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Fala, galera!

Estive, juntamente com minha esposa, em férias no Peru e Bolívia no último mês de julho de 2010, onde passei cerca de 15 dias entre os dois países, e agora trago este pequeno relato que, se não é inédito e não traz novidades significativas, ao menos serve de mais uma fonte de informações atualizadas para quem está indo por estes tempos.

Por isso que eu chamei o roteiro de “mais do mesmo”, pois a dobradinha Peru/Bolívia é o que mais se vê por aqui nos Mochileiros em se tratando de América do Sul. Mas como sempre tem alguém que está em busca de informações ou faz um roteiro mais ou menos próximo ao que eu fiz, não custa nada ajudar, não é mesmo??? Rsrs

Infelizmente, devido a vários imprevistos, não pude terminar o relato logo depois da viagem... Também não quis ir escrevendo e postando aos poucos aqui no site, como muitos fazem (e alguns até esquecem de terminá-los). Por isso, ainda que com certo atraso, preferi escrevê-lo e publicá-lo de uma só vez.

 

Antes de começar, quero deixar um alerta: o relato está muito grande. Está gigante. Mas eu sou muito detalhista e tenho um péssimo poder de síntese, então o que me vinha à cabeça eu ia escrevendo. Terminou saindo quase que uma monografia. Muito do meu texto tem mais que um simples relato e descrições, vocês vão ver que tem muita opinião e minha visão de coisas que vi e vivi por lá. Peço desculpas, desde já, se porventura o mesmo se tornar enfadonho e cansativo.

 

Bom, pra começar, meu roteiro planejado seria o seguinte:

 

Dia 10: Chegada a Lima ao meio dia, ir p/ hostel, tarde livre (passeio em Miraflores, Larcomar, etc)

Dia 11: Lima, passeio “full-day” no Mirabus até Callao (fortaleza Real Felipe, Museu da Marinha, etc)

Dia 12: Lima, passeio pelo centro, sítios arqueológicos, compras, Circuito das Águas à noite

Dia 13: Viagem Lima-Cuzco pela manhã (chegada +/- 11:00h – 12:00h em Cuzco), city-tour em Cuzco à tarde

Dia 14: Vale Sagrado, finalizo em Ollantaytambo e, de lá, pego o trem p/ Águas Calientes à noite (pernoitar em AC).

Dia 15: Machu Picchu de manhã bem cedo, passo o dia lá, retorno a Ollanta à tarde/noite (saindo de AC umas 17:00h +/-)

Dia 16: Dia livre em Cusco (ruas, praças, museus, etc)

Dia 17: Mais uma dia livre em Cuzco e viagem p/ Puno à noite (+/- 8 horas de viagem)

Dia 18: Chegada em Puno pela manhã, passeio Islas de Uros, saída p/ Copacabana (+- 13:00h)

Dia 19: Copacabana (passeio Isla del Sol) e pernoita em Copacabana

Dia 20: Chegada em La Paz +- 12:00h, resto do dia livre

Dia 21: Tiwanaco e resto do dia livre

Dia 22: Chacaltaya e Vale de La Luna e resto do dia livre

Dia 23: Dia livre em La Paz e viagem à noite de ônibus p/ Uyuni (saindo 21:00h)

Dia 24: Tour de um dia ao Salar e retorno à noite deste mesmo dia

Dia 25: Mais um dia livre em La Paz

Dia 26: Retorno ao Brasil (vôo sai 02:30h da manhã de La Paz)

 

Fiz quase tudo conforme o planejado, salvo alguns ajustes de horários (coisa normal, quando se depende dos transportes de ônibus, em especial na Bolívia) e exceto pela parte do tour de 1 dia ao Salar, que inicialmente foi planejado para um dia antes do que realmente aconteceu. Fora isso, nenhum ponto fora da curva!!! Hehehe

Talvez a única diferença entre os inúmeros roteiros Peru/Bolívia aqui do fórum seja o fato de eu ter começado por Lima e terminado em La Paz (a grande maioria começa por Sta Cruz e/ou La Paz e nem vai a Lima) e também pelo fato de ter feito um passeio de apenas um dia ao Salar (não tinha tempo de fazer o de 3). Fora isso, nada além dos já manjados Cusco - Machu Picchu – Puno – Copacabana – bla bla bla.

 

Planejamento:

Comecei o planejamento dessa viagem cerca de um ano antes, assim que retornei do Uruguai, nas minhas férias anteriores. Inicialmente, minha viagem se restringiria apenas ao Peru, sendo somente Lima – Cusco/Machu Picchu – Lima, coisa de não mais que 7 ou 8 dias. Foi aí que eu descobri o “Mochileiros” e comecei a ler os relatos, fóruns dos países, etc. Aí comecei a pensar: “Puxa, já que estarei em Cusco, porque não ir também a Puno?”, e depois “Ah, já que vou a Puno, dá pra dar um pulinho em Copacabana, é pertinho...”, daí para “Ah, já estou em Copacabana, porque não ir a La Paz?”... hehehe, e foi assim que o roteiro foi tomando corpo e chegou à sua forma final, tudo na base do “puxadinho”... hehehe.

Enfim, 90% do meu roteiro e planejamento foi formado com base nas informações colhidas daqui do fórum, e o restante complementei com o famoso “Guia criativo para o viajante independente na América do Sul”.

No que se refere ao Mochileiros, me baseei bastante nos relatos da Gabriela Tálamo (la-paz-copacabana-arequipa-cusco-mp-19-dias-abril-2010-t43295.html ), do Lico ( peru-bolivia-e-chile-em-setembro-de-2009-diario-de-bordo-t38309.html ), da Samantha (a “samanthavas”, mochilao-truta-bolivia-peru-e-chile-em-25-dias-t35851.html) e do Fivetech (18-dias-peru-e-bolivia-03-03-2010-a-21-03-2010-com-fotos-t42698.html ), que considero, na minha opinião, bem completos e detalhados sobre estes dois países... fui pegando um pouquinho de informação e dicas de cada relato e adaptando ao meu roteiro. Aliás, aproveito a oportunidade para agradecer aos respectivos autores pelos belos relatos e, em especial, à Gabriela, que me ajudou muito desde meu esboço de roteiro até a uma consultoria personalizada via e-mail. Brigadão, Gabi!

 

 

Ainda no Brasil

Tendo fechado o roteiro e as datas, o próximo passo seriam as passagens. Como já fiz em viagens anteriores, utilizei milhas da TAM, minhas e de terceiros, para comprar as passagens. Das 40.000 milhas necessárias para a viagem, utilizei 10.000 da minha própria milhagem e 30.000 de um amigo, que comprei pela bagatela de R$ 1.000,00. Como moro em Salvador, e não temos vôos diretos de/para Lima ou La Paz, os trechos domésticos (Salvador-SP e vice-versa) terminariam por onerar um pouco o valor da passagem, caso eu fosse comprar as passagens pelas vias normais, por isso foi mais vantajoso usar este artifício. Eu comprei com um amigo, por isso o valor baixo, mas geralmente (ao menos aqui em minha cidade, Salvador) o pessoal vende cada trecho (10.000 milhas) por cerca de 400 ou 450 reais (isso sem contar as taxas, que é por conta do comprador). Pra quem mora aqui pelos lados do Nordeste, talvez valha a pena, mas é sempre bom pesquisar. Outra coisa: se vc tentar fazer o resgate dos pontos emitindo os bilhetes via site da TAM, não é permitido comprar a ida por uma cidade e a volta por outra, vc só pode emitir ida e volta pela mesma cidade. Mas basta você ligar pra TAM (4002-5700 – capitais e 0800 570 5700 - outro local) que eles emitem ida e volta separadas na boa.

Outra coisa que tem que ver com antecedência, para os que vão voar de Lima pra Cusco e/ou vice-versa, é a passagem deste trecho interno. Na minha fase de pesquisas, a companhia aérea mais barata vinha sendo a Star Peru (http://www.starperu.com/ ); Taca e Lan estavam bem mais caras, mesmo consultando 3 ou 4 meses antes. Só que como tenho aquela velha mania de brasileiro de deixar tudo pra última hora, quando finalmente fui comprar a passagem não tinha mais disponível o vôo mais barato. Bateu um leve desespero, mas logo lembrei que alguém aqui no fórum (não lembro quem) tinha falado de uma companhia nova que tá voando lá no Peru, que é a Peruvian Airlines ( http://www.peruvianairlines.pe )...entrei no site deles e comprei a passagem a US$ 99 + taxas só a ida. Atenção: se vc usa cartão Visa, lembre-se que eles (tanto a Star Peru quanto a Peruvian) só aceitam pagamento via cartão se ele for “Verified by Visa”, o meu não era e, por isso, não pude concluir a compra, mas de posse do código de reserva eu paguei quando cheguei em Lima, ainda no aeroporto. Falarei com mais detalhes mais adiante, durante o relato.

E, por fim, o mais importante, em especial pra quem vai a Machu Picchu: comprem as passagens do trem ainda no Brasil, via internet, com antecedência! Não fiquem à mercê dos preços das agências quando chegar em Cusco. Compre pela internet mesmo e pague no cartão de crédito. Basta entrar no site da Perurail (http://www.perurail.com/en/ ), escolher as datas, trechos, tipo de trem e ser feliz! Sem contar que eles não tem esta besteira de “Verified by Visa”, é só comprar, imprimir os tickets e pronto! Boa viagem! Hehehe

Quanto a hotéis, reservamos ainda aqui no Brasil as hospedagens em Lima, Cusco, Copacabana e La Paz (falarei sobre os hotéis no decorrer do relato).

Ah, já ia esquecendo: carteira internacional de vacinação. Tanto a Bolívia quanto o Peru exigem (ao menos teoricamente) a vacinação contra a febre amarela para entrar no país. Mas em nenhum momento, durante os 15 dias de viagem, nos foi exigida a apresentação da carteira, nem entrando no Peru e nem entrando na Bolívia. Serviu apenas para ocupar espaço na mochila. Mas como é lei, vamos respeitar, não é mesmo?? Ainda mais que é de graça, então, sem grilo. Basta você tomar a vacina contra febre amarela em qualquer posto de vacinação (isso se vc já não tiver sido imunizado há menos de 10 anos) e, de posse da carteirinha de vacinação, ir em algum posto da ANVISA (geralmente tem nos próprios aeroportos) pra emissão do certificado internacional. Leva só alguns minutos e, como já disse, sem custo.

E pra quem é estudante, é imprescindível a carteirinha internacional de estudante da Isic. Tiramos antes da viagem, pagamos R$ 40 em cada uma e valeu muito a pena, ela se pagou logo nos primeiros dias de viagem. Em especial no Peru, muita coisa tem desconto para estudantes... até mesmo o hostel em que ficamos em Lima dava 10% de desconto pra quem tivesse a carteirinha.

Não levei roupa para os 15 dias. Levei o suficiente para, no máximo, 1 semana, e ia lavando pelo caminho. Todos os hotéis em que fiquei disponibilizavam o serviço de lavanderia que, em geral, era barato (cerca de 3 a 5 soles no Peru – uns 2 reais – ou 6 a 7 bolivianos na Bolívia – menos de 2 reais – por quilo de roupa). Em duas semanas lavei roupas 2 vezes.

Quanto a dinheiro: levei US$ 1500,00 em espécie para os 15 dias (lembrando que éramos 2 pessoas, eu+esposa) e ainda voltei com US$ 230 na mão. O que dava pra colocar no cartão eu ia colocando. Ainda não fiz um balanço geral de gastos, mas em média 70% do que gastei com a viagem propriamente dita (comida, água, passeios, transportes, etc) eu paguei em cash, naqueles US$ 1500 que levei. Daí vocês tiram uma base. Em Lima e Cusco, cartão de crédito é até bem aceito e vc não terá problemas. Já na Bolívia é mais complicado. E, obviamente, se for levar cartão de crédito (nem preciso dizer que é internacional, né?) não esquecer de desbloquear a função de uso no exterior antes de viajar. No caso do BB, banco que sou cliente, essa operação pode ser feita no próprio caixa eletrônico.

