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É verdade, em 45 dias vocês vai andar muito! O engraçado é que quando eu estava viajando ficava pensando o tempo todo: acho que eu vou precisar de umas três semanas para me recuperar dessa viagem! Mas no fim acabou que eu aguentei firme por todo o tempo!

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VENEZA

Veneza??? Peraí, eu não estava indo para Budapeste? Pois é. No início desse relato eu disse que sou uma pessoa levemente desastrada e está na hora de provar que eu não estava brincando...

Quando o despertador tocou, eu já estava acordado. As coisas já estavam arrumadas e em muito pouco tempo eu estava pronto para sair. Como estava muito escuro no quarto fui até o corredor a antes de descer, resolvi conferir se tinha pegado tudo. Dinheiro, ok. Máquina fotográfica, ok. Passaporte... Passaporte... Cadê o passaporte! Ferrou (na verdade, eu pensei algo mais pesado)! Eu sempre deixava o passaporte na doleira que eu colocava embaixo da calça e agora ele não estava lá! Onde tinha ido parar? Voltei ao quarto e tentei procurar no chão, no banheiro... Nada! Com a minha mala, desci pelo elevador para perguntar para o funcionário do albergue se ele não tinha visto o meu passaporte, mas ele não tinha chegado ainda. Foi um momento de tensão. Fiquei pensando um monte de coisas, cheguei inclusive a procurar o endereço do consulado brasileiro na Itália. Lembro-me de ter pensado: "Bom, pelo menos eu conheci Portugal e pude ver a Itália de novo." A espera foi bastante angustiante. Acho que eu subi umas duas vezes para o quarto para ver se achava o bendito, mas não consegui. Quase às 7 da manhã, avistei pela porta do albergue um moço vindo de bicicleta. Era ele! Com a maior calma do mundo ele foi abrindo as portas do escritório e enquanto isso eu explicava o meu drama. Depois que eu terminei, ele perguntou de que quarto eu era. Diante da minha resposta ele abriu uma gaveta-arquivo enorme, remexou, vasculhou e de repente ele colocou o meu passporte na minha frente! Eu quase desmaiei de tanta emoção! Na verdade, por algum motivo eu havia esquecido o meu passaporte no balcão ao fazer o check-in. Como me senti estúpido!

Mais aliviado, olhei no relógio e percebi que talvez ainda desse tempo de corrigir a minha besteira. Peguei a minha mala e saí correndo pela porta, porém ainda consegui ouvir o Giordano, o funcionário do albergue, gritando um boa sorte para mim. Desci a rua e notei uma menina que tinha acabado de sair do albergue parada por ali. Parei e perguntei se por acaso ela estava esperando o táxi para o aeroporto. Ela disse que sim e eu sugeri que a gente dividisse. Conversamos um pouco até que apareceu a Mercedez que ia nos levar. No carro eu estava muito tenso... O pequeno congestionamento perto do aeroporto quase me deixou doido. Na frente do aeroporto entreguei minha parte do dinheiro para a mexicana e saí correndo. No check-in, porém, descobri que toda a correria não me serviu de nada. O portão já tinha fechado! O funcionário da Wizz me sugeriu que eu remarcasse a passagem no balcão da empresa. Fui até lá e a moça disse que eu poderia o voo do dia seguinte, pagando a diferença de 60 euros. ah!!!!!!!!

Havia uma pessoa me esperando no aeroporto de Budapeste. Era KK, a menina que eu havia conhecido na minha viagem anterior (o link do relato está na minha assinatura). Fiquei preocupado com ela, pois ela iria me esperar à toa. Eu não tinha muito tempo, precisava pensar num plano B, que me fizesse chegar a Budapest o quanto antes. Foi aí que lembrei que a própria KK havia me dito que de Veneza saía um trem para Budapest, que segundo ela não era muito caro. Não tive dúvidas. Iria jogar tudo e arriscar, afinal não tinha muito o que fazer por ali; então peguei o ônibus e fui até a estação de trem de Bérgamo e de lá embarquei para Veneza! Cheguei lá ao meio dia.

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Continuando...

