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ÁFRICA DO SUL E SUAZILÂNDIA - de Joanesbugo a Cape Town em 39 dias - março/abril 2018


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PARTE 1 - Joanesburgo

09.03.2018

Embarcamos em Guarulhos as 17h30. Voamos com a South African Airways com passagens compradas em promoção na black friday. Pagamos R$ 1.961,28 indo por Joanesburgo (direto) e voltando por Cape Town (escala em JNB). A promoção era de R$1.500, mas demoramos cerca de 1h pra conseguir fechar e perdemos o valor do voo de volta... :( 

*detalhe: compramos as passagens direto pelo site da SAA e tinha possibilidade de já solicitar refeição especial e escolhi a vegetariana. a parte legal da refeição especial é que antes de começarem a servir todo mundo eles te procuram e trazem sua comida! quem é gulosa fica feliz! :) 

10.03.2018

Chegamos em Joanesburgo bem cedo (o voo direto dura cerca de 9 horas). No aeroporto trocamos alguns reais (sim, li aqui no fórum sobre pessoas que levaram reais e valeu a pena trocar direto por rands e resolvi arriscar. com o dólar alto, decidi levar apenas metade da grana em dólares e a outra metade em reais) maaaas a cotação não foi tão boa quanto li em diversos relatos e blogs, aproximadamente 1,00 real > 3,20 rands, principalmente pelas taxas e comissões cobradas em todos os bancos (não só no do aeroporto). Compramos também o chip da Vodacom que foi configurado na loja e já saiu funcionando normalmente!

Em Joanesburgo ficamos num apê do airbnb em Maboneng, bairro em revitalização, com barzinhos, restaurantes e galerias de arte. Apesar de TODAS as recomendações serem pra não ficarmos hospedadas lá, não nos arrependemos em nenhum momento! ok, talvez nos primeiros 5min chegando ao bairro, pois parecia um local bem ermo e abandonado. Uma vez instaladas, caminhamos até a Fox St e toda a percepção mudou!

Neste dia fomos até o Carlton Centre, também conhecido como Top of Africa, o prédio mais alto do continente africano, com 50 andares e 222,5 metros de altura. O último andar tem um mirante com vista de 360º da cidade. É meio difícil encontrar a entrada e o elevador, que ficam no subsolo do shopping e não é muito bem sinalizado, mas nada como perguntar a direção umas 300 vezes pras pessoas pra achar...

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vista do Carlton Centre...

Procuramos também ir ao mercado para providenciar adaptador pra tomada (não adianta tentar levar porque a tomada é bem estranha, fora de qualquer padrão, mas em alguns lugares por onde passamos o plug era igual ao nosso!), algumas coisas de café da manhã e cerveja, mas nos supermercados só vendem vinhos. Ainda apreensivas, pois todo mundo falava pra gente não andar pelas ruas (!!), passamos pela Gandhi Square, perguntando nos comércios onde poderíamos comprar cerveja (acho que parecíamos umas alcoólatras desesperadas). Em uma lojinha de lanches a atendente tentou explicar pra gente onde ficava a Liquor Store mais perto, mas como era uma caminhada meio longa ela resolveu acompanhar a gente até lá! Largou a loja e foi correndinho com a gente até o local.. :D Felizes e abastecidas, voltamos pro bairro, almoçamos e ficamos de bobeira descansando para sair a noite para uma cervejinha inocente.

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almoço no Pata Pata em Maboneng

 

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Maboneng no início da noite...

 

*Primeiro contato com os ubers no país: o aplicativo funciona na maior parte do tempo bem, com uma certa dificuldade de ajustar o ponto de encontro e os motoristas tendem a não se deslocar até você (aparentemente por rixa com taxistas), o que em um lugar onde os locais insistem a todo tempo que não é seguro andar na rua gera certo desconforto, mas todo o trânsito do primeiro dia foi feito de uber e sem grandes problemas.

11 a 15.03.2018

A maioria das pessoas que vai à África do Sul apenas passa por Joanesburgo, pois é o aeroporto de chegada. Nós percebemos que a cidade tinha muito a nos ensinar e ela nos ensinou!

No dia 11, domingo, ficamos apenas aproveitando o bairro, que abre as portas do Markets on Main, feira semanal com muita comida boa, arte e música e toda a rua fica repleta de artistas e artesanatos e a atmosfera é fantástica.

Sobre o Markets: as coisas não são baratas pois não é um mercadinho simples de rua e sim tem artes e coisas muito legais e locais, porém é importante levar uma grana principalmente se quiser pechinchar!

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markets on main

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bar rooftop do hostel curiocity

No dia 12 compramos o ticket do Sightseeing (aquele ônibus turistão hop-on hop-off de 2 andares) para explorarmos melhor a cidade, o que foi uma ótima opção para visitar alguns locais importantes que são bem distantes uns dos outros.

Nossa primeira parada foi no Apartheid Museum. A visita é indispensável para quem quer conhecer mais sobre a triste história deste regime de segregação racial. Mas, cara!, como este lugar te absorve! Ficamos mais de 4h lá e podíamos ter ficado mais, mas queríamos conhecer também o Constitution Hill. Chegamos lá a tempo da última visita guiada às 16h e foi bem bacana! O lugar é cheio de história e simbolismos! Muito legal mesmo e me surpreendeu bastante! (sugiro a quem for aguardar a visita guiada, pois faz toda a diferença. vi depois no site que existem diversos tipos de tours guiados, até um noturno!) Pena que não deu tempo de conhecer a Women's Jail que fica no mesmo complexo...

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Dia 13 fomos de Gautrain (trem moderno e rápido que faz a conexão entre a cidade de Johannesburg e o aeroporto OR Tambo International Airport – não muito barato, mas queríamos testar) até Sandton na Nelson Mandela Square, que basicamente é a praça de um shopping com uma estátua do Mandela no meio, mas que vale a visita vista a importância desta personalidade para o país (como não somos nem um pouco fãs de shopping, o Mandelão e umas fontes de piso na praça foram as únicas atrações do local). Nossa intenção este dia era fazer um free walking tour em Braamfontein, mas por algum motivo que ninguém soube nos explicar os passeios tinham sido cancelados, mas normalmente eles saem da Park Station em 3 horários diários, 10h30 / 13h00 e 15h30.

Mais tarde fomos à cervejaria Mad Giant. O lugar estava bem paradão (leia-se deserto) por ser dia de semana e no horário entre almoço e happy hour, mas valeu a visita. Fizemos um tour para conhecer o processo de fabricação (normalmente tem que agendar pelo site, mas estava tão vazio que conseguimos assim que chegamos) e a mulher que nos acompanhou foi bem atenciosa, porém achamos o tour meio xoxo (talvez por gostar mais de saborear do que entender tão a fundo – acho que para quem fabrica cerveja artesanal em casa deve ser muito mais legal, por exemplo, pois dá pra perguntar bastante coisa técnica e tirar muitas dúvidas). Além disso, tivemos um desconforto com o pedido das cervejas porque algumas que estavam no cardápio não estavam disponíveis e o preço pareceu mudar depois que fechamos a conta. Além das porções de comida serem mais conceito do que sabor: pratos caros e vazios... Mas as cervejas eram boas e o garçom que nos atendeu fez toda a diferença!

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Dia 14 contratamos um tour para o Cradle of Humankind & Sterkfontein Caves. O tour não é barato, mas o lugar é meio longe, cerca de 1h30 de Joanesburgo e não é recomendado ir de uber pela dificuldade de voltar, então foi o meio que encontramos para ir. O “Berço da Humanidade” é um sítio paleoantropológico declarado Património Mundial pela UNESCO em 1999, ocupando atualmente 47.000 hectares e contém um complexo de cavernas calcárias, local de descoberta dos primeiros fósseis de hominídeos já encontrados. Saímos do apê umas 9h e retornamos por volta das 15h. Almoçamos pelo bairro. Bebemos pelo bairro.

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Dia 15 foi dia de deixar o apê em Maboneng pra trás e ir conhecer Soweto, o famoso distrito de Joanesburgo e um dos principais símbolos da história da África do Sul e do Apartheid, reduto de resistência e luta da população negra. Hoje fala-se em cerca de 4 milhões de habitantes no Soweto. Lá fizemos um passeio de bike que partiu do Lebo’s Backpackers (deixamos nossas mochilas no próprio hostel). Fizemos o passeio de 4 horas que é bem legal e passa desde a parte mais estruturada de Soweto, onde moram até algumas celebridades locais até as partes mais pobres, onde não há nem tratamento de esgoto disponível. A desigualdade é impressionante. Passamos também pelo memorial Hector Pieterson, marco da revolta estudantil de 1976, onde o jovem morador de Soweto foi morto em um confronto com a polícia durante o período do Apartheid. O tour segue pela famosa Vilakazi Street, a única rua do mundo que já foi moradia de dois vencedores do Prêmio Nobel: Nelson Mandela e o arcebispo Desmond Tutu. Hoje em dia é possível visitar a Mandela House, mas com o passeio de bike só paramos em frente por alguns minutos (essa foi a única decepção, pois estávamos com a expectativa de entrar no local). O passeio finaliza com um almoço bem saboroso em frente ao Lebo’s e uma cerimônia para provarmos a “cerveja” local. Esse momento foi meio bizarro porque todo mundo que estava no passeio se acomoda em círculo e eu quis porque quis sentar num banco moldado num tronco e convenci tanto a Camila quanto um brasileiro que conhecemos e quando começaram a servir a cerveja, numa cuia compartilhada (!!!), percebemos que seríamos os últimos a provar... :/ não deixem de provar! faz parte! é rude levantar e ir embora ou apenas cheirar a cerveja e passar adiante (sim, algumas pessoas fizeram isso!)

