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Relatarei uma viagem de 11 dias pela Bolívia, incluindo o Trekking Condoriri (4 dias e 3 noites) conjugado com tentativa de subida ao Huayna Potosi (3 dias e 2 noites), resumida pelo roteiro a seguir:

  • Dia 02/06: Vôo pra La Paz
  • Dia 03/06: La Paz - passear pela cidade, visitar as agências e fechar o pacote do trekking
  • Dia 04/06: La Paz - Subir o Chacaltaya e passeio do Valle de la Luna
  • Dia 05/06: Viagem pra Copacabana e dormir na Isla del Sol
  • Dia 06/06: Voltar pra La Paz e últimos preparativos pro trekking
  • Dias 07 a 09/06: Trekking Condoriri, finalizando no Campo Base do Huayna 
  • Dia 10/06: Huayna Potosi - Treinamento escalada no gelo
  • Dia 11/06: Huayna Potosi - Subida ao Campo Alto
  • Dia 12/06: Huayna Potosi - Ataque ao cume e volta pra La Paz
  • Dia 13/06: Vôo de volta pro Brasil

Minha primeira passagem pelo país tinha sido em 2012, em um roteiro típico de mochilão, no qual tive poucos dias em La Paz e depois segui para Cusco e Machu Picchu. Não ter conhecido o Salar de Uyuni nesta minha primeira ida à Bolívia era uma das minhas grandes frustrações e por isso eu estava decidida a voltar. A oportunidade surgiu em 2016,  em uma viagem para o Deserto do Atacama, a qual aproveitei para fazer o passeio do Salar (são geograficamente próximos e existem passeios saindo de San Pedro do Atacama). 

Já tendo ido 2 vezes, completado os roteiros tradicionais (Uyuni, Downhill na Death Road, Lago Titicaca, etc) e considerando todos as dificuldades de uma viagem pela Bolívia, eu não imaginava voltar outra vez àquele país. Contudo, depois de muita indecisão quanto ao roteiro de férias do ano (Portugal? Eslovênia? Peru?), entrei em acordo com meu namorado, que ainda não conhecia a Bolívia, e decidimos ir até lá fazer um roteiro de trekking.

Com um pouco de pesquisa eu tive certeza que o Condoriri seria uma das melhores escolhas em termos de belas paisagens, logística fácil e preços razoáveis. Assim, decidimos que faríamos o Trekking do Condoriri junto à tentativa de escalada ao Huayna Potosi. A logística dos dois é bem encaixada, visto que o local final do trekking coincide com o local de início da escalada (Campo Base). 

Pelos diversos relatos que li, eu já estava ciente que o trekking e escalada não seriam fáceis. Além do frio, a altitude cobra um preço caro sobre nosso físico e psicológico e por isso tentei montar um roteiro que contemplasse tempo suficiente de aclimatação. Abaixo relatarei com mais detalhes cada um dos dias da viagem:

1° Dia - Chegada em La Paz

Saímos de Guarulhos em um vôo da BOA (Boliviana de Aviación) com escala em Santa Cruz de la Sierra e parada final em La Paz. Esta companhia aérea é uma empresa estatal boliviana e não muito conhecida entre nós brasileiros. Confesso que tive certo receio ao comprar as passagens, mas os vôos foram pontuais e serviram lanches muito bons, portanto só tenho elogios 😁

Nossa chegada estava prevista para 17h30. Em geral sempre opto por utilizar o meio de transporte mais barato para sair do aeroporto, porém minhas recordações do transporte público caótico da cidade, dos taxis sem taxímetro e os alertas de que El Alto (cidade em que está o aeroporto) não é um lugar assim tão seguro ao anoitecer, me fizeram reservar um transfer ao preço de 90 bolivianos. Fiz a reserva com o proprietário do apartamento em que íamos nos hospedar (aluguei pelo Booking, o apto é este aqui).