Veneza é uma cidade única. Eu não sou a primeira pessoa que disse isso e nem vou ser a última. Só estando lá para ver o quão especial essa cidade é. Veneza se apresenta diferente para cada pessoa. Da estação sai uma rua que é o destino provável da maioria das pessoas. E dali você anda bastante até chegar a uma praça, donde saem um monte de vielinhas. A partir dali qualquer mapa é inútil. Agora basta seguir as setas. Uma garante que se você entrar por um beco escuro e úmido vai chegar a ponte Rialto, a outra, na direção contrária, diz que por ali chega-se a S. Marco. Qual seguir? Bom, qualquer uma! Porque depois você chega a outra rua e depois mais outra... De repente há mais uma praça, as setas indicam: para a direita: S. Marco, para a esquerda: S. Marco também? E qual das duas está certa? Você vai para a direita, mas todo mundo vai para a esquerda, então você se vê sozinho numa rua estreita. Isso é mesmo uma rua? Tem saída? E de repente se ouvem vozes e as pessoas aparecem em outra rua, você as segue, passa por pontes e canais, tira fotos e se pergunta se falta muito para passar pelo Canal Grande e o Rialto. Depois de tantas ruas escuras, subir por uma escadaria cheia de lojinhas é bem legal. Ah, mas ali é o Rialto! No topo da escada você olha para a esquerda e se aproxima da borda, espremendo-se no meio das pessoas para poder tirar fotos boas, enquanto observa o sol refletido na água verde-esmeralda do Canal. Depois você prossegue o caminho andando por mais ruas e ruas. À medida que o tempo passa, parece que mais pessoas vão se agrupando. Provavelmente você está chegando a uma das praças mais movimentadas de toda a Europa! Ao chegar lá, você se maravilha e tira muitas fotos, tanto da praça, como da torre e da catedral. Assim é Veneza. Cada um faz seu caminho, mas todos chegam ao mesmo local: o coração da cidade na S. Marcos.

A primeira coisa que eu fiz por ali foi tentar encontrar um cyber cafe para mandar uma mensagem para K.K., mas quando abri o Facebook, já havia várias mensagens dela. Respondi e avisei que havia comprado uma passagem do trem que sairia de Veneza às 21 horas e chegaria a Budapeste (estação Keleti Pu) 14 horas depois (ai). Paguei 50 euros, mas pelo menos poderia ver Veneza na parte da tarde.

Andar por Veneza é uma delícia; perder-se pelos becos é muito legal. Sinceramente, a Rialto não me impressionou muito, mas olhar o canal da ponte é muito legal. Lindo demais. Antes de prosseguir pelo caminho eu desci por uma das laterais da ponte e a fotografei vista da parte de baixo. Em S. Marco, tive que andar no meio de uma enorme multidão que se aglomerava na praça. Ali mal dava para saber onde ficava a fila para entrar na Catedral, que infelizmente estava sendo restaurante, por isso, estava coberta por uma placa enorme na fachada. Para entrar na catedral não é permitido entrar com bolsas ou mochilas por isso é preciso deixá-la num prédio localizado quase à saída da praça (só mesmo em Veneza para ter essas coisas). A Catedral é uma das igrejas mais interessantes da Europa. O estilo dela é único e lembra o das igrejas bizantinas. Lindo demais.

Depois disso fiz passeios e mais passeios ao longo dos canais. Como disse antes, cada um faz seu próprio passeio em Veneza. Descubra suas próprias ruas e tenha suas surpresas. A cidade é mesmo linda. Veneza é Veneza, não tem nem o que dizer. Me pergunto se gostaria dela ainda mais se não houvesse tantos turistas por ali. Minha professora de italiano me disse uma vez que a verdadeira Veneza é a Veneza do inverno: escura e melancólica, sem tantos turistas. Será?

No fim da tarde eu fiquei sentado na escada da estação Santa Lucia, esperando para embarcar no trem para Budapeste, que seria uma das partes mais cansativas da viagem. Mas eu ia chegar em Budapeste, né? Então, vamo embora que a vida é curta!

 

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Nem todo mundo é turista em Veneza.

 

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Gôndola.

 

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O Canal Grande, da ponte Rialto.

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Peço desculpas a todos pela grande pausa! É que tive umas semanas bastante conturbadas no início do ano passado e no começo desse ano então nem tive tempo de escrever, mas como não quero deixar nada pela metade, continuo agora o meu relato.

BUDAPESTE

Não me lembro se já disse isso neste relato, mas Budapeste não estava inicialmente no meu roteiro. No lugar dele constava Madri. Mas acontece que, numa conversa pela internet com KK, contei a ela sobre a minha viagem e ela, como resposta, ficou me dando argumentos para que eu visitasse a cidade dela. Um deles foi que eu não precisaria me preocupar com hospedagem, já que eu poderia dormir na casa dela, de graça! Uhu! Tô dentro! Seria muito divertido passar alguns dias na casa de um nativo. Mal podia esperar!