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Saindo de Soweto fomos de uber para Mildrand, cidade próxima a Joanesburgo, de onde sairia no dia seguinte bem cedo nosso overland tour. Lá ficamos no Belvedere Estate pela praticidade, pois é o hotel da Nomad, empresa que contratamos o overland. Relaxamos com uma cerveja à beira da piscina, jantamos e dormimos cedo, ansiosas para o dia seguinte. Durante o jantar conhecemos o Frank e o Tank, motorista e o guia do tour, que se sentaram para comer com a gente e já sentimos uma conexão bacana. Mais cedo, durante o passeio de bike, sem saber passamos em frente à casa do Frank, que mora no Soweto e tem um baita orgulho disso! :D

**Saldo de Joanesburgo**

Onde ficar: Definitivamente Maboneng se assim como eu você gosta de se misturar e sentir o local onde está. E preferencialmente na Fox St. ou bem próxima a ela. É lá que tudo acontece! Andamos a pé pelo bairro todos os dias, inclusive à noite (procuramos não voltar pro apê tarde, mas ficamos na rua até umas 21h um dia..) e não tivemos nenhum problema! Dica para quem viaja acompanhado: a diária do airbnb saiu mais barato do que 2 camas no disputado Hostel Curiocity, então valeu muito a pena! (de quebra voltando pro apê uma noite, fizemos amizade com moradores do prédio que estavam tomando cerveja no quintal e rendeu uma noite de deliciosa conversa e risadas até a madrugada)

Onde comer: Market on Main tem muitas opções e tudo parecia muito bom (só funciona aos domingos); Pata Pata tem um curry vegetariano divino (Camila comeu um peixe que estava muito bom também, segundo ela); Little Addis Café, comida etíope que dispensa comentários (só o aroma em frente ao restaurante já mata!); Eat Your Heart Out para café da manhã (salivei agora só de lembrar!). Fato: os restaurantes na Fox St. não são baratos!

E a cerveja? Bom, o bar do hostel Curiocity é um lugar bem legal e animado para uma cervejinha no final da tarde. Eles têm um rooftop perto dali que parece rolar umas baladinhas e tals (foto acima), fomos um dia no fim de tarde e estava bem morto ainda e não ficamos muito. Tem um cinema na Fox com promoção de happy hour durante a semana também, se me lembro, 2 cervejas pelo preço de 1 para tomar em mesão na calçada. No bairro não é muito difícil escolher um lugar bacana para parar e tomar uma a qualquer dia! Para cervejas especiais com certeza a Mad Giant e no Market on Main tem bastante opção também: provamos 2 Fraser’s Folly, uma IPA e uma Stout. Belas pancadas! *e tudo bem gelado até agora! :D

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Que legal esse roteiro @Karen M.!

Eu fui pra África do Sul nov/dez de 2018 e fiquei 3 semanas e achei incrível o país! Devido ao tempo curto, acabei focando no Kruger e Rota Panorâmica + Garden Route e Cidade do Cabo.

Aliás, quando comecei a pesquisar também fiquei doido pra fazer a Otter Trail mas como você comentou, é super concorrido e já não havia vagas quando pesquisei! Então o jeito foi me contentar com o trecho do Tsitsikamma até a cachoeira que já foi incrível!

Também queria ter feito as trilhas na Drakensberg mas tive que deixar para uma outra oportunidade!

Parabéns pela viagem e força pra continuar o relato! 😃

 

 

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@José Luiz Gonzalez  o país é mesmo incrível e extremamente rico de paisagens e cultura!! 

Quanto à otter trail, pra vc ter uma ideia, a primeira reserva que fiz foi no começo de julho de 2017 e tinha reservado para final de maio, que era a única data disponível.. mesmo assim continuei acompanhando o site e em agosto abriram umas datas (acredito que de desistências ou pessoas que reservaram mas não pagaram a taxa) e consegui mudar para abril, que a temperatura estaria mais quente. 

A África do Sul tem diversos parques nacionais incríveis e vários outros com trilhas semelhantes à otter trail, mas não tão populares.

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PARTE 2 - Overland de Joanesburgo ao Oceano Índico

*Sobre o overland: optamos por fechar este tour pela dificuldade de resolver a logística de safáris sendo que nenhuma de nós dirige e alugar um carro para ir por conta própria não era uma opção. Curti bastante esta forma de viajar, os grandes deslocamentos fazem parte da viagem, o caminhão passa a ser nossa “casa”, algumas refeições são feitas na beira da estrada e você fica acabada, mas vale a pena! Seria ainda melhor se o grupo todo tivesse se conectado melhor, pois como escolhemos uma data de saída com tradutor alemão, das 18 pessoas no tour, 15 eram alemães (como tem muitos alemães viajando pela África, algumas empresas de overland oferecem tradutores em alguns tours, mas o tour em si é conduzido em inglês como em qualquer outra data; só que a probabilidade de ter mais alemães nestes é maior; e no nosso tinha! não que isso seja um problema, mas no nosso caso a maioria deles não estava nem um pouco interessada em se misturar... pena!)

16.03.2018

Acordamos cedo para o café da manhã, incluso na diária. Pouco antes das 7h o caminhão já estava se posicionando em frente à recepção do hotel. Frank e Tank ajudam todos a guardar as mochilas nos lockers individuais nos fundos do caminhão, e conferem a parte burocrática do tour. Tank explica a todos alguns itens importantes sobre o que esperar e responsabilidades em grupo, além de dicas para a convivência durante toda a viagem. Hora de partir!

Viajamos algumas horas em direção à Nkambeni Safari Camp, reserva particular ao lado do Kruger National Park. No caminho paramos para almoçar em um shopping e comprar água para os próximos dias (no tour estão inclusas a maioria das refeições – café da manhã, almoço e jantar – mas de resto fica tudo por nossa conta, incluindo bebidas; então a equipe já orienta a gente a comprar água, fruta, snacks e cerveja ou vinho conforme formos parando em alguns locais.. no caminhão há 1 cooler que é para os alimentos que eles compram e um isopor grande para uso dos passageiros, que são responsáveis por mantê-lo limpo e com gelo).

Um imprevisto tirou o Tank da nossa equipe e o novo guia, George, deveria nos encontrar já no camping.

Chegamos ao camping no meio da tarde e, para quem optou por acampar (nós!), começa a aula de como montar a barraca. De cara parece difícil montar aquele treco de lona pesado, mas com alguma colaboração demos conta de tudo! Exploramos um pouco o Nkambeni Safari Camp, que tem desde suítes bem confortáveis ao espaço para camping, com instalações muito boas. Este dia choveu bastante e o jantar que deveria ser preparado em torno da fogueira foi transferido para o restaurante do hotel, por conta do tour.

*detalhe que havia 2 banheiros comunitários: um deles com paredes e instalações comuns e outro com chuveiros e cabines com nada mais do que uma cortina baixa e cercas elétricas te separando do Kruger! Nem perdi tempo com o primeiro! :D

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   Instalações Nkambeni Safari Camp

 

17.03.2018

Levantamos bem cedo para um dia inteiro de safári naqueles carros típicos, 4x4, com as laterais todas abertas. 6h da manhã era o horário de partida da recepção.

O dia foi emocionante! Mesmo não sendo o melhor tempo, pois ainda estava um pouco úmido e ventava bastante, a cada animal avistado todos se empolgavam! (pausa: o vento é realmente sofrível nos safáris em carro aberto! é necessário ir bem agasalhado, em camadas para quando no meio do dia estiver mais calor, e com algo para proteger a cabeça e principalmente os ouvidos do vento)

O primeiro impala ninguém esquece! Digo... depois de ver um bando a cada meia hora a gente até esquece e nem pede mais pra parar o carro... mas é muito legal mesmo assim!

Neste primeiro dia foram vários impalas, alguns kudus, elefantes, girafas, 5 wild dogs (falo 5 porque são bastante difíceis de serem avistados.. pra ter uma ideia, a motorista do nosso carro disse que passa 2 a 3 meses sem avistar nenhum!), hienas mordedoras de pneus, crocodilo, macacos e muitas aves.

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A noite tivemos nosso primeiro braai, típico churrasco africano em volta da fogueira, com opções vegetarianas deliciosas para algumas pessoas que solicitaram, incluindo eu! (*avisando na hora da reserva do tour eles se programam para cardápios especiais). Como o primeiro jantar foi descaracterizado e embaixo de bastante chuva, as apresentações pessoais ficaram para esta 2ª noite! Após o jantar todos contaram um pouco sobre de onde vinham e como foram parar ali.

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George, nosso guia e cozinheiro de mão cheia!

 

18.03.2018

Novamente acordamos antes do sol nascer, o que é rotina durante o overland. Após o café da manhã partimos no caminhão para a Panorama Route. Muitos que vão por conta dispensam este trecho, mas foi um ponto alto da viagem! As paisagens são desconcertantes! Acabamos curtindo muito mais os Three Rondavels e Bourke’s Luck Potholes do que a God’s Window, talvez porque nesta última parada estava meio lotado e pessoas disputando qualquer canto para foto...

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Almoçamos sanduíches na beira da estrada e voltamos para o camping para curtir a piscina. Jantar em volta da fogueira e dormir cedo para mais um dia madrugando..

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George e Niqy preparando o almoço

 

19.03.2018

Partimos cedo, mas antes recebemos visitantes ilustres no café da manhã: elefantes bem perto do acampamento! Fomos todos pegos tão de surpresa que ninguém tirou foto! Ficamos apenas abestados com aquelas visitas de despedida.

Já na estrada, entramos novamente no Kruger Park em direção ao sul, para sair pelo Crocodile Bridge Gate e seguir rumo a Suazilândia. Com o dia ensolarado, o game drive no caminhão foi bem animado apesar de só poder circular nas estradas principais.

Muitos elefantes, impalas (again!), rinocerontes (são impressionantes!), zebras (tãããão simpáticas!), girafas, búfalos bem de longe, babuínos, e quase no final, quase impossível de enxergar, leões! Incrível que havia alguns carros parados na estrada onde aparentemente não tinha nada e o Frank afirmou com toda certeza “felinos!” Lógico que todos no caminhão enlouqueceram e lá ficamos parados mais de meia hora tentando enxergar alguma coisa.. muitos carros já tinham desistidos e nós também já estávamos quase indo, quando alguém se movimenta bem longe e finalmente conseguimos enxergar.. :D

Mais alguns animais e aves e saímos do parque.

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Cruzamos a fronteira da Suazilândia algumas horas depois sem nenhum problema para quase no final da tarde chegar ao Mlilwane Wildlife Sanctuary. Como chegamos em cima da hora de partida para o Sundowner Drive que havíamos reservado (não estava no pacote da nomad), a equipe ficou no acampamento montando nossas barracas e lá fomos pra mais algumas horas de saculejo. O dia foi puxado e estávamos cansadas, mas ao nos instalarmos no carro, nosso motorista se apresentou e disse algo mágico: “estão inclusas 2 bebidas por pessoa e vocês podem escolher entre água, refrigerante ou CERVEJA”. Eu e Camila não contivemos um gritinho de felicidade e todos riram. O guia iria perguntar o que cada um queria para arrumar o isopor com as bebidas e, começando por mim: “what would be your first drink?” “beer!” “and the other one?” “beer!” :D

Aqui o safari foi meio diferente, pois o santuário, a fim de manter um melhor controle sobre os animais, divide-os em sessões.

