Japão e a maioria esmagadora das pessoas recomenda, vividamente, que, uma vez na terra dos pokemon, eu deveria respeitar o fuso horário e não dormir fora dele. Pois bem, durante a viagem do shinkansen, pesquei tudo que foi peixe do Japão, bati no meu rosto, joguei água na cara, fiz o diabo, mas não dormi. Meu amigo Hebrão, por outro lado, dormia como um anjo... Tsc tsc... Coitado! Tá fodido! 36 horas depois, lá estávamos nós no "quarto" que pegamos no Airbnb... ai se arrependimento matasse: para entrar no clima da viagem, o herói desta epopeia asiática escolhera um local raiz, sem luxos, com futon e tudo. Futon... Ha! Futon de cu é rola! Foi quase como se eu tivesse que dormir em cima de uma toalha no chão! e o travesseiro então?!?! Se eu enrolasse minha cueca, acho que meu pescoço ficaria mais alto... TNC Bom, para encurtar a história, evitando que o leitor encerre a leitura antes do clímax, vamos logo a ele! Chegamos, tomamos banho, comemos sashimi e takoyaki raiz, e fomos dormir, afinal, já eram 11 da noite. Estendi minha toalha, vulgo futon, e deitei no chão: finalmente eu iria dormir! Depois de quase 40 horas! Ihuuulll! Mas... meu deus, que calor! Pois é, para quem não sabe, o verão japonês é bem mais quente que o brasileiro, tendo a média da temporada que peguei sido de 37 graus. Ok, vamos abrir a janela e... agora vou dormir! Alguns minutos depois, comecei a sentir uma tremenda coceira pelo corpo e começaram zumbidos na minha orelha! Caralho, no Japão é lotado de pernilongos! Cadê esses filhos da puta?! Acreditem se quiserem: os cornos são o dobro dos daqui em tamanho! (Num geral, as coisas no Japão são famosas por serem pequenas, exceto pelos insetos, pois lá são gigantes!) Comecei a ficar desesperado. Matei quem consegui. Fechei a porra da janela. Dei boa noite pro Hebrão. 2 minutos depois eu já estava desesperado pela falta de sono. Bom, o Hebrão, vacilão que só, deve estar na mesma que eu ou pior, afinal, o mané dormiu no trem. Hebrão, tá com sono? Silêncio. Hebrão?! O cuzão já estava roncando!!!!! Ainda tive a brilhante ideia de tomar um Dramin para enjoo da viagem, com o efeito colateral, mais que desejado, de dar sono, acompanhado de um polaramine, anti-alérgico para as malditas picadas de mosquito, que estavam do tamanho de maçãs já. Ah, também com o efeito colateral de dar sono. Ledo engano: que vá tomar no meio do centro do olho do cu o filho da puta que escreveu na bula que essas porras dão sono! Só se for no Brasil, pois no Japão, não! Bom, mais uma vez, para encurtar a história e em respeito ao amigo leitor que aguentou firme até aqui, sem dormir, na minha primeira noite de sono no Japão eu consegui dormir incríveis 30 minutos!!!!! E não falo isso em tom de brincadeira, para me fazer de coitado ou dar maior comicidade ao texto: realmente só dormi 30 minutos segundo o relógio do meu celular. Na manhã seguinte, nada revigorado, partiria eu para o meu primeiro dia de mochilão em Kyoto! Mal sabia que aquele era apenas o primeiro de sete dias que eu não conseguiria dormir, mas isto será assunto de outra crônica. Ficamos por aqui e obrigado a todos que leram! Em anexo, segue uma foto do seu querido Barba, o mochileiro que carinhosamente vos escreve, tomando, animadamente, um saboroso desjejum para desbravar a terra do sol nascente! Arigato gosaimasu 3 Citar
Membros Dominike Postado Julho 7, 2020 Membros Postado Julho 7, 2020 Acho que nunca ouvi um relato tão sincero sobre o tempo de viagem e o jet lag em uma viagem para o Japão. 1 Citar
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