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  • Membros

Olá,

Como amante de turismo de natureza no passado mês fiz uma viagem com a minha namorada, à ilha de São Miguel, nos Açores / Portugal. Esta viagem fez-me pensar no impacto que o turismo em massa está a causar ao nosso planeta, fez-me pensar nas gerações futuras e se vão ter oportunidade de ver um local com tamanha beleza natural como os Açores.

Somos influenciados pelo que vemos, somos movidos pela aceitação de terceiros e pelo bem-estar que isso nos proporciona. Até que ponto a era dos influencers, a era da busca pela foto perfeita, no local perfeito, está a destruir as nossas emoções e a destruir o ambiente?

Vamos perceber... Não é novidade que a partilha de locais de sonho, de fotos impossíveis em locais outrora inalcançáveis e desconhecidos, causa nos influenciados uma sede de movimento. Este movimento chama-se turismo, está a crescer e a tornar-se insustentável. Locais remotos passaram a ser banais, locais onde chegavam 10 pessoas ao ano, agora chegam 100.000. As consequências? Visíveis e devastadoras: Poluição, destruição de características únicas da flora do nosso planeta, extinção em massa de espécies animais e mais uma centena de consequências que não vou enumerar agora. Falamos de consequências graves para a sustentabilidade do Planeta. 

Mas as minhas emoções também estão a ser destruídas. Recuando vários anos, quando o nosso conhecimento sobre o planeta quase que se igualava ao nosso conhecimento atual face ao mundo extraterrestre, quais seriam as emoções dos navegadores ao rumarem para um mundo longínquo, ao explorar locais remotos, ao encontrar as belezas que hoje em dia consideramos apenas aquela foto incrível. Conseguem imaginar? Conseguimos ter este tipo de emoções agora? A resposta é um claro, NÃO! As emoções que falamos continuam a existir, é certo, no entanto, a mistura de emoções, a possibilidade de ver e estar num local novo, não existe mais. Está quase tudo espremido, está praticamente tudo exposto, está tudo à distância de um click!

O avançar do tempo e da tecnologia destruiu esse misto de emoções, destruiu a surpresa juntamente com a felicidade, com o medo, com a desconfiança, juntamente com.… sei lá. São tantas as emoções que já não consigo ter, estão irremediavelmente perdidas. Os influencers vierem dar apenas o golpe final, vieram destruir o resto de imaginação e especulação sobre locais remotos. Não os posso culpar de tudo, mas posso pedir-lhes uma coisa, uma coisa importante. Criem movimentos, influenciem positivamente as pessoas, façam-nas crer que temos de mudar de hábitos e que é necessário dar mais de nós. Viajem, sim. Mas viajem de maneira sustentável, levem convosco uma moeda de troca. Mais do que uma simbiose entre pessoas, tem de haver uma simbiose entre pessoas e meio ambiente. Reflitam no impacto das vossas viagens, reflitam no impacto dos vossos posts. Transformem isso em algo poderoso, criem movimentos porque esses movimentos conseguem ser mais impactantes do que as ditas leis. Vamos aproveitar esta arma potente e vamos apontá-la para o caminho correto.

 

Vídeo: AÇORES - Viajar de forma sustentável

Partilho este vídeo, em jeito de desabafo, com a esperança que os Açores continuem a manter todas as características naturais e não cedam à sede do turismo em massa. Na descrição do vídeo tem uma breve explicação e algumas ideias de como tornar as nossas viagens mais sustentáveis. A pegada de Carbono desta viagem foi convertida numa taxa voluntária e doada à associação açoriana, "Amigos dos Açores". Calculem as vossas pegadas, convertam-nas em algo sustentável, como por exemplo, plantação de árvores, doações monetárias a associações de proteção ambiental.
Obrigado :)

LINK: Calcular pegada de carbono
 

 

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  • 2 meses depois...
  • Membros de Honra

Olá Rafael, não assisti o seu video, vou apenas responder o que você escreveu:

Em ‎03‎/‎09‎/‎2019 em 22:02, rafaelmarques91 disse:

quais seriam as emoções dos navegadores ao rumarem para um mundo longínquo, ao explorar locais remotos, ao encontrar as belezas que hoje em dia consideramos apenas aquela foto incrível. Conseguem imaginar? Conseguimos ter este tipo de emoções agora? A resposta é um claro, NÃO! As emoções que falamos continuam a existir, é certo, no entanto, a mistura de emoções, a possibilidade de ver e estar num local novo, não existe mais. Está quase tudo espremido, está praticamente tudo exposto, está tudo à distância de um click!