Chegamos à Bolívia portando somente dólares e reais. Além de difícil, comprar bolivianos estando no Brasil sai muito mais caro. No entanto, precisávamos de moeda boliviana para pagar pelo transfer e pelo apartamento, já que havíamos sido alertados que só aceitavam moeda local. Assim, durante a conexão em Santa Cruz de la Sierra, fui procurar na sala de embarque algum lugar para trocar dinheiro. A sala era pequena e não vi casas de câmbio lá dentro, por sorte o atendente de uma cafeteria se dispôs a fazer o câmbio. A cotação dele era pior que aquela que eu tinha visto no Google, por isso trocamos estritamente o necessário. Já sabíamos que encontraríamos cotações bem melhores no dia seguinte em La Paz.

Chegando em La Paz o motorista do transfer já nos aguardava e nos levou ao apartamento, que ficava no bairro Miraflores, relativamente próximo ao centro. Aproveitamos a noite para dar uma volta pelo bairro e ir ao supermercado comprar comida. Não sentimos os piores sintomas do mal de altitude (dor de cabeça, enjôo, etc), mas notamos que a simples caminhada até o supermercado já tinha nos deixado sem fôlego. Durante a noite notei que demorei mais a dormir e acordei muitas vezes, o que não é habitual para mim.

2° Dia - Passeio pela cidade

O objetivo principal deste 2° dia era cambiar dinheiro, definir uma agência e comprar o pacote do trekking e escalada. Conforme as pesquisas que tinha feito pela internet, eu já estava praticamente convencida a ir com a agência Hiking Bolívia. Chegando à calle Sagarnaga até visitamos algumas outras empresas, mas decidimos ir com a Hiking Bolívia mesmo. Fechamos com eles o passeio do Chacaltaya + Valle de la Luna para o dia seguinte (80 bolivianos por pessoa + taxa) e o Trekking Condoriri + Huayna Potosi (2400 bolivianos por pessoa + taxas). O câmbio do dinheiro fizemos em uma casa de câmbio lá perto mesmo, as cotações eram 1,65 boliviano/real e 6,95 boliviano/dolar.

Terminados os 'negócios', fomos almoçar em um restaurante indiano que eu tinha marcado como seguro, segundo minhas pesquisas. Aqui vale um parênteses: na minha primeira ida à Bolívia, um amigo teve infecção alimentar e precisou ficar 3 dias no hospital tomando soro. Além disso, as estatísticas de diarreias em turistas naquela região são alarmantes, dadas as condições precárias de higiene. Portanto, decidimos tomar MUITO cuidado com o que comíamos, pois alterações de saúde iriam comprometer todo nosso planejamento de viagem. 

Depois do almoço, fomos conhecer o Teleferico. Caminhamos até a estação mais próxima da calle Sagarnaga, que pertencia à linha Morada (roxa) e decidimos que faríamos um "tour": Linha Roxa -> Linha Prateada -> Linha Vermelha, descendo no terminal central de ônibus, onde aproveitaríamos para já comprar as passagens para Copacabana. 

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Foto: Entrada da Estação da Linha Roxa

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Foto: Vista aérea de La Paz (as construções são todas assim, sem reboco. Dizem que desta forma pagam menos impostos)

 

Chegando ao terminal central, compramos as passagens de ônibus para Copacabana por 30 bolivianos. O terminal é relativamente organizado, mas as empresas de ônibus pagam pessoas para fazerem propagandas no grito o tempo inteiro, então imaginem cerca de 10 pessoas, cada uma tentando gritar mais alto que a outra um nome de cidade diferente 😖

Saindo do terminal, caminhamos até o Mirador Kilikili, que ficava próximo ao nosso apartamento. No caminho pra lá passamos por algumas ruelas que pareciam ruas de favela, mas deu tudo certo 😮

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Foto: Vista do Mirador Kilikili

 

DICA: Todo o tempo utilizamos o aplicativo Maps Me para nos locomover. Ele funciona em modo offline e traça rotas como um Waze/Google Maps, basta baixar o mapa da região quando você tiver conexão à internet.

