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Apresentando...

Quando a gente começa a viajar, seu corpo e sua mente vão querendo cada vez mais, é como uma droga viciante mesmo. No começo, a maioria das pessoas, eu acho, vai realizando aquele sonho que geralmente tem a ver com lugares do nosso cotidiano, que a gente vê muito na TV, nos filmes, nas músicas etc. tipo Estados Unidos e Europa. Comigo não foi diferente. Conheci esses lugares, mas aí eu fiquei com vontade de mais e mais, eaí a África começou a invadir meus pensamentos e eu só conseguia pensar em ir pra lá.

Entretanto, por vários motivos, entre eles (principalmente) o acovardamento em ir sozinha, eu fui adiando. Já viajei sozinha várias vezes, mas na África eu não queria ir somente no roteiro tradicional: Cape Town, Joanesburgo, Safari… queria mais, e quantos países vizinhos por ali eu conseguisse ir. Por isso, viajar sozinha estava sendo um grande entrave, pois teria que alugar carro e fazer muitos trajetos sozinha, fiquei com medo do perrengue.

Então… como a vida dá voltas, apareceu uma amiga que também queria pra ir África. Mas pro roteiro tradicional. Aos poucos fui introduzindo a beleza da Namíbia e logo ela já estava convencida a conhecer o deserto. E pra fechar o grupo (ou não), meu primo também resolveu ir. Todo mundo conseguiu conciliar as férias, a vontade de ir pra África por um ou outro motivo e resolvemos. Compramos as passagens pela Latam, ida e volta por Joanesburgo por R$ 2.027,47 com taxas, saindo de Brasília. Pausa para dizer o básico, assim que você comprar a sua passagem desligue todos os alertas de decolar.com, googleflights, viajanet ou outro que você tiver feito. Eu esqueci, e uma semana depois a mesma passagem, na mesma data, no mesmo trajeto estava R$ 300 mais barata. Enfim, bateu aquele remorso básico que poderia ter sido evitado pela simples ignorância de não ter nem ficado sabendo que a passagem estava R$ 1.700. Como dizia o sábio: santa ignorância!

Mas beleza, passagem comprada, todo mundo me olhando um pouco torto, porque eu queria coisa demais na viagem, começaram os planejamentos e as conversas. Geralmente a gente deixa pra falar como as pessoas eram maravilhosas ou não no final, mas já vou falar logo aqui que o grupo foi sensacional, muita cumplicidade, foi muito fácil resolver tudo já que todo mundo abria mão de alguma coisa pela vontade do outro, abrir mão de algo que eu queria ver não foi tão difícil, na verdade nem me lembro mais do que abri mão, pq a viagem e a cias foram maravilhosas. Então resumindo, quem somos nós: Deise (essa que humildemente vos relata essa viagem), Gabi (minha amiga), FH (meu primo), LC (namorado da Gabi, mas só resolveu ir depois).

Fiquei meio que encarregada de fazer o roteiro, acho que me beneficiei nessa parte, pois ia colocando o que eu queria, mas ao mesmo tempo, ia tentando encaixar o que os outros queria também, sendo bem democrática. Tipo, não faço questão de vinícola, mas um deles queria abrir mão do tubarão pela vinícola, como não colocar. Então ficamos sem tubarão, mas com vinícola e foi ótimo, todo mundo satisfeito (eu acho rsrs).

Quanto mais eu pesquisava e procurava roteiros, via que a maioria (90%) só fazia o chamado roteiro tradicional, que é aquele do começo do texto: Cape Town, Joanesburgo, Safari. Estava difícil achar informações sobre a Namíbia, Zimbábue, Zâmbia, Botsuana, não que a gente fosse nesses países, mas eu queria ver os relatos pra ver as possibilidades. Principalmente o deslocamento entre esses países, parecia ser bem complicado fazer por terra se você não fosse fazer algum safari de no mínimo 7 dias. E não tínhamos tempo pra fazer safári de 7 dias. Daí também que surgiu a ideia de fazer esse relato, a princípio eu não faria o relato, mas acho que pode ser útil pra quem busca informações e principalmente opiniões sobre lugares fora do roteiro tradicional.

Então continuei a busca por relatos e catando algumas informações picadas aqui e ali, montei um roteiro, que pelo visto não foi o melhor, pois toda vez que conversávamos com alguém na viagem sobre o nosso trajeto a pessoa ria. Várias vezes eles comentavam tipo: - nossa, não faz muito sentido, ou: - uau vocês fizeram um belo zigue-zague aí ein. Bom, eu prefiro culpar a falta de informações do que a minha falta de habilidade em fazer planejamento, mesmo que muito provavelmente tenha sido o segundo motivo.

Antes de finalizar o roteiro, ainda incluímos Victoria Falls pelo lado do Zimbábue.

Pra vocês terem uma idéia, o roteiro final foi esse, quase não tem vai e volta, SQN.

 

Como chegamos nesse primor de deslocamento: simplesmente não tem como ou eu não achei outra maneira de chegar no deserto da Namíbia saindo da África do Sul que não seja de Safári, é claro que você pode alugar carro e rodar até lá, mas pensa na perda de tempo. E os tours são todos bem caros e de 6 dias no mínimo. Então, achamos (eu) melhor ir de avião até a capital da Namíbia: Windhoek, já que de lá saem vários tours para o deserto. E o deserto era a nossa principal razão de ter escolhido a Namíbia. Existem outros passeios bem famosos por lá, como o Parque Etosha, Walvis Bay etc. Mas o nosso foco era o deserto. Então fomos pra Windhoek e já saímos do Brasil com o passeio comprado pela agência Detour Africa, mas quem realmente fez o passeio foi a Wild Dogs (ótima por sinal), a Detour parece ser apenas uma intermediadora, tipo uma agência de turismo. Ops, peraí, já estou entrando realmente no relato, deixa essa parte pra depois.

Então beleza, chegaríamos pela África do Sul, porque não teve jeito, a passagem do Brasil chegava e saía por ela, mas já teríamos o primeiro trecho de avião por fora, para a Namíbia. Aí depois, numa reunião com o grupo da viagem, já que o Zimbábue foi escolhido de última hora, deixamos ele para os últimos dias, então a África do Sul ficou no meio da viagem. Ou seja:

07/03 Brasília -- São Paulo -- Joanesburgo

08/03 São Paulo -- Joanesburgo

09/03 Joanesburgo

10/03 Joanesburgo

11/03 Joanesburgo -- Windhoek

12/03 Windhoek - Sossusvlei

13/03 Sossusvlei

14/03 Sossusvlei -- Windhoek

15/03 Windhoek -- Cape Town

16/03 Cape Town

17/03 Cape Town

18/03 Cape Town

19/03 Cape Town

20/03 Cape Town

21/03 Cape Town -- Joanesburgo -- Victoria Falls

22/03 Victoria Falls

23/03 Victoria Falls -- Joanesburgo

24/03 Joanesburgo -- São Paulo -- Brasília

Aí sim, roteiro fechado, vamos para o relato. Durante o relato não vou me ater aos valores mas vou colocar um orçamento detalhado ao final, com valor das passagens, hospedagem, passeios etc. Foram 17 dias no total. Nota dramática: 17 dias inesquecíveis.

Relato dia-a-dia

Já faz alguns dias que voltei, e quase um mês do começo da viagem. Foram dias bem intensos e corridos então não vou lembrar com muitos detalhes de tudo que fizemos, mas vou fazer o melhor possível aqui.

A seguir...

 

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Primeiro dia (07 e 08 /03/19) - uber price!

 

Somos todos de Brasília, então marcamos de nos encontrar já no aeroporto mesmo. O vôo para São Paulo era às 10h da manhã mas agoniada que sou já estava rolando na cama desde as 3h. Cheguei no aeroporto umas 7h, depois todo mundo foi chegando, despachamos, depois embarcamos tudo certo. Em São Paulo teríamos uma escala de 6h até a hora do vôo para Joanesburgo. Conversamos muito, gastamos todo o 3G do nosso plano porque praticamente não iriamos usar mais no mês rsrs e finalmente embarcamos com destino a Joanesburgo. São 11h de vôo, 11h!!!! É muito tempo, mas enfim, a Latam tinha muitas opções de filme, deu pra assistir uns 4, cochilar um pouco, passar o tempo, até que enfim chegamos em Joanesburgo.

ÁFRICA FINALMENTE!!!!

