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Morte na montanha

 

Acordei bem cedo e fui tomar café da manhã. Já com minha grande mochilas às costas, fechei a conta e fui a porta do hotel. O sol estava longe de dar as caras e as ruas, mesmo no centro de La Paz, são tenebrosas durante a madrugada. Eu precisava encontrar um taxi com antena e barato. Com antena, pois havia descoberto que é mais difícil pegar um taxi falso tendo ele antena de rádio.

Já estava há alguns dias na Bolívia quando decidi que era hora de escalar. A escalada em alta montanha exige aclimatação e eu tinha passado alguns dias andando pela Ilha do Sol, mas ainda não era o suficiente.

Finalmente parei um carro e pedi que me levasse a Praça Balivian, em El Alto. 50 pesos. No caminho eu pensava em como odiava a situação de ter que esperar por alguém em um lugar público, ainda mais tão cedo. Eu mal lembrava a fisionomia do guia tampouco sabia se era ele mesmo que iria me encontrar.

O lugar parecia com a praça da Sé. Montes de pessoas pegando conduções para ir trabalhar e outros montes com cara de que a noite havia sido longa. O motorista do taxi me adverte que seria burrisse eu esperar por alguém ali. Com minha cara de gringo era questão de tempo para que me roubassem.

Esperei algum tempo dentro do taxi mas acabei ficando por ali mesmo. Se tudo ocorresse conforme o combinado, o guia logo chegaria. Meu medo era inclusive que ele tivesse sido pontual demais e eu que tivesse atrasado. Mas a pontualidade boliviana é de no mínimo uma hora de atraso.

Vem uma garotinha até mim e pergunta se sou o Davi. O pai dela havia pedido para que me encontrasse. Seguimos até sua casa onde encontrei os dois espanhóis que me acompanhariam naquela viagem. Eu seguiria de carona com eles até a ragião do Condoriri. Eles ficariam acampados por alguns dias e depois mudariam o acampamento para poder escalar outras montanhas. Eu iria apenas me aclimatar. Depois voltaria à La Paz e escalar o Huyanna Potosi. Eles tinham umas 6 ou 7 mochilas cheias de equipamentos para tudo e eu nunca havia visto neve.

Genaro, o guia, me avisou que eu apenas iria com os espanhóis, pois eles ficariam lá umas duas semanas. Eu deveria voltar de carona com alguém que estivesse por lá. Pelo que ele disse não parecia difícil e, dado que eu estava indo de carona não parecia mal também voltar de carona.

A van chegou e eu não demorei muito para embarcar minhas coisas, que se resumiam a minha mochila. Então, para parecer simpático, dei uma ajuda com as coisas dos espanhóis, inclusive, um monte de garrafas de água mineral.

No caminho fizemos o usual trajeto saindo de La Paz e indo para o oeste, que se faz para ir ao Huyanna, Chacaltaya, Copacabana ou Ilha do Sol. Mas em determinado momento saímos da estrada de asfalto e pegamos terra. Na Bolívia, nessa época do ano, terra significa muito pó. Daquele que após algum tempo sentimos o gosto na boca. Atravessamos um riacho em que a água fazia esforço para continuar correndo e seguimos algum trecho já podendo visualizar a figura do Condor que dá nome a região. Os espanhóis se animaram, pois era plano deles subir a asa esquerda.

No caminho o sol nos castigou, mesmo dentro do carro. O clima ali não é só caracterizado pelo frio, mas pela alta amplitude climática. Eu tentava me adaptar, mas não ligava muito. Quando está frio ponho as roupas para o frio. Sequer uso protetor solar durante os dias muito quentes. Isso me garantia uma bela marca dos óculos escuros, mas que não chamavam atenção desde que continuasse com os óculos escuros. Eu penso no Sol como uma grande fonte de energia, não apenas fisicamente, mas mental também. Não chego a colocá-lo como Deus e sair fazendo oferendas, mas não consigo perceber que ficar exposto por muito tempo sob seus raios vão me causar câncer. E não acho que um creme vá me proteger. Na prática eu digo que protetor solar é para os fracos.

Já os espanhóis faziam questão de usar a tecnologia nas suas mais variadas formas para se proteger da natureza. Quando o carro chegou no nosso destino, de onde deveríamos continuar a pé até o campo base, Benja estava com tanto protetor solar que parecia maquiado. Além disso usava também um óculos estranho e um líquido para os olhos, pois ressecavam.

Eu apenas observava. Eu não sabia como me comportar no meio dos alpinistas. Aliás, eu não me sentia um alpinista. Eu estava ali como o chachorro que entra na igreja porque a porta estava aberta. Eu não sabia o que tinha ido buscar ali, mas desde que pude olhar aquele horizonte tão grande, as paisagens surreais, as cores que faltam no meu monitor mesmo tendo mais de 65 milhões, eu havia sentido a natureza.