Elefantes, rinos, hipopótamos, cerveja, elefantes...

Entrando na sessão onde estavam os felinos, chegamos a um ponto em que avistamos 1 carro parado e várias leoas deitadas na estrada. Novo momento de empolgação, pois estes estavam bem perto, mas nosso motorista quis dar a volta para que tivéssemos uma melhor visão. Só que encontramos um elefante que não saía do meio da estrada. Esperamos um pouco e a inquietação crescendo quando o motorista engata a ré e acelera pra voltar aonde tínhamos visto os leões. E não foi qualquer rézinha não, o cara meteu o pé em estrada de terra e sacudiu todo mundo!

Quando chegamos de volta ao local, elas já tinham saído da estrada. Avistamos apenas uma cabeça no meio da vegetação alta e ficamos por lá observando. De repente, uma a uma vão se levantando e começam a andar, 2 leoas e 2 leões jovens! Praticamente do lado do carro! Andando preguiçosamente e a gente acompanhando! Impressionante!

O guia diz que temos que partir, mas antes ainda fomos presenteados com o por do sol mais espetacular que já vi!

Voltamos para o camping. Neste local não havia luz elétrica, mas ainda assim as instalações eram ótimas, o banheiro super grande à luz de lamparinas e banho quente garantido!

A noite mais um jantar delicioso ouvindo sobre a história da Suazilândia sob um céu estralado inacreditável!

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20.03.2018

Acordamos cedo (mais uma vez! Camila nem queria ir!) para uma Nature Walk no santuário. O passeio é interessante e se dá na sessão onde não há felinos (meio óbvio... mas.... ufa!). Fiquei o tempo todo só querendo me deparar com uma girafa mas “só” rolou uns gnus assustados.. Voltamos, tomamos café da manhã, desmontamos as barracas e bóra pro caminhão. É tempo de praia!!!

Chegando a Greater St Lucia, em KwaZulu-Natal, o caminhão parou em uma praia para termos nosso primeiro contato com o oceano índico. Tímidos, alguns tiraram os sapatos e colocaram os pezinhos na água. Mas eis que chega um ônibus de estudantes e as garotas todas empolgadésimas correm gritando em direção ao mar e entram com roupa e tudo! Deram um baile na gente... saindo da praia algumas meninas passaram pela gente e vieram nos abraçar. Maior barato a empolgação!

Em St. Lucia ficamos todos hospedados em uma pousada, inclusive quem optou por acampar, que foram instalados em apartamentos de 2 suítes. Ok, dividimos o apê com um casal alemão bem legal! A pousada tinha lavanderia e por um preço um pouco salgado aproveitamos para lavar nossas roupas.

A cidade é bem miúda e simpática, parecendo alguma cidade de veraneio meio “topzera”.

O jantar foi braai no quintal da pousada, onde tivemos uma aula de zulu, 1 das 11 línguas oficiais da África do Sul, que garantiu boas risadas! Tivemos também uma apresentação de dança africana, meio lance pra turista ver, mas nos divertimos também, principalmente quando o grupo escolheu alguns de nós para dançarmos junto, e eu fui escolhida.... (quem me conhece sabe: eu não danço! e se eu tento só saem uns movimentos bizarros descoordenados.. mas acho que atendi bem à expectativa...)

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21.03.2018

Madrugamos e os 4x4 do último safári que faríamos já nos esperavam em frente à pousada. Era antes das 6h e íamos pegar estrada. No 4x4. Aberto. Frio pra cacete! Tinham cobertores no carro, mas ainda assim não foi o maior dos confortos.

Valeu super a pena quando chegamos no Hluhulwe-Imfolozi Game Reserve, um dos últimos redutos de rinocerontes, que desempenha um papel fundamental na preservação destes animais ameaçados de extinção. Esta reserva é linda e a paisagem é completamente diferente do Kruger Park, com montanhas e vales de tirar o fôlego.

Fomos presenteadas com mais uma grande leva de impalas, girafas, búfalos bem de perto, rinocerontes, e o ponto alto do dia (pelo menos pra mim): pumbas!!! :D Rolou uns leõeszinhos de longe também, mas eu já estava feliz porque eu tinha visto o pumba!

O almoço foi por nossa conta e escolhemos o Ocean Basquet para irmos com nossa nova amiga Claire e duas irmãs alemãs bem gente boa, a Nina e a Steffi. Tinham Brazilian Caipirinhas no cardápio e todas encararam!

A tarde fizemos um cruzeiro pelo estuário de St. Lucia para avistar hipopótamos e crocodilos. Não tão especial quanto eu esperava, acabei ficando meio entediada, mas acho que principalmente porque já estava cansada de tanto vento na cabeça...

Após o jantar, George e Niqy, nosso guia e a tradutora do tour, convidaram todos para acompanha-los a um bar local, o Fisherman's Restaurant and Bar. O bizarro é que ao entrar o lugar era uma peixaria e o bar rolava nos fundos. Bastante gente se juntou e a noite foi muito divertida e especial! E resultou uma ressaca boa na manhã seguinte...

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22.03.2018

Não acordamos tão cedo dessa vez mas a ressaca fez ser mais sofrível que nos dias de safári... :/

Último café da manhã com o grupo e hora de partir rumo a Durban.

Chegamos embaixo de chuva e fomos almoçar em um restaurante de surfistas na orla, o Surf Riders Food Shack. A comida não empolgou...

Depois do almoço pegamos nossas coisas no caminhão e fomos para o nosso hostel em Durban, o Curiocity. Bem bacanudo em um prédio antigo restaurado. Ficamos em um quarto privativo que era gigante e com decoração bem estilosa.

Precisávamos trocar dinheiro e perguntamos na recepção do hostel onde seria o lugar mais perto que ainda estaria aberto. Eles foram super solícitos e até ligaram para um banco para confirmar e nos passaram a direção. Mais uma vez: não era seguro andar até lá e pegamos novamente um uber para o que poderia ter sido uma caminhada de 10 minutos. :/

A noite nos encontramos com o grupo do overland para um jantar de despedida. A nossa viagem com eles terminava ali. Muitos seguiriam na rota completa de 21 dias até Cape Town, apenas nós, a Claire e mais um casal de alemães fizeram apenas a primeira etapa do tour.

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Jantar de despedida

**Saldo Overland Tour**

Achei uma ótima forma de viajar longas distâncias, aliando custo-benefício com experiências incríveis. O período do nosso tour foi relativamente curto, mas não me arrependi de ter escolhido acampar ao invés de ficar em acomodações (ok, não foi bem uma escolha, pois no começo queríamos – leia-se a Camila queria – ficar em acomodações, mas o orçamento da viagem foi apertando e.....). A barraca é boa e espaçosa e como éramos poucas pessoas acampando, conseguimos inclusive 2 colchonetes cada.

Prepare-se para muitas horas no caminhão. No dia mais longo, que saímos do Kruger para a Suazilândia, foram mais de 11h, mas em um dia repleto de acontecimentos emocionantes e paisagens maravilhosas. E nunca, em hipótese alguma, chame o caminhão de ônibus! isso vai ofender a equipe ;) 

A alimentação é bem boa também! Nada sofisticado, café da manhã com frutas, cereais, pães com geléia e etc. O almoço precisa ser uma refeição prática para não tomar muito tempo da viagem, então normalmente são sanduíches e saladas. Já o jantar... esse sim é especial! Deliciosas refeições repletas de sabor e de conversas em grupo.

Sobre a empresa Nomad Tours, pesquisamos muito antes de optar por ela, mas como é uma das maiores empresas no ramo, a facilidade de encontrar relatos tanto de brasileiros quanto estrangeiros que viajaram com ela é grande e, apesar de algumas críticas negativas, os elogios sempre venceram e recomendo bastante a quem se interessar por esse tipo de viagem. A empresa tem sede em Cape Town e muitas opções de rotas, inclusive contam com atendimento em português. Ao indicar pelo site o interesse no tour, logo a Fernanda entrou em contato conosco e seguiu todo o processo, tirando dúvidas e agilizando o pagamento, que é bem prático também. O nosso roteiro foi esse aqui:  Kruger and Swaziland - South 2018

E se a lembrança boa ficou, isso se deve em muito à equipe que conduziu nosso tour: Frank, George e Niqy! Muitos créditos a eles e nossa eterna gratidão por todas as conversas e trocas de experiências! ♥️

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PARTE 3 - KwaZulu-Natal a Eastern Cape

23.03.2018

Dia de explorar Durban.

Acordamos com tranquilidade e tomamos café da manhã no hostel, incluso na diária, que era simples, mas gostoso.. Suco, café, chá, torradas com geléia e salada de frutas com granola e iogurte.

Nas minhas pesquisas li que em Durban tinha o Victoria Street Market, o melhor lugar para se encontrar souvenires baratos e quinquilharias em geral. Eu que adoro um camelódromo não hesitei. Fomos para lá logo após o café.

Passamos o resto da manhã comprando lembrancinhas pra família, artesanato para casa, temperos do Joe. Existem algumas lojas de temperos no mercado, mas o Joe’s Corner Shop é uma experiência por si só. O cara fica ali misturando e criando diferentes curries e oferecendo para provarmos. Passamos alguns minutos provando, escolhendo e conversando com ele. No final ganhamos até um livreto de receitas e um cartão com o telefone pra fazer pedidos no futuro, pois como diz a placa na frente da loja “you ring we bring to any part of the world”.

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Temperos do Joe

Compras feitas, partimos para um almoço de despedida com a Claire.

Durban é a 3ª maior cidade da África do Sul e é também a maior população indiana do mundo fora da Índia, influência que se percebe na cultura, religião e gastronomia. E foi lá que surgiu uma invenção fantástica que estava na nossa lista de obsessões que perseguiríamos nestas férias: o bunny chow! A origem deste prato é um pouco controversa, mas trata-se de um curry cremoso com legumes, carne ou frango, servido dentro de um pão escavado. Mas não como sanduíche, é tipo metade de um pão de forma como se formasse uma cumbuca com a delícia lá dentro!

Guiadas por este honroso motivo, marcamos com a Claire num restaurante chamado CaneCutters, que a Camila descobriu ser o melhor bunny chow de Durban! Foi uma delícia e atendeu às expectativas.