Mas naquele momento na estação de Santa Lucia eu não estava pensando assim, não. Fiquei seguindo o timetable até que finalmente apareceu o meu trem. Segui para a plataforma indicada e procurei o trem no qual eu iria. Fiquei um pouco assustado inicialmente: o trem era velho e as luzes estavam apagadas. Não havia ninguém ali e já estava quase na hora do trem partir. Era aquele trem mesmo? Abri a porta do vagão e entrei. Numa das paredes havia um mapa da Hungria. Acho que era aquele mesmo. Coloquei a cabeça para fora e olhei o painel da plataforma. Sim, o trem estava certo, mas onde estavam as pessoas? Estava meio receoso, mas logo chegou um grupão animado de americanos e entraram no mesmo vagão que eu. Bom... Não eram meus amigos, mas pelo menos eu não estava sozinho! Ocupei meu lugar na minha cabine e fiquei esperando o trem partir, o que ocorreu no horário indicado. Estava sozinho no vagão, mas isso não durou muito: na estação seguinte entraram na minha cabine três amigos: dois caras e uma moça. Nenhum deles falava inglês, mas eu saquei que eles eram húngaros. Como? Não sei! Senti também que eles eram pessoas honestas e que podia ficar sossegado. Como descobri? Não sei também! Na estação seguinte entrou mais uma mulher: uma senhorinha ítalo-húngara. E a viagem prosseguiu. No nosso vagão tentávamos dormir, mas era difícil mesmo. Além da preocupação, eu queria ficar olhando a moça húngara. Ela era tão linda que eu não conseguia parar de olhar. Acho que eu meio que me apaixonei por ela. E o pior é que ela parecia gente boa... e estava curiosa sobre mim porque de vez em quando lançava um olharzinho lindo na minha direção. Ah... Pena que ela não falava inglês... e que um de seus amigos, na verdade era seu namorado... Bom, mas indo direto ao que interessa, a viagem foi muito demorada e o trem passou pela Eslovênia e pela Croácia (ganhei carimbinho desses dois países no meu passaporte); às 11 da manhã do dia seguinte eu estava quase gritando de desespero porque aquele trem não chegava nunca! Quando uma voz disse em húngaro que o trem estava chegando em Keleti Pu (naturalmente, eu só entendi o Keleti Pu), mais que depressa catei minhas coisas e saí da cabine. Estava em Budapeste por fim!

 

Desci na plataforma e fui abordado umas duas vezes por pessoas perguntando se eu tinha hospedagem ali. Parece que muita gente aluga quartos em seu apartamento para viajantes. Não sei se é confiável, mas fica aí a dica. Fui caminhando no meio das pessoas e logo vi uns braços acenando para mim. Era KK! Me aproximei dela gritando Szia! (a única palavra em húngaro que eu sabia) e a cumprimentei (não sabia se devia abraçá-la ou não) com dois beijos na face. Fomos conversando em italiano e eu fui contando tudo o que havia me acontecido até ali. Pegamos o metrô até a parte norte de Pest, onde ela mora, bem próximo a uma estação de metrô.

Vou me desculpar aqui, pois Budapeste foi uma das cidades em que perdi totalmente o controle do dinheiro, então não poderei dar tantas dicas sobre valores e outros. Só para começar, ela disse que tinha comprado um bilhete de 24 horas e que eu podia usar também como acompanhante, então eu não precisaria me preocupar com isso pelo menos por aquele dia.

No apartamento dela conheci os pais dela: um casal de velhinhos muito simpáticos, que não falam nada de inglês, mas foram os perfeitos anfitriões. Mais para frente eu falo mais deles. Fiquei conversando com Katalin e ela me convidou para comer, pois a mãe dela tinha preparado um almoço para nós. O nome do prato era um amontoado de consoantes que entraram por um ouvido e saíram por outro, mas a comida era deliciosa: uma espécie de torta com vegetais e bacon... Ah, que coisa!

Depois do almoço saímos para um passeio. Pegamos o metrô e descemos no distrito central de Pest (acho que era o décimo). Entramos num beco escuro onde havia uma casa de câmbio, que KK afirmou ser a com melhor preço na opinião dela. Depois disso fomos comprar uma passagem de ônibus para Praga numa agência de turismo. A atendente mal falava inglês então KK ia traduzindo tudo para mim. Durante o tempo que passamos ali KK aparentava uma irritação crescente. Ao sair não deixei de perguntar o que havia acontecido e ela, na sua sua voz calma, me disse que a atendente a havia tratado como se ela fosse estúpida... "Não gosto desse tipo de gente", disse ela.