 

Enfim, vamos ao relato.

 

Dia 1, 10/07: Chegada a Lima

Nosso vôo saiu de Salvador às 00:40h do dia 10 de julho, um sábado. Devido à nossa bem organizada malha aérea brasileira, ainda tivemos que fazer conexão em Aracaju(!) pra depois ir pra São Paulo (o problema de se fazer tantas conexões é que o risco de ter sua bagagem perdida/danificada/extraviada cresce proporcionalmente ao número delas). O vôo para Lima saiu de Guarulhos às 8:25h, praticamente sem atrasos e chegamos à capital peruana por volta do meio-dia, horário local, lembrando que Lima está 2 horas atrasada em relação à hora de Brasília. O vôo em si durou umas 5 horas e meia e foi tranqüilo. Desembarcamos, fizemos os trâmites de imigração sem embaraços (não nos pediram a carteirinha internacional de vacinação contra febre amarela), demos uma passada rápida no free-shop (preços semelhantes aos de SP) e logo estávamos no saguão do aeroporto. Antes disso, fiz o primeiro câmbio, ainda dentro da área de desembarque. Tem um pequeno guichê próximo dos raios-X das malas. A cotação até que não estava muito ruim, mas troque apenas o suficiente para um táxi. Troquei só US$ 30 a 2,75 soles (em todo o resto da viagem sempre troquei a 2,80 soles) e não adianta procurar outras casas de câmbio no aeroporto, o preço é o mesmo, segundo informações dos próprios funcionários do aeroporto. Saindo do desembarque, a primeira coisa que eu fiz foi me dirigir ao balcão da Peruvian Airlines pra pagar a passagem que tinha comprado pela internet do trecho Lima-Cusco para 3 dias depois. Como já tinha relatado, comprei pelo site da empresa, porém não pude concluir o pagamento porque meu cartão Visa não era “Verified by Visa”, que é uma certificação de segurança da própria Visa para compras via net. Quando fiz a compra pela primeira vez no site, alguns dias antes da viagem, peguei o código da reserva e mandei um e-mail pra eles perguntando se poderia pagar quando chegasse a Lima... eles responderam que a reserva tem um prazo de até 6 horas para ser paga, depois disso ela é automaticamente cancelada. Como só iria viajar alguns dias depois, não teria como garantir a passagem. Fiz uma última tentativa, efetuei uma nova compra na véspera da viagem a Lima (umas 12 a 14 horas antes do desembarque previsto) e quando cheguei fui diretamente no balcão deles e, por sorte, a reserva ainda estava ativa. Paguei com cartão de crédito e ficou tudo certo.

Próximo passo: táxi! Ainda no saguão de desembarque, algumas pessoas começam a lhe assediar oferecendo táxi, mas como já tinha lido os relatos por aqui, saí pra parte externa do terminal do aeroporto pra negociar com os motoristas lá fora (fora do terminal, mas ainda dentro da área do aeroporto). Vi relatos de pessoas que conseguiram táxi por até 25 soles, mas gastei meu portunhol e não consegui esse preço. Teve motorista pedindo até 60 soles(!) pelo trajeto até Miraflores, preço exorbitante. A média de preço que vi lá foi de 40 soles, com alguma negociação consegue-se 35. Foi o preço que paguei e achei justo. O táxi era novo e o motorista era autorizado pelo aeroporto, tinha crachá, identificação completa dentro do carro, etc. Tá, isso não quer dizer nada, mas passa mais segurança. Do lado de fora do aeroporto, na avenida principal, certamente consegue-se uns 10 soles menos, mas acho que não vale o risco. Então, chegando a Lima, saibam que, no máximo, 35 soles até Miraflores está de bom tamanho. Em pouco tempo chegávamos no hostel, que já havíamos reservado previamente no Brasil: o Pirwa Backpackers. Fica na Calle Coronel Inclan, a menos de 10 minutos a pé da Praça Kennedy, que é o “centro” de Miraflores. Pagamos US$ 24 por um quarto matrimonial com banheiro privativo. Se vc tiver a carteirinha de estudante da ISIC, vc tem um desconto de 10% no valor total a ser pago. O pagamento pode ser feito com cartão de crédito (com acréscimo de 6%). O hostel é simples, mas gostamos dele. É limpo, tem água quente o dia todo e tem internet wifi nos quartos, além de dois computadores na sala. Café da manhã também simples, mas suficiente: pão, manteiga, geléia, café, leite, chá e suco. Fica numa rua bem tranqüila, tipicamente residencial (tem até uma escolinha infantil em frente), pertinho do sítio arqueológico de Huaca Pucllana. O site do Pirwa de Lima é http://www.pirwahostelscusco.com/hostels-lima-peru.html , e lá vc encontra links pra outras unidades da rede (tem mais uma unidade em Lima, 4 em Cusco, 1 em Águas Calientes, 1 em Puno e 1 em Nazca). Outro detalhe interessante: hospedando-se no Pirwa de Lima, vc também tem direito a 10% de desconto na primeira diária caso se hospede em outro Pirwa em Cusco. Fica a dica (o desconto é só na primeira noite, mas eu dei um migué e terminei pagando em todas as noites que fiquei em Cusco... rsrs. Falo mais adiante).

Bom, tendo chegado ao hostel e deixado as bagagens, já era de tarde e saímos pra andar e reconhecer o terreno. Fazia sol no dia (coisa rara em se tratando de Lima, que só vive nublada) e fomos andando até a Praça Kennedy. Aproveitamos, primeiro, para trocar mais dinheiro. Tem uma casa de câmbio grande, na Av. José Pardo, perto da mega loja da Saga Falabella (que fica no “óvalo” de Miraflores que é uma rotatória na Praça Kennedy). Trocamos a 2,80 soles. Demos uma volta na praça, tiramos algumas fotos e de lá fomos andando para o shopping Larcomar (mais uns 10 minutos de caminhada). Este talvez seja o shopping mais badalado da cidade, e o interessante dele é que foi construído de frente pro pacífico, praticamente encravado num paredão. É bem interessante e dá umas fotos legais. Comemos no Bembos, rede peruana de fast-food concorrente do McDonalds (tipo um Bob´s nosso). Pegamos um combo (sanduíche + batatas fritas + refrigerante) por 16 soles e experimentamos pela primeira vez a Inca Kola... hehehe. Aproveitamos pra pegar uns mapas num quiosque de informações turísticas que fica dentro do shopping e saímos andando pelos arredores do shopping. Fomos caminhando até o Parque do Amor, e ficamos vendo o pessoal voando de parapente e apreciando o por do sol. Depois, voltamos andando pro hostel. Aí foi banho e cama. Fim do extenuante primeiro dia!

 

Dia 2, 11/07 – Lima

Era um domingo, dia que tínhamos programado para deixar mais livre, flexível, para fazermos o que desse na telha na hora. Na fase de planejamentos, descobri que Lima tem um sistema de ônibus turísticos de “sightseeing”, aqueles de dois andares e abertos em cima, que fazem tours e são bastante conhecidos em várias cidades do mundo. O de Lima é o Mirabus ( http://www.mirabusperu.com/home.htm - clique em “Tours” pra conhecer os roteiros). A princípio, tínhamos programado fazer o tour “Lima de Noche y Circuito Mágico del Água”, pra conhecer o centro histórico da cidade à noite e, principalmente, o Circuito Mágico das Águas, que é um parque com vários chafarizes e fontes que dão um espetáculo de luzes... só que o parque estava fechado para manutenção e só iria reabrir na sexta-feira seguinte. Já que não seria possível fazer esse tour, optei pelo “Full Day Puerto de Callao”, que é um passeio que dura o dia todo e só ocorre aos domingos.

O ônibus sai da Praça Kennedy e vai para a municipalidade de Callao, que é vizinha a Lima e é onde fica o porto, aeroporto, etc. Primeiro visita-se um forte, chamado “Real Felipe” (que hoje é uma espécie de quartel do exército peruano), depois almoçamos no Centro Naval do Peru (almoço – muito bom, por sinal – incluso no valor), depois vamos visitar o museu naval e por fim visitamos o submarino Abtao, da Marinha Peruana. Eu, particularmente, gosto muito desses tipos de passeios ligados a temas militares e históricos, por isso o passeio foi válido e recomendo. O passeio custa 80 soles (relembrando, com almoço e entradas das atrações inclusas) e termina por volta das 17:30h, quando o ônibus lhe deixa de novo na Praça Kennedy. Aproveitamos pra voltar pro Pirwa (passando antes na megaloja Saga Falabella que tem na praça), tomamos banho e fomos tirar um cochilo. Isso era por volta das 18:00/:19:00h. Nosso plano era tirar uma pestana de 1 hora, no máximo, e depois ir jantar na famosa Calle de las Pizzas, que é uma ruazinha simpática cheia de restaurantes legais. Quem disse que conseguimos acordar? Hehehe Dormimos direto, e sem jantar.

 

Dia 3, 12/07 – Lima

Esse foi o dia que escolhemos pra conhecer o centro de Lima. Acordamos cedo, tomamos café e fomos pra o centro de Miraflores, em frente à loja da Saga Falabella (essa loja é um ótimo referencial para tudo, em se tratando de Miraflores). Aproveitamos para cambiar mais dinheiro (conseguimos uma taxa melhor que no primeiro dia: 2,805 soles! Hahaha) e fomos tomar um táxi. Como todos aqui já devem saber (pelo menos os que pesquisam bastante), táxis no Peru e Bolívia não tem taxímetros, e a corrida deve ser acertada previamente. Não caia na asneira de entrar logo no táxi e só deixar pra perguntar “quanto é” no fim da corrida. Acertamos 15 soles de Miraflores até a Plaza de Armas, bem no centrão de Lima. Dada a distância percorrida, achei até barato. Então, já sabem: exceto em corridas de e para o aeroporto, não paguem mais que 15 soles em nenhuma corrida de táxi. Chegamos lá e fomos para a praça tirar fotos. Nos arredores da praça tem muitas atrações, a maioria delas composta principalmente de museus e igrejas. Vale a pena consultar um guia ou um mapa pra dar uma olhada e se orientar. Obviamente vc não é obrigado a ir em todas as atrações, faz como eu sempre faço: dá uma olhada no que interessa e o resto passa batido.

A praça é bem agradável, tem o Palácio do Governo peruano, uma catedral e a “municipalidad” de Lima, que é a prefeitura da cidade. Gostei bastante da arquitetura dos prédios da praça (quase todos pintados de amarelo) e seus “balcones” (varandas) de madeira. Achei a área bem segura, até porque é onde fica a sede do governo. A praça em si não tem muitos atrativos além dos já citados, então seguimos para o próximo ponto de visitação: a igreja de San Francisco e suas famosas catacumbas. Basta vc pegar a Calle Junin (a que passa exatamente na frente do Palácio do Governo e andar uma quadra e virar à direita... no fim desta rua estará à igreja, numa esquina. Paga-se 15 soles para a visita guiada (que vc escolhe em inglês ou espanhol), com direito a meia-entrada (mediante carteira). O tour passa na igreja propriamente dita, e dependências internas (incluindo uma biblioteca antiquíssima), até finalmente descer às catacumbas. Essas catacumbas são meio mórbidas, o que mais se vê por lá são ossos e caveiras... rsrs, pois o local funcionou como cemitério por cerca de 300 anos. Levamos cerca de uma hora e pouco visitando a igreja, com calma e parando para fotos (só lembrando que é proibido fotografar e filmar as dependências internas da igreja e catacumbas, mas a gente sempre dá um jeitinho... hehehe). Saímos daí e fomos para o Museu da Inquisição, que é pertinho, na Plaza Sucre. No local, funcionou durante muitos o senado peruano e dentro tem uns bonecos e artefatos que mostram como eram feitas as torturas aos que eram condenados pela inquisição. Este museu é gratuito e não se perde mais que uma hora nele. Saímos do museu e demos por encerrada nossa visitação ao centro histórico de Lima. Visitamos a apenas a Plaza, propriamente dita, a Igreja de San Francisco e o Museu da Inquisição, que julgamos ser os mais interessantes. Mas é como eu disse: no centro de Lima tem várias coisas pra se ver (museus, igrejas, etc), vale a pena consultar antes um guia ou mapa e ver o que tem por lá que você considere legal e que valha a pena visitar. Gastamos uma manhã no centro, por volta do meio dia estávamos liberados. O centro de Lima tem uns restaurantes legais, mas decidimos não almoçar por lá. Aproveitei pra ver umas lojas de material esportivo na Avenida Abancay (avenida principal próximo ao Museu da Inquisição), pois sou colecionador de camisas de futebol e aproveitei pra comprar camisas de times peruanos e da seleção deles (caso alguém também goste, só nessa avenida tem umas 4 lojas da Walon, que é a marca que fabrica as camisas da seleção e de muitos times de lá).