Depois do almoço andamos um pouco pelo bairro até uma galeria de arte lá perto, tomamos um café e fomos até o Kwa Muhle Museum que queríamos conhecer por contar a história do país e da cidade tanto durante o Apartheid como durante o processo de libertação e desenvolvimento. A entrada é gratuita e o museu não é tão grande, mas como chegamos depois das 16h não tivemos muito tempo para explorar, além de estarem em manutenção e não ter luz em algumas salas.. mas o lugar pareceu ser bem legal! Inclusive tinha uma exibição sobre a história do HIV no mundo e principalmente no continente africano, com documentários chocantes sobre as taxas de estupros e violência contra a mulher.

Como o dia estava meio feio e chuvoso, desistimos de ir conhecer a orla e apenas voltamos andando para o hostel, cansadas de toda essa estória de não poder andar nas ruas. Nos perdemos um pouco, ainda mais porque evitávamos ficar olhando o celular, mas no final deu tudo certo.

À noite ficamos no bar do hostel, animadinho e com staff super gente boa. Como não servem comida por lá, um dos rapazes nos ajudou a escolher algo para comer e fez o pedido pra gente para entregarem lá.

Fomos dormir umas 22h.. ou tentar pelo menos.. O problema é que tinha algum evento acontecendo lá perto, com discursos e pessoas empolgadas gritando que transformou nossa noite em tortura.

24.03.2018

Acordamos cedo pois hoje iniciaríamos nossa viagem com o Baz Bus.

Tomamos café da manhã e ao passar na recepção pro checkout perguntamos sobre o “evento” da noite passada. Acontece que aparentemente existe uma igreja na rua dos fundos e o que ouvimos a noite inteira era um culto religioso. Pra ter uma ideia: quando acordamos umas 5h30 ainda estava rolando o culto...

Enfim, ficamos aguardando a van vir nos pegar para seguirmos pra Coffee Bay.

Umas 7 e poucos eles passaram.. descemos e conhecemos o motorista que nos instalou na van. Ele confere se todo mundo que irá partir de Durban já está lá, pergunta para onde estamos indo e pronto! Neste trecho, como o movimento de mochileiros é menor, as mochilas foram todas na primeira fileira de bancos atrás do motorista. Éramos apenas a gente e mais um casal de surfistas.

A viagem segue tranquila ora pela costa ora pelo interior com algumas paisagens bem bonitas. Paramos em Umzumbe para pegar mais uma passageira bem em um hostel que gostaríamos de ter ficado e cortamos do roteiro com dor no coração, o Mantis and Moon Backpackers Lodge. Eu desci para usar o banheiro e até me tranquilizei com o corte, o hostel nem animou tanto assim ao vivo... ainda mais depois de saber da canadense que subiu na van que não tinha achado nada de especial lá...

Seguimos e paramos novamente apenas para o outro casal descer em Port Shepstone e para um almoço na beira da estrada até chegarmos, por volta das 14h no posto Shell Garage em Mthatha. Para ir a Coffee Bay, é necessário contratar um transfer adicional com o próprio hostel, pois o baz bus não segue até lá. (meio salgado, o transfer custa 90 rands por pessoa por trecho)

O transfer do Coffee Shack já estava lá nos aguardando, mas na lista deles ainda tinham mais 2 caras que ainda não tinham chegado. O motorista tentou falar com eles algumas vezes e parecia que estavam a caminho, mas nunca chegaram. E para nosso azar, nesta espera de quase 2h, perdemos um dia inteiro de solzão na estrada.

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Chegamos em Coffee Bay com o tempo fechando por volta das 17h30. Fizemos checkin e fomos conhecer nosso quarto. Algo de chocante quando descobrimos que tínhamos que cruzar um rio para chegar lá. No bloco principal do hostel há apenas quartos coletivos. Os privativos ficam todos do outro lado do rio, que não é muito fundo, mas se mostrou desafiador com a mochila gigante nas costas e tentando nos equilibrar em cima das pedras escorregadias. (depois nos acostumamos simplesmente a meter o pé na água: mais fácil e mais seguro!)

O quarto é bem interessante, pois a construção segue o padrão circular típico dos nativos com o teto pontudo feito de folhagens, chamada rondavel. Deixamos tudo no quarto e fomos conhecer melhor o hostel e pegar o welcome drink cortesia a que tínhamos direito. Fomos até o bar e tinham 2 caras jogando sinuca. O barman perguntou o que queríamos, apesar de acharmos meio óbvio depois de 1 dia quase inteiro na estrada: BEER! Mas daí os caras que estavam na sinuca soltam uma risada e falam “todo mundo chega aqui com sede e pede água”, no que Camila maravilhosamente respondeu “é assim que matamos sede!” :D

Para o jantar, você verifica o menu do dia e se inscreve. Há sempre uma opção para vegetarianos e a refeição custa R75.

Voltamos para o quarto para pegarmos nossas coisas para tomar banho. O banheiro coletivo é super bom, mas ao voltarmos do banho eis que tinha algo na nossa cama: fezes de algum bicho. Como o teto é de folhagens e a iluminação é bem fraca, simplesmente não dava pra enxergar nada!

Fomos pra recepção para reclamar e quando contamos o que havíamos encontrado, a recepcionista na maior naturalidade perguntou “mas a sujeira estava seca ou molhada?” não entendemos o que ela queria saber, mas acabamos respondendo “acho que estava molhada! fomos tomar banho e não tinha nada, voltamos e tinha!” Daí com a mesma naturalidade da primeira pergunta ela fala “oh, it’s a gecko!” Eu e Camila nos olhamos “que porra é um gecko??” e a gente perguntava pra mulher e ela “you know... a gecko!” Bom, ficamos um tempinho lá conversando com a mulher, mas o máximo que conseguimos foi ela oferecer pra trocar a roupa de cama, mesmo a gente explicando que a sujeira estava no cobertor... finalizamos a conversa (ainda sem saber o que era um gecko) arriscando perguntar se o bicho tava lá e ia continuar lá dentro com a gente.. a recepcionista só falou que sim e que não faria nenhum mal... quando conseguimos conectar na internet viemos a descobrir que o gecko era... lagartixa! ::putz:: ::lol3::

Jantamos e fomos deitar, apenas com medo da próxima sujeira cair na nossa cara...

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Nosso quarto, digo, do gecko....

25.03.2018

Qual a primeira coisa que fazemos ao acordar? Abrir os olhos e levantar...?... Claro que não! Procurar vestígios de gecko na cama! E pro nosso desconforto psicológico tinha sujeira no travesseiro...

Superado o desagrado matinal, fomos tomar café (não incluso) e tentar agendar o passeio pro Hole in the Wall que queríamos tanto fazer. O hostel tem uma série de atividades diárias, mas este passeio específico tinha sido no dia anterior. Tínhamos 2 opções: ir por conta própria (mas é claro que falaram que não era seguro e já tinham rolado assaltos na trilha, principalmente sendo 2 mulheres não recomendavam irmos sozinhas, além de que a trilha de 3 horas era apenas pra ir e com o hostel a van buscava na volta) ou contratar um guia, que ia sair bem mais caro e ainda com o dia chuvoso também não achavam uma boa ideia.. acabamos desistindo de ir lá pois estava parecendo muita insistência da nossa parte e todos falando que o clima não estava bom e tals..

Optamos pela atividade do hostel daquele dia que era o Mpuzi Cliffs and Caves. Me parecia uma ótima ideia! Camila foi na onda.. mesmo sabendo do próprio medo de altura, “cliffs” não lhe soou ameaçador nem nada.. O passeio passa por um pequeno vilarejo Xhosa, onde algumas crianças acenam e segue subindo por paisagens bem bonitas até que chegamos num abismo! Sério! Eu teria até ido, mas não sou muito parâmetro de bom senso nesta horas... e quando você tem que descer um paredão sem enxergar nenhuma barreira física que te impeça de chegar na caverna em 2 milésimos de segundo em forma de patê qualquer um dá uma gelada. E Camila gelou, digo, congelou!

“Talvez pelo tempo estar chuvoso e antes do passeio ter rolado uma indefinição por parte dos guias do hostel quanto a segurança de fazer ou não esse passeio com esse tempo (por ter chovido e o caminho poder estar meio escorregadiço) já comecei com uma tensão. Não sou uma pessoa em forma porém no hostel o passeio era anunciado como uma coisa para todos os tipos de pessoas independente do físico. Por causa da chuva, tivemos que fazer o caminho que cruzava um rio andando por umas pedras (de novo, se vc não está acostumado aumenta um pouco a dificuldade) e como eu estava de bota que ainda seria usada não queria enfiar o pé na água direto mas os guias me ajudaram. Depois do rio, é uma subida meio íngreme e de novo escorregadia por causa da chuva.

Quando chegamos aonde de fato começaria a descida para a tal caverna, eu que já sabia ter algum medo de altura simplesmente fiquei petrificada quando percebi onde estava e como seria o caminho. Se você tem medo de altura, esse passeio não é uma boa ideia. Apesar do guia se oferecer pra me ajudar, eu não conseguia me mexer e apenas consegui me sentar onde estava. Na volta pegamos chuva o que aumentou a dificuldade de cruzar o rio de volta, mas acabei desencanando e enfiando o pé na água, o que tornou tudo mais fácil.” – impressões descritas pela própria

O passeio deveria ser algo agradável e apreciado pra nós duas e não estava sendo bem isso, então resolvemos parar por ali e esperar o grupo descer até a caverna e voltar... Podemos ter até perdido a caverna, mas a vista dali de cima já fez o passeio valer a pena! Seriam servidos sanduíches durante o passeio, mas como começou a chover meio forte, voltamos pela trilha rapidamente até onde a van estava nos aguardando e fomos levados de volta pro hostel pra almoçar por lá..

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A tarde relaxamos por lá, agendamos nossa tão esperada aula de surf pra manhã seguinte e fomos dar um rolê pela praia.

Alerta: na praia e do lado de fora do hostel como um todo (leia-se no rio que tínhamos que cruzar pra ir pros quartos também) ficam algumas mulheres e crianças tentando vender bijuterias que podem ser bem insistentes e em alguns momentos até ameaçadoras. Diga não desde o começo! Se você deixar qualquer dúvida no ar se vai querer comprar algo elas vão te perseguir pra sempre! Bom, se quiser comprar algo, simplesmente compre.. a biju não é das mais baratas e no começo realmente pensamos em comprar pra ajudar aquelas pessoas, mas a insistência que se seguiu ficou tão desagradável que desistimos...

Jantamos novamente no próprio hostel, tomamos uma cervejinha e ficamos conversando um pouco com uma alemã muito gente boa que tínhamos conhecido na trilha da manhã.