Fomos caminhando por um grande boulevard e KK ia me explicando tudo. Na opinião dela Budapest era a segunda cidade mais bonita do mundo, só perdia para Paris. Eu não vou discordar, mas na minha opinião Budapest só perde mesmo para Roma. Olha, me apaixonei por Budapest. A cidade tem uma história riquíssima. É charmosa e ainda não foi completamente atacada pelo turismo de massa. Vale a pena conhecê-la em todos os seus detalhes.

Ao final da rua pegamos uma tram até a praça do famoso Parlamento húngaro. KK me explicou que para a construção do prédio foi realizado um concurso e que os três primeiros lugares foram considerados tão bons que o governo decidiu construir versões menores do segundo e do terceiro lugar. Naquela mesma praça você pode observar um prédio todo baleado. São marcas da segunda guerra mundial, em que nazistas e comunistas lutaram um contra o outro pelo "direito" de ocupar a Hungria. O Parlamento é um prédio magnífico, todo branco e pode ser visto de muitos pontos da cidade. Fica às margens do rio Danúbio e dá um aspecto romântico à cidade. Fomos caminhando pelas margens do rio e KK ia me explicando uma série de coisas. Eu ia fotografando tudo e em um determinado momento vi que mesmo ela tinha pegado uma câmera e que ficava tirando fotos dos pontos turísticos que ela mostrava. "Gosto de ser turista na minha própria cidade. Sempre descubro algo novo", dizia ela. Chegamos na majestosa Chain Bridge (Széchenyi) e a atravessamos rumo ao outro lado da cidade: Buda. Ali, pegamos um ônibus que sobe o morro do castelo. Lá em cima vimos o Mattias templom e o Fisherman's Bastion, um dos monumentos mais pitorescos da cidade. Quando saímos dali, prosseguimos por uma ruela e descobrimos as ruínas de uma igreja. Disse "descobrimos" porque mesmo KK nunca tinha visto aquele lugar. Caminhamos por Buda e KK queria me mostrar o Buda Castle Labyrinth, uma série de túneis escuros que formam um enorme e divertidíssimo labirinto. Olha, essa foi umas das atrações mais legais que vimos naquela cidade. Não perca de jeito nenhum!

Depois disso, prosseguimos e chegamos ao castelo de Buda, palácio bastante suntuoso.

Na volta pegamos uma tram que ia margeando o Danúbio aproveitei para tirar várias fotos das majestosas pontes à noite. Que cidade linda!

De volta ao apartamento de Katalin, jantamos e depois eu fui dormir.

Ao entrar no quarto, porém, tive uma surpresa: sobre uma mesinha de lado havia várias comida, água, revistas em inglês, dvd's e várias outras coisas para eu passar o tempo! Como são cuidadosos esses húngaros!

 

Gente, por hoje é só! Dúvidas, perguntem!

 

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O Parlamento

 

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Fishermen's Bastion

 

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No labirinto

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Pessoal, me pediram para colocar aqui a minha planilha de gastos da viagem.

Não coloquei os gastos dia a dia, mas tenho tudo anotado meu diário de viagem e, se for do interesse de alguém, eu posso postar também. Espero ser de ajuda.

Abraços.

CRONOGRAMA.xls

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(Continuando...)

Acordei até que bem cedo, mas quando saí do quarto para dar uma espiada, ninguém estava acordado ainda. Por isso, fui ao banheiro e depois voltei para cama, mas sem querer acabei caindo no sono de novo. Fui acordar quase 10 horas, mas com bastante disposição. Quando saí do quarto, ouvi a voz de JK, a mãe de KK, as duas estavam na sala conversando. Na cozinha a mesa estava posta para o café, mas KK estava me esperando para comer. As duas acharam que eu ia dormir o dia inteiro, mas eu nem sou de dormir tanto. É que a noite em claro no trem pesou bastante. Fomos tomar café da manhã, que para mim mais parecia um almoço: KK me serviu uma espécie de ensopado de ovos e salsichas num molho delicioso de páprica (se estiver em Budapeste, não deixe de experimentar seus inúmeros pratos à base de páprica. Eles são incríveis!). Como "sobremesa" me deram um doce chamado "Turó Rudi", uma barra de chocolate com um recheio branco incrível. Não deixe de experimentar. Você os encontra em qualquer supermercado da cidade. Eles vem num pacotinho vermelho com bolinhas brancas (ou branco com bolinhas vermelhas, não estou certo).