Daniel e Benja haviam contratado um muleiro que os deveria estar esperando, mas não cumprira o compromisso. Ah, se ele tivesse um Blackberry. Eu segui o caminho com a minha mochila. No caminho parei várias vezes. As paisagens eram muitos bonitas. A neve, ao contrário do que imaginava não era branca, mas branca, vermelha, púrpura. Eu nem sabia os nomes das cores, mas como estava sozinho não precisava dar nomes as cores.

Cheguei finalmente ao acampamento, já cheio de barracas. Vi um lugar que parecia bom e armei a minha. Uma Falcon Nautika de cem reais. Senti um pouco de vergonha no meio de tantas North Faces e Eurekas, mas era o que eu tinha. Ancorei bem, pois mais vergonhoso que uma barraca barata é uma barraca voadora. Cozinhei meu jantar e fui dar uma volta.

Como toda região nevada havia as famosas morainas logo ali do lado. Percebi que havia uma coisa se movento um pouco a frente e fiquei com medo. Poderia ser atacado. Depois mais um susto e logo percebi que coelhos e outros roedores faziam toca por ali.

Me sentei um pouco e um senhor veio em minha direção e puxou conversa. Era alemão e falava inglês. Eu tentei me comunicar mas os tempos verbais se enrolavam na minha cabeça e logo depois que falava percebia os erros que tinha cometido. O senhor não ligava para os erros e continuou conversando, talvez se esforçando para me entender. Ele era de uma expedição que tinha umas dez barracas montada ali no canto. A maioria dos seus amigos estava escalando o Pequeno Alpamayo naquele momento, mas ele havia ficado por ali, pois estava cansado.

Os espanhóis chegaram e fui falar com eles. Eles passaram umas boas horas montando acampamento e a barraca deles parecia realmente difícil de ser armada, mas não aceitaram minha ajuda. Depois me convidaram para um chá, que fizeram dentro da barraca. Havia uma área para cozinhar. Conversamos e eles me perguntaram o que iria fazer no dia seguinte. Eu não havia planejado nada além se dar uma volta e aceitei o convite de subir com eles o Cerro Austria. Era um pico que não tinha neve, apenas uma boa subida para aclimatar-se. Fui dormir, pois havíamos combinado de acordar às 4. Antes fiz um chá e deixei numa garrafa térmica para tomar durante a noite.

Até pouco antes de escurecer o clima era bem agradável, mas quando o sol se punha o frio castigava e em poucas horas não havia lugar como dentro do saco de dormir. Cada quilo que tive que carregar no caminho valia a pena durante a noite. Estava alegre em ter sido convidado pelos gringos para subir o Áustria no dia seguinte. Seria um passeio legal.

Acodei cedo com tudo dentro da barraca congelado. A água e até a pasta de dente estava dura dentro do tubo. Achei aquilo tudo muito legal. Era escuro e fui com a head lamp até um cano de onde sai água supostamente limpa. Encontrei os espanhóis e logo saímos para o nosso primeiro cume por ali.

Eu estava de calça jeans e uma bota bastante permeável. Os caras estavam de bota plástica. Quando vi aquilo pensei que eles esperavam neve no caminho, mas me disseram que era pra se acostumar.

Eu estava com bastante medo de não conseguir acompanhá-los pois eles eram bastante experientes escalando nos Alpes, mas foi o contrário que aconteceu. No início demos uma grande pernada sem parar, até por uma questão de motivação, mas acho que isso os cansou. Na primeira parada ficamos mais do que eu gostaria e meu ritmo esfriou. Logo paramos denovo e denovo e assim fomos, parando pelo caminho. Pelo menos as paradas eram agradáveis. Sempre o Daniel dava um jeito de tirar um barato com o Benja. Numa das paradas o Benja aproveitou para retocar o protetor solar no rosto, que já era excessivo. O Daniel lhe disse que era mejor morrer como um hombre do que viver como um maricón. Essa até eu entendi. Em geral eu entendia o que o Daniel falava, já o Benja, que era de uma região basca ou algo assim, a maioiria das vezes eu apenas concordava com a cabeça sem ter a menor noção do que ele dizia.

Em outras paradas, era possível avistar o Condoriri. Eles então ficavam um bom tempo olhando e traçando estratégias de escalada, caminhos na montanha longíngua, mas que faziam sentido. As vezes eu soltava alguma pergunta, tentando fazer parte.