Tomamos um táxi por ali mesmo e pedimos pra ir ao Estádio Nacional de Lima, pois como gosto de futebol, sempre visito estádios em minhas viagens. O problema é que o estádio estava fechado pra reformas, então, nada feito. Nem descemos do taxi, e pedimos pra rumar de volta a Miraflores, onde iríamos visitar o sítio arqueológico de Huaca Pucllana.

Este sítio arqueológico e de uma cultura pré-inca e o legal é que fica encravada bem dentro de Miraflores. Paga-se 10 soles a entrada (sem direito a meia, pois quando eu fui estavam com preço único) e a visita é guiada, com horários definidos. Antes da visita propriamente dita, almoçamos num restaurante italiano que fica pertinho da entrada do sítio (que, diga-se de passagem, fica numa rua bem tranqüila, transversal à Av. José Pardo). O nome do restaurante é Bodega de La Trattoria. Foi a refeição mais cara que fizemos nos 15 dias de viagem, mas nos demos a esse luxo ao menos uma vez. Custou cerca de 102 soles (no meu extrato do cartão veio R$ 63, alto até mesmo para os nossos padrões). Terminado o almoço, entramos em Huaca Pucllana para o tour. Atenção: se você for em dias úteis, em especial à tarde, é capaz de ter grupos de estudantes primários de escolas de Lima, e como são muitos, são divididos em grupos que ocupam muitos guias (e terminam sobrando poucos ou nenhum para os turistas). Como eu não estava disposto a esperar, aceitei me juntar às crianças e fazer a visita junto a elas. E entramos no clima da turminha, na hora que o guia pedia pra fazer filas de meninos e meninas, eu e minha esposa entrávamos nas filas também, foi divertido. E, é óbvio, viramos atração entre as crianças. Não vou contar detalhes arqueológicos e históricos do local (que, inclusive, ainda está sendo explorado por arqueólogos), mas vale muito à pena o passeio.

Terminado o passeio, voltamos pro centrinho de Miraflores e fomos comer no KFC que tem na praça Kennedy, e depois voltamos ao hostel, pois tínhamos que arrumar as malas para no dia seguinte voarmos para Cusco.

 

Dia 4, 13/07 – Saída de Lima e chegada a Cusco

Fizemos o check-out no Pirwa e rumamos para o aeroporto. A primeira dificuldade foi conseguir um táxi, paramos vários na frente do hostel e quando dizíamos que era para o aeroporto, simplesmente recusavam e iam embora!! Estranho, não? Até porque corridas para aeroportos nas grandes cidades são caras e, conseqüentemente, rentáveis para os motoristas. Mas lá não... a menina do hotel (que me ajudou a encontrar um) disse que é em razão da distância do aeroporto... como fica longe, e geralmente eles tem que voltar vazios, então não é interessante pra eles. Bom, conseguimos um, negociamos a 35 soles (mesmo valor que pagamos na chegada) e lá fomos nós. Fizemos o check-in na Peruvian Airlines, pagamos a taxa de embarque (cerca de US$ 6 para vôos dométicos) no próprio balcão da Peruvian (mas não exatamente no guichê que fizemos o check-in) e fomos para a sala de embarque. Lá ficamos sabendo que nosso vôo atrasaria um pouco, pois me parece que a aeronave viria de outra cidade e já tinha atrasado por lá, algo assim. Bom, terminou que o vôo programado inicialmente para as 9:30h da manhã, saiu depois das 11:00h. O vôo de Lima a Cusco dura cerca de 1 hora. O avião da Peruvian é antigo (não confunda com velho), mas bem conservado. É um 737-200 dos anos 80 e qual não foi minha surpresa quando vi nas fivelas dos cintos de segurança o logo da Varig estampado! hehehe, pois é, aquela aeronave já tinha voado em céus brasileiros em sua juventude! rsrs

Desembarque sem problemas em Cusco, pegamos nossa bagagem na esteira e já tínhamos um transporte nos esperando. Aqui, mais uma dica: o Pirwa oferece transfer gratuito aeroporto-hostel-aeroporto caso vc se hospede em uma das 4 unidades da rede. Basta vc reservar e combinar antes (em Lima eles tb tem transfer, mas custa US$ 14).

Ah, o transfer serve para rodoviária também, caso você chegue a Cusco de ônibus. Nosso planejamento já era nesse dia de chegada fazermos o city-tour de Cusco logo à tarde, pois eles geralmente começam entre 13:30h e 14:00h, mas como o vôo atrasou, chegamos já em cima da hora. Como o carro que foi nos buscar era de uma agência, já fui conversando com ela pra combinar o valor, acertamos tudo e chegamos no hotel. Foi só o tempo de fazer o check-in, deixar a bagagem no quarto e descer pra pegar um microônibus do passeio. E esse foi nosso grande erro: saímos de Lima (ao nível do mar) e chegamos de peito aberto aos 3600m de altitude de Cusco... carregamos malas, subimos escadas (no hostel), andamos em ladeiras pra pegar o bus e isso tudo sem ter dado um tempo para aclimatação. Resultado: minha esposa passou MUITO MAL, vomitou durante quase todo o passeio, sentia náuseas e, consequentemente, não aproveitou nada do tour. Eu senti um leve mal-estar, coisa bem leve mesmo, nada que me atrapalhasse. Caso nosso vôo não tivesse atrasado, teríamos uma folga de quase 2 horas entre a chegada em Cusco e o início do passeio, o que já ajudaria a nos aclimatarmos um pouco. Como atrasou, tivemos que fazer tudo na carreira. Sendo assim, fica o alerta: chegando em Cusco vindo de um lugar mais baixo, convém descansar um pouco. Tudo bem que cada organismo é diferente do outro, e reage de forma diferente, mas não custa nada pegar leve na chegada.

Bom, vamos ao tour: pagamos 25 soles por pessoa depois de alguma negociação (o preço “normal” é 30 soles) e não adianta escolher agência, eles te põem num ônibus misturado com pessoas de outras agências. Antes de mais nada, é necessário comprar o “Boleto Turístico” que é um ticket único que dá direito a entrar em 16 atrações diferentes ao redor de Cusco. O valor do boleto é de 130 soles a inteira e 70 soles a meia (ta, vá lá...deveria ser 65, mas tudo bem). Comprem no próprio Instituto Nacional de Cultura, cujo um dos escritórios fica na Av El Sol, que é a avenida principal de Cusco e é pertinho da Plaza de Armas. Um alerta: se você comprar o boleto em meia entrada, apresentando a carteirinha internacional de estudante, terá que apresentá-la também nas entradas das atrações, portanto, leve-a sempre consigo. Feito isso, fomos para a Praça Regocijo, do ladinho da Plaza de Armas, e que é o lugar de onde saem os ônibus (pelo menos saíram de lá em 3 passeios/tours que eu fiz) O city-tour (que de “city” não tem nada) inicia pelo Convento de Santo Domingo (Qorikancha), que é a única atração que fica efetivamente dentro de Cusco. É uma igreja católica construída pelos espanhóis sobre ruínas de um antigo templo inca. A entrada do convento/igreja propriamente dito não está incluso no Boleto Turístico e se você não estiver a fim de entrar, pode ficar esperando do lado de fora ou dar um role rápido nos arredores (o tour interno leva uns 40 minutos). Depois disso, fomos para as atrações nos arredores de Cusco (todas as demais atrações deste city-tour já estão inclusas no boleto turístico). Primeiro, Saqsaywaman, que foi uma fortaleza cerimonial dos incas e fica pertinho de Cusco. Como fica no alto, têm-se uma vista muito bonita do centro da cidade a partir de lá. O guia dá umas explicações e deixa-nos com um tempo livre de alguns minutos para tirarmos fotos. Não vou ficar me atendo muito a falar da história dos lugares, vocês vão conhecer lá... rsrs. Ou então, pesquisem em um bom guia. O objetivo aqui é só fazer um relato. Depois de Saqsaywaman, a próxima parada é Qenqo, também no mesmo esquema: o guia faz a explanação do lugar e deixa alguns minutos livres para fotos. Saindo de Qenqo, vamos a Tambomachay, que era um local de descanso e tem uns canais de água, e por fim, Puca Pukara (ou vice versa, Puca Pukara primeiro e Tambomachay depois, pois ficam bem perto uma da outra). Na volta, já praticamente escurecendo, para-se numa vendinha pra comprar artesanato e voltamos a Cusco (já tendo anoitecido). Fomos ao Bembos, comemos um lanche (um combo com um sanduíche de lomo saltado, muito bom, 16 soles) e voltamos ao hotel. Fechamos, nessa mesma noite na recepção do hostel, o tour do Vale Sagrado no dia seguinte. Seriam 40 soles por pessoa, choramos um pouco e morreu em 35 soles. Tomamos banho e dormimos.

 

