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Este é um relato de uma viagem de 8 dias na África do Sul, feito por um casal de dois homens brancos. É importante destacar este lugar de fala pois ao planejar nossa viagem lemos vários relatos, mas percebemos que a África do Sul são várias, você pode percorrer os mesmos caminhos que percorremos e encontrar outro país. Quando embarquei sabia muito pouco sobre a África do Sul, escolhemos a África do Sul basicamente porque houve uma promoção da LATAM, e ao mesmo tempo, conhecer algum país africano sempre foi um sonho. 

 

Ao planejar a viagem, pelos relatos percebemos que seria muito importante alugar um carro, para ter maior liberdade na locomoção e porque o valor dos aluguéis de carro na África do Sul são bem em conta. Fizemos o aluguel pelo site rentalcars.com, com retirada e devolução no aeroporto de Joanesburgo. A vantagem de alugar o carro e o seguro pelo site é que você não paga nenhuma taxa de IOF, a cobrança é feita no Brasil. Não é preciso ter carteira internacional, quando pegamos o carro a CNH brasileira foi suficiente, assim como quando a polícia nos parou. Eu indico a você a ter o seguro do carro, em alguns locais da África do Sul é igual ao Brasil, sem oficinas mecânicas perto, sem estrutura para te amparar com o carro, o seguro pode ser uma boa ajuda quando você não tem a menor ideia do que fazer, e não é caro, por 8 dias pagamos R$650,00 (aluguel+seguro). As estradas são MARAVILHOSAS, muito boas mesmo, então vale bem a pena. De carro fizemos os seguintes trajetos:

 

Joanesburgo -> Cape Town = pela N1, uma das principais rodovias do país, ficamos muito impressionados com a qualidade da rodovia. É uma viagem para pessoas que estejam de bem com a vida, assim você vai conseguir ter prazer na viagem. São em média 16 horas, já incluído o tempo em que você vai parar para abastecer, almoçar, parar numa cidade ou outra e comprar uma água e tirar umas fotos pelo caminho. A maior parte do tempo você vai ver savanas, campos de agricultura, pastos de ovelhas, e montanhas, muitas chapadas. O vento é bem forte, e chega a empurrar o carro de vez em quando, era só ir um tiquim mais devagar que dava tudo certo. A chegada a Cape Town é algo indescritível, muito bonito. Eu super achei que valeu a pena… éramos duas pessoas dirigindo, e queríamos conhecer o interior do país… não tem muita coisa relacionada a cidades/povoados pra ver, mas é uma experiência muito enriquecedora, e as estradas ajudam muito. Lá existem duas gasolinas a 93 e a 95, não sei bem a diferença, mas nos disseram que a 95 é melhor para estrada (mais econômica). O litro da gasolina era em média 16 RANDS. Quanto mais distante de Joanesburgo, mais barata é a gasolina. 

 

Cape Town -> Joanesburgo= essa é uma viagem INDISPENSÁVEL, você vai passar pela Garden Route, que é simplesmente maravilhosa, cheia de pontos turísticos, e tente programar o pôr do sol para a saída de Cape Town. A ideia é ir com calma, parando em alguns trechos da estrada que já tem o local para estacionar o carro e apreciar a vista. Nas estradas da África do Sul, em vários pontos, existem pontos de descanso, para uma refeição ou descansar mesmo… são pontos que ajudam bastante. Nós saímos de Cape Town, fomos até a praia de Muizenberg, demos um mergulho no mar, catamos umas conchas, depois fomos para Simon´s Town, o caminho até a cidade é muito lindo, em vários pontos paramos para fotografar, depois fomos até a praia onde ficam os pinguins, lá você tem acesso a uma praia privativa e ao santuário dos pinguins, decidimos não entrar, porque no caminho até a entrada do santuário vimos muitos pinguins, já foi suficiente. Depois saímos e fomos para Swellendam, passando sempre pela R44 e R43, para ver a vista a beira mar. Espetacular a vista, neste trecho recomendo fortemente que seja feito no horário do pôr do sol. Mas não enrole muito porque tem muita coisa bonita pra ser vista ainda, e o ideal é que não esteja a noite. Dormimos em Swellendam, saímos cedo e seguimos viagem, passamos no Tredici para tomar um bom café, depois na cidade Barrydale onde dizem ter o melhor milkshake do mundo, no Diesel & Cream Milkshakes, é realmente muito bom… depois fomos para a praia de tentar ver baleias… não vimos nenhuma!rs… mas a paisagem já valeu a pena. Uma boa fonte de info sobre a Garden route: https://www.melhoresdestinos.com.br/garden-route-dicas-africa-do-sul.html

 