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4° Dia - Copacabana e Isla del Sol

O ônibus para Copacabana estava marcado para sair às 8h30 do terminal central, que ficava a cerca de 30 minutos de caminhada do apartamento em que estávamos. Como teríamos que levar toda a bagagem, decidimos que era inviável caminhar. Na noite anterior havíamos verificado o aplicativo do Uber e ele constava como disponível em La Paz. Contudo, às 7h45 quando solicitamos a corrida para o terminal, quem disse que encontrava motorista? 

Corremos pra rua para tentar achar um taxi e acabamos entrando em um que parecia vindo direto dos anos 70( combinamos o preço da corrida antes de entrar, 20 bolivianos). Sem dúvida aquele deve ter sido um dos carros mais velhos que já andei na vida. Não tinha cintos de segurança, os bancos e painéis estavam cobertos com panos multicoloridos e, se não me falha a memória, faltava um dos retrovisores. Obviamente o taxista dirigia como um doido, como já é de costume entre os motoristas bolivianos 😆

O ônibus saiu 15 minutos atrasado e seu público era variado, desde turistas mochileiros até cholitas e homens nativos. Ao chegar em El Alto, nos deparamos com outro evento tipicamente boliviano: protestos e trânsito parado. Milhares de cholitas caminhavam pela avenida/rodovia, os carros tentavam fugir do congestionamento entrando na contramão, ninguém se movia, em suma, o caos. 

Gastamos cerca de 1h para sair de fato da zona urbana, a partir daí a viagem fluiu normalmente. Ao chegar em Copacabana compramos os bilhetes do barco para a ilha sem maiores dificuldades. 

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Foto: Lago Titicaca - Barco em direção à Isla del Sol

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Foto: Chegada à Isla del Sol - Parte Sul (Comunidad Yumani)

Ao chegar na ilha, logo avistamos nosso hostel, o prédio amarelo um pouco acima do porto. Mesmo sendo uma subida curta pela escadaria, sofremos para chegar até lá. A Isla del Sol está em uma altitude ainda maior que La Paz.

Chegando no hostel (Mirador del Inka, este aqui), surpresa! Não tinha ninguém. Recepção fechada, tudo trancado. Ficamos 20 minutos caminhando pela área externa, gritando e chamando por alguém, mas nada. Até que de repente surge um garoto de uns 9 anos de idade, bem tímido. Explicamos que tínhamos uma reserva e ele pareceu surpreso. Ele disse que a dona do hostel (que depois descobrimos, era sua mãe) iria voltar mais tarde e nos deu a chave de um quarto aleatório para guardarmos as mochilas e ir passear. 

Sem saber bem para onde ir, fomos subindo as escadarias procurando por um mirante. Ao longo do caminho passamos por muitas hospedagens, de todos os tipos, mesmo nas partes mais altas da ilha. Eu sugiro evitar reservas nestas localizações, pois subir tudo até lá carregando bagagem não vai ser nada fácil. Continuamos a subida e decidimos subir até o ponto mais alto da ilha.

DSCF4011.thumb.JPG.ababcd2395589946cff8515c4b7abadc.JPGFoto: Caminho da subida ao mirante

IMG_20190605_155507.thumb.jpg.65f46b436632c6f03b064a915eb6385b.jpgFoto: Mirante do ponto mais alto da ilha 

Ficamos passeando pela ilha até quase escurecer e voltando ao hostel verificamos que a recepção continuava fechada. Sem saber o que fazer, decidimos sair para jantar. A escadaria não parecia ter iluminação, então resolvemos levar nossas lanternas, o que foi muito útil. 

Escolhemos o primeiro restaurante aberto que encontramos. O jantar foi truta do Titicaca, um dos pratos típicos por lá.

De volta ao hostel, ouvimos alguns barulhos em um quarto, chamamos por lá, mas era só o garoto de 9 anos, desta vez acompanhado de seus irmãos menores. Só por volta de 21h a dona do hostel apareceu. Pediu desculpas e disse que tinha se atrasado colhendo batatas em uma plantação. Acabamos ficando no quarto que o filho dela tinha nos dado, que era um pouco melhor do que o da nossa reserva original. 