Dia 5, 14/07 – Vale Sagrado e Águas Calientes

Acordamos cedo no dia seguinte, pois o pessoal da agência passaria umas 8:20h da manhã pra nos buscar. O destino seria novamente a Plaza Regocijo, de onde saem os buses para os tours na região. Nosso planejamento para este dia era fazer o tour do Vale Sagrado, abandoná-lo em Ollantaytambo e de lá pegar o trem pra Águascalientes. Qual a vantagem disso? O trem saindo de Ollantaytambo é bem mais barato que saindo de Cusco/Poroy e, além disso, já economizaríamos o dinheiro desse trajeto de Cusco até Ollanta, já que o faríamos dentro do tour. Esse tour do Vale Sagrado passa por Pisaq, Urubamba, Ollantaytambo e Chinchero. Como eu já tinha lido relatos de pessoas que disseram que Chinchero é dispensável, já que tem apenas uma igrejinha colonial e uma feirinha de artesanato (fora o fato de que chega-se lá quase escurecendo), preferi cortar do meu roteiro. E muitas pessoas fazem isso, é uma prática mais que comum por lá. E assim fizemos. Encerramos a conta no hostel (já que naquela noite iríamos pernoitar em Aguascalientes) e deixamos nossa bagagem armazenada com eles. É seguro, qualquer hotel/hostel lá faz isso, não precisa se preocupar. Levamos só duas mochilas (eu + minha esposa) com uma muda de roupa, apetrechos de higiene e uns lanchinhos que compramos ainda em Cusco. Portanto, se vc for fazer essa logística e pernoitar uma noite em Aguascalientes, leve apenas uma mochila com o básico. Bom, descemos à pé para o ponto inicial, já que a rua do nosso hostel é estreita e sem saída, e o ônibus não conseguiria entrar. Entramos no bus e começamos o tour, isso já eram por volta de umas 9:30h. O primeiro ponto de parada é uma feirinha de artesanatos em Pisaq (mas não ainda no sítio arqueológico do mesmo nome). Não achei os preços nenhuma barbada, deixe pra comprar artesanatos no Centro de Artesanias de Cusco, que é um mercadão só com barracas de artesanatos e lembranças). Seguimos para o sítio de Pisaq propriamente dito. Apresentamos o boleto turístico (se vc ainda não tiver comprado-o em Cusco, pode comprá-lo aqui também). A visita é um pouco longa, pois faz-se uma caminhada de uns 40 minutos numa trilha de pedras até chegar nas construções (e + 40 minutos pra voltar). O visual é de tirar o fôlego, já que ficamos numa parte mais alta. Terminado o passeio em Pisaq, pegamos cerca de mais uma hora de ônibus até Urubamba, que á onde almoçamos. Urubamba não tem nenhuma atração arqueológica, é só um ponto de apoio mesmo. Geralmente o guia te leva pra um restaurante com quem eles já tem algum acerto, mas nada impede de você procurar outro lugar. Foi o que eu e minha esposa fizemos, almoçamos bem em frente ao restaurante “recomendado” pela guia e economizamos cerca de 10 soles no total (que pode não parecer nada, mas este valor já pagaria umas 3 corridas de taxi em Cusco). O nome do restaurante é “Los Toldos”, e pegamos um prato de carne (e alguns acompanhamentos) que a princípio seria individual, mas era tão bem servido que eu e minha esposa comemos e nos fartamos. Total, com refrigerante de 1 litro incluso, 25 soles. Depois do almoço seguimos pra Ollantaytambo que, na minha opinião, foi o lugar mais fascinante do tour. Olha, vou ser sincero... Machu Picchu tem toda uma fama, é mais falado, mais famoso, etc... mas Ollantaytambo, pra mim, talvez tenha sido tão ou mais interessante que Machu Picchu. Ok, são lugares diferentes e cada um tinha sua importância para os incas, mas Ollanta nos conquistou. Minha esposa ficou apaixonada pelo local, principalmente depois que a guia explicou tudo sobre o lugar. Bom, como já disse antes, não vou perder tempo falando sobre a história do local. Ficamos cerca de uma hora na visita guiada (é cansativo, pois tem uma longa escadaria). O problema é que a maioria dos tours chegam a Ollanta mais ou menos no mesmo horário, então o local fica cheio (imagine você tentando tirar uma foto no Cristo Redentor num sábado pela manhã... é a mesma coisa, dezenas de “Roberts” aparecem em sua foto). Mas o legal é que como iríamos abandonar o tour ali, não voltamos com o grupo para continuar até Chinchero... então, pudemos ficar lá o tempo que quisemos, e depois que o local ficou mais vazio, pudemos tirar ótimas fotos. Tai mais uma vantagem dessa logística de terminar o tour em Ollanta para pegar o trem. A entrada do sítio é até as 17:00h, mas vc pode ficar lá dentro até quase 18:00h (foi o que fizemos, lembrando que chegamos lá por volta das 15:00h). Na saída do sítio tem um feirinha de artesanato local (tudo caro... repito: em todo o Peru, deixe pra comprar suas lembrancinhas no mercado de artesãos de Cusco). Ficamos lá um tempo olhando as coisas e “fazendo hora”, já que eram umas 18:00h e nosso trem só sairia às 19:30h. Fomos pra ruazinha onde ficava a estação e aproveitamos pra ir numa lan house pra acessar a internet (cerca de 3 soles a hora, próxima a estação). Depois ficamos de bobeira lá e fomos pra fila que já começava a se formar. Comprei um milho cozido (diferente dos nossos, branco e com grãos maiores, uma delícia – 2 soles). Depois de algum tempo (isso já de noite), começamos a embarcar. Achei a estação de Ollanta meio bagunçada, a fila é formada na rua mesmo, em frente ao portão que dá acesso às plataformas. Uma vez lá dentro, vc identifica seu vagão e embarca (apresentando o ticket e um documento de identificação). Como eu já tinha falado no comecinho, eu comprei minhas passagens de ida e volta ainda no Brasil, pelo site da Perurail, ao preço de US$ 31 o Backpacker e US$ 60 o Vistadome. Fomos em um e voltamos no outro (mas a opção pelo Vistadome, mais caro, foi minha). O trem saiu com um atraso de cerca de meia hora e ele para algumas vezes no caminho, no meio do nada (percebi que era sempre na hora de cruzar com outros trens – um deles tem que parar). Chegamos em Águas Calientes por volta das 21:30h e já na saída da estação (mais arrumada e organizada que a de Ollanta) já somos bombardeados com pessoas oferecendo hospedagem. Por isso que eu digo: exceto o trem, não comprem nem reservem nada com antecedência para ir a Machu Picchu, muito menos aqueles pacotões “tudo incluso” de agências (geralmente trem+hospedagem 1 noite+guia+ticket MP+ônibus ida/volta), teve gente que pagou cerca de US$ 160 nesse pacote! Um absurdo. Fui em plena alta estação, cheguei tarde da noite, sem nada reservado e não tive dificuldade nenhuma para achar hospedagem. Não caiam na mão de agências, façam tudo por conta própria e economizem. Optamos pelos Hostel Angies, fica num beco na Plaza de Armas. Pagamos 40 soles num quarto de casal com banho quente, cama boa, quarto/banheiro limpo e até televisão. Nada luxuoso, mas para uma noite apenas, tava bom demais. Quando alguém lhe aborda na estação oferecendo hospedagem, vc pode acompanhá-la até o hostel pra ver o quarto sem compromisso. Se gostar, fica, se não gostar, vai embora procurar outro. Não tem problema, isso é super normal por lá. Deixamos as coisas no quarto e fomos procurar alguma coisa pra comer. Chegamos num restaurante/pizzaria numa ladeira que fica na Plaza de Armas (onde fica o escritório do órgão onde compramos os ticket´s de Machu Picchu). Infelizmente esqueci o nome, mas sendo sincero, a maioria dos restaurantes por ali não diferem muito uns dos outros. Comemos uma pizza (cerca de 20 e poucos soles), muito boa. A garçonete, Raquel, era super gente fina e, como no momento em que chegamos éramos os únicos clientes, conversamos bastante. Um fato curioso é que pedimos duas coca-colas e ela saiu pra pegar em outro local. Depois, nos explicou que, como viu que éramos brasileiros e sabia que nós tomamos e gostamos de coca-cola gelada, ela saiu pra pegá-las em outro restaurante, pois lá só tinha “quente”... por incrível que pareça, lá (e na Bolívia também) eles tem o costume de tomar refrigerantes à temperatura ambiente. Voltamos para o hostel, tomamos banho e dormimos.

 

Dia 6, 15/07 – Machu Picchu

Acordamos cedo para tomar café. Esqueci de dizer que no “Hostel Angies”, onde ficamos, o café não está incluso no valor da diária, mas paga-se apenas 7 soles por pessoa. Café bem simples: pão, manteiga, café, leite e suco. Curioso foi ver o leite Glória deles em lata! Leite líquido, mesmo, numa latinha pequena, tipo uma latinha de patê... rsrs. Como não iríamos subir o Wayna Picchu, não nos preocupamos em madrugar. Acordamos por volta das 6:30h da manhã, nos arrumamos, tomamos café e encerramos a conta pra sair. Deixamos uma das mochilas guardadas lá (voltaríamos para pegá-las quando descêssemos de Machu Picchu). Eles guardam as mochilas numa sala que, a princípio, parece que qualquer pessoa pode entrar lá e pegar qualquer mochila, mas não teve problemas. Isso já faz parte da cultura deles e ninguém mexe. Primeira parada, assim que saímos: irmos ao escritório do Instituto Nacional de Cultura, pertinho da Plaza de Armas, comprarmos os boletos de entrada em Machu Picchu. Você deve comprar esses boletos ainda em Águas Calientes e subir com eles, pois eles não são vendidos lá em cima. Compradas as entradas (126 soles a inteira e 63 soles a meia-entrada), fomos comprar os tickets do ônibus que leva até o parque: 7 dólares cada trecho = 14 dólares ida e volta. Tem gente que sobe e/ou desce à pé, mas eu não sou esse guerreiro todo e me dei esse luxo... rsrs. É caro, muito caro, pra um trajeto de 30 minutos. Enfim, por volta das 9:00h já estávamos lá em cima. Chegando lá , assim que você desembarca, alguns guias já o abordam (educadamente, diga-se de passagem... nada de bombardeios). Vc consegue fechar um tour por Machu Picchu, de cerca de 2:30h de duração, por cerca de 20 soles por pessoa. Mas nesse caso vc tem que esperar fechar um grupo de 5 ou 6 pessoas. Como estávamos eu, minha esposa e mais duas capixabas que encontramos por lá, o guia aceitou fechar o grupo só com nós 4. Não tem muito o que negociar, os preços são os mesmos independente de qual guia vc escolher. Entramos no parque, carimbei meu passaporte numa salinha que tem na entrada (é uma recordação e tanto) e em seguida o guia nos colocou em um ponto no começo do parque pra iniciar com as explicações. O lugar é simplesmente indescritível. Nada do que disser aqui será capaz de traduzir a beleza e a sensação de estar lá. Sabe aquele sentimento de sonho realizado? Pois é... vc dá aquele suspiro e pensa “É... estou em Machu Picchu”. Enfim, o guia falou muito da história do lugar, como foi descoberto, a importância para o império inca, os templos, cerimoniais, blábláblá. Ficamos quase 2:30h com ele e percorremos quase todo o local. Por volta das 13:30h, ele concluiu seu trabalho, pagamos pelo seu serviço e então ficamos livres para perambular pelo local, e aproveitamos para tirar fotos. O parque, a essa hora, já estava lotado, daí a vantagem de chegar no dia anterior a Águas Calientes e subir cedo no dia seguinte: pegar o parque com menos gente. Isso porque geralmente por volta das 11:00h chega o trem com muitos turistas, aqueles que não tem perfil mochileiro, e que só vão mesmo pra uma visita rápida. Geralmente excursões. O dia estava ensolarado e fazia calor no dia (Machu Picchu está a cerca de 2400m de altitude, ou seja, mais de 1000m mais baixa que Cusco). Tiramos dezenas de fotos, inclusive a “foto clássica”, aquela que todo mundo vê por aí. Tem umas lhamas soltas por lá (que eles deixam pra comer a grama e mantê-la sempre aparada) e dá pra tirar fotos perto delas. Enfim, foi um dia muito proveitoso. Olha só, se você não for subir o Wayna Picchu e for ficar somente pela cidadela mesmo, se chegar lá em cima e entrar até umas 9:30h, acredito que no máximo às 14:00h vc já deverá ter visto tudo e já poderá voltar. Eu, por exemplo, sou bem curioso, gosto de olhar tudo, explorar detalhes e, ainda assim, por volta das 2 da tarde eu já me dei por satisfeito e pronto pra descer. Vai de cada um. Quis dar essa dica pois na minha fase de planejamentos eu ficava na dúvida se marcava o trem da volta para o mesmo dia da visita, no fim da tarde, ou se ficava no parque até tarde, pernoitava mais uma noite em Águas Calientes e retornava a Cusco no dia seguinte... meu medo era marcar o trem para o fim da tarde do dia da visita, e não dar tempo de ver tudo o que deveria ser visto em Machu Picchu. Enfim, o tempo foi mais que suficiente e ficamos satisfeitos. Saímos do parque, fomos ao banheiro já na parte externa (1,50 soles para usar) e tomamos nosso ônibus de volta a Águascalientes (os ônibus saem a todo momento, coisa de no máximo 15 a 20 minutos entre cada um). Ao descermos, voltamos ao hostel para pegar a mochila que tínhamos deixado lá... como o calor estava forte, e tínhamos suado bastante lá em cima, pedimos para tomar um banho. Liberaram um quarto pra gente, ao preço de 6 soles por pessoa. Nessas horas um banho faz toda a diferença e paguei com a maior satisfação! Já de banho tomado, eram cerca de 15:30h e fomos procurar um restaurante pra almoçar. Opções não faltam. Optamos por um na praça de armas, mesmo... comemos os famosos “menus” por 15 soles, que são compostos de uma entrada, prato principal, sobremesa e bebida (uma limonada), em geral com 3 opções para escolher em cada etapa. Comemos o famoso lomo saltado, prato típico peruano. Nosso trem sairia às 16:20h, só que os horários tinham sido modificados sem que soubéssemos (foi modificado entre a data de compra e o dia de embarque propriamente dito). Quando chegamos à estação é que soubemos disso, nosso novo horário seria às 17:30h. Nada nos restou a não ser esperar. Isso terminou inviabilizando a razão pela qual comprei o Vistadome... minha intenção era voltar nele pois, como voltaria num horário relativamente cedo, daria pra aproveitar seus maiores atrativos, que são as janelas panorâmicas. Seria legal pra tirar fotos, já que na ida, no dia anterior, fomos à noite e não deu pra ver nada. Só que como o horário atrasou em mais de 1 hora, saindo às 17:30h e, conseqüentemente, quase anoitecendo, não deu pra aproveitar quase nada. Mas tudo bem, sem problemas. Pelo menos o Vistadome tem poltronas mais confortáveis e serviço de bordo (um lanchinho legal)... hehehe. Enfim, estávamos ainda com nossas amigas capixabas, fomos conversando a viagem toda e o tempo passou rápido. Chegamos quase 19:00h em Ollantaytambo e fomos procurar uma condução pra voltar a Cusco. Não sei porque razão, quando eu cheguei não tinham muitas opções de táxi pra voltar (não sei se pelo dia ou pelo horário), o fato é que foi difícil negociar um táxi. Estavam pedindo 50 soles pra transporte, o jeito foi encontrar alguém pra compartilhar. Encontramos um peruano e decidimos ir nós 3. Deu cerca de 17 soles por pessoa (próximo aos 15 que muitos pagam no trajeto) e fomos num carro pequeno e novo. O trajeto leva cerca de 1:30h até Cusco. Chegamos lá, e voltamos para o hostel. Como já tínhamos almoçado tarde e ainda comemos o lanche do trem, nem jantamos. Fim de mais um dia!