O avançar do tempo e da tecnologia destruiu esse misto de emoções, destruiu a surpresa juntamente com a felicidade, com o medo, com a desconfiança, juntamente com.… sei lá. São tantas as emoções que já não consigo ter, estão irremediavelmente perdidas. 

 

A possibilidade de se emocionar com o mundo ainda existe, incluindo lugares famosos e conhecidos. Recomendo você dar uma olhada nos relatos de viagens aqui no mochileiros, tem muita gente se emocionando pelo Brasil e pelo mundo. Vc é português? Tem gente se emocionando com algo que pra você talvez seja extremamente corriqueiro: conhecer Lisboa e outros lugares em Portugal. No fim de outubro visitei a praia da falésia (albufeira), que talvez seja extremamente corriqueira e nada emocionante para você, mas eu gostei tanto que fui ficando e fui ficando... foram 15 dias fenomenais. Eu nunca nem tinha visto foto da praia da falésia antes e não sabia o que esperar. Adorei.

Você menciona emoçoes que não consegue ter, e que estão irremediavelmente perdidas. E também menciona que:

"somos influenciados pelo que vemos, somos movidos pela aceitação de terceiros e pelo bem-estar que isso nos proporciona"

Lendo isso que você escreveu  fico com vontade de te dar uma sugestão, por favor não leve a mal: que tal tirar umas férias disso tudo? Um meses atrás li um livro muito interessante sobre minimalismo digital, em que o autor sugere um "detox digital" o mais abrangente possível, inclusive ficar um mês SEM redes sociais. Se afastando das redes você terá claridade para colocar tudo sob perspectiva e repensar o quanto de importância você dá para tudo isso:   https://www.goodreads.com/book/show/40672036-digital-minimalism

Quanto à questão ecológica concordo com você, é muito trágico isso de lugares que uma vez recebiam pouquíssimas pessoas por ano e agora estão recebendo verdadeiras tsunamis de visitantes. Acho que cabe a cada um fazer a sua parte, quando visitamos um lugar remoto e desconhecido não precisamos ir correndo no youtube ou instagram divulgar esta info, não é mesmo? Sei que isso vai contra a filosofia aqui do site mochileiros, de divulgar o máximo de infos, mas me pergunto até que ponto isso é saudável para o planeta. 

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  • Colaboradores

São várias as questões colocadas. Concordo no ponto em que com a globalização tornou "banal" a emoção de conhecer um determinado lugar, vejamos: Realmente preciso ir a Paris para conhecer a Eiffel? De forma pragmática, a resposta é não... está tudo na WEB. Mas o que é "in" é você postar nas redes sociais a sua fotografia coma torre ao fundo e receber o reconhecimento social: "Hoooo, fulano esta em Paris!!"... e essa é a emoção que move muitos dos viajantes nos tempos atuais (felizmente ou infelizmente, não sei dizer ao certo). Atingir lugares "inacessíveis" faz parte também dessa sensação de "poder nas mídias sociais" .

Eu particularmente vou por um caminho diferente, o que me move em uma viagem é imergir na cultura, conhecer a gastronomia, fugir do obvio (isso me emociona)... para mim não faz sentido montar um roteiro somente para ver o que posso ver do sofá da minha casa. 

Turismo sustentável é um desafio. Infelizmente! Mas não acho que a culpa seja de um "influencer" ... É falta de educação mesmo do turista. Mover-se pelo mundo faz parte da historia da humanidade, seja lá com quais objetivos forem. Não podemos esquecer o que outrora os Portugueses vieram fazer, e fizeram, aqui pelo Brasil!

"Por mares nunca dantes navegados" segue-se pelo mundo com a sede de conhecimento e aventura, dentre outras!

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  • Colaboradores

Viajar "sustentável" é tão difícil quanto viver sustentável. É um exercício diário de combate a hábitos enraizados.

Supondo que dinheiro não seja um fator limitante, a gente precisa comprar tudo que compra? Com todas estas embalagens e impacto de transporte? A gente não pode compartilhar algumas coisas que são inevitáveis, como o próprio deslocamento? A gente precisa pegar sacola nas compras? Usar copo descartável?

Em se tratando de turismo de natureza... tem que interagir com o bicho? Tem que por a mão, dar comida? Tem mesmo que subir no elefante?? Andar em cima do coral? Tirar foto com a preguiça no colo? Eu abomino esse tipo de experiência em quase 100% dos casos, mas sei que é uma questão minha e nem tô aqui tentando dizer pra alguém não fazer.

A questão é que pra chegar numa reflexão mais profunda as pessoas precisam parar de pensar que jogar um papel no lixo paga sua dívida com o ambiente, temos que ir MUITO além da educação básica que já é tão escassa.

 

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