O wifi do hostel funcionava de forma decente, mas o chuveiro era frio e saía pouca água. A noite em geral foi bem fria e levei um tempo para conseguir ficar aquecida, mesmo com os vários cobertores pesados da cama. O quarto em geral era legal e tinha uma bela vista do lago.

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Foto: Nascer do sol e lago Titicaca vistos pela janela do quarto

5° Dia - Volta para La Paz

Nenhum acontecimento relevante neste dia. Voltamos a Copacabana e de lá para La Paz. No dia seguinte começaria o nosso Trekking pelo Concoriri.

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Em 2012 fiz o Pico Áustria na Cordilheira do Condoriri.. e foi incrível! Quero voltar um dia para fazer o Huayna Potosí 😆

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6° Dia - Início do Trekking Concoriri

Chegamos à agência da Hiking Bolívia às 8h30, conforme combinado. Levamos nas mochilas somente o estritamente necessário para o trekking, o restante das coisas deixamos no hostel, que oferecia o serviço de guarda de bagagens para os hóspedes (o hostel era o Loki Boutique, este aqui).

O dono da agência nos levou até o depósito de equipamentos, onde experimentamos as botas de neve e roupas de frio. As botas eram de boa qualidade, de marcas internacionalmente renomadas como La Sportiva. As roupas, no entanto, não eram tão boas assim. A jaqueta e calças, por exemplo, eram finas, somente úteis por serem impermeáveis.Recomendo àqueles que pretendem escalar o Huayna Potosi que levem roupas adequadas para o frio, pois a roupa emprestada pela agência não é suficiente.

Terminada a prova de equipamentos, seguimos para a van e conhecemos quem seria nosso guia pelos próximos 4 dias de caminhada pelo Condoriri: Sixto! Fiquei muito feliz quando escutei o nome, pois já tinha lido relatos extremamente positivos sobre ele aqui no fórum do Mochileiros. O Sixto faz jus a todos os elogios que recebe, tê-lo tido como nosso guia e cozinheiro foi a melhor coisa que poderia ter nos acontecido. Ainda falarei muito sobre ele nos resumos dos dias seguintes.

Viajamos cerca de 2h até chegar em uma casa/abrigo onde começa a caminhada. Entregamos as mochilas cargueiras para serem colocadas nas mulas, que seguiriam até o abrigo onde passaríamos a noite. Almoçamos por lá mesmo as marmitas que o Sixto tinha comprado na cidade: arroz, batatas e frango frito, o "prato típico" boliviano 😂. Terminado o almoço, começamos a caminhada de cerca de 1 hora até o refúgio na Laguna Chiarkota.

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Foto: mulas levando as mochilas e demais coisas

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Foto: Início da caminhada. À minha esquerda o nosso guia, Sixto.

A caminhada foi leve, o caminho era praticamente plano, mas eu senti meu coração acelerado todo o tempo e uma sensação latejante na cabeça. Não me lembro exatamente a altitude em que estávamos, mas era algo em torno dos 4700 m.

Chegamos ao refúgio, que era uma casa bem simples nas margens da Laguna Chiarkota. Descansamos um pouco e fomos dar a volta na lagoa, o que deve dar quase mais 1h de caminhada. 

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 Foto: Chegada ao refúgio na Laguna Chiarkota

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Foto: Laguna Chiarkota

Terminada a caminhada, lanchamos e ficamos descansando enquanto o Sixto preparava o jantar. O refúgio tinha alguns colchões velhos, que usamos junto com nossos sacos de dormir.

Em relação ao saco de dormir, eu levei um Deuter Orbit -5° (temperatura de conforto entre 0°C e -5°C, extremo -23°C). Já o meu namorado resolveu economizar e não quis comprar um saco de dormir apropriado, levou um comum (temperatura de conforto 14°C, extremo 0°C) e passou muito frio à noite, mesmo cheio de roupas. Ele reclamou muito pelas noites mal dormidas. Recomendo que não tentem fazer este tipo de economia, além de perigoso, já é muito difícil dormir com o desconforto da altitude, com o frio fica quase impossível 🥶

O jantar preparado pelo Sixto estava maravilhoso: sopa de entrada, truta e batatas de prato principal. Neste primeiro dia já percebemos que a fama dele de bom cozinheiro era merecida. 