Infelizmente estava chovendo lá fora. O programa deveria ser basicamente em museus. Pegamos o metrô e fomos a Szent István Basilika, a catedral da cidade, mas antes de entrar nela, subimos na torre (para entrar ali, pegue um elevador que fica logo à direita na entrada. Custa 1000 Ft) e lá em cima tivemos uma visão bastante privilegiada de toda a cidade. Depois disso entramos na igreja. KK, como sempre ia me explicando cada detalhe da construção. No fundo da igreja você encontra a Szent Jobb, ou Santa DIreita, uma das relíquias religiosas da cidade. Trata-se da mão direita do próprio Santo Estevão, um dos patriarcas do povo magiar. Para ser sincero vi a relíquia, mas como estava longe não consegui a identificar com uma mão.

Saindo dali prosseguimos por um boulevard e vimos a Ópera de Budapest e, mais à frente, entramos numa livraria enorme. Inicialmente não entendi o que KK queria que eu visse ali, mas logo entendi: no topo da livraria há um luxuosíssimo café. Lá comi a Dobos Torta, um bolo de camadas de chocolates e cobertura de caramelo.

A próxima etapa era visitar um dos museus mais importantes da cidade, o Terror Haza, que fica num local que no passado foi o quartel-general dos nazistas na cidade. O museu apresenta de modo bem objetivo as ocupações alemã e soviética na cidade. O museu é muito bom mesmo. KK ia me mostrando detalhes da história húngara e ia me contando sobre o final do período socialista, no qual ela viveu. O mais interessante do museu na minha opinião é que ele é bastante visual e interativo. No final um elevador leva os visitantes ao subsolo, onde é simulada uma prisão socialista. Os caras eram doidos mesmo. Revoltante.

Depois dali, fomos de metrô a um mercadão (nos moldes desses que há no Brasil), projetado por Eiffel, o mesmo da torre de Paris. Lá comemos o Langos, uma focaccia húngara. KK ia traduzindo para mim tudo o que a moça da barraquinha falava. De repente a mulher começou a olhar para mim falando em húngaro, mas evidentemente falando ainda com KK. "Ela está curiosa sobre você, contei a ela que você é do Brasil e ela te achou exótico" hahahahah. Ainda dou risada quando lembro isso. A mesma moça perguntou se eu queria algum ingrediente extra ao prato. Pedi para ela colocar um salaminho. KK ficou olhando para o meu Langos. "Eu não pediria isso", disse ela, "não é o Langos tradicional, mas se você está gostando, então tudo bem". E ela tinha razão: estava uma delícia. Depois era hora de provar a pálinka, um conhaque de frutas (eu provei o de cereja).

Continuamos andando pelo mercadão e eu estava a fim de comprar de um souvenir para mim. Ia comprar uma matrioska, mas KK disse que aquilo de fato não era nada húngaro. Em homenagem a ela, comprei um daqueles globos de neve, pois ela havia achado engraçado o fato de eu nunca ter visto neve. No jantar do dia anterior, ela havia contado a mãe o meu "caso" e a mãe respondeu: "Rezemos a Deus para que neve amanhã!".

Andamos ainda bastante e tomamos chocolate quente num café no boulevard em frente a Szent István. Os cafés da cidade são ultracharmosos.

De volta ao apartamento havia convidados para o jantar: era a irmã mais velha de KK e um amigo da família, um poeta de haikus muito boa praça. A irmã de KK pediu desculpas a mim porque o jantar que teríamos não seria nada húngaro. A companhia foi muito boa. Eles perguntavam muitas coisas sobre o Brasil, filmes, livros, cultura e outras coisas. A irmã de minha amiga me perguntou diretamente como era a vida por essas terras. Ela disse que a economia ali não era nada boa e eles esperavam que a Hungria adotasse logo o euro para que os salários aumentassem também. Eu, como não sou bobo nem nada, teci elogios ao meu país e disse que a situação aqui estava ficando progressivamente melhor. Mais tarde, ela também me perguntou sobre a Escrava Isaura, novela que havia feito muito sucesso por lá. DIsse que muitos ficaram tão revoltados com a situação da moça que até lançaram uma campanha de "Libertem a escrava Isaura!".