26.03.2018

Acordamos cedo e comemos uma maçã que tínhamos pra ir pra nossa aula de surf!

Eu tinha lido em blogs que Coffee Bay seria o melhor lugar para fazer aulas de surf por um simples motivo: aulas de 2 horas com prancha e wetsuit por 60 rands. Algo que mesmo com a cotação péssima que vínhamos pegando ficava em menos de 20 reais!!! Por isso as aulas sempre estão lotadas e é até difícil conseguir agendar (nós queríamos ter feito na tarde anterior e não rolou)

Então, lá fomos nós. O instrutor Jonny se apresentou e apresentou o auxiliar dele (não lembro o nome), entregou as roupas para vestirmos (que treco desagradável isso! aquela roupa molhada e gelada grudando em vc!) pegamos a prancha e seguimos numa curta trilha até a praia. Daí começa a aula na areia. O resto do pessoal que estava nesta aula já tinha alguma experiência e foram direto pro mar. Daí eles ficaram só com nós 2! Temos que ouvir algumas dicas de segurança e treinar todos os movimentos no seco. Só iremos pro mar depois que estivermos fazendo tudo certinho aqui, já que no mar a dificuldade aumenta. Até esta parte da aula, que não é o objetivo principal de alguém que quer “surfar”, foi bem legal porque eles foram muito atenciosos até que conseguíssemos fazer os movimentos corretos!

Entramos no mar até um pouco acima da cintura e seguimos no treinamento. Primeiro eles seguram a nossa prancha até a onda chegar e ajudam a gente a pegar embalo, pra facilitar e não precisarmos remar desesperadamente logo de cara. Depois de algumas vezes mostrando o conceito a gente fica livre pra escolher a onda que quiser e remar sozinha! Ou mais ou menos isso... pq as vezes o Jonny me via na empolgação me posicionando pra uma onda maior e gritava “not this one!”

Resumo: as 2 horas passam como se fossem 10 minutos! Eu consegui ficar em pé na prancha por 2 vezes por menos de meio segundo! (da primeira vez que consegui subir comemorei como a maior vitória da vida e logo olhei pra trás pra ver se o Jonny tinha visto pra ficar orgulhoso – ele não se conformava que eu fazia tudo certo mas não ficava em pé – e.... ele tava de costas L) Cada vez que encontrava Camila no raso pra voltar pro mar e as duas cuspindo um monte de água, completamente descabeladas, a gente só se olhava e gargalhava!

Definitivamente a coisa mais divertida que fizemos! E que salvou a falida estadia com chuva e cocô de gecko e ameaça das artesãs (e outros detalhezinhos desagradáveis) em Coffee Bay...

Depois da aula só tomamos um banho rápido, pegamos nossas coisas, tomamos café da manhã e já estava na hora do transfer de volta para o posto em Mthatha para dali seguirmos de baz bus para nossa próxima parada: Chintsa!

Chegamos no Buccaneers Lodge & Backpackers por volta das 17h e se a extrema “rusticidade” do Coffee Sack não tinha causado a melhor das impressões, nós nos sentimos chegando ao paraíso. Depois de 2 noites sem enxergar o que tinha no teto do quarto e sendo constantemente bombardeada pelas amigas lagartixas, chegamos na suíte do Buccaneers com suas paredes branquinhas, muita luz natural e uma varanda privativa com vista espetacular pra praia! O nosso quarto ficava num bloco que tinha acabado de ser construído, inclusive nem tinham fotos do quarto quando reservamos, fomos só na confiança mesmo!

Exploramos um pouco a área, tomamos um banho e fomos pro bar. Existem alguns jogos lá pra empréstimos, como baralho, jenga e ficamos jogando até o jantar, que é servido no restaurante do hostel e estava bastante gostoso.

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Chintsa...

27.03.2018

Levantei cedo pra ver o sol nascer na varanda. O dia amanheceu lindo e prometia praia! Hoje seria nosso dia de preguiça!

Tomamos café da manhã no restaurante do hostel (também não estava incluso, mas tinha uma salada de frutas com iogurte e granolas gigante, deliciosa e bem barata que foi minha opção todos os dias) e partimos pra praia.

A praia de Chintsa é linda e deserta! Caminhamos, mergulhamos e ficamos tomando sol.

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Voltamos no início da tarde pra comer algo no hostel e ficar aproveitando um pouco da piscina também, tomando algumas cervejinhas.

Antes de ir jantar, passamos na recepção para nos informar sobre algumas coisas que queríamos fazer.

Eu tinha lido sobre o Pink Bicycle Project, no qual poderíamos passar a manhã ajudando a cuidar de crianças carentes em uma pré-escola local. A recepcionista do hostel ligou na escola pra agendar nossa visita e nos deu a notícia “amanhã será o último dia de aula antes do feriado de páscoa e eles estarão bem ocupados na caça aos ovinhos” e quando eu já ia ficando meio triste, ela complementou “e eles estarão esperando ansiosamente por vocês!” :D

Camila estava pilhada pra fazer o quad biking e mais alguns telefonemas depois agendamos para o período da tarde. Pronto!

O dia seguinte prometia muitas emoções!

28.03.2018

Acordamos, tomamos nosso café, passamos na recepção para pegarmos a direção da escola e pé na estrada.

A pouco menos de 2km do hostel ficava a Acacia Tree Nursery School e chegamos lá por volta das 9h.

A Acacia foi aberta em 2009 com o intuito de oferecer educação pré-escolar para as crianças das comunidades próximas. Atualmente atendem mais de 20 crianças, oferecendo um ambiente sadio, seguro e acessível para estas crianças de famílias que vivem abaixo da linha da pobreza.

Fomos recepcionadas pela responsável pelo lugar (não entendemos muito o nome dela, mas as crianças chamam-na de Mamma V.) que nos apresentou a ajudante e uma garota que estava lá há 1 ano voluntariamente. As crianças logo entraram na casa entre tímidas e desconfiadas, mas assim que estendemos a mão pra dar um high five e começamos a perguntar os nomes, todas cercaram a gente.

Todos então formam uma roda para de mãos dadas cantar e agradecer por mais um dia, pela natureza, pelo sol e pelas visitantes. Eu que já estava com um nó na garganta desde quando as crianças começaram a chegar, não contive umas lágrimas discretas. (sou chorona mesmo)

A manhã toda foi muito emocionante! Brincamos com eles, ajudamos na caça aos ovos (cozidos e pintados, que depois viraram lanche), assistimos teatro e conversamos com a Mamma V. que nos contou sobre a sofrida realidade de algumas daquelas crianças. Ao meio-dia as crianças voltam pra casa e nós nos despedimos também.

A única exigência desta participação no dia a dia da creche é que no final façamos uma doação de 100 rands por pessoa para auxiliar nas despesas do lugar (que se mantém basicamente de doações). E foi uma pena sabermos que eles recebem aproximadamente apenas 1 pessoa por mês por intermédio do hostel (ficaram surpresas de receber eu e a Camila ao mesmo tempo).

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Voltamos pro hostel caminhando em silêncio (eu ainda bem mexida e reflexiva com a experiência). Chegamos a tempo de almoçar rapidamente e partir pro quad biking, que seria feito em uma reserva próxima dali. O guia vem buscar a gente num 4x4 e nos leva até a reserva. Chegando lá vemos umas zebras soltas e descobrimos que circularemos por área onde os animais ficam soltos.

O passeio foi bem legal, por algumas trilhas que para nós que não temos experiência foi bem emocionante e desafiador (tem umas horas que dá um medo de cair e derrubar aquele trambolho em cima de vc mesma!). Tem duração de mais ou menos 1 hora e o guia leva a gente de volta.

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O hostel tinha uma atividade de vôlei com vinho (cortesia), que é mais pra promover uma interação entre os hóspedes e é até divertida mas mais por mérito da equipe do hostel, porque não havia ninguém além de nós. Camila curte jogar volêi e participou, eu curto tomar vinho, e fiquei sentada na grama...

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Também jantamos no próprio hostel nesse dia (aparentemente todo mundo janta por lá porque estava bem cheio)

29.03.2018

Aproveitamos mais uma manhã de descanso e relaxamento no hostel, aproveitamos para lavar algumas roupas, fazer check out e no final da tarde partiríamos para Port Elizabeth.

O baz bus passaria as 17h e umas 16h já estávamos na sala da recepção, guardando as roupas limpas na mochila e olhando algumas lembranças na lojinha de produtos locais do hostel quando o motorista da van ligou lá pedindo que nos avisassem que estava 1 hora atrasado. Ok, ficamos assistindo tv. Só que conforme o tempo ia passando, nada da van e a cada 1h o motorista ligava dizendo que iria se atrasar mais. O pessoal do hostel nos garantiu que isso era bem incomum de acontecer e por volta das 19h40 ele chegou. Aparentemente havia obra na rodovia que estava prejudicando bem o trânsito.

Estávamos um pouco tensas, pois a viagem até Port Elizabeth tinha previsão de durar cerca de 5 horas, mas o motorista garantiu que todos seriam entregues e ele iria se responsabilizar por avisar nas hospedagens que chegaríamos tarde.

Chegamos em PE umas 00h30 e apesar do inconveniente e do cansaço da viagem, só agradecemos ao motorista pelo profissionalismo e tranquilidade de entregar todos os passageiros nas suas hospedagens (inclusive discutiu durante vários minutos ao telefone com um hotel que se negava a receber uma mulher que viajava conosco devido à hora e só partiu depois de tudo resolvido).

E destaque pra recepção mais amorosa de toda a viagem: chegando na Conifer Beach House, pensão que ficaríamos em PE, a Jill, uma senhorinha mega simpática dona da pensão estava de camisola na porta esperando a gente!

Nos levou rapidamente ao nosso quarto e falou que nos apresentaria o local na manhã seguinte porque devíamos estar cansadas. Antes de se despedir, perguntou que horas queríamos o café da manhã.

30.03.2018

A fofura continua! Acordamos e fomos tomar café. Tudo preparado pela Jill e uma ajudante: suco, café, frutas, pães.. Jil pergunta se aceitamos ovos benedict que ela estava preparando e fez uma versão vegetariana deliciosa pra mim!

Após o café fomos até um supermercado para comprar comida para a trilha (PE seria a última cidade grande antes da trilha e nos programamos para comprar o que precisaríamos lá). Voltamos para deixar tudo na pensão e paramos pra conversar um pouco com a Jill.