Algum tempo depois, chegamos ao cume. Comemoramos bastante, pois era o nosso primeiro cume na Bolívia. Por mais que não tivesse exigido muito trabalho, era o primeiro. Se tudo havia dado certo até ali era um bom sinal. Não tínhamos a menor idéia do que os dois passariam alguns dias mais tarde.

Decidimos ficar bastante tempo no cume para deixar o corpo sentir a altitude e facilitar a aclimatação. Passamos umas duas horas tirando mil fotos, fazendo piadas, dizendo como seria mais fácil descer pelo abismo do que pelo caminho que havíamos feito. Não sei bem se era a alegria do cume, a beleza da paisagem ou apenas a hipoxia, mas definitivamente estávamos alegres.

Em algum momento os espanhóis decidiram medir os batimentos cardíacos, para saber como seus corpos estavam reagindo à altitude. Eles tinham até relógios que faziam isso. Enquanto isso eu coloquei dois dedos no pulso, medi quinze segundos no relógio e multipliquei por quatro.

Quando estávamos quase começando a descer, chegou uma garota argentina que havia feito o mesmo caminho que nós, porém na metade do tempo. Ficamos com cara de ué quando nos demos conta de como forámos lerdos. Falamos um pouco com ela, tiramos uma estranha foto que ela tira em vários cumes com um bicho de pelúcia, acho que para colocar no fotolog ou algo assim, e descemos, mas não sem antes ouvir a história de que ela e uma amiga eram o duo cefaléia e diarréia.

Na descida o Sol veio forte e fomos tirando as roupas. Só não foi possível para meus amigos tirar as botas plásticas, que naquela hora estava um forno, conforme me disseram. Por cada poça de degelo que passávamos os dois faziam questão de parar para resfriar um pouco o pé.

De volta ao acampamento, o circo havia ido embora. A duas grandes expedições não estavam mais ali. Mais abaixo a última grande estava desarmando barracas e colocando as panelas sobre as mulas.

Eu estava realmente preocupado com minha carona de volta. No acampamento só restariam eu, os espanhóis e um casal, mais abaixo, que estava nas mesmas condições que eu, esperando pelo retorno de alguém. Minha esperança era um par de barracas colocadas ao lado da fonte de água, mas que eu ainda não tinha visto ninguém por ali desde que havíamos chegado, no dia anterior.

Dormi um pouco antes de almoçar e aproveitei a paisagem. No entardecer, fiquei vendo os coelhos selvagens correndo atrás de algo pra comer. Me aproximei dos espanhóis para conversar, olhar no guia de montanha boliviano deles se era viável ir andando até o Huyanna Potosi, palpitar sobre os planos deles de ir até a asa esquerda do condor.

A certa altura vimos uma cena totalmente National Geografic. Não sei de onde, uma águia começou a sobrevoar o acampamneto. Então deu um rasante e pegou um coelho selvagem com suas garras e levou até o alto de uma motanha, onde deu de comer a alguns filhotes que a mãe nem precisava esconder em ninhos, pois creio que não há predadores.

Começou a anoitecer e fui me despedir dos espanhóis. Na manhã seguinte eles iriam cedo escalar e era bem provável que eu não os visse mais. Trocamos e-mail, que eu acho que anotei errado, pois até hoje não consegui contato. O Daniel me disse que quando eu fosse para a Europa, não deixasse de o visitar na Espanha para escalar por lá. Eu achei isso muito legal, e disse a ele que se fosse ao Brasil me escrevesse para que eu o levasse a algum lugar legal. Depois eu fiquei pensando onde eu o levaria em São Paulo e o melhor que consegui foi a Rua Augusta.

Nesse momento bateu em mirra barraca uma solidão triste daquelas que sentimos que estamos sozinhos no mundo. Mas, definitivamente, eu não estava sozinho. Tá certo que muitas vezes, na cidade, entre milhões, me fizeram crer que eu estivera sozinho e eu estava sendo punido por mim mesmo da maneira que fui ensinado. Eu não souber ser forte e lutar contra aquele sentimento e fiquei muito triste. As montanhas que cubriam 45 graus da vista que tinha pela porta da barraca fizeram o que podiam para me alegrar, mas me decidi a voltar para a cidade implorando pela aceitação da pessoas, nem que fosse a de um garçom ou de um vendedor feliz com meus dólares.

Essa foi a grande derrota da minha viagem. Eu era capaz desafiar cabos de aço na pista, policiais corruptos, a natureza, mas não conseguia chegar ao cume de mim mesmo? Eu poderia entender culturas milenares, paisagem complexas, idiomas estrangeiros, mas estava fugindo de mim mesmo? Decidi que tinha que encontrar uma carona e não sabia que o melhor presente que recebera era a incerteza do dia seguinte.