Eles foram embora bem tarde e aquela noite vai ficar marcada para sempre em mim!

(Continua...)

 

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Szent István

 

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Terror Haza

 

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O principezinho de Budapeste

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(Continuando...)

O terceiro e último dia em Budapeste correspondia ao meu 11º dia de viagem. Eu estava realmente muito feliz porque até agora tudo estava dando muito certo. Os medos e inseguranças do início estavam todos esquecidos. Sou uma pessoa bem religiosa, sabe? Então para mim se mesmo a história do passaporte acabou me propiciando uma beleza passagem por Veneza o que eu tinha mais a temer? Nada, nada mesmo!

Naquele dia eu acordei cedo porque queria aproveitar muito bem o dia. Eu e KK tomamos nosso café (frutas, vegetais, pão e sucos) e saímos para a rua. Diferentemente do dia anterior, naquele dia não estava chovendo, mas mesmo assim o dia estava cinzento. Antes de pegarmos o metrô, KK me mostrou um pouco de sua vizinhança. Caminhamos por uma pequena rua e chegamos a uma ponte de pedrestes que cortava o rio Danúbio; do outro lado, estávamos numa ilha. Ali KK me guiou por umas picadas no meio do mato. Ela ia me contando que costumava brincar por ali na infância. Chegamos na ponta da ilha, donde se podia ver a ponte Margaret. A paisagem era magnífica e a paz, tão grande que a gente até esquecia do mundo.

Voltamos para a cidade e pegamos o metrô e depois um ônibus até a ilha Margaret. Ali passeamos por um belo e calmo parque. Íamos convesando no caminho até que reparamos que as nuvens decidiram ir embora dando um pouco de espaço ao sol. "Esse é o céu de Budapeste!" Saímos pelo outro lado da ilha e voltamos para a cidade, que agora parecia mais clara e linda como nunca. Na Nyugati Palyaudvar pegamos a tram até o Oktogon e dali prosseguimos pela Andrassy utca. Ali aproveitei para fotografar melhor o prédio da Terror Haza. No final da avenida está a praça do heróis e atrás dele há um parque, onde fica o zoológico e, bem no centro, uma das mais famosas casas de banho da cidade. Quem leu o meu outro relato, vai se lembrar de que em Roma eu e KK fomos ao zoo de Roma. Pois é... A menina ama zoológicos. Fomos naquele também, que na minha opinião não era tão bom assim. Pelo menos vimos a apresentação de umas focas adestradas. Bonitinho.

Na saída pegamos a linha de metrô mais antiga da Europa Continental. Os trens são minúsculos, mas eles fazem uns barulhinhos engraçados. Vale a pena pegar pelo menos uma vez aqueles trens porque eles são muito curiosos. Descemos na Oktogon e comemos uma pizza numa lanchonete e depois caminhamos pelo 7º distrito, o judaico. Ali fotografei a belíssima sinagoga e depois Katalin me levou num bar, situado num prédio antigo. Não sei o nome do lugar, mas eu adorei porque eles mantiveram uma decoração bem retrô. Parece que de fato eles pegaram um casarão abandonado e transformaram num café. O local é bem bacana. Tomei um copão de vinho quente (é igual ao vinho quente que tem no Brasil nas festas juninas, só que sem as frutinhas) e KK me disse, enquanto adoçava seu café, que só faltava uma coisa para eu ver: a Citadela, no alto de Buda.

Pegamos uma tram e depois um ônibus para lá. No alto de morro tive uma das visões mais incríveis da minha vida. Dá para ver a cidade inteira em cada detalhe. Esperamos anoitecer para ver a cidade acesa. O lugar é tão lindo que às vezes parece mentira que eu estive lá. O encerramento da visita a essa cidade foi um dos pontos altos da viagem; aliás, toda a estada em Budapeste foi um dos pontos altos da viagem e tudo isso graças a KK, com seu jeito incrível se ser, me levou a ver os detalhes que me passariam despercebidos se estivesse sozinho. A experiência de conviver por três dias com nativos foi mais do que eu imaginava...

Descemos o morro por um atalho que KK conhecia e pegamos a tram de volta para o apartamento dela. No elevador ela se encontrou com um vizinho dela. Os dois conversaram por um tempo e logo senti que eles estavam falando de mim. KK me perguntou se eu falava francês. Diante da minha negativa o vizinho pareceu desapontado; ele era mais um dos húngaros que ficou curioso sobre mim. Ele queria bater um papo comigo.