Tinha anotado alguns lugares que queria ir, como a Donkin Reserve, Castle Hill e o South End Museum, mas não contávamos com o fato de que seria Sexta-feira Santa e tudo estaria fechado. Fomos então passear na orla e estava rolando um evento com shows, barraquinhas de comidas e artesanatos locais e outras coisas e ficamos passeando por lá.

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No final da tarde fomos no BeerShack para comer alguma coisa e tomar uma cerveja. O lugar é bacaninha mas o atendimento deixa muito a desejar! Pessoal extremamente antipático (quando chegamos não tiveram o mínimo interesse em acomodar a gente num lugar legal, pedimos pra trocar de mesa diversas vezes e nos falavam que não tinha outra, mas quando chegava gente no bar, eles acomodavam nas mesas boas) e atendiam somente umas mesas mais cheias. Tínhamos também a indicação do Beer Yard, mas precisava pegar um uber e não queríamos gastar.. ficamos por lá mesmo e tomamos algumas boas cervejas pelo menos. E o pôr do sol visto do deck compensou o estresse!

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Voltamos a pé para a pensão.

31.03.2018

Baz bus passou logo cedo para nos levar ao próximo destino: Jeffrey’s Bay.

Chegamos lá por volta das 8h30 e como o checkin não estava liberado, deixamos as mochilas na recepção e fomos dar uma volta. Fomos até a praia e até as ruas dos outlets. Depois de umas comprinhas voltamos ao hostel para o checkin. Ficamos no Island Vibe pois víamos muitas indicações. O hostel até que é legal, mas nada de mais.. Os quartos privativos ficam em uma propriedade separada e são bem espaçosos, com uma hidromassagem ao lado da cama (é meio bizarro) e uma varanda bem grande, mas de uso comum entre todas as suítes.

Largamos tudo lá e fomos almoçar no Ninas Real Food, restaurante bem bonitinho e com um pad thai gostoso e barato. Detalhe: não existe uber na cidade e a oferta de táxi é quase inexistente, então o hostel ofereceu levar a gente de van por 50 rands.

Após o almoço fomos até a praia dos supertubes e ficamos admirando.. voltamos a pé pro hostel e como o dia estava bem feioso e semi frio, resolvemos relaxar na nossa pequena piscina particular, a hidromassagem. Jantamos uma pizza no bar do hostel, que fica bem animado a noite.

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01.04.2018

Dia de seguir viagem para a Storms River, nossa base para a tão esperada otter trail. Ficamos no Tube‘n Axe Backpackers, muito bem recomendado e com uma estrutura legal para curtir a região.

Ficamos em um quarto privado que se parece uma pequena cabana no meio do mato, com varandinha na frente. Simples e gostosa, mas com um chuveiro bem fraco e que ficava alternando entre escalda-banho e água gelada.

Queríamos aproveitar que estávamos em uma área repleta de atividades junto à natureza, mas procuramos alguma atividade mais relaxante já que os próximos dias seriam intensos, e acabamos escolhendo fazer o Blackwater Tubing que era oferecido pelo próprio hostel e foi bem divertido (apesar de não tão relaxante quando percebemos que tinha que fazer uma trilha até o local de início carregando umas boias gigantes e pesadas). A atividade durou boa parte da tarde.

A noite ficamos pelo hostel, jantamos conversando com outros hóspedes e conhecemos a Maria, brasileira meio doidinha bem gente boa que também estava viajando com o baz bus, mas no sentido contrário ao nosso. Nos recolhemos meio cedo para nos organizarmos, arrumar a mochila e separar o que levaríamos pra trilha e o que deixaríamos no hostel. Quando fizemos a reserva já confirmamos se eles tinham um local para deixarmos nossas tralhas para levar apenas o indispensável para a trilha, procurando deixar as mochilas o mais leve possível.

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tudo separado....

Tudo pronto e arrumado, tentei em vão uma noite de sono tranquila......

**Saldo Wild Coast**

A região é bem pouco turística e uma oportunidade única de imersão na cultura sul africana. Foi nesta região que nasceu Nelson Mandela e onde ele foi sepultado. Também concentra grande parte da população Xhosa (do sonoro idioma fácil de reconhecer pelo estalar de língua e impossível de reproduzir). Tem centenas de quilômetros de praias maravilhosas e selvagens (como o próprio nome diz) e é banhado pelo Oceano Índico, com mar de temperaturas muito mais agradáveis que na região do cabo, por exemplo.

Quanto à Coffee Bay, rolou um desencanto, pois nossa expectativa era beeeeem alta principalmente vinculada à conhecer o hole in the wall que não se concretizou.. além do clima não estar dos melhores (e pra mim isso muda completamente a impressão que temos de um lugar). Ainda assim, guardamos boas recordações pois surfamos na á-f-r-i-c-a!!!

Para quem está com um roteiro mais folgado pelo país, com certeza é uma área incrível para se explorar!

Ouvimos algumas pessoas falarem de Bulungula como se fosse o paraíso intocado na terra (duas meninas em coffee bay estavam lá para acessarem essa outra região).. parece que dá para chegar lá através de uma trilha meio longa a partir de coffee bay e se hospedar com nativos. Fica a dica para quem gosta de se aventurar! ;) 

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PARTE 4 - THE F****** Otter Trail - 5 Dias no Tsitsikamma National Park

Um dos motivos que me impulsionam a escrever este relato é o fato de que quando decidi que queria fazer esta trilha não encontrei nenhuma informação em português ou de brasileiros que já a tinham completado. Existem alguns blogs com informações bem completas sobre o dia a dia da trilha, todos em inglês. Indico os que mais me auxiliaram na programação: http://ottertrail101.blogspot.com/ e https://shesaid.co.za/a-complete-day-by-day-guide-to-doing-the-otter-trail/

A Otter Trail é oficialmente a trilha mais antiga e, sem dúvida, a mais icônica da África do Sul. Foi inaugurada em 1968 e é considerada uma das melhores trilhas de vários dias do mundo. A trilha, que corre ao longo da costa entre Storms River Mouth e o Natures Valley por paisagens cênicas, às vezes através de rochas escarpadas e outras por florestas verdes, nunca se afastando muito da costa mas frequentemente com subidas íngremes e descidas até a praia ou travessia de um rio. A elevação desde o nível do mar chega a mais de 150m, geralmente proporcionando vistas incomparáveis. Uma caminhada desafiadora, mas bem recompensada. Seu nome vem da tímida lontra de hábitos noturnos de Cape Clawless, que habita os estuários e córregos da costa sul-africana.

Para percorrê-la é necessário fazer o agendamento no site do South African National Parks que abre com cerca de 1 ano de antecedência e é super concorrido, já que apenas 12 pessoas podem percorrer a trilha por dia (várias vezes que entrei no site não tinha disponibilidade em nenhuma data). Encontrando uma data favorável, sugiro que antes de fazer a reserva, checar a maré do Bloukrans River referente ao 4º dia da trilha (eu utilizei este site), pois leva-se cerca de 6 horas ou mais para chegar ao rio e é altamente recomendado cruzar em maré baixa (tem alguns vídeos bem tensos desta travessia no youtube), ou seja, no 4º dia de trilha o ideal é que a maré baixa seja a partir das 11h, para que não precise sair tão de madrugada e andar durante muito tempo no escuro.

A trilha dura 4 noites e 5 dias. Começando com um checkin em Storms River Mouth Rest Camp, onde devemos pagar a taxa de conservação do parque (meio salgado, atualmente está custando 235 rands / dia / pessoa) e assistir um vídeo informativo.

02.04.2018

Depois de uma noite bem turbulenta (criança ansiosa nunca dorme bem na véspera do passeio...) levantei cedo para o último banho quente dos próximos dias. Fomos tomar café da manhã no próprio hostel (não incluso e nem muito barato). Optamos pelo buffet mesmo, pensando que queríamos nos alimentar bem para o início da trilha. Não tinha muita variedade de coisas e sinceramente a comida nem estava descendo muito bem de nervoso e ansiedade, então no final peguei um muffin e um ovo cozido pra levar de lanche pra mais tarde...

Voltamos para o quarto para fechar as mochilas e pegar a mala que deixaríamos no hostel (juntamos todas as nossas coisas dentro da capa protetora que comprei pra despachar o mochilão e foi a ideia perfeita, fechamos com cadeado e deixamos no guarda-volumes). Passamos na recepção para avisar a van que reservamos na noite anterior que já estávamos prontas.

Chegamos no parque antes das 10h. No site existem 2 horários para iniciar a trilha, as 10 ou 14h e como queríamos ir com bastante calma neste primeiro dia, que tem um terreno mais acidentado e diversos pontos de parada interessantes, optamos pelo 1º horário.

Chegando lá a gente se reportou à recepção, pagamos as devidas taxas e descobrimos que éramos as primeiras a darem entrada na trilha naquele dia. Recebemos o mapa e as informações mais importantes sobre travessias e marés, assistimos o vídeo e depois fomos encaminhas para uma casinha que tem alguns cartazes, livro de registro (não oficial, mas é bastante legal deixar seu nome lá) banheiros e uma balança para pesarmos as mochilas. Ambas estavam com 15kg!

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Camila orgulhosa de suas origens... “Brazil, Sao Paulo, Penha” ahahahaha

 

Hora de pôr o pé na trilha!

DIA 1

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“your first step” - começando com o pé direito!

Primeiros minutos de caminhada correram com muita animação, a gente cantarolando e fazendo piada que a mochila tava pesada e tals.. até começar a incomodar de verdade.. hahahaha

Paramos algumas vezes pra ajustar e seguir caminho mais tranquilas.

Cerca de 3h30 de caminhada morro abaixo (e em terreno bem rochoso) e chegamos na icônica cachoeira. Este primeiro trecho da trilha é aberto para os visitantes do parque, então há bastante gente nesta primeira parada. Mas lá é possível identificar quem serão seus companheiros para os próximos dias: sentadas tomando um lanche já avistamos outras pessoas com cargueiras e que com certeza seguiriam o mesmo caminho que a gente. Comi meu muffin e ovo. Ventava bastante e não quisemos mergulhar, apenas olhamos, tiramos algumas fotos e seguimos.

Este primeiro dia é bem desafiante principalmente para se adaptar ao peso da mochila ainda mais com o terreno bem acidentado, mas também pois dura mais tempo que o descrito nos livretos de informação. Fomos esperando por umas 4h totais de caminhada e durou quase 6h. Mas a grande empolgação inicial não deixa a gente desanimar!