Chegando em Joanesburgo fizemos a imigração, tem umas mulheres que medem a nossa temperatura numa máquina que parece uma arma de laser, filinha um pouco longa. Saindo da imigração pegamos as malas e fomos comprar o chip para o celular. Negócio é o seguinte, mais uma vez as dicas da internet só nos deram informações sobre o chip da Vodafone, que é bom, mas é caro. Logo ao lado da vodafone tem uma loja amarela com bem menos fila e bem mais barata. O quarto integrante do nosso grupo, que chegou depois, comprou dessa loja e deu tudo certo. Enfim, a escolha é sua, vodafone são 3 gb por 300 rands mais 100 rands não avisados anteriormente do chip. Os 3 gb durou com muita sobra para a viagem inteira, gastamos apenas 1,5gb, mas também porque o chip não funcionou na Namíbia nem no Zimbábue, mas se vc usar só em caso de necessidade e não ficar carregando vídeo do insta a toa, a outra empresa que chama MTN vende plano de 1gb por 149 rands.

Sobre os rands… calculamos a viagem inteira como 1 real = 3 rands, a gente sabia que valia mais, mas era pra facilitar. No final, a cotação do cartão de crédito para o uber ficou 3,52. O que fizemos foi levar dólar. Trocamos metade no aeroporto, numa cotação de 1 dolar = 13 rands, e depois o restante com um doleiro em Cape Town numa cotação de 1 dolar = 14,60 rands.

Resolvemos pedir um Uber para o nosso hotel: Glenalmond, guardem o nome desse hotel, pois em alguns dias ele será o protagonista de um episódio muito curioso.

Pedir um Uber é coisa simples né… não com milhões de taxistas e loteiros vendo na sua cara de turista que você está procurando um meio de transporte. Era insuportável, a cada passo três, quatro abordagens oferecendo taxi ou lotação, a gente negando educadamente com aquela paciência de turista empolgado. Aí pedimos o Uber pelo aplicativo, mas quem disse que a gente descobria onde que tava o bendito do carro, e o cara perguntando um monte de coisa e o celular com o corretor configurado em português, a gente escrevi Hi ele mudava Hotel, ao mesmo tempo que tinha alguém no nosso ouvido gritando uber price! uber price! uber price!, foi uma saga achar o local, mas o motorista não desistiu da gente e uns 15 minutos depois conseguimos encontrar e fomos pro hotel, lembrem-se: Glenalmond.

Chegando no hotel, fizemos o check in, tudo certo, o hotel muito bacana, na verdade parecia um apart hotel, tinha uma movimentação estranha na entrada do hotel, muita gente, alguns seguranças, mas blz, ignoramos, estávamos muito cansados da viagem eu acho, e fomos pro nosso apart. Tinham dois quartos, dois banheiros, uma sala e uma cozinha, muito espaçoso, bem legal. Nesse primeiro dia a internet do hotel não estava funcionando, mas ainda bem que tínhamos nosso chip. Bem pregados da viagem, só demos uma olhada no mapa e fomos andando até o shopping mais próximo, uns 20 minutos mais ou menos. Fomos na Mandela Square e comemos maravilhosamente bem por uma quantia razoável no Big Mouth. Aí voltamos pro hotel de uber e encerramos nosso primeiro dia.

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Segundo dia (09/03/19) - Dia de safári

Logo esse dia já era de cara um dos mais aguardados da viagem. Reservamos um safari, do Brasil mesmo, com um cara sensacional, o Pieter da empresa Big Six Tours Safari, pra reservar é só mandar um email ou um zap pra ele e tá tudo certo. Você só paga no final do passeio com cartão ou dinheiro. Ele foi super pontual e nos buscou no nosso hotel, o Glenalmond rsrs. Escolhemos fazer o safari no parque Pilanesberg, que é talvez o segundo mais famoso, o primeiro é o Kruger. Mas o Kruger é muito longe de Joanesburgo, cerca de 5h, não dá pra fazer bate-volta, teríamos que ter mais tempo. Pilanesberg já é bem mais perto, 2h de Joanesburgo e com o passeio que reservamos estava incluso (ou o Pieter incluiu lá na hora pra gente) conhecer Pretória, uma das capitais da África do Sul. Saímos umas 9h da manhã e chegamos às 22h, então o dia do safari é só pra isso, nem adianta inventar algo mais. Mas antes de sair do hotel, uma moça da recepção perguntou pra gente: checking out, aí a gente achou que ela tinha se confundido e dissemos não, só estamos saindo para um passeio mesmo. Aí ela só falou: ok! O Pieter chegou e nós fomos.

Começamos o dia indo até Pretória, o Pieter foi explicando um monte de coisa no caminho, com um sotaque super difícil, eu não entendia nada do que ele falava e claramente ele não entendia nada do que eu falava porque sempre que eu comentava alguma coisa ele só balançava a cabeça e ficava calado, mas aos trancos e barrancos a comunicação ia fluindo.

Depois de Pretória ele nos levou até um lodge já dentro do Pilanesberg pra gente almoçar e passar um tempo agradável. A gente reservou o passeio do sunset, ou seja, do final do dia até começo da noite, tipo das 17h às 20h mais ou menos. Daí tínhamos que aguardar até a hora do safari começar. Então comemos nesse lodge que é super agradável, tem vista por parque e se você der sorte pode ver elefantes, girafas e impalas por ali. Só vimos uns impalas que estavam buscando uma sombra. Comida maravilhosa novamente, bem servida e muito gostosa. Comemos e fomos sentar na beira da piscina pra aguardar até a hora do safari. No horário combinado o Pieter buscou a gente e nos levou pra onde o safari ia sair. Fomos pro caminhão aberto e começamos a aventura.

Foi muuuuito legal. Logo de cara já vimos uns leões que estavam com muita fome, segundo o guia, porque estavam caçando de dia. Eles estavam cercando umas zebras que estavam do outro lado da pista e queriam atravessar a todo custo, mas era muito carro atrapalhando e o nosso guia ficava gritando com os carros particulares pra eles saírem do meio e não colocarem a cabeça pra fora, sendo que o nosso guia tava bem no meio do caminho dos leões. A gente sentiu que o nosso guia era um cara bem ousado e esperto, existem vários tours que saem ao mesmo tempo e os guias ficam conversando entre si pelo rádio pra ver onde tem tal bicho e tals. O nosso guia era tipo um líder, porque ele achava tudo primeiro e depois chegava os outros, demos sorte. Vimos os leões de muito perto, eles ficaram encarando a gente, foi uma experiência bem legal.

Aí quando logo de cara você já vê leão fica difícil competir né. Mas durante o caminho vimos de tudo um pouco: rinoceronte, elefante, girafa, gnu, zebra, impala e outros menores. Foi muito legal, e pra carimbar, na hora que estávamos indo embora, já no final, um elefante enorme cruza o caminho, o guia desligou o carro na hora e apagou os faróis, disse que o elefante estava irritado porque ele balançando a cabeça e pediu pra gente fazer silêncio e desligar os flashes. Que medo, confesso que deu uma baita cagaço porque o elefante era muito grande mesmo e passou tirando fino do carro, bem do nosso lado. Claro que com tudo escuro a filmagem ficou ruim, mas a emoção no hora foi tremenda. Muito legal mesmo. Eu recomendo o safari com a empresa mesmo, não sei se sai mais caro, não sei quanto é alugando carro e indo por conta, mas o nosso passeio, saindo de Joanesburgo passando em Pretória e fazendo esse safari meio diurno meio noturno ficou por uns R$ 500 ou ZAR 1800. A vantagem é que os guias conversam entre si e você nunca anda a toa. No carro, por conta própria, provavelmente você vai ter rodar muito até achar algum bicho, mas não deve ser menos emocionante, deve ser bem bacana também, mais uma vez, é uma questão de escolha mesmo, os dois jeitos são bacanas. Fizemos por uma empresa, mas li relatos muito legais de pessoas que alugaram o carro e fizeram e acharam ótimo.

Na volta, éramos os últimos, ou seja, nosso guia não tinha preguiça, tivemos muita sorte. O Pieter já estava nos esperando e começamos o caminho de volta, chegamos em Joanesburgo lá pelas 22h, pagamos o Pieter com cartão, ele tem uma maquininha no carro e encerramos o segundo dia.

Não fizemos uma anotação de tudo que a gente ia gastando, só ao final fizemos uma média diária baseada na quantidade de dólares que a gente trocou. No final do relato vai estar tudo mais detalhado. Mas comemos muito bem todos os dias, teve dia de comer até caviar, e a média da refeição era de uns R$ 30 com bebida, mais de uma por sinal, vocês ainda vão descobrir a Savanna Dry.