Sobre os safaris, é muito importante você sair de casa sabendo que você pode pagar para entrar no parque e não ver nenhum animal, a não ser muitos viados, que são lindos, por sinal. É muito importante que você vá muito cedo, ou depois das 15h, porque os animais não gostam muito do sol forte, acho que se tiver nublado deve ser o ideal…. a gente foi na hora do almoço, fomos ver animais mesmo só no fim da tarde, vimos elefantes, búfalos, muitos pássaros bonitos… Como tivemos muito pouco tempo, decidimos fazer o safari que está mais próximo de Joanesburgo, o de Sun City, o Pilanesberg. Basta você pegar a entrada para o aeroporto Pilanesberg International Airport, um pouco antes de chegar na entrada do Sun City, entramos pela entrada Kwa Maritane e saímos pela Bakubung. Ao todo pagamos 240 RANDS na entrada, não precisa comprar o mapa, basta tirar uma foto com o celular mesmo, e ir acompanhando, o parque é todo sinalizado. É possível ir ao Kruger Park, mas é mais distante e mais caro. Mas para quem gosta mesmo de Safari e quer encontrar os BIG FIVE (leão, elefante, búfalo, rinoceronte, leopardo) vale muito a pena a contratar um passeio a parte… os safaris são enormes, e muitas vezes você não tem os olhos treinados para enxergar os animais…   confundimos muito toco de árvore com leões… quando a gente achava que era uma pedra era um elefante… e por aí vai.. vale a pena a dar uma estudada melhor nos safaris, se você realmente está interessadx em ver todos os animais, vale a pena dar uma estudada. 

 

Sobre a África do Sul, de uma forma em geral, assim como o Brasil, passou por um período de colonização por europeus. No caso da África do Sul é bem perceptível as consequências da colonização, ingleses bem ricxs, com os bolsos cheios de dimdim, morando em suntuosas casas, em bairros extremamente bem cuidados, ao passo que a maior parte das pessoas negras, estão em bairros com pouca estrutura. Na África do Sul houve uma lei que estabelecia várias normas as pessoas negras, para que elas não se “misturassem” com as pessoas brancas. Os bairros eram diferentes, as escolas eram diferentes, os espaços de lazer… enfim, processo de escravidão em que pessoas negras estavam sujeitas a uma formação braçal e as pessoas brancas a uma formação intelectual. Apesar da legislação ter sido alterada em 1994, ainda é perceptível ver o Apartheid muito presente. Praticamente todas as pessoas que nos serviram durante a viagem em áreas turísticas eram negras, todas as pessoas pedindo dinheiro nas ruas e nos sinais eram negras. Em muitas lojas, quando conversavamos com as pessoas atendentes negras, logo vinha x donx (brancx) conversar com a gente pra saber como poderiam nos ajudar… a pessoa branca ignorava completamente o atendimento da pessoa negra. Em um único lugar fomos atendidos por brancos, em uma boate LGBT, a BEEFCAKE, havia duas pessoas negras no lugar, uma estava trabalhando na limpeza, outra estava nos atendendo no bar, e quando todos os garçons subiram no palco, o único garçom negro ficou sendo escondido pelos brancos…. é bastante indigesto… o racismo está muito presente e muito forte. Entretanto é muito forte a luta, muita resistência e muitas pessoas negras ocupando espaços de poder, o Apartheid Museum é indispensável para conhecer melhor sobre a luta no país. Enfim, a questão do racismo foi uma coisa que me incomodou muito, escancara na nossa cara os efeitos da colonização, e aí a gente entende muita coisa do Brasil . Você vai provavelmente conhecer uma África muito mais “europeizada” do que espera. Não achamos nenhum prato de comida “africana”, por exemplo, comemos sempre algo inglês, indiano ou asiático. É isso, existe uma tentativa de apagar toda a cultura africana antes da chegada do invasor europeu.   

 

Sobre segurança, não vimos muita coisa diferente do Brasil. Sofremos uma tentativa de roubo: assim que saímos do Apartheid Museum, um carro parou ao nosso lado e nos disse que estávamos devendo o estacionamento, RANDS 50. Paramos o carro, e a pessoa nos disse que não poderia receber o dinheiro, mas eu deveria fazer um depósito no caixa rápido. Eu disse que chamaria a policia, ai ele disse que ele mesmo era a polícia, ficou nervoso comigo, fez um show dizendo que eu seria preso e tals…. eu fiquei assustado, mas quando saquei que era roubo mesmo, entrei no carro e disse que voltaria no museu, lá eu pagaria. Os caras nos seguiram, e quando estávamos chegando no museu, passaram ao nosso lado e disseram que poderia deixar pra lá sobre o pagamento… enfim, tem que ficar bem esperto, assim como no Brasil. 

 

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