OBS: perceberam como fizemos tudo – absolutamente tudo – em Machu Picchu sem ter reservado nada com antecedência e nem comprado nada em agências??? Pois é, planejamento é a chave do negócio. Como eu disse antes, à exceção do trem (que já tinha comprado antes de viajar pela internet), todo o resto foi por conta própria: hospedagem (consegui na hora sem sustos), tickets de Machu Picchu, ônibus e guia. E em plena alta estação. Não se deixem enganar se disserem, ainda em Cusco, que não tem mais hotel, que não tem mais entradas para o parque, etc. A única coisa que você corre o risco de não achar em cima da hora é realmente o trem, por isso, recomendo comprar com antecedência. É muito fácil, sem complicações, é como comprar passagem de avião pela net. Fora isso, comprem tudo lá na hora.

 

Dia 7, 16/07 – Dia livre em Cusco

Esse dia nós tiramos pra aproveitar a cidade propriamente dita. Praças, ruas, museus, etc. Enfim, nos misturarmos aos cusquenhos e sentir a cidade. Aproveitamos para, primeiro, trocar dinheiro. Uma dica: em Cusco, não troque dinheiro nas casas de câmbio que ficam ao redor da Plaza de Armas, geralmente a cotação é ruim. Ande alguns passos e vá na Av. El Sol, a principal da cidade: lá tem várias casas de câmbio com cotações melhores... tá, coisa de 1 ou 2 centavos melhor, mas a depender do volume que você troque (e, principalmente, da quantidade de vezes) você pode obter uma boa economia ao final, que já ajudará a pagar um táxi ou um lanche, por exemplo. São essas pequenas economias que ajudam a economizar bastante! Aliás, qualquer serviço turístico ao redor da Plaza de armas é mais caro: câmbio, chamadas telefônicas, internet, etc. Vale pesquisar bastante. Em Cusco, cheguei a fazer ligações para o Brasil a s./ 0,60 por minuto. Absurdamente barato. Enfim, vamos ao relato do dia. Primeiro, Plaza de Armas. Olha, vale muito a pena ficar um bom tempo aqui. Só de ficar admirando a arquitetura das igrejas e casas, já vale o passeio. Nos primeiros dias não deu pra aproveitarmos muito, pois só passávamos pela Plaza rapidamente para ir pegar os ônibus dos passeios ou na volta, já à noite. E já ficávamos com água na boca. Aquela praça, sinceramente, emociona. Podem me chamar de bobo, babaca, sei lá, mas no primeiro dia em que cheguei a Cusco e passei pela Plaza de Armas, meus olhos chegaram a ficar marejados. É emocionante. Bom, sentimentalismos à parte, vamos ao nosso dia. Ficamos um bom tempo na praça. Andando, vendo as crianças, os pombos, os jardins. Sentamos no banco, despreocupados, vendo o tempo passar. E, claro, tiramos muitas fotos. Depois, saímos da Plaza de Armas e fomos em direção à Av. El Sol. Nossa primeira parada foi no Museu Qorikancha, que fica no Convento Santo Domingo (aquele mesmo que visitamos no city-tour do primeiro dia). Só que a entrada do Museu é na parte externa, na área gramada que fica abaixo do convento. Tendo o boleto turístico, não se paga nada. O museu é até interessante, mostra algumas relíquias dos incas conseguidas em escavações, estudos, etc. Nada mais que meia hora de visita (se vc quiser um guia, contrata lá dentro mesmo – acho que o valor estava em 10 ou 15 soles, mas é desnecessário, tudo é bem intuitivo). Saímos do museu e seguimos andando descendo a Av. El Sol. Tirávamos uma foto de algum prédio interessante, de uma fachada legal, etc. Depois de uns 5 minutos, chegamos ao Centro Artesanal Cusco, que é um mercadão de artesanato mantido pelo governo, nele tem muitos stands e barraquinhas de artesanatos e lembrancinhas. Aproveitamos para comprar logo as lembranças lá, pois seria nosso penúltimo dia na cidade. Em média, encontramos camisetas a 10 soles (tinham mais caros também), 3 ímãs de geladeiras por 5 soles, gorros de lã de alpaca (aqueles tradicionais que parecem o chapéu do Chaves... rsrs) por 15 soles, etc. Muitas pessoas lá (inclusive peruanos e guias) nos recomendaram comprar todas as lembranças neste mercado, pois seriam os locais mais baratos. E acho que procede, achamos as lembranças lá mais baratas que em Lima. E alguns brasileiros que já tinham vindo de outras cidades peruanas também nos relataram que lá nesse mercado foi onde encontraram as lembranças mais baratas. Enfim, indo ao Peru, independente de por onde for passar, deixe pra comprar as lembranças lá em Cusco, e só compre nesse Centro Artesanal (a não ser que vc queira comprar algo específico com o nome de outra cidade). E pechinche bastante, gaste muita saliva pois dá certo. O mercado, repito, fica na Avenida El Sol, poucos metros abaixo do Convento Santo Domingo/Museu Qorikancha. Quando chegamos à Bolívia, dias mais tarde, vimos quase todas as mesmas lembranças, só que ainda mais barato. Até as camisetas tem a mesma estampa, só mudando o nome, tal como acontece aqui (quem não conhece a velha camiseta “Alguém que me ama muito trouxe essa camisa de XXXXX”?... hehehe). Então, se você for ao Peru e Bolívia, deixe pra comprar artesanatos de lã (luvas, gorros, cachecóis, ponchos, etc) em La Paz.

Bom, saímos do mercado e, ainda à pé, fomos descendo mais ainda a avenida El Sol para irmos ao terminal de ônibus (rodoviária) para comprar a passagem p/ Puno, para o dia seguinte à noite. Nesse ponto da cidade, o aspecto começa a mudar e a cidade começa a ficar parecida com uma típica periferia... muros pixados, casas velhas, calçadas mal conservadas, etc. Mas ainda assim, é seguro. Dá pra andar tranqüilo. Chegamos ao terminal e fomos pesquisar as empresas e preços. Não percam tempo: as melhores empresas que fazem esse trajeto são a Tour Peru, San Martin e San Luis (nessa ordem), com preços de 40 soles, 30 soles e 25 soles respectivamente (depois, no dia seguinte na hora do embarque, eu veria que os melhores ônibus são mesmo os dessas empresas, também nessa ordem). Compramos pela San Luis (a mais barata das 3). O ônibus era bom, grande (2 andares) e aparentemente novo. Era semi-cama (mas reclinava bastante), tinha calefação e até deram um lanchinho meia boca na hora do embarque (uma bolacha tipo Club Social e um outro biscoito doce que eu não lembro agora). Passagens compradas (a essa altura já eram cerca de 14:00h), saímos do terminal e tomamos um táxi (3 soles) até o estádio da cidade, o Inca Garcilaso de La Vega, que é a “casa” do Cienciano, time da cidade. Bom, eu sou fanático por futebol e em todos os lugares que vou faço questão de visitar os estádios, independente de ter jogo ou não, por isso fiz questão de ir lá. Sei que é uma visita dispensável para a maioria aqui, mas quem quiser visitar (e for maluco como eu) basta pegar um taxi (não mais que 3 soles) e pedir para ir ao estádio e lhe deixar na entrada principal. Chegando lá, basta tocar uma campanhia (!) ou então chamar na guarita que fica na entrada que um tiozinho vem atender. Expliquei que era brasileiro, fanático por futebol, fã do Cienciano (???), bla bla bla e ele nos deixou entrar (minha esposa também me acompanha nessas maluquices). Não passamos mais que 20 minutos, tiramos fotos na arquibancada, depois descemos pra tirar fotos no gramado (fui advertido pelo tratador do gramado... rsrs) e saímos. Tomamos outro táxi p/ a Plaza de Armas (outra vez, 3 soles) e fomos procurar um lugar pra almoçar. Na praça ficam sempre umas pessoas dos restaurantes fazendo propaganda. Optamos pelo restaurante “El Imperador”, fica bem na Plaza de Armas, e tem umas varandas legais que dão um ótimo visual da praça. Pegamos um menu a 20 soles, com direito a entrada, prato principal, sobremesa e bebida. Esses menus foram a coisa mais bem sacada da viagem, usamos e abusamos deles. Melhor que a la carte, vc come muito bem, se farta e paga pouco. Esse restaurante, em especial, além da vista também aceita cartão de crédito. Terminado o almoço, saímos andando pela cidade. Fomos até a Plaza San Francisco, que tem uma igreja de mesmo nome, no mesmo estilo das duas catedrais que ficam na Plaza de Armas. Conhecemos o Colégio de Ciências, na mesma praça, e fomos andando em direção à igreja de San Jose. No caminho, entramos num mercadão popular. É uma experiência marcante, em todos os sentidos!!! Nos misturamos ao povão, e lá fomos nós, entrando pelos corredores sujos, vendo cabeças de porcos expostas, legumes, utensílios domésticos, temperos, folhas diversas, etc. Bem ao estilo feira popular... hehehe. Aproveitamos pra comprar o famoso aji, tempero picante usado em grande parte dos pratos típicos peruanos. O aji parece um pimentão, só que mais fino e mais comprido (lembra um quiabo, sei lá). Eles vendem inteiro (seco) ou moído (em pó). Não lembro o preço, mas pagamos algo como 3 soles por umas 200 ou 300 gramas. Saímos do mercadão, isso por volta das 16:00h e voltamos para a Plaza de Armas. No caminho, passando de novo pela Plaza San Francisco, encontramos uma espécie de mercado de artesanatos (lembranças), com preços tão bons quanto o Mercado Central. Compramos mais algumas lembrancinhas restantes. Os preços, em geral, eram cerca de 1 ou 2 soles mais caros que o Mercado Central, mas na base da pechincha conseguíamos os mesmos preços. Voltamos para Plaza de armas, fomos fazer um lanche na lanchonete “Yajúú” (que pronuciando-se em espanhol, fica igual ao nome “Yahoo”... hehe). A especialidade lá são sucos, vc encontra sucos de vária frutas diferentes, muitas delas desconhecidas em muitos locais do Brasil. Comemos um sanduíche com suco, cerca de 12 soles. Voltamos pro hostel, tomamos banho e dormimos.