Informações básicas, segundo a nossa experiência sobre o safari. Tem dois parques principais que são gigantescos, o Parque Nacional Kruger tem 20.000km², do tamanho de Israel e um pouco menor que a Bélgica. O Parque Nacional Pilanesberg tem 500km² e uma probabilidade maior de ver algum animal por km². O veredito é: se tem tempo, vá ao Kruger, se tem pressa, vá ao Pilanesberg, os dois vão proporcionar experiências incríveis. Uma outra informação que talvez possa ser relevante é: o Pilanesberg tem um risco baixo de malária, e o Kruger tem um risco médio/alto de malária.

Esse site traz uma comparação interessante entre os dois parques e pode te ajudar a escolher: https://www.moafrikatours.com/kruger-national-park-versus-pilanesberg-game-reserve

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Terceiro dia (10/03/19) - Chupa Glenalmond

Mais um dia muito esperado da viagem, nesse dia tínhamos combinado de pegar o ônibus vermelho e ir ao Museu do Apartheid e no Soweto também. Compramos até um ingresso pela internet que dava direito ao passeio pelo Soweto com a City Sightseeing que é a empresa do ônibus vermelho que passa pelos principais pontos turísticos da cidade. Compramos o ingresso na noite anterior, assim que chegamos do safari e estávamos super ansiosos. Mais uma vez, íamos saindo pela portaria rumo ao nosso passeio quando a moça da recepção perguntou mais uma vez: checking out?! Aí eu disse: No, tomorrow! Aí começou um diálogo que eu vou tentar reproduzir aqui:

Moça: You didn’t see this? Vocês não viram isso? (mostrando um papel)

Eu: No! (pequei o papel e começei a ler).

Quando eu li, fiquei procurando por câmeras porque só poderia ser uma pegadinha. O papel falava que o hotel estava fechando as portas e que todos os hóspedes tinham que sair até o meio-dia daquele dia.

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A gente ficou completamente sem reação, o inglês da moça era sofrível, ela respondia basicamente sim e não. A gente tava do lado de fora da recepção, no pátio. Aí eu perguntei se a gente poderia ligar lá de dentro, e ela entendeu que eu só queria ir lá pra dentro pra ficar na sombra, mas eu precisava na verdade usar o telefone dela porque o meu não tinha plano de ligação. Obviamente eu queria ligar para o dono do hotel. Outro exemplo de como a comunicação não tava fluindo rsrs, foi quando eu perguntei pra ela: você sabe se existem outros hoteis por aqui perto? Ela respondeu: sim, você pode olhar no google! Seria engraçado se não fosse trágico, mas hoje a gente ri muito dessa história. Depois que a gente foi entender que ela não era nem funcionária do hotel, ela também não tava sabendo de nada. Ela foi contratada pra fazer a segurança e avisar os hóspedes que eles precisavam vazar, todos os funcionários já tinham ido embora. A gente ainda deu sorte, porque ficamos no prejuízo (que depois foi ressarcido) de uma diária somente, mas tinha um cara lá com a mesma cara de confuso que a gente que já tinha reservado o hotel por um mês. E quem disse que esse cara conseguia falar com o dono do hotel, claro que não né.

Essa história foi tão sem pé nem cabeça que eu fiz uns videozinhos para mandar pra minha família, vou postar aqui porque acho que é mais engraçado do que contar. Os vídeos são curtos e já tá tudo explicadinho.

O despejo (mesmo vídeo, no youtube, caso não dê certo por aqui)

Então, quando a gente conseguiu resolver a situação e se instalar em outro hotel, ainda meio na dúvida se o outro hotel ia dar certo ou não já não tínhamos mais tempo de fazer tudo que a gente queria e tivemos que sacrificar o Museu do Apartheid, eu fiquei muuuito chateada porque era uma das coisas que mais queria ver desde todo o planejamento da viagem. Sabe aquelas coisas imperdíveis, quando alguém te pergunta o que você precisa ver na África, o Museu do Apartheid está sempre nas respostas. Mas… como a vida é assim mesmo, não se pode ganhar todas né, e nós já tínhamos pagado pelo ingresso do Soweto fomos fazer esse passeio. Foi muito legal também, conhecer uma realidade ainda mais pobre, do subúrbio, onde moraram várias personalidades importantes do Apartheid tipo o Mandela e Desmond Tutu, vale a pena dar uma lida sobre o Soweto antes de ir conhecer. Tem muita história lá, muitos significados, representa grande parte da luta contra o Apartheid.

Depois do passeio voltamos para o hotel, e com a ótima notícia de que poderíamos ficar na suíte executiva pelo preço do quarto normal aproveitamos o máximo de deu. É assim mesmo, algumas a gente perde outras a gente ganha. Temos que agradecer muito ao Owen que foi o funcionário do hotel que fez todo o esforço pra manter a gente no quarto e era tão atencioso e gentil o tempo todo. Ele nem sabia da nossa história, do despejo nem nada, e mesmo assim quis ajudar a gente e ligou pro chefe dele e conseguiu autorização pra gente ficar na suíte executiva. Noite de realeza por um dia!

Observações: Pra todo lugar que a gente ia todo mundo falava pra ter cuidado com Joanesburgo, não andar a pé, não carregar nada de valor. Seguimos todos esses cuidados e deu tudo certo, mas sentimos falta de andar um pouco pela cidade pra conhecer a vibe melhor. Ficamos num bairro super caro justamente porque todas as pesquisas que fizemos diziam que o centro não era seguro, era melhor ficar num bairro mais rico, mais turístico etc. O preço não foi tão absurdo, cerca de R$ 350 a diária, dividido por três pessoa ficou ok. Mas essa sensação de falta de segurança que Joanesburgo passa é um ponto negativo para a cidade. É claro, somos brasileiros, conhecemos a violência e o perigo muito mais de perto do que gostaríamos. Mas estar num lugar onde você sabe onde pode pisar é bem diferente do que se sentir inseguro o tempo todo. Não é uma crítica, não deixem de ir, é só uma observação sobre a cidade. Joanesburgo poderia ser muito mais se o governo investisse mais. Mas essa história se repete no Brasil, então não dá pra falar muito.

O que foi bem ruim também, foi a sensação de estar desamparado quando a moça do hotel simplesmente fala que você tem que sair. Ainda bem que estávamos em grupo e a sensação de se fuder coletivamente é muito mais aliviante do que se fuder individualmente. No final, virou apenas mais uma história engraçada pra contar. Mas se eu estivesse sozinha provavelmente estaria chorando até agora.

Outra impressão sobre a África do Sul, e é algo que o Pieter o nosso guia do safari também comentou. O apartheid foi uma luta válida, ele libertou os negros da segregação e de proibições ridículas. Mas ele não acabou de fato, infelizmente. O que a gente vê nas ruas, nos restaurantes, nas empresas, em todos os lugares praticamente, é o negro marginalizado. Os brancos, que são a minoria da população, ainda são os mais ricos com os melhores empregos e frequentadores de restaurantes junto com os turistas. Os negros, são aquelas pessoas que estão no subemprego. Brancos andam com brancos e negros andam com negros. Existem também uma terceira categoria, que também é marginalizada, os coloured or mixed races, que é justamente a gente, brazucas, sulamericanos ou qualquer raça que tenha sido misturada. Achamos engraçado sermos chamados de coloured people. Parece ser uma sina do ser humano mesmo, categorizar tudo, até as pessoas. Não dá pra todo mundo ser apenas humano e só?