Minha estratégia era ver se os misteriosos ocupantes das barracas vazias apareceriam na manhã seguinte para ir embora e pegar uma carona com eles. Era isso ou ter que andar muito até um lugar onde poderia pegar um ônibus.

Várias vezes durante a noite acordei e fui até lá ver se eles tinham chegado. Mas nem sabia quem eram eles. Mas na manhã de sábado, logo que o Sol me acordou, botei a cabeça para fora da minha barraca e vi um monte de mulas pelos lados deles. Coloquei a bota e sem nem mijar fui correndo ver se conseguiria minha tão sonhada carona.

Mas os donos das barracas nem haviam chegado. Era apenas o muleiro que tinha sido contratado para estar ali naquele horário. Segundo me disse, um casal estava escalando e iria embora aquela hora, pois em 2 horas o motorista deles chegaria no até onde os carros vão.

Eu não sou muito experiente em escalada, mas mesmo alguém burro perceberia que algo de errado tinha ali. Se o casal tinha combinado com o muleiro para estar ali na sexta-feria de manhã, pelo menos na quinta-feira a noite eles já deveriam estar no campo base. Algo havia acontecido na montanha e eu não sabia o que fazer, nem quem avisar.

A primeira coisa que pensei é que o motorista devia ser avisado, para que chamasse o resgate que poderia vir de La Paz. Fui então com o muleiro até onde o carro chegaria. Pouco antes da dez horas eu estava lá, mas nada do cara chegar. Fiquei até meio dia debaixo do sol, quando decidi ir a pé, pois deduzi que o motorista já deveria ter sido avisado e não iria buscá-los. Então vejo bem longe uma caminhonete parar numa casa e o motorista vir corrento até mim, achando que eu era o cliente. Explico a situação toda e decidimos voltar ao acampamento base para procurar alguma pista do paradeiro dos dois em suas barracas.

Demora pouco mais de uma hora para fazer o percurso, mas eu estava realmente preocupado com o casal que sequer conhecia. O que mais me incomodava era a incapacidade técnica e, sobretudo, material. Se eu tivesse ali uma bota plástica e um crampon, iria atrás dos espanhóis para tentar achar o casal perdido. Mas não, eu nunca havia visto neve na vida. O máximo que eu conseguiria fazer era nada.

Na barraca dos dois não encontramos nada e, para piorar tudo, o celular do motorista não funcionava. Daquela região deveríamos voltar muito, quase perto da pista de asfalto, para que o aparelho desse sinal. Voltamos para o carro e decidimos ir até um lugar onde o celular pegasse. Enquanto o motorista dirigia eu ficava olhando o sinal. Nada.

No caminho avistamos um acampamento, cheio de barracas. Era uma expedição de ingleses que, não sei porque, havia parado ali. Havia umas dez barracas montadas, guias e cozinheiros. Explicamos a situação para eles e nos disseram para que entrasse em contato com Genaro, em La Paz, que ele organizaria o resgate.

Achei aquilo muito estranho. Os guias que estavam ali, há umas 3 horas de alguém que sofrera um acidente na montanha não poderiam ajudar, mas apenas um cara que estava em La Paz poderia? O motorista disse que iria até um lugar onde o celular funcionasse e que era melhor que eu ficasse por ali. Daquele acampamento um ônibus sairia para La Paz em meia hora e eu poderia voltar. Mas eu nem pensava mais em voltar, eu estava indignado com os guias que preferiram ficar ali com os clientes a ajudar no resgate.

Em meia hora peguei o ônibus e voltei a La Paz. Pensando bem no que aconteceu naquele dia vejo que nada justifica minha covardia de ter entrado naquele ônibus. Nem a covardia dos guias justifica a minha.

Hoje penso que deveria ter me aproveitado da minha qualidade de gringo e ter ido falar com o ingleses que almoçavam confortavelmente na barraca refeitório para que pedissem aos seus guias que fossem ao resgate. Ou que eu voltasse ao Condoriri e tentasse algo com o espanhóis. Eu só não poderia ter saído dali naquele velho ônibus escolar, sentado ao lado da minha mochila, tentando explicar a ela que eu não poderia fazer nada. Eu fui covarde.

O acidente que aconteceu na asa direita do Condoriri envolveu um montanhista, Peter Cornelius Wiesenekker e sua guia, Isabel Suppé. Eles sofreram uma queda de quatrocentos metros. Ele morreu e ela sobreviveu com fratura no pé por 2 noites na montanha.

A equipe de resgate só chegou no dia seguinte e os espanhóis foram excenciais para a operação que salvou a vida da guia. Após resgatarem a guia e carregarem o corpo do australiano, voltaram para a Espanha.

Eu voltei para La Paz.

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