Chegamos ao Ngubu Camp e já encontramos pessoas por lá: o casal canadense que seria nosso pesadelo comparativo de trilha! Sério, ambos com 60 e muitos anos e deram um pau em todo mundo! Viraram piada até com o outro grupo (de pessoas super fitness incluindo o “casal iron man” fortes e fodidões e mega fofos e que ajudaram a gente todos os dias!).. nem esse grupo acreditava como os canadenses sempre chegavam em primeiro nos refúgios! Camila e eu os apelidamos carinhosamente de cabras montanhosas, o que explicarei mais pra frente.

Enfim, voltando... chegamos e nos apresentamos à eles. Eles já estavam instalados em uma das cabanas com o guia que contrataram para esta trilha, um sul-africano simpático que já tinha percorrido a otter trail mais de 40 vezes, mas não era de muito papo (nem de muito banho, não vimos ele tomar nenhum...)

Como eram 2 cabanas com 2 triliches em cada (daí a restrição de apenas 12 pessoas por dia entrarem na trilha) e não sabíamos ao certo quantas pessoas ainda chegariam (nem quem eram, nem se estariam em grupo, etc..) optamos por nos instalar na mesma cabana dos canadenses e deixar a outra vaga para as pessoas que estavam por vir.

Devidamente instaladas resolvemos explorar um pouco a região. E cara!, que região.. todas as áreas dos refúgios são próximas à praia e com vistas maravilhosas! Também há áreas para churrasco, banheiro (com janela com vista para o mar – fantástico!) e chuveiro gelado ao ar livre!

Neste 1º refúgio, o chuveiro ficava mais afastado, escondido na mata.. dá aquele receio por não ser fechado nem nada, mas Camila ficou de “guarda” enquanto eu tomava banho e depois eu retribuí o favor.. apenas para não aparecer mais alguém pra tomar banho, porque a região em si é completamente deserta mesmo.. banho gelado e revigorante tomado!

Neste momento, o outro grupo já tinha chegado e conhecemos bem rapidamente quem eram. Todos da África do Sul: o casal iron man, o pai do iron man, um amigo e mais 2 garotas meio doidas e gente boas com quem conversamos bastante nos outros dias (descobrimos bem depois que uma delas é meio que celebridade sul-africana). Estavam bem entrosados e ficamos felizes que deixamos a outra cabana livre pensando que estavam viajando todos juntos, mas no final descobrimos que fora a família fodona os demais tinham acabado de se conhecer.

Voltamos pra cabana pra tentar preparar nosso jantar.. No planejamento da viagem, super confiamos na habilidade da Camila de acender churrasqueiras, resultado de muita prática acendendo churrascões de família na zona leste, concluindo que levar fogareiro seria um gasto e peso extra desnecessários.. E daí estávamos lá, com a (pouca) lenha (úmida) disponibilizada nos refúgios tentando fazer janta.. enquanto o resto do pessoal com fogareiros super acreditando que a gente fazia aquele tipo de atividade sempre na vida, sabe?! Realmente as aparências enganam (muito!). No final das contas até conseguimos, mas foi exaustivo e ganhamos água quente dos amigos pra ajudar.. abri o vinho que tinha comprado para essa primeira noite e o casal canadense achou o máximo! Ofereci mas não aceitaram, apenas admiraram que eu tinha carregando aquela garrafa de vidro na mochila o dia todo.. ficamos conversando um pouco até a noite com eles em volta da nossa “fogueira”.

Fomos dormir felizes!

Início: Storms River Mouth - 10h25

Checkpoint: Cachoeira - 14h00

Fim: Nugbu Huts - 15h55

Distância Percorrida: 4.8km (conforme indica no folheto recebido do parque, mas verificamos ser uma distância bem maior.. achamos que esta distância é apenas da cachoeira à cabana)

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fotos do 1º trecho até a cachoeira.. (a maioria das fotos foi tirada na câmera da camila e eu não tive acesso à essas fotos até hoje) 🙄

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fotos roubadas do instagram da Camila...

03.04.2018

DIA 2

Dormimos super bem! Mistura de cansaço físico + paisagem paradisíaca + silêncio absoluto + vinho (no meu caso)..

Tomamos um café reforçado para iniciar a caminhada.

Sabíamos que o dia seria desafiante.. a distância a cobrir era quase o dobro do dia anterior e com muitas subidas e descidas. Muitas! Mesmo! Intermináveis! Tinha hora que a gente se olhava e se perguntava “o que a gente está fazendo aqui??” ou “porque não cavaram um túnel simplesmente???”

Mas daí a gente chegava num ponto a uns 150m acima do nível do mar e tudo fazia sentido! As vistas deste dia foram proporcionais ao esforço!

Em alguns pontos existem “desvios” para algum viewpoint de tirar o fôlego, geralmente conectado à trilha principal por muitas rochas e abismos que impediam Camila de ir.. eu largava a mochila e ia sempre dar uma xeretada, tirar umas fotos, matar a Camila do coração pois do ponto de vista dela eu tava me aproximando demais da morte...

Neste dia enfrentamos também nossa primeira travessia de rio, a que estava descrita no mapa como “easy crossing”. Mas somos meio toscas e ficamos com medinho.. ahahaha

De fato a profundidade estava só nos joelhos, mas a correnteza era forte e as pedras escorregadias. E vendo nossa dificuldade de atravessar, a turma que estava do outro lado terminando o almoço pra seguir viagem voltou pra o que seria a 1ª ajuda de muitas.. Passei primeiro nossas mochilas e depois fui e Camila veio em seguida, com o Johan (também conhecido como iron man e “my son can come back for you”, como o pai dele sempre dizia pra gente, como que pra nos tranquilizar que nunca ficaríamos desamparadas na trilha.. sério, esse pessoal foram nossos anjos da guarda!) fazendo uma corrente humana de um humano só pra gente se segurar.

Aproveitamos a pausa pra comer umas maçãs e polenguinhos e tals..

Mais subidas e descidas e viewpoints até chegar na Scott Hut e nossa praia particular.

Ficamos semi preocupadas ao notar que neste refúgio não havia lenha. Mas daí o Johan apareceu arrastando um tronco enorme que ele encontrou caído e fez fogueira pra ninguém botar defeito! Eu aproveitei o fogo farto pra cozinhar a refeição que talvez exigisse mais energia (arroz com lentilhas), já que estávamos inseguras quanto à conseguir cozinhar dali pra frente... deu um puta panelão cheiroso que apesar da falta de prática impressionou a geral (todos achando que éramos profissionais sem notar que a gente não tinha conseguido cozinhar nenhuma refeição sem ajuda alheia..) Guardamos a sobra pra almoçar no dia seguinte.

Início: Nugbu Huts - 08h15

Checkpoint: Kleinbos River - 11h30

Fim: Scott Huts - 14h50

Distância Percorrida: 7.9km (exceto desvios para explorar viewpoints, blue bay, etc..)

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04.04.2018

DIA 3

Combinamos de acordar e iniciar a trilha bem cedo. Sabíamos que seriam 3 travessias de rios hoje e que provavelmente iríamos precisar de ajuda e para não prender ninguém, nossa estratégia era começar caminhando antes de todo mundo pra chegar aos pontos mais difíceis antes e esperar pela ajuda, ao invés de ficar pra trás (saber que ainda tinha gente vindo atrás da gente me trazia uma segurança psicológica).

E deu certo!

A primeira travessia foi bem tranquila, mas ao chegar no Elandbos River, o pessoal que já tinha passado a gente estava lá tudo em dúvida de como atravessar, pois não dava pra prever o quão profundo era.. (não to nem comentando dos canadenses! esses a gente nem via durante a maior parte do dia ahahaha)

Johan e Carien (a noiva iron man, tão fodidona e simpática quanto ele) saíram correndo na frente pra testar o rio.. daí acharam um trecho que dava pé, mas a água estava quase na altura do pescoço. Voltaram pra pegar as mochilas deles. Depois voltaram pra pegar as mochilas do pessoal que estava com eles. Depois voltaram pra pegar as nossas mochilas. Johan atravessava 2 mochilas por vez. Nos sentimos mega abusadas, já estávamos tirando os survivor bags pra selar as mochilas e boiar elas até a outra margem e quase não queríamos entregar as mochilas pra eles, mas eles iam e vinham tão rápidos e se divertindo enquanto atravessavam todos os equipamentos e tudo que nem ligamos muito quando eles arrancaram as mochilas da gente e saíram correndo pro rio.. levamos apenas nossas botas..

Seguimos caminho.

A última travessia do dia foi no Lottering River, de onde já é possível avistar as cabanas desta noite. Esta travessia também e um pouco extensa, mas chegamos em um horário de maré boa que deu para atravessar com água na altura da coxa e mochila nas costas. No final já estamos na “entrada”  da Oakhurst Huts, com o detalhe que temos que quase escalar um paredão meio íngreme de vegetação para atingir o platô onde estão as cabanas.

É meio que um consenso entre todos que percorrem a Otter trail que este é o local de pernoite mais bonito! E é de cair o queixo mesmo.

Após nos instalarmos, o pessoal estava descendo novamente pra tomar um banho de mar e não resisti! O corpo já doía depois dos primeiros 3 dias caminhando e eu não estava dispensando água gelada terapêutica.. O mar parecia uma delícia e realmente estava! Na volta rolou um congestionamento pro chuveiro, que apenas esta noite era fechado, ao lado do banheiro, mas que também tinha um janelão pra não perder a vista!

Jantamos e conversamos um pouco com o pessoal, mas queríamos dormir cedo, pois o próximo dia seria de grandes caminhadas e desafios, já que teríamos a temida travessia do Bloukrans River e nesta travessia em especial precisamos obedecer à tabela de marés ou as coisas podem ficar tensas.. Pensando nisso e vendo nossa performance (demorada) dos últimos dias, planejamos a saída bem cedo e para não nos demorarmos de manhã ou incomodarmos quem ia sair mais tarde, já preparamos sanduíches para o café da manhã na véspera e deixamos tudo separado em cima da mesa dentro da cabana.

Como ainda não tinha anoitecido por completo e o início de noite estava bem gostoso, fomos deitar sem atentar para uma regrinha de ouro que já tinham nos passado: manter SEMPRE a porta da cabana fechada. Alguns minutos depois de deitar ouvimos um barulho como se algo tivesse sido derrubado no chão. Já estava quase escuro e ligamos a lanterna pra ver se alguma mochila tinha caído ou coisa parecida e não identificamos nada. Dormimos.