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Quarto dia (11/03/19) - Savanna Dry

Quando você quer fazer tudo numa viagem de 17 dias pode saber que boa parte do tempo vai ser em deslocamento. Hoje seria o primeiro da maratona de vôos e deslocamentos. Por outro lado, conhecer o deserto é mais um dos pontos altos da viagem. Estava sonhando e me imaginando naquela paisagem das fotos que eu tinha visto. Então lá fomos nós, nos despedimos do nosso quarto super chique e fomos para o aeroporto de Joanesburgo rumo a Windhoek, capital da Namíbia. Fomos de British Airways, eles serviram lanche num vôo de 2h, chupa Latam. Quando chegamos no aeroporto de Windhoek, já deu pra ter uma noção de como era o país. O aeroporto é minúsculo, nem tem portão de embarque praticamente, o avião para, a gente desce e vai andando pelo asfalto até lá dentro. Os aviões também são bem pequenos. Brasileiros não precisam de visto. Fomos os últimos da fila porque estávamos lá atrás no avião. A gente contratou um transfer pelo hotel, foi 200 rands por pessoa. Na Namíbia eles usam o dólar namibiano, mas o Rand sulafricano é amplamente aceito numa cotação de 1 pra 1. Então dá pra pagar com Rand em todo lugar sem se preocupar em trocar dinheiro. No caminho do aeroporto para o hotel já sentimos como o local é seco. Só poeira e asfalto por muitos km. Tinha muitos babuínos na beira da estrada, no começo a gente achou super novidade, já que eram muitos, no fim da viagem já estávamos achando normal. Chegando no hotel, nos acomodamos e perguntamos pra recepcionista onde seria o supermercado mais próximo. Queríamos comprar uns suprimentos para o deserto, tipo água, barrinhas etc. Novamente, a situação de Joanesburgo se repete, a moça da recepção passou um terrorismo gigantesco falando que era perigoso apesar de ser muito mais seguro que a África do Sul ela não recomendava a gente andar pela cidade. Então, pagamos um transfer para o mercado. Na Namíbia não tem uber. O meio de transporte que os turistas mais usam são esses carros particulares que o próprio hotel chama. Só que na volta do mercado a gente não tinha como ligar pro cara e o nosso chip da vodafone não estava funcionando nem pra internet, simplesmente estava sem serviço. Só que o mercado era tipo 1km do hotel. A gente resolveu arriscar e ir andando mesmo, pelo menos conhecia esse 1km entre o mercado e o hotel a pé. Na saída do mercado apareceu um mar de gente, mas era muita gente mesmo, tipo umas 50 pessoas oferecendo lotação pirata pra levar a gente. A gente abaixou a cabeça e saiu andando com pressa mas os caras seguiam a gente. Depois de alguns metros acho que eles perceberam que a gente não ia com eles e aos poucos foram dispersando. A caminhada até o hotel foi super tranquila, menos para o FH que estava carregando uns 10L de água na sacola rsrs. Foi bom a gente ter comprado a água antes porque compramos num preço bom, mas assim que você sai para o passeio, o pessoal da empresa para num outro mercado no meio do caminho e você tem a chance de comprar também. Mas como não sabíamos disso, já compramos logo antes. Voltamos pro hotel e ficamos curtindo de boa. O nosso hotel, que chama Rivendell é tipo uma guest house, então é uma casa mesmo com vários quartos, cozinha compartilhada e o nosso banheiro era compartilhado também, mas tem quarto com banheiro privativo. Ele é um pouco longe do centro. Eles deixam na geladeira umas bebidas e comidas que você pode pegar e anotar e no check out você acerta, tipo frigobar mesmo. Foi nessa geladeira que nós (eu principalmente) descobrimos a Savana Dry. Ô bebida gostosa, no começo a gente achou que era tipo uma cerveja doce mas depois descobrimos que é uma cidra, é muito boa mesmo. E eu que não sou fã de cerveja descobri essa bebida maravilhosa que ia me acompanhar a viagem inteira. Pelo visto ela é muito famosa na África, e tinha em TODOS os lugares de TODOS os países que a gente foi, até na vinícola eu pedi Savanna Dry. Que achado!!!! A gente bebeu todas as Savannas que tinha na geladeira, quando tava faltando só duas pra acabar um outro gringo começou a beber também, mas ele pegou só uma aí eu fui lá e catei a última, quando ele voltou pra pegar mais só ouvi: ow man, no more Savanna, shit!

Encerramos esse quarto dia com muita expectativa para o próximo dia, quando finalmente iríamos para o deserto.

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Observações: A Namíbia parece ser um lugar muito mais seguro do que a África do Sul, segundo os próprios moradores né. É um país bem pequeno e a principal cidade que é a capital é minúscula. O mercado estava super lotado, parece que tem poucos por lá. Windhoek é bem arrumadinha, com ruas amplas, calçadas e casas com cerca elétrica. Isso é uma coisa que a gente já estava percebendo e continuou por toda a viagem, todos os hoteis, guesthouses, hostels que passamos tinha cerca elétrica e segurança. Parecia um exagero, mas absolutamente todos tinham, até no Zimbábue que consegue ser menor que a Namíbia. Enfim, não deu pra saber se é realmente perigoso ou se eles estão sendo super protetores com os turistas pra garantir a nossa segurança e satisfação.

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Quinto dia (12/03/19) - Desert

Grande dia, um dos né. Já na noite anterior combinamos o café da manhã e deixamos pago. Aliás isso é muito comum nos hotéis, eles não oferecem café da manhã geral, você pode pedir e pagar separado por esse serviço. Então pedimos ovos mexidos, bacon, aquele café da manhã esquisito que muitos países de colonização europeia adoram. Daí fomos esperar a empresa nos buscar. Não sabíamos que seria a Wild Dogs que faria o passeio e estávamos esperando um carro da Detour, mas depois, quando o carro chegou que fomos entender que a Detour é somente um intermediário, então quando vocês reservarem um passeio com a Detour ou qualquer outra empresa pela internet o que eles fazem, eu acho, é procurar uma empresa que tenha saída garantida no dia que a gente quer e reservar com eles.

Aí chegou o carro, tipo um jipe, achamos que já íamos nele, tinha duas garotas da Finlândia já dentro do carro, elas puxaram conversa. Já estavam vindo de um tour pelo Etosha e iam continuar agora para o deserto. Ou seja, eles vão encaixando os tours e as datas, pois pra elas, tanto o Etosha quanto o deserto faziam parte do mesmo passeio que elas reservaram. A gente, pelo visto, já entrou no meio do caminho. É interessante pra poder garantir as saídas dos passeios sem depender de grupo fechado. Aí chegamos na sede da empresa e eles explicaram que tinha 14 pessoas para esse tour e íamos trocar de carro, para um caminhão mesmo. Ah, uma coisa importante, você não pode levar sua mala gigante para o passeio. É permitido somente uma mala de 10kg. Então você separa o que vai precisar para os dias de passeio e deixa o resto da bagagem no hotel, ou em algum lugar que você vai ter que planejar previamente pra poder buscar depois. Como reservamos o mesmo hotel na ida e na volta perguntamos se poderíamos deixar as malas lá e eles deixaram numa boa, parece já ser uma coisa muito comum.

Lá na sede da empresa a gente assina um termo, que assinamos várias vezes durante essa viagem em diferentes passeios. Basicamente dizia que se der alguma merda a responsabilidade é nossa, a empresa não tem nada a ver com isso. Se vira! Eles também sugeriram um saco de dormir, óbvio que se a gente não tivesse o nosso eles tinham lá pra alugar. Nós alugamos com eles, 30 rands por dia. O bom é que o deles já é um saco preparado pro clima mesmo, foi muito bom na verdade ter alugado porque fez um frio maior do que o que a gente estava imaginando a noite e o saco de dormir foi essencial. Aí depois que todo mundo chegou o grupo estava formado: Duas garotas da Finlândia, um casal de irmãos americanos, nós três brazucas, dois japoneses que não se conheciam, um tailandês escandaloso, um taiwanês gente boa, um senhor sul coreano que se sustentava a base de cigarro e whisky, o motorista Gabriel e o cozinheiro Steve.

Eles explicaram qual seria a programação do dia: rumo ao camping onde ficaríamos pelas próximas duas noites, distante cerca de 400km de Windhoek. No caminho algumas paradas pra comprar suprimentos e outras paradas pra abastecer e usar o banheiro. Bastante chão e muito sol na estrada num calor de lascar. O americano perguntou se tinha ar condicionado no carro, o guia respondeu que sim, o famoso ar condicionado africano chamado janela. Com a janela aberta não dava pra fechar a cortina e sol era de lascar. Mas já estreei minha blusa UV que aliás foi muito útil a viagem inteira e passava protetor solar toda hora, não sofri muito não. O problema era os japa do outro lado que queriam ficar com a janela aberta e a cortina fechada. O vento não passava e ainda fazia um barulho insuportável da cortina batendo na janela a viagem inteira. Ou vai ou racha né meu filho. Dava pra sentir a tensão de todo mundo com o barulho mas ninguém tinha coragem de falar com os meninos e já estragar a viagem no primeiro dia rsrs.

Paramos literalmente no meio do caminho, no meio de uma estrada de cascalho bem poeirenta pra almoçar. Eles descem cadeiras, mesa e a comida e o cozinheiro prepara tudo em 30 minutos, muita habilidade dos caras. A comida era simplesmente maravilhosa, muito simples, mas era gostosa demais. Nesse primeiro almoço foi cachorro-quente com salada. Mas pensa num trem bão!