No apartamento dela, jantamos e conversamos por um tempo até a hora de ir para o lugar de onde o ônibus para Praga iria sair. Quando estava saindo, a mãe de Katalin me apareceu com dois sanduíches e disse que se eu não conseguisse dormir no ônibus pelo menos que eu tivesse algo para comer (como esses húngaros são incríveis!). Na hora de sair, apareceu LK, o pai de KK. Ele ficou apertando e disse em húngaro que poderia me hospedar ali sempre que estivesse em Budapeste. Nossa, eu nunca fiquei tão jeito em toda a minha vida. Eles realmente sabem como fazer a gente se sentir bem...

Despedi-me dos dois e KK foi comigo até o estádio de futebol da cidade, de onde sairia o ônibus. Na hora da despedida eu fiquei triste, pois tinha gostado muito de revê-la... Ela me desejou boa sorte e eu disse que se algum dia ela quisesse conhecer o Brasil ela teria um guia que se esforçaria para ser tão bom quanto ela foi. O ônibus estava para partir...

Budapeste foi uma das melhores coisas que já aconteceram comigo. Sinto saudades...

Mas agora vamos para a República Tcheca!

 

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Uma ilha no Danúbio.

 

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A praça dos heróis.

 

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A noite cai em Budapeste.

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PRAGA

Depois de ter vivido uma das melhores partes da viagem em Budapeste, fiquei imaginando no caminho para Praga o que mais de bom poderia acontecer comigo. O ônibus da Orange Ways (a passagem custou 6200 Ft, cerca de 22 euros, uma mamata) viajou por toda a noite, passando por Bratislava, a capital da Eslováquia. Durante uma das pausas do ônibus eu desci só para poder dizer: "Eu pisei no solo da Eslováquia!" (é só uma brincadeira, sei que isso não tem muito significado se você não vai explorar o país). A viagem durou cerca de 8 horas e o ônibus é bom e confortável. Altamente recomendado. Já em Praga, conversei com um grupo de brasileiras que ficou no mesmo albergue que eu. Elas haviam feito o mesmo trecho, mas por trem, e se arrependeram. A viagem foi muito mais longa, isso porque as linhas férreas naquela região não são tão boas quanto as estradas. Se for fazer esse trecho, não tenha dúvidas: vá de bus!

Como sempre, quase não consegui dormir no ônibus. Só fui pegar no sono às 5 da manhã, mas o ônibus estava presvisto para chegar à Praga às 6, depois ele prosseguiria viagem para a Alemanha! Eu não podia correr o risco de dormir de jeito nenhum! Tentei ficar acordado, mas o meu corpo pedia para dormir. Tentei ignorá-lo e permaneci muito bem acordado (ou quase).

Na rodoviária não havia amanhecido ainda, então decidi em primeiro lugar trocar um pouco de dinheiro para depois usar o banheiro e quando amanhecesse seguir para o albergue. No prédio menor da rodoviária havia uma casa de câmbio. Decidi trocar algumas merrecas só para pegar o metrô e pagar o albergue, pois não sabia se a cotação deles era boa ou ruim. Porém, depois descobri que aquela era a melhor cotação que eu encontrei!

Antes de sair dali, fui no balcão de informações turísticas e peguei um mapa quebra-galho que tinha ali. Agora era hora de explorar a cidade! Peguei meu mochilão e saí para a rua! Estava em Praga, de verdade! Não conseguia acreditar! Praga foi uma das cidades que eu estava mais ansioso para conhecer e agora estava ali!

O albergue que eu escolhi fica perto da Namesti Republiky, não muito longe dali; por isso resolvi ir para lá a pé mesmo. Não foi difícil de encontrar.

 

O albergue

O Old Prague Hostel fica próximo a Namesti Republiky e também da Starometski Namesti, a praça da cidade velha. A localização é, portanto, ótima. Perto dali há um shopping center e um supermercado, ambos muito convenientes. O albergue constitui o primeiro andar de um prédio bem antigo. Embora a entrada seja meio ameaçadora, o albergue é ótimo: pequeno e confortável. Banheiros no corredor e uma área de convivência bem bonitinha.