 

 

Dia 8, 17/07 – Ultimo dia em Cusco

Neste dia, fizemos o tour à Maras e Moray. Geralmente, esse tour não é muito divulgado aqui no fórum, a maioria da galera só fica mesmo no esquema de Machu Picchu, Vale Sagrado e City Tour. Mas, mais uma vez, segui a dica da Gabriella Tálamo (que fez e gostou) e resolvemos fazer esse tour. Como teríamos o dia livre (e esse passeio vai até umas 3 da tarde), lá fomos nós. Pagamos 25 soles cada um. Mais uma vez, aquele mesmo esquema, fomos andando até à Plaza Regocijo (do ladinho da de Armas) pra pegar o microônibus. Infelizmente, perdemos o bus, mas nos colocaram em uma van e o alcançamos mais à frente, ainda dentro de Cusco. Entramos no ônibus, só tinham dois lugares vagos lá no fundão, e foi pra lá que fomos. Foi aí que conhecemos 3 brasileiros, gente fina, que ainda o veríamos depois na Bolívia. Papo vai, papo vem, chegamos à primeira atração, que são as “Salineras de Maras” (se pronuncia Marás). Atenção: essa atração não está inclusa no Boleto Turístico, paga-se à parte. Infelizmente,não lembro agora o valor exato (esqueci de anotar), mas é algo em torno de 5 ou 10 soles, baratinho. As salinas são um lugar onde se explora sal a partir da água salgada que vem do sub-solo. Os trabalhadores fazem pequenos tanques (alguns são quase uma poça) e depois que a água evapora, fica só o sal. Essa é uma forma bem antiga de exploração, é feita desde a época dos incas e até hoje funciona!!! A beleza do lugar é o grande tapete branco que se forma pela junção de vários tanques/poças, tudo isso encravado numa montanha. Bem legal. Tiramos algumas fotos, fomos ao banheiro (2 soles) e lá fomos nós pra Moray, que é outro lugar fascinante. Chegando lá, muito embora esta atração esteja inclusa no boleto turístico, não nos pediram na entrada. Fomos entrando na maior, como se estivéssemos entrando num terreno qualquer... hehehe (mas eu estava com meu boleto na mochila, por pracaução). Moray era uma espécie de centro de experimentação agrícola, onde eles faziam experiências com plantas (dizem que rolavam até experiências genéticas). Aproveitando o relevo do lugar, que já era naturalmente em forma de círculo, eles construíram uns terraços circulares pra fazer seus experimentos. Tudo ainda bem preservado, pois foi um lugar que os espanhóis não chegaram a conhecer (e, consequentemente, destruir). O local proporciona boas fotos, aproveitem. Terminamos a visita (vale lembrar que ambos os passeios são acompanhados de guia, que explicam tudo sobre os locais visitados), voltamos para o ônibus e rumamos de volta a Cusco. Chegamos na cidade por volta das 14 ou 15 horas, aí fomos almoçar. Voltamos ao “El Imperador”, onde almoçamos no dia anterior. Pegamos outro “menu” de 20 soles, comemos carne de alpaca, e resolvemos voltar pro hostel, pois nesta mesma noite viajaríamos pra Puno, então achamos por bem dar uma descansada antes. Cochilamos, arrumamos a bagagem, e por volta das 20:00h (depois de já ter encerrado a conta no Pirwa), estávamos prontos pra partir. Pedimos à recepção pra chamar-nos um taxi, 5 minutos depois ele chegou. Mais 5 minutos, estávamos no Terminal de Buses. Chegando lá, tivemos que ir ao balcão da San Luis pra pegar os bilhetes de embarque propriamente dito, pois o papel que nos deram no dia anterior no momento da compra foi apenas uma espécie de recibo (mas que já constava os assentos que havíamos reservado). Pegamos os tickets, pagamos a taxa de embarque (que é uma taxa de utilização do terminal, 1,10 soles por pessoa e eles colam um selo em cada ticket) e fomos já pra plataforma de embarque. Achamos o local meio bagunçado, e fomos perguntando a um e outro pra achar a plataforma em que o nosso ônibus estacionaria. A princípio, me pareceu que cada empresa tem sua baia, mas não há identificação de onde cada empresa para (ou se param aleatoriamente), por isso sempre pergunte. Colocamos nossas tralhas no bagageiro (imaginem que tinham crianças trabalhando, arrumando as bagagens no interior do ônibus, isso quase 10 da noite) e embarcamos. O ônibus saiu com alguns minutos de atraso mas nada agravante. Antes das 22:00h já estávamos em marcha rumo a Puno!!! Logo pegamos no sono e a viagem foi tranqüila. Puno e Cusco estão mais ou menos à mesma altitude (entre 3600m e 3800m), mas durante o caminho passa-se por um vilarejo, chamado La Raya, onde chega-se a 4100m !!! Apesar do frio que fazia lá fora, a temperatura dentro do ônibus era agradável por que o mesmo possuía calefação.

 

Dia 9, 18/07 – Puno, Ilhas dos Uros e chegada a Copacabana

Chegamos a Puno por volta das 5 da manhã e aí, sim, foi que eu senti frio, assim que desci do ônibus. Não me preparei adequadamente e passei por maus momentos, pelo fato de não estar tão frio quando saímos de Cusco e pela calefação do ônibus. Eu até estava com um casaco bom, o problema eram as pernas, pois até então eu não tinha uma calça térmica por baixo da jeans (viria a comprar depois, em La Paz). Entrei no terminal, subimos para o primeiro piso para tomar café e lá ficamos por um bom tempo, pois uma das lanchonetes disponibilizava alguns aquecedores a gás entre as mesas. Foi o que nos salvou... hehehe. Devo abrir um parêntese para o céu de Puno: nunca vi um céu tão bonito e estrelado como aquele! Extremamente limpo e negro. Continuando, assim que vc chega ao terminal, algumas pessoas já começam a lhe abordar pra vender passeios pras Ilhas Flotantes de Uros e passagem pra Copacabana (todos lá sabem que são as duas únicas coisas que os a maioria dos turistas que vão a Puno fazem: escala pra Copacabana e passeio pras Ilhas nesse meio tempo). Por ora, não fechamos nada, apenas subimos para tomar café. Na lanchonete há duas opções de café da manhã: o continental e o americano. Na essência, são bem parecidos, a diferença é que o americano tem mais itens (ovos fritos, por exemplo). O café propriamente dito era horrível. Tomei na raça porque era quente e eu precisava de algo quente pra combater o frio. Ficamos lá batendo papo com o Pablo, um gaúcho que tínhamos encontrado ainda em Lima, e assim que o sol saiu e a temperatura começou a aumentar, o ânimo voltou. Nesse momento (já eram por volta de 7 da manhã), alguns “agentes” de turismo começaram a nos abordar novamente para fecharmos o passeio e a passagem para Copacabana. Fechamos com a agência Inka Tours, que fica na própria rodoviária. 40 soles por pessoa (25 soles do passeio às ilhas dos Uros + 15 soles da passagem para Copacabana). Total, 80 soles o casal. Descemos para o térreo e ficamos dentro da agência aguardando o início do passeio, e guardamos nossa bagagem lá. Eram umas 7:30 para 8:00h, dividiram o grupo em uns 3 táxis (táxis comuns mesmo, acho que eles chamam na hora) e nos levaram para o cais de onde saem os barcos. Dentro do barco já tinha um nativo tocando aquelas flautas andinas com uma espécie de cavaquinho. O barco era até legalzinho, poltronas confortáveis, cortininha, etc. Um luxo, comparado à porcaria de barco que tomaríamos no dia seguinte indo para Ilha do Sol, em Copacabana (falarei dele adiante). Poucos minutos de navegação e já estávamos na área onde ficam as ilhas. Não sei se cada barqueiro já tem a “sua ilha” certa, eu sei que quando passávamos pelas ilhas os nativos ficavam na borda acenando, como se pedissem “por favor, parem aqui”, mas o barqueiro já foi pra uma ilha certa. Descemos e logo nos pediram para sentarmos num local para ouvirmos as explicações de como aquele povo vive. Olha, antes de viajar, quando lia os relatos aqui no site, muitas pessoas diziam que esse passeio era uma coisa bem teatral, forçada, bem para turista ver. Então já cheguei lá meio atravessado, mas na boa, até gostei do passeio. Realmente a apresentação deles, em si, é bem teatral, quase uma coisa profissional, mas eu gostei do que vi. Do ponto de vista cultural, não obstante a maneira teatral que eles apresentam, é bem interessante. Eles mostram como formam as ilhas, onde de tempos em tempos vão sobrepondo camadas de totora (uma espécie de junco local) umas sobre as outras, mostram como fazem seus artesanatos, como constroem os barcos, as casas, o sistema de comunidade das ilhas (cada uma tem um nome), etc. Inclusive, eles usam a totora na alimentação e eu até cheguei a experimentar um pedaço. Depois de uma meia horinha de apresentação, vc fica livre pra andar pela ilha e conhecer o local. Pode entrar nas casas, inclusive vc pode se vestir como uma chola (pra as mulheres, lógico) para tirar fotos. Como não poderia deixar de ser, muito artesanato à venda, e obviamente eles querem que vc compre, muito embora não fiquem lhe assediando (eu, pelo menos, não me senti assediado para comprar nada, no máximo ouvia um “compra, señor”). Depois de algum tempo, passamos para uma outra ilha. Se você quiser, pode pagar 5 ou 10 soles, não lembro bem, para atravessar num barco típico deles, feito de totora. Se vc não quiser, tudo bem, atravessa no barco do passeio. Um fato engraçado que aconteceu é que a galera que resolveu ir no barco típico quase não atravessa... como o barco é a remo e o vento estava contra (e forte), eles remavam, remavam, e não saiam do lugar.... hehehe. Aí, resolveram apelar para um barquinho a motor, que rebocou o barco de totora. Chegamos na outra ilha, mais fotos, mais artesanato para comprar (eu não comprei nada em nenhuma das duas). Fim de passeio, voltamos ao cais (isso já eram por volta das 12:30h, por aí) e novamente nos colocaram num táxi. Como o ônibus para Copa só sairia às 14:30h, resolvemos ir conhecer o centro de Puno. Era um domingo e estava tendo uma espécie de desfile cívico, com estudantes, militares, e até cholas (depois nos disseram que eles fazem esse desfile TODO DOMINGO! Haja civismo). Ficamos lá de bobeira assistindo, misturado aos nativos, e depois que o desfile acabou tomamos um taxi (5 soles) para a rodoviária. Voltamos para a loja da agência e só nos restou esperar até a saída do ônibus. Fomos a um guichê do terminal pagar a taxa de embarque (1 sol, salvo engano). Na hora de embarcar, uma surpresa desagradável: na hora que nos venderam a passagem de ônibus, junto com o passeio, nos mostraram a foto de um ônibus novo... inclusive, no folder, tinha escrito “Modelo 2009, hecho em Brasil”. Quando chegamos para embarcar, realmente o busão era brazuca, mas de 2009 não tinha nada. Era um Marcopolo velho, dos anos 90, feio de dar dó. Por dentro, sujo, empoeirado, sem ar condicionado, banheiro deplorável, enfim. Não tínhamos outra opção, pois somente esta empresa faz o trajeto entre Puno e Copa, e em apenas dois horários do dia (este de 14:30h e outro pela manhã, acho que 8 ou 8:30h). Se vc for direto pra La Paz, vai nesse busão também, e faz “conexão” em Copa, com embarque imediato. Ah, uma dica: para quem viajar com RG ao invés de passaporte, antes de embarcar tire uma Xerox da sua identidade e do ticket de imigração que te deram quando vc entrou no país, no próprio terminal (0,25 sol), eles vão pedir na fronteira, na hora dos trâmites de saída. Quem viajar com passaporte, não precisa. Embarcamos no ônibus, o motorista já nos deu o papel da imigração boliviana pra irmos preenchendo. As paisagens ao longo do trajeto valem muito a pena. Nos demoramos um pouco pois o motorista entrou numa cidadezinha chamada Yunguyo, que fica a poucos quilômetros da fronteira. Ele parou numa espécie de lanchonete/restaurante/banheiro/casa de câmbio para que trocássemos nossos últimos soles por bolivianos. Isso, antes de chegar na fronteira. Só que o motorista parece ter um esquema com o dono desse estabelecimento, pois ele meio que saiu do caminho tradicional, perdemos mais de 15 minutos tentando entrar numa rua estreita com aquele ônibus grande e no final vimos ele recebendo uma “propina” do dono da casa. O pior foi que eu perguntei a ele se não tinham casas de câmbio na fronteira, ele disse que não. Chegando lá, tinham várias. Enfim, a parada só vale a pena se vc quiser ir ao banheiro ou comprar um lanche ou água, caso contrário, nem desça do ônibus. Voltamos ao busão e em poucos minutos chegávamos à fronteira. Desce do ônibus, entramos num primeiro escritório para os trâmites de saída do país, depois saímos deste escritório e entramos em outro (numa casa ao lado), ainda do lado peruano, onde carimbamos os passaportes. Andamos alguns metros, atravessamos a fronteira propriamente dita a pé e, já dentro do território boliviano, entramos no escritório da imigração boliviana para os trâmites de entrada no país: entregamos o formulário de imigração (que recebemos no ônibus ainda em Puno), carimbamos o passaporte e voltamos ao ônibus. Cidadão norte-americanos pagam uma taxa de US$ 135 pra entrar no país, e isso gerou um pequeno transtorno pra gente, pois tínhamos alguns no nosso grupo e tivemos que esperá-los fazer toda a burocracia, e isso levou algum tempo. Resolvido tudo, o ônibus pôs-se em marcha e daí até Copacabana levamos algo em torno de 30 minutos. Pouco antes de chegar no ponto de desembarque (Copacabana não tem uma rodoviária propriamente dita, os ônibus param numa praça), o ônibus parou no caminho pro pessoal que ia a La Paz fazer a “conexão”, pois já havia um outro ônibus desta mesma empresa parado lá esperando (este sim, um ônibus novo e moderno, igual à foto que o vendedor mostrou lá em Puno). Chegamos em Copacabana já a noite, desembarcamos e fomos procurar o hotel. Em Copacabana, ficamos no Hotel Utama (mais uma indicação da Gabriela Tálamo... http://utamahotel.com/home.html ), e achei o melhor custo benefício da viagem. US$ 25 pelo quarto de casal, com banho quente, televisão e, definitivamente, o melhor café da manhã de toda a viagem. Falarei dele adiante. Além disso, eles dão desconto de 10% no valor das diárias pra quem tiver a carteirinha de estudante. Fizemos o check-in e, como já era noite, fazia frio e estávamos cansados, saímos rapidamente pra comer alguma coisa. Entramos num restaurante simples, mas que tinha uma comida muito gostosa. Infelizmente, não lembro o nome e o local (estava tão cansado que esqueci de anotar), pagamos cerca de 50 bolivianos por um jantar pra dois. E, é claro, comemos truta. Não deixe de comer truta quando estiver em Copa!!! Hehehe. Voltamos ao hotel, tomamos banho e fomos dormir.