Aí quando finalmente chegamos no acampamento, o guia nos ensinou a montar a barraca, ele disse que se a gente fizesse certinho não gastava nem 5 minutos, mas se fizéssemos alguma coisa errada aí ia demorar. Aí com bastante receio fomos montando, mas deu tudo certo, barracas montadas, sacos de dormir, tudo organizado, acampamento montado! Aí o guia falou que a gente tinha que subir uma duna pra ver o pôr-do-sol e ia ser o nosso primeiro teste porque no outro dia teria algumas dunas pesadas. Aí beleza sem saber muito bem o que esperar a gente foi. Subimos uma duna gigante, mas eu consegui chegar até no topo, aliás todo mundo conseguiu, mas eu tava me achando. Tipo, vai ser mole. Só que a primeira duna gigante não era nem o começo do caminho. Aí eu já fiquei logo pra trás e o FH e a Gabi foram indo. Mas a gente subia, subia, subia, e sempre que a gente chegava no topo de uma, tinha outra na frente. Aí logo eu encontrei com eles e ficamos nos perguntando onde seria o fim desse martírio. Subir a duna é muito chato porque você dá um passo pra frente e escorrega um pouco pra trás de volta, então cada passo pra frente equivale a um terço de um passo normal, fora que o pé afunda e você tem afundar e desafundar a cada passo. Mas todo mundo consegue, relaxa, é cansativo mas não é impossível. A questão é que a gente já tava bem cansado e o sol quase se pondo e nada de chegar no cume. Daí o FH tava com mais fôlego foi andando na frente, e logo ele sumiu das nossas vistas. O americano veio voltando e a gente perguntou pra ele: onde que é o fim? Aí ele disse: não tem fim não é só uma duna depois da outra. Aí a gente olhou uma pra cara da outra e decidimos procurar algum lugar mais alto que desse pra ver o pôr-do-sol e ficar por ali mesmo. Achamos inclusive um lugar perfeito. Pena que outras pessoas acharam esse lugar também, mas vimos o pôr-do-sol, maravilhoso, umas cores inacreditáveis, fiz um time-lapse mas não ficou muito bom, mas serviu pra aprender como que faz um bom rsrs.

Na hora de voltar que o bicho pegou, quem disse que a gente sabia voltar. A gente andava, andava e não sentia que estava indo pra baixo, só pro lado. Mas, por sorte, aquele grupo que dividiu a duna com a gente também estava voltando e tinha um guia com eles, aí esse guia reparou que a gente tava perdido e nos ensinou o caminho, ufa! O nosso carro já estava esperando a gente lá embaixo. Até demos uma carona pra eles depois, o grupo doido tinha ido a pé até a duna, 4km de distância e depois ainda iam voltar andando, mas as meninas do grupo disseram que não conseguiam voltar andando e pediram uma carona.

Aí depois a Gabi e eu descobrimos que tinha fim sim, o FH e todo o resto do grupo chegou lá, menos a gente kkkkk. Deve que faltava pouco, porque a gente já tinha subido tanto rsrs. Aí a gente brigou com o FH porque ele tinha largado a gente perdida lá só pra gente não ficar por baixo né, coitado.

Voltamos pro acampamento a janta já estava pronta. Sinceramente sem falsa modéstia ou hipocrisia, não sei o que o cara colocou naquele molho, mas o melhor macarrão eu eu já comi na vida, tava muito delicioso. Que cozinheiro é esse, tá doido! E ele ainda faz comida vegetariana, se tiver vegetariano no grupo. No nosso tinha uma menina da finlândia, e a americana que se dizia vegetariana mas comia carne toda hora. Encerramos o quinto dia, eu particularmente estava muito muito feliz, com todo o clima de acampamento no meio do deserto.

Observações

A empresa que nos levou para o passeio é a Wild Dogs. O passeio foi bem caro, são 3 dias no deserto (link para o passeio) por ZAR 5720, que deu aproximadamente R$ 1.700 no cartão com o IOF. Duas questões sobre esse valor, todos os passeios em empresas grandes que eu pesquisei, que tinha descrição, valor e datas de saída na internet, eram caros. 3 dias era o passeio mais curto que eu encontrei, e escolhi esse justamente mais pela duração do que pelos locais que passaria. Outra empresa famosa também é a Nômade, li alguns relatos elogiando bastante e imagino que seja bem parecido com a que nós fomos, porque em relação à empresa também só tenho elogios. Existe outra possibilidade que é alugar um carro, mas não fizemos por alguns motivos, entre eles, o país. A Namíbia é um país pequeno de estradas longas e muuuitos lugares ermos, ou seja, se acontecer alguma coisa, você pode estar a quilômetros de distância do posto mais próximo e sem sinal nenhum na estrada. Não conhecíamos o lugar e para andar no deserto você precisa de um carro 4x4, não 4x2, nem um carro muito forte nem muito bom que alguém te disser que aguenta, tem que ser um 4x4. O carro da Wild Dogs que levou a gente era um 4x2 e na vez que a gente precisou andar na areia mesmo fomos em outro carro que deixava a gente no local determinado e depois buscava e nos deixava novamente no carro da Wild Dogs. Então não foi muito difícil pra gente escolher pelo passeio com a empresa ao invés de ir por conta própria. Já deu pra perceber que somos muito cautelosos. Não vou ser hipócrita de dizer que valeu cada centavo, porque R$ 1.700 é muito dinheiro. Mas fiquei bem satisfeita, gostei de tudo, dos equipamentos da empresa, das barracas, do camping, da comida, dos locais que eles nos levaram. A gente estava esperando algo muito mais rústico e chegou no acampamento tinha até água quente se você chegasse pra tomar banho cedo rsrs, porque era aquecimento solar, então a água quente acaba. Mas não se preocupe tomar banho gelado no deserto não é nenhum sacrifício. Tinha um bar no camping que vendia internet inclusive, mas preferimos aproveitar o momento e ficar sem internet nesses dias, foi ótimo, mas pra quem quiser internet no meio do deserto, tem também. Então de maneira geral eu super recomendo a Wild Dogs, foi caro, mas questão de preço eu acho que é isso mesmo. Os preços que você encontrar na internet vão ser bem parecidos. E o melhor é que eles sabem o que estão fazendo e tem equipamentos de qualidade, as barracas são ótimas, os sacos de dormir a gente paga a parte, mas também são ótimos, aquecem bem a noite. Tem a comida também, que é muito boa, vegetais frescos. Não é nada de luxo, mas é bom o bastante pra você ficar bem confortável e aproveitar a experiência de estar no meio deserto e conseguir ver todas as estrelas do céu a noite.

 

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Sexto dia (13/03/19) – Duna 45 e Big Daddy

Na noite anterior, enquanto estávamos jantando o guia Gabriel já ia explicando pra gente o que faríamos no dia seguinte, ele já começou assim: eu sei que vocês estão de férias, a gente não quer punir ninguém mas amanhã teremos que acordar as 5h da manhã. Acho que todo mundo reagiu bem, ninguém quis matar ele não. Aí ele começou a explicar: amanhã é um dia cheio, temos muitas atividades e pra ver o nascer do sol numa das dunas mais bonitas, a Duna 45 a gente precisa estar lá no máximo as 5h45, então quando der 5h todo mundo pode estar pronto pra sair já. É uma subida íngreme, demora entre 15 e 30 minutos mas eu acho que vocês conseguem (ele nem sabia que a gente não tinha chegado no topo da duna teste) mas enfim né, já fui dormir com medo. Aí depois ele continuou: depois do nascer do sol vocês descem que o Steve já vai estar com o café da manhã pronto esperando por vocês no pé da Duna. Depois do café a gente vai pro Dedvlei, que é um vale cercado por dunas. Vocês vão poder ter a chance de escalar a duna mais alta do mundo, gente é uma duna de areia tá, não é o Evereste, em termos de Duna de areia eles falam que essa é a mais alta do mundo, chama Big Daddy, tem aproximadamente 340m de altura e deve demorar entre 1h a 1h30 pra subir. Mas aí ele já explicou logo, existem outros caminhos pra chegar até o vale e ninguém é obrigado a subir essa duna. Aí eu fiquei mais tranquila. Depois, a gente volta pro camping lá pelas 13h ou 14h da tarde e ficamos descansando até as 18h, quando saímos para um pequeno Canyon que tem próximo ao camping, onde também tem um pôr-do-sol muito bonito, e o Canyon em si é uma atração a mais, apesar de ser bem pequeno realmente.