Início: Scott Huts - 06h20

Checkpoint: Elandbos River - 09h00

Fim: Oakhurst Huts - 12h45

Distância Percorrida: 7.7km

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vista do Lottering River e da Oakhurst Huts

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nossa  cabana já com tralhas brasileiras e canadenses...

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anoitecer

05.04.2018

DIA 4

Qual não foi nossa surpresa quando não encontramos nosso café da manhã em cima da mesa! Procuramos e procuramos (ainda tentando não incomodar quem ainda dormia) e nada!

Eu tava bem putassa! Levantei as 5h pensando no pãozinho delícia e agora já estávamos atrasadas e sem pãozinho!

Sentei do lado de fora da cabana e improvisei algo para comer antes de começar a caminhar.

Estava quase amanhecendo quando partimos.

Este dia foi particularmente tenso pra mim.. A preocupação da travessia e de ter que caminhar com o tempo contado, não me permitindo curtir as paisagens direito, associado a um início de dor nos quadris me tirou um pouco a paz. Estava impaciente até quando a Camila pedia para descansarmos um pouco, afinal o corpo dela também já dava sinais de dor e cansaço desde a véspera..

O nervosismo só aumentou quando fomos ultrapassadas pela turma de sul africanos. (porque os canadenses já tinham passado há muito tempo hahahaha) Eles passaram por nós bem cedo, muito antes de chegarmos perto do rio e eu só pensava “pronto, estamos desamparadas!” Mas aos poucos a gente foi acelerando como dava e reencontramos eles algumas vezes no caminho. A caminhada estava desafiando a todos! Eram momentos em que nosso corpo também pedia uma pausa, mas minha cabeça neurótica só gritava “APROVEITA PRA SAIR NA FRENTE DELES DE NOVO E NÃO FICAR SOZINHA NO RIO!!!” E lá ia eu ser a maior mala e falar pra Camila que era melhor a gente seguir em frente.

Mas teve um ponto que cruzamos com eles novamente e eles estavam se refrescando numa piscina natural no meio das rochas. Eu queria continuar, mas pensei naquela aguinha gelada aliviando minha dor no quadril. Tirei a bota e a camiseta e pulei. Que delícia! Saí, me vesti e seguimos de novo.

A maré baixa estava prevista para 12h30. O cálculo era atravessar dentro da janela de 15 minutos antes ou depois desse horário. Os blogs que lemos antes da viagem diziam que os 10km da cabana ao rio normalmente eram percorridos em 6 horas. Chegamos à placa de sinalização do rio as 12h28 após 6h30 de caminhada e muito terrorismo de minha parte para nos deparamos com isso:

EXPECTATIVA:

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REALIDADE:

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Não satisfeita com a quase frustração que essa secura nos causou, eu ainda preocupada pois tínhamos que descer o penhasco todo e éramos 2 pessoas sem joelhos e 1 sem quadril, ainda fiz um terrorzinho com Camila para nos apressarmos.

Chegamos na praia. Johan e Carien estavam estirados na areia tomando sol, bem no local onde deveríamos estar enfrentando o maior desafio da travessia e nadando contra o rio.

Cara, a gente ria e eu me sentia bem ridícula, mas no fundo aliviadas...

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olha a cara da Camila de “é sério??”

Pra garantir que era só aquilo mesmo, atravessamos o córrego mal molhando os pés e despejamos nossa mochila em lugar seguro, caso a maré inexistente viesse a subir. A gente queria era descansar e explorar aquele leito de rio seco!

Os canadenses estavam lá também e sentamos pra conversar um pouco. Todos meio surpresos com o rio. O guia do casal inclusive disse que nunca tinha pego o Bloukrans daquele jeito, mas imaginava que a seca incomum que o país estava enfrentando aquele ano somada à lua cheia e tals tinha ocasionado aquilo.

Eu resolvi andar um pouco pela região e tentar relaxar a cabeça.. o pior já tinha passado! Subi uma boa parte do leito do rio e cheguei a avistar bem de longe a famosa ponte de onde salta o bungee jump (muitas pessoas vêm à essa região do Tsitsikamma apenas por causa dessa atração, o maior bungee jump de ponte do mundo!) Camila estava sofrida com bolhas nos pés e ficou descansando.

Aproveitamos a pausa pra almoçar enquanto observávamos os canadenses partirem. O próximo trecho era uma escalada difícil na rocha pra sair daquele vale. Eu queria observar o caminho que eles faziam pra tentar seguir depois, mas sei lá, fui morder um polenguinho e quando olhei de novo os caras já estavam lá em cima, andando na rocha na maior naturalidade.. daí ganharam o apelido de cabras montanhosas, pois pareciam tão confortáveis quanto isso:

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Pouco depois resolvemos seguir também. É um trecho curto mas de muita dificuldade (praticamente escalada mesmo, com a mochila pesada nas costas e sem segurança - prenda os bastões na mochila e prepare-se para se agarrar à rocha na munheca!).

Foi sofrido demais subir! Sentia que não tinha forças no quadril pra me impulsionar pra cima. Minha perna fraquejou algumas vezes, me fazendo desequilibrar e ralar pernas e joelho.. até nos trechos planos eu estava mancando...

Tanto que a Rita, uma das sul-africanas viu que eu estava com muita dor e me ofereceu uma pomada anti-inflamatória que ela tinha. Eu estava sei lá, delirando de dor, e ao invés de pegar a pomada da mão dela eu me virei de costas e arreei o shorts pra ela passar e senti que na hora ela ficou meio sem reação, mas passou a pomada em mim.. ahahahahahah

Faltava pouco pra chegar na Andre Huts e nenhum outro dia eu desejei tanto avistá-la.

Chegamos, descarregamos as mochilas e fui tomar banho. A água gelada era tudo o que eu precisava!

Após o banho verificamos as comidas que tínhamos para aproveitar o máximo pois seria nosso último jantar. Fomos para a área de churrasco coberta e o guia estava fazendo o jantar dos canadenses. Quando terminou, disse que não precisávamos nos preocupar em acender fogo aquela noite e podíamos usar o fogareiro dele, já que ainda tinha gás e ele já não ia mais preparar refeições quentes. Agradecemos demais!

Ah, durante o jantar conversando com eles, descobrimos o mistério da noite anterior e do sumiço do nosso café da manhã. O guia tinha certeza: gatos selvagens deveriam ter invadido a cabana atraídos pelo cheiro de alimentos e roubado nossos preciosos pãezinhos! Isso poderia ter sido perigoso e normalmente eles causam um estrago nos pertences da galera, mas devem ter se assustado com a gente pois ainda estávamos acordadas conversando e saíram correndo levando apenas os lanches.

Depois do jantar a Rita apareceu com fudges pra dividir com a galera. E assim se criou um vício! Ela indicou uma loja em Cape Town para comprarmos pra levar pra casa e ficamos enlouquecidas no lugar comprando de todos os sabores!!!

Antes de deitar sentamos um pouco na varanda da cabana com os canadenses. Conversamos sobre nossas impressões do que tínhamos vivido na trilha até ali e notamos que já era possível visualizar as luzes de Natures Valley. Isso causou um sentimento estranho, meio de felicidade porque tínhamos conseguido (quase... a maior parte pelo menos...) e uma espécie de tristeza por ser a última noite na natureza isolada. Já era possível ver a civilização novamente!

Início: Oakhurst Huts - 06h10

Checkpoint: Bloukrans River - 12h45

Fim: Andre Huts - 16h15

Distância Percorrida: 13.8km (exceto desvios para explorar)

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a turma sul-africana

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chegando à cabana exaustas...

06.04.2018

DIA 5

Último despertar. Com mais tranquilidade do que nos últimos dias. Nos arrumamos e pedimos pra tirar uma foto com o casal canadense, já que tínhamos certeza que não íamos mais encontrar com eles depois de começar a caminhar...

Enquanto nos arrumávamos o pai do Johan veio trazer um anti-inflamatório que iria me ajudar com a dor no quadril. Eu só não podia esquecer de tomar bastante água durante o dia.. Muito fofo! Eu aceitei.

Arrumamos nossas coisas e partimos. A caminhada seria bem mais leve, mas já de início uma subida bem íngreme e depois se desenrolava basicamente no alto da montanha. Em área descampada. O dia estava chuvoso e ventando pra caramba. Tiveram momentos que fiquei com medo.. de verdade!

A dor do dia anterior estava muito mais leve, mas ainda presente.. andamos em um ritmo bom e paramos pra tirar algumas fotos de locais panorâmicos maravilhosos!

Por conta de tudo que se passou nos últimos dias, este também foi cansativo, mas avistar a praia de Natures Valley foi indescritível! Que emoção!

O dia estava feio pra cacete mas eu estava mega feliz!

Início: Andre Huts - 07h45

Fim: Natures Valley / The Vasselot Camp - 12h09

Distância Percorrida: 10.8km

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as cabras, digo os canadenses

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só falta descer até a praia...

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livro de registro de saída.. sim, finalizamos apenas 40 minutos depois dos canadenses! vitória!

 

**Saldo Otter Trail**

Em geral, sentimos alguma diferença entre as distâncias indicadas no livreto / mapa recebido e o percorrido no dia-a-dia. Já sabíamos que as distâncias não incluiriam explorar e passear em áreas de interesse, mas alguns dias as diferenças medidas (pelo relógio com gps do Johan) foram bem consideráveis.

A trilha é toda muito bem sinalizada e mantida pela equipe do parque. Acredito que as cabanas são limpas e abastecidas de lenha diariamente e é raro acontecer algo como no nosso caso de não encontrar lenha no local reservado. Há disponibilidade de água potável durante todo o percurso. Levei 2 garrafas, 1 de 750ml e outra de 1500ml e abastecia apenas quando chegava nas cabanas e deixava tratando com clorin durante a noite.

Existem diversos pontos sinalizados de rotas de fuga, caso algo aconteça ou você se veja impedido de continuar e no livreto recebido informam telefones do parque para solicitar ajuda ou resgate nestes pontos. 

Foi difícil, desafiador, exaustivo! Pensamos que não conseguiríamos. Pensamos em desistir (embora só tenhamos admitido uma pra outra apenas a noite de volta ao hostel enquanto tomávamos nossas merecidas cervejas).

Pessoas no hostel para quem contávamos que tínhamos feito a Otter Trail achavam que estávamos falando da trilha até a cachoeira no 1º dia. Mas quando a gente falava “não, acabamos de passar 5 dias lá e atravessamos o parque todo!” não acreditavam.. Ganhamos música brasileira. Ganhamos rodada de cerveja.

Às vezes ainda não acredito que fiz isso!

Não vimos nenhuma otter!

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