 

Dia 10, 19/07 – Copacabana

Nosso plano era acordar bem cedo pra pegar o primeiro barco que saia p/ a Ilha do Sol, às 8 da manhã. Só que estávamos tão cansados (a noite anterior mal dormimos no ônibus na viagem de Cusco a Puno, lembram?) que perdemos a hora. O barco saía por volta das 8 ou 8:30h, não lembro bem, e foi mais ou menos nesse horário que acordamos. Paciência! Já tínhamos perdido o passeio da manhã, resolvemos que iríamos no barco das 13:30h (péssima idéia, mais adiante eu conto). Fomos tomar nosso café e aqui foi o melhor café da manhã de todos os 15 dias que passamos no Peru e Bolívia. Completíssimo! Café, leite, chá, suco, pão, queijo, presunto, geléia, ovos fritos, sucrilhos (!), iogurte (!!), panquecas (!!!). Enfim, muito bom! E o restaurante do hotel é bem agradável e aquecido, já que de manhã faz muito frio em Copa. Terminado o café, saímos pra andar. Nossa intenção era subir o Cerro Calvário, de onde se tem uma linda vista da cidade e do lago Titikaka, mas, para minha vergonha (tá, podem rir de mim) eu não consegui subir o cerro. Depois de termos subido cerca de 1/3 do morro, eu pedi arrego, sabia que não agüentaria subir. Muito cansativo!!! Minha esposa, sempre mais forte e resistente que eu, obviamente se chateou, pois era o segundo passeio daquele dia que tentávamos fazer e não conseguíamos (se bem que o primeiro não foi totalmente culpa minha... rsrs). Enfim, descemos o morro e fomos andar pela cidade. Ficamos apreciando as ruazinhas, e chegamos até a catedral da cidade, muito bonita, por sinal. Tiramos algumas fotos, e fomos já providenciar o passeio para Isla del Sol. Pagamos 15 bolivianos por pessoa numa agência ali nos arredores da praça onde ficam os ônibus (Plaza Sucre). Mas vc pode comprar no próprio local de onde saem os barcos, no cais, caso não queira comprar em agências. Já era por volta de meio dia, o barco sairia às 13:30h, então ficamos por ali mesmo fazendo hora. Descemos à ladeira em direção ao cais (onde tem um monumento em forma de âncora), que é de lá de onde saem os barcos. Olha, vou resumir o passeio, pois não gostei dele: o passeio sai às 13:30h, vc passa 1:30h navegando, chega lá às 15:00h na parte sul da ilha, tem só 1 hora disponível pra “conhecer” o local, e às 16:00h o barco sai de volta, navega mais 1:30h e chega em Copa por volta das 17:30h. Tudo muito corrido, vc quando desce na ilha praticamente não tem tempo de fazer nada, e os barcos são muito desconfortáveis (o que nós fomos tinham cadeiras – sim, cadeiras – de ferro com assento de madeira aparafusadas no chão do barco). Vc passa mais tempo dentro deles vendo água do que efetivamente conhecendo a ilha. E vc ainda paga 5 bolivianos pra entrar na ilha e não fazer nada. Enfim, achei uma perda de tempo e dinheiro. Pra vcs terem uma idéia, nós desembarcamos e começamos a subir a longa escadaria da ilha, pra chegar ao alto. Lembrem-se que só tínhamos 1 hora livre pra rodar pelo local. Quando já tínhamos quase 30 minutos de subida, vimos que ainda sequer tínhamos alcançado a metade do percurso (não esqueçam que vcs vão estar a quase 4000m de altitude, então a caminhada tem que ser devagar). O jeito foi descer e voltar. A ilha em si é linda, e as paisagens que se vêem lá são fascinantes. Nós que só chegamos à metade achamos tudo lindo, e ainda conseguimos umas boas fotos. Eu recomendo que conheçam a ilha, mas nunca, de forma alguma, façam esse passeio da tarde (indo às 13:30h e voltando às 17:30h). Só vão nesse horário de 13:30h se vocês pretendem dormir na ilha pra voltar no dia seguinte, aí sim, vale a pena. A melhor forma de conhecer a ilha é indo pela manhã (descendo no lado norte e fazendo a trilha pra voltar à tarde pelo lado sul) ou então pernoitando lá. Repito: não façam esse passeio de uma tarde, pois não vale a pena. Programem-se pra fazer o passeio indo pela manhã ou pra dormir lá. Se vocês não tiverem tempo disponível pra essas duas opções, nem vale a pena ir. Enfim, no final das contas Copacabana terminou sendo uma “decepção” pra gente. Entendam: adoramos a cidade, ela é bem simpática, e as paisagens são magníficas, mas ficamos meio que frustrados por não termos conseguido fazer os 2 principais atrativos do local: o Cerro Calvário e a trilha da Ilha do Sol. Voltando ao relato... quando desembarcamos, já eram quase 18:00h, ficamos perambulando um pouco pela cidade, fomos comer alguma coisa e voltamos pro hotel, já que começava a fazer frio. Tomamos banho e fomos deitar. Uma coisa que achei meio inconveniente no Utama foi o frio. Como o hotel fica no alto, acho que ele recebe mais ar frio que o normal. O quarto é gelado! O chuveiro achei fraco, apesar de quante... é elétrico, mas a água não cai com força. Quando se sai do chuveiro, prepare-se pra correr pra debaixo das cobertas (que provavelmente estarão frias também). E torça pra não precisar ir fazer xixi à noite... hehehe. Fora isso o hotel é 10, e vc ainda pode alugar um aquecedor para por no quarto (US$ 5 por noite).

 