Então com todo o roteiro do dia seguinte explicado, fui dormir já pensando em como eu não ia conseguir subir a tal da duna pra ver o nascer do sol. Mas vamos lá né, tentar pelo menos. Quando a gente chegou lá, ainda estava escuro. Um clima super agradável, fresquinho. Aí eu comecei a subir, no passinho do elefantinho. Fui subindo devagar, nisso a Gabi e o FH já tinham sumido da minha vista, mas fui na minha. Essa duna só é difícil no começo, que você afunda muito e tem que fazer muito esforço em cada passada, mas depois, quando vai ficando mais alto, a areia vai ficando mais firme e fica parecendo uma escadinha, é cansativo, mas bem menos. Aí eu fui subindo devagar, até que cheguei lá em cima. O FH e a Gabi já estavam preparados lá tirando altas fotos esperando o sol nascer. Me juntei a eles e comecei a gravar um time lapse no meu celular enquanto a gente tirava fotos com a câmera do FH e o celular da Gabi. O time lapse dessa vez ficou muuuito legal, parecendo de globo esporte, canal off, Discovery Chanel etc., já estava me sentindo profissional. Fora isso, tem o principal né, que é o visual e as cores que estar nessa duna no momento do nascer do sol proporciona, é simplesmente lindo, de um vermelho vívido e umas cores muito brilhantes, muito perfeito, lembrei na hora das fotos da internet que eu tinha visto e senti que aquele momento não estava perdendo em nada para as fotos profissionais do google. É sério, vale muito a pena, é lindo demais, você fica doido querendo capturar tudo como se o momento fosse embora, aí você não sabe se olha ou se tira foto. Faz um pouco dos dois rsrsrs. Aqui, outro ponto positivo pra empresa, que leva a gente nessa duna antes do nascer do sol, quando já estávamos descendo vimos vários caminhões de outras empresas chegando, com o sol lá em cima já, é muito bonito também, mas o momento do nascer do sol é bem único, tanto em termos de experiência quanto em termos de cores. Depois do nascer do sol, ficamos lá em cima por muito mais tempo ainda, aproveitando, olhando, tirando milhões de fotos e filmando. Pra variar e não negar a fama dos brasileiros, quando descemos só estava faltando a gente mesmo, todo mundo já estava acabando o café da manhã e corremos pra tomar o nosso. Entra tanta areia dentro do sapato na hora da descida que quando você vai tirar parece que está descarregando um caminhão.

Aí beleza, todo mundo terminou o café, os rapazes: Gabriel e Steve desmontaram os equipamentos com toda destreza e habilidade que acho que menos de 10 minutos já estava tudo pronto pra gente partir. Eaí fomos o Dedvlei, que é o Vale Morto. É um local cercado por dunas e árvores mortas que lembra cenários de filme, tipo Mad Max. Como o guia tinha explicado, é aqui que o filho chora e a mãe não vê. Então quem quisesse subir o vale até o ponto mais alto poderia ir, quem quisesse subir só um pouco e depois descer poderia ir, quem quisesse ir sem subir nada só chegar no vale por baixo também poderia ir. Aí a Gabi e eu escolhemos subir um pouco e depois descer até o vale enquanto o FH ia até lá em cima. A gente foi, ficamos lá em cima, tiramos muitas fotos, descemos, tiramos fotos lá embaixo do vale e nada do povo que tinha ido até o topo chegar. A gente saiu do vale e foi esperar eles embaixo de uma árvore, nossa mas como demorou pra esse povo aparecer. Quando finalmente todo mundo chegou a gente foi embora. Chegando no acampamento, almoçamos e depois fomos pro bar tomar umas savanas dry. Tinha um japonesinho bem tímido, igual todo japonês mesmo que estava escrevendo no caderninho dele lá sozinho, sentado na cadeira. Aí eu olhei pra ele e fiquei com dó e perguntei se ele não queria ir pro bar com a gente. Ele me olhou super estranho, e apontou pra ele mesmo como quem diz: Eu???? Aí eu falei: sim! Vc! Aí ele falou: Ok! Eu perguntei: você bebe? Ele: Não! Eu: ok, não tem problema você toma suco ou água. Ele: ok! Aí a gente foi, eu comprei um suco pra ele, ele ficou todo agradecido, japonês tem um jeito tão legal, eles são todos meigos e gente boa. Aí a gente ficou conversando um pouco mas ele viu que tinha umas meninas japonesas no bar também, do mesmo jeito, meiguinhas todas tímidas, aí eles começaram a conversar em japonês, imagino que sobre a viagem e a experiência de estar no deserto e porque a conversa estava bem empolgada. Aí logo a gente ficou deslocado da conversa, mas fiquei feliz por eles. Acho que ele gostou também, se não ia ter que ficar embaixo da árvore a tarde toda esperando a hora de ir pro Canyon. Nessa tinha um menino de Taiwan lá no bar também, do nosso grupo, usando a internet, aí eu chamei pra ele conversar e a gente ficou conversando, depois chegou um de Nova York que enturmou também, logo o bar já estava tomado rsrsrs. O FH e a Gabi queriam ir pra piscina, aí eu falei que encontrava eles lá, aí eu fui pra barraca, mas a savana bateu forte e eu capotei lá na barraca com a cara no sol e deixei a barraca aberta. Quando eu acordei a barraca tava cheia de areia e meu rosto ardendo, mas por sorte não chegou a queimar não rsrs, já tinha passado bastante protetor o dia inteiro acho que ainda tinha um resquício que me protegeu. Aí a gente foi pro Canyon, é bem legal, um Canyon pequeno que as vezes, muito raramente pode encher de água eaí pode dar peixe que a população local usa pra se alimentar também, peixe fresco no meio do deserto.

Foi um dia bem cheio e bem legal. No dia seguinte já era dia de despedida, desmontar acampamento e pegar a estrada.

 

Observações: Os passeios exigem um pouco de condicionamento físico, mas não é nada impossível, uma pessoa sedentária deve conseguir subir também, mas precisa ir no seu tempo, pegando o ritmo e não tentar acompanhar ninguém, porque cansa muito mesmo, se você gastar toda sua energia tentando acompanhar o ritmo das outras pessoas vai ficar sem forças pra ir até o final.

Sobre o nosso grupo, já tinha dado uma mini introdução antes. Mas tem algumas pessoas bem bacanas. Tipo o senhorzinho da Coreia do Sul, ele era... digamos assim... curioso. Tomava whisky toda hora e tava sempre fumando um cigarro. Pra subir as dunas por exemplo, parece que o cigarro era o turbo dele. Ele parava, sentava no meio da subida e puxava um fuminho, logo parece que a energia dele voltava e ele subia como um jovem de 20 anos. Na barraca, a noite ele ficava cantando umas músicas tristes, era uma coisa bem caricata mesmo, lá meio do deserto o cara solitário cantando umas músicas tristes. Acho que ninguém tava incomodado não, era até bem bonito as cantorias deles. Logo parava também. Ele falava muito pouco de inglês, então não conseguimos descobrir muita coisa sobre ele, mas foi uma figura bem marcante. Fiquei curiosa, porque ele estava viajando sozinho pra um lugar tão longe, tão diferente da realidade dele, cadê a família dele? Enfim... outras pessoas legais eram os meninos de Taiwan e do Japão, eu não sei como escreve o nome deles só lembro da pronúncia então nem vou tentar escrever aqui. Eles eram muito gente boa, simpáticos, na deles. Eram super jovens, um tinha acabado de ser formar em engenharia elétrica e estava viajando antes de encontrar emprego em Taiwan, porque lá os empregos são muito diferentes do Brasil, e você não tem férias, muito menos remuneradas, se quiser sair, sai, mas é por sua conta e risco e vai levar falta. E o outro estava nas férias da faculdade de Economia ou Comércio como ele falou. No Japão também, segundo ele, é uma das poucas oportunidades que os jovens lá têm de viajar é quando estão na faculdade, porque quando começam a trabalhar, já era. Essa é uma das coisas mais legais de viajar, é conhecer essas outras realidades na pele, não só contadas pela TV. Fizeram uma piada com o senhorzinho, porque quando perguntaram da onde ele era, ele só respondia Coreia. Aí alguém falou: do Norte??? Ele riu balançando a cabeça, dizendo não, não, não, South!!! Pelo menos tem senso de humor.