Quanto às instalações do refúgio: o banheiro era uma casinha à parte, sem portas nem nenhum tipo de vedação. Somente paredes e um vaso sem descarga. Desnecessário dizer que também não tinha pia nem água corrente. Resolvemos escovar os dentes com a água fervida que o Sixto nos dava para fazer chás e reabastecer nossas garrafas. A higienização das mãos geralmente era com álcool gel. 

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7° Dia - Subida ao Pico Áustria

Acordamos bem cedo, o Sixto serviu o café da manhã e nos deu água fervida para reabastecer nossas garrafas.
Começamos a subida ao Pico Áustria e logo vimos que não seria fácil. São mais de 3h de subida e a sensação de cansaço ao caminhar era terrível, mesmo subindo muito lentamente.

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Foto: Laguna Chiarkota vista da subida. A casinha minúscula lá embaixo foi de onde saímos.

Durante a subida, apesar do cansaço eu ainda não sentia outros sintomas. Meu namorado já se sentia mal e com dor de cabeça. Depois de longuíssimas horas e milhares de pausas para descansar, conseguimos chegar ao topo. Lá o Sixto nos serviu o almoço: cozido de quinoa com carne e legumes. Comemos e começamos a descida. Os primeiros quinze minutos descendo foram praticamente um surf na terra com pedras soltas, impossível caminhar sem deslizar rs.

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Foto: Trilha da descida do Pico Áustria

Eis que eu, que até então pensava estar bem, comecei a sentir o estômago estranho e vomitei todo o almoço 🤢

A partir daí tive um declínio enorme das minhas condições físicas: me sentia nauseada todo o tempo, perdi o apetite por vários dias e uma ligeira dor de cabeça passou a me acompanhar. Nesta noite não consegui jantar, só me forcei a tomar a sopa que o Sixto servia como entrada.

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8° Dia - Caminhada até o Refúgio Maria Lloco

Acordei me sentindo mal. Gripada, tossia e espirrava bastante. A cabeça doía e eu continuava me sentindo enjoada e sem fome. Me obriguei a tomar o café da manhã pois neste dia caminharíamos mais de 20 km, o que já seria uma caminhada longa mesmo em altitudes normais.

O Sixto tentou nos animar dizendo que neste dia não teríamos uma subida tão longa e difícil quanto a do Pico Áustria. Mas tivemos várias subidas mesmo assim, divididas em muitas parcelas ao longo do caminho. Caminhamos o dia inteiro, literalmente. Foi muito cansativo pra mim, que já não estava me sentindo nada bem. 

Almoçamos sentados na beira de um lago, vista bem bonita. Me forcei a comer o almoço, para tentar evitar que minha imunidade caísse ainda mais. O cardápio foi arroz e bife de frango empanado, com mexericas de sobremesa.

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Foto: Sixto e eu almoçando

Depois do almoço ainda caminhamos muito até o abrigo. Nem todos que fazem o Condoriri caminham tanto quanto nós neste dia. O Sixto nos explicou que a maioria dos grupos dorme em um abrigo localizado alguns quilômetros antes do Maria Lloco. No entanto, como no dia seguinte nós iríamos fazer o treinamento de escalada no gelo, não era recomendável que caminhássemos muito na próxima manhã, para não nos cansarmos tanto. Então o que aconteceu foi que caminhamos alguns quilômetros extras neste dia para caminhar menos no dia seguinte. 

O abrigo Maria Lloco era bem pior que o da Laguna Chiarkota, o chão muito irregular, além de banheiros bem mais distantes e piores. As acomodações dos guias também eram muito mais precárias. 