 

Sem mais nada a fazer ali, saí para explorar, pois não teria muito tempo ali, já que havia perdido um dia inteiro na Itália. Chegar a Starometski Namesti foi bem fácil com o mapa que eu peguei no hostel. A praça, ainda vazia de manhã, é linda! Eu estava ali! E tinha já visto tantas fotos do lugar que eu nem fiquei supreso em perceber que estar ali era totalmente diferente de vê-la por fotos. A primeira coisa que eu quis fazer era subir a torre do relógio. De lá de cima você olha a praça e a cidade de outro ângulo, realmente muito bonito. Quando estava para descer, um grupo de portugueses me pediu em inglês para tirar uma foto deles. Peguei a câmera e antes de tirar a foto, falei bem alto: "Gente, fiquem mais perto que nem todo mundo está aparecendo!", eles deram bastante risada e um deles exclamou: "Ó Deus, é brasileiro!". Adoro isso! hahahaha

Ao descer, notei que a multidão se acumulava na praça para ver o espetáculo da mudança de horas. Fiquei ali no meio e gravei tudo na minha câmera tosquinha. É bem divertidinho ver os bonequinhos saindo do relógio e depois, no alto da torre, o fulano tocando a trombeta... No meu vídeo, eu gosto de ouvir o som que as pessoas fazem durante o espetáculo. Estar no meio das pessoas ali é um prazer à parte. Depois, mostrando em casa as fotos para as outras pessoas, sempre tinha um que perguntava sobre esse espetaculiznho. A maioria questionava se tudo aquilo era apenas para turista ver ou se era um negócio sul serio. Se eu quisesse tirar sarro da pessoa eu dizia: "Claro, é muito sério! Inclusive eles fazem isso mesmo no meio da madrugada!

Depois dali vi a igreja Tyr, construída no meio de um quarteirão e depois fui para o bairro judeu. Prossegui caminhando pela margem do rio e por fim atravessei a ponte Carlos (Karluv most), romântica e superdivertida.

Do outro lado, comi um goulash num restaurante e tomei um vinho quente servido por um tcheca que só por Deus, viu? Eu quase fui lá comprar outro copo só para ver o sorrisinho lindo dela!

Depois do almoço mandei uns cartões-postais para casa e fui para a parte alta, onde fica o castelo de Praga. Lá dentro você pode fazer dois tipo de visitação, a curta e longa. Acabei preferindo a visita curta mesmo, que na minha opinião vale mais a pena, pois contempla os pontos mais interessantes do castelo, que são a catedral de San Vito e o próprio castelo. A catedral deve ser uma das mais bonitas da Europa. Vi um grupo enorme de japoneses entrando, eles soltavam aqueles múrmurios japoneses que só eles sabem fazer, indicando que a construção os impressionara muito. E não é para menos: a igreja é mesmo incrível. O castelo, que na verdade não é exatamente um castelo também é bonito, mas acho que poderia ser melhor aproveitado como museu.

Passeando ali pelo castelo, presenciei uma cena interessante: ali é também a sede do governo tcheco. Por isso alguns guardas passam fazendo ronda a todo o momento. Só que eles devem receber algum tipo de ordem como "não pare sob hipótese alguma!". Acontece que uma mulher quase foi atropelada por um desse guardas. É que ela ficou na frente e não percebeu que ele se aproximava, a cara meio que a empurrou e derrubou a câmera dela. Quando eles passaram a mulher não sabia onde enfiar a cara.

Prosseguindo por aquele belo bairro, fui ao Loreta Convent, uma bela construção barroca.

Para encerrar o dia fui também a igreja de Nossa Senhora da Glória, onde fica a famosa imagem do Menino Jesus de Praga.

Antes de voltar para casa voltei a Karluv most e esperei anoitecer completar para tirar boas fotos à noite, mas a verdade é que a minha CyberShot velhinha não é muito boa à noite. Nota para a próxima viagem: trocar de câmera.

Voltando ao albergue, decidi dormir cedo para cobrir mais uma noite em claro. Já estava com a luz apagada quando entrou o meu companheiro de quarto: um português de Lisboa que ficou um tempão conversando comigo. O cara era meio estranho: não parava de falar e dizia a cada 5 palavras 4 palavrões! Não que eu tenha alguma coisa contra os palavrões, mas na verdade ele me veio com uns papos estranhos aí. Ficou dizendo que eu deveria morar e trabalhar em Portugal (depois de dizer que os brasileiros eram superiores aos portugueses) e que ele conhecia pessoas e que podia dar um jeito (medo!). Claro que nem dei ouvidos e ele logo foi embora encher a cara na noite de Praga. Voltei a dormir.

 

(Continua...)

 

20110124123726.JPG

A igreja Tyr.

 

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Vista da Karluv Most.

 

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A incrível igreja de San Vito.

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