Os americanos tinham uma atitude um tanto quanto arrogante, mas não vou generalizar, topamos com outros bem mais simpáticos pelo caminho. Acho que o problema era com os dois mesmo, eram irmãos, e se achavam bastante. Ela falava que era vegeteriana, aí o cozinheiro fez tipo uma pasta de berinjela pra ela no dia macarrão, aí ela foi de mão cheia no bolonhesa, eu querendo ajudar, achando que ela não tinha visto que era bolonhesa, falei: ali tem vegetariano, esse aqui tem carne; aí ela falou: tá ok, carne picada eu como. WTF??? Carne picada eu como? Como assim??? Eu não entendi foi nada. Ser vegetariana desse jeito eu consigo também. Pra quê fez o guia ficar se preocupando com comida pra ela a viagem inteira se ela é mais carnívora que o resto do grupo todo. Tudo bem que tinha outra menina da Finlândia que era vegetariana também, mas ao invés de fazer comida só pra uma ele ficava fazendo um monte, e a menina comia a comida normal. Fora que o americano pegou o saco de dormir do FH porque achou que estava sobrando, pra servir de travesseiro. Como ele achou que estava sobrando se todo mundo pagou o seu lá na hora do encontro na empresa antes de sair??? Quase que o senhor da Coreia fica sem saco de dormir, porque como ele não tava conseguindo explicar se tinha pedido ou não o saco de dormir, o guia já ia tomar o dele, quando o americano viu a confusão e falou que tinha pegado um a mais pra ser travesseiro. As meninas da Finlândia eram na dela, ficavam de boa o tempo todo, só não podia mexer com elas, nem fazer nada errado, que elas brigavam mesmo. Mas foi tranquilo. O grupo em si era legal, a gente não interagiu tanto, mas se tivéssemos tido mais tempo talvez teria sido melhor.

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Sétimo dia (14/03/19) – Fim do deserto

 

Chegou o último dia do passeio. Acordamos, tomamos café, preparado pelo Steve, muito bom como sempre e fomos desmontar a barraca. O Gabriel e o Steve desmontavam em 2 minutos, a gente levava uns 10 rsrs, mas desmontamos também. Guardamos tudo no caminhão, barracas, sacos de dormir, malas e fomos embora. Nesse dia o roteiro é só ir embora mesmo rsrs. A Wild Dogs garante café da manhã e almoço e os serviços acabam quando eles deixam a gente no hotel. Paramos pra almoçar na mesma árvore da ida, já dava pra imaginar que seria algo rápido então foi tipo sanduíche mesmo, nada muito elaborado, mas muito gostoso, sempre no capricho. Na volta paramos num lugar que eles chamam de “melhor torta de maça do mundo”, se fosse a nossa primeira viagem até dava pra cair nesse clichê de pega turista bobo, mas a gente experimentou a torta já que estávamos lá e tínhamos que esperar todo mundo de qualquer jeito. Normal, nada demais. Todo lugar que eles falarem que tem o melhor de tal coisa é motivo pra turista ir rsrs. Aí entramos no caminhão novamente, quando a gente tinha rodado uns 10 minutos o outro japonês que só andava com o Tailandes escandaloso bateu no vidro e disse que tinha esquecido a doleira com passaporte e dinheiro no banheiro do posto de gasolina (onde tem a melhor torta de maçã do mundo). Aí voltamos, ele pediu desculpa pra gente, até os escandalosos são educadinhos. Chegando lá o pessoal já tinha achado e ele conseguiu recuperar rapidamente, que sorte! Mas aí até o final da viagem, toda vez que alguém olhava pra ele tirava onda, porque essa duplinha era bem escandalosa, acho que eles são blogueiros, porque ficavam fazendo vários vídeos, encenando coisas e tentando ser engraçados o tempo todo, mas pra gente do grupo só estavam sendo irritantes mesmo. Aí ele ia fazer alguma gracinha e alguém falava: olha o passaporte, não esquece! Ele levou na brincadeira mas ficava um pouco sem graça. Até que o americano se irritou com eles e falou: Gente! Gente! Vocês são barulhentos demais, parem com isso, tá chato já. Ele falou no último dia de viagem, quando a gente já estava indo embora, então acho que ele segurou por bastante tempo, mas no final ele não aguentou e deu essa bronca neles na frente de todo mundo. Aí o japonês puxou um livro pra ler e o colega dele fingiu que tava dormindo. Aí fomos chegando, cada um foi deixado no seu hotel, e finalmente chegamos no nosso também, nos despedimos de quem ainda estava no caminhão e fim do passeio. Foi realmente muito bom, super aprovado e recomendado! Faço questão de recomendar essa empresa, porque no final da viagem, quando estávamos no Zimbábue a gente encontrou com um paulista que também tinha feito o passeio pelo deserto e odiado, falou que a empresa era horrível e a comida muito ruim. A gente achou que ele podia estar exagerando, mas ele disse que não foi só ele que reclamou, que todo mundo já estava tipo no limite com os serviços e a comida do cara. Então meio que estragou o passeio pra ele. Por isso, eu reforço que a nossa experiência foi muito boa, foi cara, mas compensou.

Ficamos no mesmo hotel da ida, inclusive no mesmo quarto. Terminamos o dia tomando umas savanas, na verdade eu tomava Savanna, o FH tomava cerveja porque ele disse que Savana era muito doce, e a Gabi beliscava uma Savanna mas ficava mais no suco e no refri.

No outro dia, pegaríamos o avião pra Cape Town, outro ponto alto da viagem. Todos eram, estava difícil de escolher. Lá em Cape Town, a gente ia encontrar com o LC, no aeroporto mesmo, que estava vindo do Brasil e ficar esses dias de Cape Town com a gente.

Observações: até aqui, a viagem estava perfeita! Tudo muito bom, tudo muito lindo. Até os perrengues do hotel já tinham virado piada. Mas, aguardem...

Sobre o clima do deserto: é seco! Muito seco! Se você mora em Brasília vai se identificar, mas se você mora em lugares úmido vai sofrer com certeza, até a gente sofreu. Logo no primeiro dia a gente não estava nem no deserto ainda, lá na capital Windhoek eu fui assoar no banheiro e já veio sangue junto. As cutículas das unhas tudo abrindo, a pele parecendo de jacaré, aquele peteco só. Mas em relação a calor, nessa época do ano que a gente foi, estava bem suportável. Faz um calor de dia e a noite faz frio, mas também não faz tanto frio, nada que o saco de dormir não conseguisse deixar a gente bem confortável. Então em relação ao clima, é um pouco difícil, mas você vai se acostumando. Engraçado em relação ao suor, você não sua né. Aliás você sua, mas eu acho que evapora tudo antes de molhar a camisa. Foi bem engraçado, a gente andava, subia as dunas, transpirava, sentia que estava transpirando, mas não ficava molhado, a roupa não fedia, não ficava suada. Foi ótimo na verdade rsrsrs. Só ficava suja de areia mesmo, areia pra todo canto, até no última dia da viagem a gente ainda achava areia na mala. Então é essa sensação, de suar e não ficar molhado. A gente fazia xixi no mato, em 1 minuto já tinha desaparecido qualquer rastro de líquido que tinha caído ali. Em relação a temperatura, como eu falei, nessa época do ano - março, foi tranquilo, quente, mas suportável. O guia falou de algumas épocas que tem muita tempestade de areia e atrapalha a visibilidade e do inverno que fica bem frio a noite. Com chuva acho que você não precisa se preocupar rsrs.

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Oitavo dia (15/03/19) - Cape Town at last

 

Deixando a Namíbia, acabou o passeio pelo deserto, foi maravilhoso. Compramos a passagem de volta para África de Sul pela South African Airways que também serviu comida num vôo de 2h, chupa de novo Latam.

Quando chegamos no aeroporto de Cape Town o LC já estava esperando a gente, ele tinha chegado algumas horas antes já do Brasil e estava virado, mas não compensa ele ir sozinho pro hotel e ficar esperando a gente lá. Então ficou mais virado ainda e esperou a gente chegar no aeroporto mesmo. Tudo certo, nos encontramos. Ele comprou o chip daquela empresa MTN por ZAR 149 e a gente já tinha o nosso da Vodafone. Pedimos um Uber e fomos para o hostel, o 91 Loop que ficava no centro da cidade. Na verdade, a gente tinha escolhido outro, o never@home porque era mais próximo do WaterFront, mas com um mês antes ele já não tinha mais quartos com 4 camas disponíveis. Então fica ligado, Cape Town se tornou um destino muito procurado, não só por brasileiros, mas pelo mundo todo e está bastante badalado. Não deixe para reservar seus passeios e hotéis de última hora. Outra coisa foi o dinheiro, a gente ainda tinha muitos rands da troca em Joanesburgo, e resolvemos arriscar e deixar pra trocar com o doleiro na cidade depois.