Não citei antes, mas é preciso pagar separado pela diária nestas acomodações. A princípio parecem ser casas abandonadas que qualquer um pode entrar e dormir, mas toda noite aparecia alguém para nos cobrar o pagamento 😆

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Foto: Abrigos Maria Lloco

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9° Dia - Caminhada até o Campo Base + Treinamento de Escalada no Gelo

A caminhada neste dia seria de 4 km até a estrada onde a van iria nos encontrar.

Chegando ao local de encontro ficamos ainda cerca de meia hora esperando até que a van chegasse. Na van, além do motorista estavam mais dois turistas, um francês e um espanhol, que também subiriam o Huayna Potosi com nossa agência.

Em pouco tempo chegamos ao Campo Base, estimo que no máximo uns 40 minutos. Lá nos despedimos do Sixto 😭, que voltaria para La Paz com a van. Ele nos apresentou o nosso guia de alta montanha, chamado Edwin. Despedir do Sixto foi muito triste para nós, que nos habituamos com o jeito amistoso dele, as conversas durante as caminhadas e depois do jantar...

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Foto: Chegada ao Campo Base e despedida do Sixto 

O Edwin nos trouxe os equipamentos de alta montanha que experimentamos em La Paz. Importante: preste atenção nos equipamentos que está recebendo, tanto em quantidade quanto em integridade, pois eles serão conferidos no final da viagem. Se algo sumir ou estragar, o que é fácil de acontecer, provavelmente você será cobrado. 

Almoçamos e fomos nos preparar para o treinamento. Era preciso já sair do campo base vestindo toda a roupa de escalada e calçado com as botas de alpinismo, que pesavam facilmente uns 2 kg em cada pé. Há uma caminhada em terreno comum de cerca de 20-30 min do campo base até o glaciar, onde meus problemas começaram.

A caminhada é relativamente simples, mas nosso guia Edwin e o outro guia Luis seguiam em ritmo acelerado junto do francês e espanhol, que estavam super animados. Eu, por outro lado, já cansada da travessia Condoriri, meio doente e calçando botas pesadíssimas, mal conseguia tirar o pé do chão. Posso comparar meu nível de sofrimento nesta caminhada ao quanto sofri na subida ao Pico Áustria.

Ao chegar na geleira, os guias nos ensinaram a acoplar os grampones na bota e como caminhar com eles. Achei difícil e cansativo, mas meu julgamento já estava afetado pelo meu cansaço. Eu já tinha caminhado com grampones uma vez na Patagônia e não me lembrava de ter sido tão difícil. 

Caminhamos um pouco e chegamos no lugar onde faríamos o rapel/escalada. O rapel foi fácil, já que pra baixo todo santo ajuda. Com a escalada, no entanto, não tive sucesso. Duas fincadas de piolet no gelo já estavam me deixando exausta 😓. Não vi outras mulheres subindo para poder fazer uma comparação, mas todos os homens que vi escalando não tiveram problemas como eu. Meu namorado inclusive subiu duas ou três vezes.

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Foto: Escalada no Gelo

Na caminhada de volta eu já tinha me decidido a não tentar subir o Huayna Potosi. Dado o cansaço que eu me encontrava, a ideia de fazer as 2h de subida ao campo Alto carregando todo o peso do equipamento (botas de alpinismo + piolet + grampones + roupas de neve + saco de dormir) me parecia absurda. Avisei ao guia que eu estava desistindo da escalada ao Huayna e que eu iria subir leve ao campo Alto, levando apenas o saco de dormir e deixando toda a parafernalha da escalada guardada no Campo Base. 

Quanto às instalações do Campo Base, ele foi o melhor abrigo de toda a viagem. Dormitório todo em madeira, bem amplo e relativamente quente quando comparado aos anteriores. Além disso, emprestavam papetes para todos, assim ninguém precisava ficar caminhando de botas lá dentro e sujando tudo. Porém, para não perder o costume, o banheiro era tão ruim quanto todos os outros 🤨

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Foto: Dormitório Campo Base

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