Chegamos no hostel, deixamos as malas e partimos para o waterfront para passar o fim de tarde e jantar. Em Cape Town, andamos bem mais, sem medo. Eståvamos em quatro pessoas também, só isso já dá uma sensação de segurança, fizemos esse trajeto do albergue para waterfront várias vezes durante a viagem e foi super tranquilo. Andamos ali pelo centro também, na área do albergue, mesmo o pessoal falando pra ter cuidado, é uma cidade que inspira mais segurança. Uma cidade linda por sinal, tem montanha, tem mar, tem ótimos restaurantes, muitas opções e tudo barato. Principalmente a comida, é muito barata. Comemos muito bem todos os dias e um prato completo em um restaurante de respeito ficava por R$ 30.

Foi nessa que escolhemos nosso primeiro restaurante, aí que as coisas começaram a desandar.

Em Brasília, tem uma área num grande hospital da cidade que chama Sala do Viajante e eles explicam os cuidados que você que tem tomar de acordo com o país. O FH foi lá e o médico falou pra ele: vocês vão pra África? Então passem muito protetor solar, passem muito repelente com Icaridina acima de 25, 30%, não bebam água da torneira e não comam nada cru.

Voltando a Cape Town, eu esqueci todas essas recomendações e só via o restaurante chique num clima super agradável do waterfront e pedi um Tartar com caviar, pensei: é hoje que eu vou comer caviar pela primeira vez na vida. Hum que delícia, tinha até um ovo “levemente” cozido segundo tava escrito no cardápio, eu não ia comer o ovo, mas não sei o que me deu, e resolvi comer. Tava tudo ótimo, foi super barato, a minha parte da conta deve ter dado uns 40 reais com Savannas e tudo mais. Tudo ótimo, fomos pro hostel e no dia seguinte já era dia de alugar um carro e ir até o Cabo da Boa Esperança e Boulders Beach, a praia dos golfinhos.

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Nono dia (16/03/19) - Cabo da Boa Esperança

 

Passamos da metade da viagem. Acordamos cedo, tomamos café, já tive um chamado da natureza (como gosto de chamar o número 2). Fomos buscar o carro na locadora, Europcar, que foi a que tinha o preço mais em conta e tinha uma loja bem próxima do Hostel, dava pra ir andando. Nesse primeiro dia, alugamos um Nissan Almera automático. O LC que ia dirigir. Em termos de espaço interno o carro era ótimo, mas ele achou o carro um pouco fraco. A mão direita é esquisita, ainda bem que era ele que tava dirigindo, tem que prestar muita atenção o tempo todo pra não ir pra contra mão e fazer as curvas pro lado certo. Usamos o GPS do celular, a Gabi era a copilota, outra vez, ainda bem que não era eu, sou péssima nessas coisas. A Gabi consegue ler os mapas e saber as direções muito bem e o LC ama carros e dirigir, então deu tudo certo. Aí partimos rumo ao Cabo da Boa Esperança. Só o caminho já merece várias paradas, é lindo demais, você vai subindo a serra e tendo uma vista cada vez mais linda da cidade, a estrada é costeira então tem o mar de fundo o tempo todo, vale muito a pena. Tem um passeio com aquele ônibus vermelho que vai para o Cabo da Boa Esperança, mas se você tiver como alugar um carro pra poder ir parando e aproveitando essas vistas não vai se arrepender. Claro que seria melhor fazer isso num dia ensolarado né, mas em Cape Town ensolarado não é sinônimo de visibilidade, então tem que estar ensolarado e dar um pouco de sorte também. Como a cidade é cercada por montanhas às vezes as nuvens ficam “presas” nessas montanhas e atrapalham as vistas, então às vezes mesmo com sol vai ter uma nuvem bem no meio da paisagem que você tá tentando ver rsrs, paciência, depois de 30 minutos pode ser que esteja tudo limpo de novo.

Ficamos tão empolgados com a paisagem e o dia lindo que íamos parando em todo lugar bonito que tinha, óbvio que eram muitos. Quando a gente viu já era umas 13h e ainda faltava metade do caminho para o Cabo da Boa Esperança, na volta ainda queríamos passar na praia dos pinguins. Aceleramos o passo e não paramos mais, mas paramos pra almoçar. Ali eu já comecei a me sentir meio estranha, mas normal ainda, de boa. Mais um chamado da natureza, já mole, mas tudo certo.

Comemos e fomos pro Cabo finalmente. Chegando lá, a gente viu que era um parque, a gente não sabia disso. E tudo que começar com Parque Nacional na África do Sul pode saber que você vai ter que pagar pra entrar. Ok, fomos pra portaria e vimos que o preço é a bagatela de ZAR300 por pessoa, R$100?????? A gente ficou de cara, não sabíamos mesmo desse valor, não tínhamos lido em lugar nenhum antes e não estávamos preparados. Mas o fato de ter alugado um carro só pra isso e ter vindo de tão longe só pra isso fez a gente pagar. Já era 3h da tarde e o parque fechava às 5h isso deixou a gente mais indignado ainda rsrs, mas fazer o quê, tá na chuva é pra se molhar. Pior que a entrada do parque é num lugar alto, a visibilidade estava ótima lá de cima, vistas lindas. Mas, chegando no lugar onde fica o marco mesmo, estava péssimo, completamente nublado. Ficamos por ali, disputando lugar com centenas de turistas pra tirar uma foto na placa, mas o bom do parque mesmo é ele inteiro, então quando você for reserve mais tempo, não chegue lá em cima da hora como a gente rsrs. Porque existem vistas maravilhosas de vários locais do parque, que é gigante, existem locais de observação de baleias, deve ser muito legal ver as baleias. Então a dica é, separe bastante tempo para o Cabo da Boa Esperança, chegue lá pela manhã, aproveite e faça valer cada centavo do preço de ingresso no parque. Não é a que a nossa visita não valeu, mas poderia ter sido bem melhor aproveitada. Mas mesmo assim, vimos lugares de tirar o fôlego. Como ainda queríamos ir na praia dos pinguins antes de escurecer, demos no pé. Sorte que nessa época do ano (março) só escurece lá pras 19h. Conseguimos chegar com bastante sol ainda na praia e estava cheia de pinguins. Novamente tem um lugar lá que chama Parque Nacional de alguma coisa, mas pra nossa sorte ou azar já estava fechado. Tinha uma catraca lá no caminho pra entrar numa praia específica, mas ela estava aberta. Entramos, tinha um guardinha mas ele não expulsou a gente, então imaginamos que era ok entrar naquela hora. Ficamos lá, tinha muitos pinguins, eles passam do nosso lado. Foi bem legal, deu pra tirar várias fotos e tentar fazer vídeos engraçådos imitando eles, mas não saiu nada engraçado.

Foi escurecendo e começamos nosso caminho de volta. Paramos no waterfront para jantar, pedi um Surf and Turf e o garçom avisou que às 22h a luz ia acabar, a gente até poderia ficar por lá depois das 22h mas a cozinha só ia funcionar até essa hora então era bom fazer o pedido logo. Fizemos o pedido a tempo e a nossa comida chegou, deliciosa e barata pra variar. Parece que Cape Town está passando por uma crise de água muito grande, em alguns lugares tem um cartaz no banheiro pedindo pra só você dar descarga se for o número 2, e se for xixi deixar acumular alguns antes de dar descarga. Mas, especificamente esses apagões que estavam tendo na cidade, um dos uber que a gente pegou disse que foi por causa do Ciclone Idai que devastou Moçambique, porque a represa que abastece a África do Sul parece que fica lá, não procurei na internet a validade dessa informação, então não vou afirmar aqui que é isso mesmo, só uma teoria.

Lá no Waterfront tem um estacionamento subterrâneo pago que você pode deixar o carro. Não achamos outro estacionamento pelo GPS então colocamos nesse mesmo, mas é barato, menos de R$3 por 2h. Terminamos de jantar e fomos pro hostel, lá a gente não sabia onde poderia deixar o carro, como que funciona o estacionamento por lá. Aí perguntamos na recepção do hostel e ele falou que a gente poderia deixar lá na porta, só dar uma gorjeta pro segurança do hostel que ele ia vigiar pra gente, que maravilha!!!

Mas o estacionamento funciona mais ou menos assim: tem parquímetros e tem tipo uns seguranças com colete laranja por quase todas as ruas da cidade durante o horário comercial, você paga pra eles. Mas durante a noite e nos finais de semana o carro pode ficar estacionado nessas vagas rente ao meio fio sem pagar.

Antes de dormir, mais um chamado da natureza, mole também.

No outro dia, era Garden Route, dois dias pela Rota dos Jardins, num carrão conversível. A gente ia deixar o Nissan e pegar um Mini Cooper conversível pra viajar com estilo né, dividindo por 4 pessoas fica tudo mais fácil.

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