Dia 11, 20/07 – Copacabana e La Paz

Acordamos por volta das 8:30h, descemos pra tomar café e depois eu saí pra ir providenciar o ônibus pra La Paz, enquanto minha esposa voltou ao quarto pra arrumar as tralhas. De Copacabana pra La Paz existe a opção do ônibus turístico e os ônibus locais. Os ônibus turísticos custam por volta de 25 a 30 bolivianos e só saem em dois horários do dia: o primeiro, bem cedo, por volta das 7:30h da manhã (ou algo próximo disso) e o segundo (e último) por volta das 13:30h / 14:00h. Os ônibus locais, do povão, saem praticamente a cada hora cheia (isso sem falar nas vans, que também tem a todo momento) e custam cerca de 15 bolivianos. Terminei desistindo do ônibus turístico, e explico o porquê: no dia anterior, quando eu tava fazendo as cotações de preço, a menina de uma das agências me mostrou a foto do ônibus “turístico” (era igual à foto que o agente tinha me mostrado na rodoviária de Puno)... já fiquei desconfiado. Coincidentemente, naquele momento chegava o tal do ônibus turístico e que decepção! Era bem diferente, e bem mais simples que o da foto. Questionei à menina se aquele era mesmo um ônibus turístico, aí ela me disse que na verdade tinham 4 empresas que faziam aquela rota, e que os ônibus eram diferentes, bla bla bla. Ou seja, eu poderia dar sorte de pegar um busão bom (quem sabe o da foto?? rsrs) ou pegar aquele cacareco. Desisti do ônibus turístico, e foi até melhor, pois ele só sairia às 13:30h (o de de manhã cedo, obviamente, já tinha saído) e isso me faria perder metade de um dia em La Paz, pois eu só chegaria à capital no fim da tarde. Optei pelo ônibus local, até porque ele já estava lá estacionado e pude ver que ele não era tão ruim assim. Muito pelo contrário, era compatível com o “turístico” que eu havia visto chegar. Comprei as passagens ali mesmo na hora, 15 bolivianos por pessoa, para saída dali a meia hora, pela empresa Trans Manco Kapac. Voltei correndo pro hotel, minha esposa já tinha arrumado as malas e fizemos o check-out. Pagamos 45 dólares pelas duas noites (seriam 50, mas tivemos um desconto de 10% por causa da carteirinha de estudante), e ainda pegamos o transfer do próprio hotel (mais um serviço que o Utama oferece). Chegamos na praça Sucre (que é de onde saem os ônibus locais), arrumamos nossa bagagem no bagageiro do ônibus e embarcamos. Até ficamos mais aliviados quando entramos e vimos outros gringos dentro do ônibus, não seríamos os únicos ali. O ônibus até que era relativamente novo, e bem conservado por dentro. Eu que pensava que seriam tipo aqueles de filmes, com galinhas, bodes, etc... rsrsrs. Tanquilão! Por isso, eu recomendo: se vc quer economizar, pode ir nesses ônibus locais sem medo. Eles ficam parados em fila lá na praça, na ordem em que vão sair e vc pode observar cada um deles e escolher o ônibus e horário que vc mais gostar. O único problema é que, se ele não sair com lotação completa, ele vai parando no caminho pra cada pessoa que acenar na estrada até encher, mas fora isso a viagem é tranqüila. Depois de cerca de 1 hora de viagem, paramos no estreito de Tiquiña para a travessia de balsa... vc desce do ônibus, embarca num barquinho (1,50 bolivianos) e o ônibus vai numa outra balsa. Como geralmente vc chega do outro lado primeiro que o ônibus, dá tempo de tirar fotos no local, comprar uma água, etc. O interessante nesse local é um monumento que eles fizeram onde se vê escrito “A Bolívia reclama sua saída ao mar”... os caras ainda são meio traumatizados por terem perdido sua única saída ao mar numa guerra contra o Chile. O interessante é ver que, apesar de não terem mais litoral, o país ainda mantém a sua marinha, que agora, por razões óbvias, só cuida do Lago Titicaca (inclusive tem um destacamento no estreito). Enfim, curiosidades à parte, embarcamos novamente no ônibus e seguimos rumo a La Paz. A viagem inteira dura umas 3:30h. Quando fomos chegando em El Alto, já começamos a ver o caos que já nos esperava... hehehe. Na boa, El Alto é a cidade MAIS FEIA que eu já vi em minha vida!!! Feia, confusa, monocromática (quase nenhuma casa é rebocada ou pintada), ruas empoeiradas, buzinas, enfim! Como todos aqui já devem saber, La Paz fica dentro de uma espécie de caldeirão, um buraco na acepção da palavra. E El Alto seria, digamos, a borda desse caldeirão. A vista que se tem da capital quando chegamos nessa boda é fascinante... o centro da cidade com seus prédios altos, o estádio, os montes nevados ao fundo! Bom, em poucos minutos descendo ladeiras, chegamos no ponto final, próximo ao cemitério. É uma rua onde ficam várias pequenas empresas de ônibus e vans, e cada um estaciona de frente pra seu escritório. Desembarcamos e fomos atrás de um táxi. Vou abrir aqui um parênteses sobre o lance dos táxis em La Paz: antes de viajar, já havia lido aqui sobre os cuidados ao se tomar táxi na cidade, então eu já tava meio vacinado. Mas o que nos fez ficar mais alertas foi que encontramos um brasileiro ainda em Cusco, o Marcel de Ribeirão Preto, e que já havia estado em La Paz antes de ir ao Peru. E ele nos contou que foi assaltado em um táxi. Tudo bem que foi meio que vacilo dele: era tarde da noite, ele estava sozinho e pegou um táxi, digamos, clandestino. Resultado, poucos metros depois, entraram mais 3 elementos no carro e fizeram uma espécie de seqüestro relâmpago com ele. Levaram dinheiro, sua máquina fotográfica e alguns outros pertences. E ele nos fez uma recomendação que eu já tinha lido por aqui: quando estiver em La Paz, só tome RÁDIO-TAXI! Como reconhecer um? Simples, todos eles tem um grande letreiro no teto, com o nome da empresa e o(s) número(s) de telefone. Esses são mais seguros. E, para se certificar que é mesmo um rádio-táxi, quando ele parar vc olha dentro do veículo pra ver se realmente eles tem o aparelho de rádio no painel. Como você inevitavelmente terá que negociar o preço da corrida com o motorista ANTES DE ENTRAR, aproveite esse momento da pechincha para já dar uma geral dentro do carro. Em hipótese nenhuma tome um táxi sem ser de rádio (estes não tem letreiro, geralmente tem apenas um adesivo escrito “TAXI” no vidro ou na porta). Como estávamos acabando de chegar na cidade, pedimos a ajuda a um policial pra nos auxiliar a encontrar um táxi. E ele nos fez exatamente as recomendações acima! E ainda aproveitou pra dar umas dicas sobre possíveis falsos policiais em La Paz... ele disse que a policia de lá não anda à paisana, só andam fardados (uma farda verde musgo, tipo de exército). Logo, se alguém à paisana lhe abordar dizendo-se policial e exigindo documentos, passaporte, etc, não dê atenção. Vá embora. Dicas dadas, e devidamente anotadas, ele parou um táxi e orientou ao motorista pra nos levar ao nosso hostel, na Calle Illampu. Pagamos 10 bolivianos (esse é o preço médio de táxi que pagamos por lá em nossos deslocamentos) e em poucos minutos chegávamos ao Hostal Copacabana. Recomendo bastante este hotel. Mais uma vez, foi dica da Gabriela Tálamo, que me recomendou e eu também recomendo com louvor! A diária custa 77 bolivianos, tem internet (3 computadores na recepção), café da manhã razoável, água quente e forte durante todo o dia, aceita cartão de crédito e a localização é imbatível. O site do hotel é http://www.hostalcopacabana.com/ , a reserva pode ser feita no formulário do próprio site, dá certo. Fizemos o check-in, subimos para o quarto (que sacrifício, subir dois lances de escada a 3600m de altitude é horrível, ainda mais com malas e mochilas). Enfim, devidamente instalados, saímos pra explorar a região. Descemos a Sagarnaga (que na época estava em obras e sem trânsito de carros) e fomos procurar um restaurante. Entramos numa transversal da Sagarnaga, a Calle Linares e vimos um letreiro na rua com um “menu” a 25 bolivianos. Era ali mesmo! Comemos e fomos trocar dinheiro, descemos na rua seguinte, a Calle Murillo que é onde fica uma casa de câmbio, a Los Cedros. Trocamos dólar a 7,05 bolivianos e reais a 3,65 bolivianos. Como àquela altura já nos aproximávamos do fim de tarde, não havia muita coisa a se fazer mais... só mesmo ficar perambulando pelas ruas e olhando o povo, o comércio, lojas, etc. Aproveitamos pra ir no Museu da Coca, fica na Calle Linares (a mesma do Mercado das Bruxas), mas não é muito fácil de achar, pois fica dentro de uma espécie de galeria. Mas perguntando a qualquer nativo, eles informam numa boa. Lá, vc paga cerca de 10 bolivianos (não lembro exatamente o valor, mas é algo em torno disso), recebe um guia impresso em português e começa a percorrer o museu. O local em si é pequeno e apertado e o guia nada mais é do que a tradução dos textos nos painéis. Mas a visita é interessantíssima. Aprendi muito sobre a coca e quebrei alguns paradigmas e “preconceitos” sobre o tema. Vale muito a pena e não toma muito tempo, em cerca de 1 hora vc consegue visitar tudo. E ainda dá pra comprar balinhas, tomar chá, etc. O guia pode até ser comprado, compramos o nosso por 35 bolivianos. Saímos do museu e fomos providenciar comprar o passeio do dia seguinte, que seria p/ Tiwanaku. Fomos procurando em algumas agencias, vendo preços, e tal, até que resolvemos entrar num centro comercial que fica na esquina na Sagarnaga com a Murilo, já quase ao lado da Igreja de São Francisco. É tipo um “mini-shopping”, tem umas lojinhas, casas de câmbio, agências, joalheria, etc. Entramos numa agência chamada Andes Amazônia e gostamos tanto do atendimento que fechamos lá mesmo. Sendo assim, recomendo esta agência. Procurem a Angélica, que nos atendeu muito bem, simpaticíssima. O passeio para Tiwanaku custa em geral 50 bolivianos, mas demos uma chorada e fechamos por 45. Lembrando que é só o transporte e o guia – entradas e almoço não estão inclusos (mas vc pode tentar fechar com tudo incluso no pacote, pode sair mais barato que pagar tudo separadamente. Pra vocês terem idéia, nós pagamos os 45 bolivianos na agência e lá em Tiwanaku pagamos mais 80 bolivianos pela entrada no local e 25 pelo almoço. Juntando tudo, daria um total de 150 bolivianos. Acontece que quando fizemos o passeio, no dia seguinte, encontramos no nosso ônibus um casal de brasileiros que tinham fechado em outra agência um pacote com tudo incluso (ônibus+guia+entrada+almoço) por 130 bolivianos, 20 a menos do que eu paguei. Não sei se todas as agências fazem assim, mas vale a pena tentar negociar. Nessa mesma agência fecharíamos no dia seguinte o passeio do Chacaltaya. Poderíamos até fechar os dois passeios já naquele momento, mas preferimos ver primeiro a qualidade dos serviços no Tiwanaku. Aprovando-os, fecharíamos o Chacaltaya na mesma agência, e foi o que fizemos. Um detalhe: em La Paz, não adianta muito ficar com frescura escolhendo esta ou aquela agência, pois no fim das contas eles vão te colocar num ônibus misturado com gente de várias outras agências. Leve em conta apenas o que eu levei: preço (poder de negociação) e, o principal, atendimento. Foi isso que me fez fechar com a Andes Amazônia. Volto a lembrar a localização: fica na Sagarnaga, num centro comercial (um prédio antigo) chamado “Dorian Turistic” na esquina com a Calle Murilo. Procurem a Angélica. Bom, passeio comprado, continuamos a perambular pelas ruas do centro. Fomos ver camisas de futebol (lembram que eu falei lá no começo que eu coleciono?? rsrs). Pra quem gosta deste tipo de material, a “Meca” das camisas é a Calle Santa Cruz, que é uma ladeira transversal à Illampu. Lá tem mais de 20 lojas, mas atenção: a pirataria rola solta, então tem que conhecer um pouco de camisa pra saber diferenciar uma verdadeira de uma falsa. Como já estava anoitecendo, procuramos um lugar pra comer. Jantamos numa pizzaria que fica na Illampu, chamada “Italian Pizza”. É uma rede de pizzarias de La Paz e só na Illampu tem duas unidades, próximas uma da outra. Fomos em duas noites diferentes, na primeira (esta) fomos numa que fica mais próxima da Sagarnaga. O ambiente é legal, mas aconteceu uma coisa surreal: de repente, me entra na pizzaria um mendigo, todo maltrapilho, sujo e começa a pedir esmolas dentro do restaurante... acham que alguém o retirou? Nada, acho que pra eles deve ser super normal. Depois de algum tempo, um gringo que estava lá jantando também deu uma fatia de pizza, ele saiu e sentou na calçada na entrada da pizzaria para degustar sua pizza... hehehe. São coisas que só acontecem em La Paz! Terminamos de comer e voltamos pro hotel, pois no dia seguinte teríamos que acordar cedo pra fazer o passeio do Tiwanako.

 

Dia 12, 21/07 – La Paz e Tiwanaku.

Acordamos cedo e fomos tomar café. O café da manhã do Copacabana é simplezinho, mas eficiente: pão, manteiga, geléia, café, leite, suco e chá. Nada demais, mas dá pra segurar as pontas até o almoço. Terminamos o café e fomos esperar o pessoal da agência na recepção. Poucos minutos depois, eles chegam, pedem nosso voucher e nos conduzem para o ônibus. Como eu já tinha dito antes, o ônibus é um só para pegar o pessoal de várias agências diferentes. Como a Illampu tem vários hotéis e pousadas, eles param o ônibus em algum ponto da rua e o guia vai a pé mesmo nos hotéis pra pegar os turistas. Poucos minutos depois, o ônibus sai pra ir pegar turistas em outros hotéis da cidade. Por volta das 9 da manhã já estávamos a caminho de El Alto para pegar a estrada pra Tiwanako. Na estrada, o ônibus pára num local alto, uma espécie de mirante natural, de onde se tem uma ótima visão do altiplano e das duas Cordilheiras que circundam o altiplano: a Real e a Blanca. Além de também ser possível ver o lago Titicaca, bem ao longe. O legal dessa parada foi quer no local tinha uma banda local (acho que de música folclórica) gravando um vídeo clipe. Agora pensem no frio que fazia no lugar e eles lá cantando e tocando só de camisa normal... rsrsrs. Tiradas as fotos, voltamos ao ônibus e em pouco tempo chegávamos a Tiwanaku. A primeira parada dentro do complexo seria o museu. Pagamos as entradas de 80 bolivianos por pessoa (lembrem-se que, conforme já relatei, vocês podem comprar o pacote do passeio com entradas e almoço incluso, às vezes, a depender da agência, é mais vantajoso). Na verdade, nem fomos nós que compramos as entradas, demos o dinheiro ao guia e ele comprou. Por isso, é importante você já ir com dinheiro trocado, se for possível, pra não ter que ficar esperando troco. Tickets na mão, entramos no museu e começou a explanação do guia. Logo na entrada tem um grande painel com uma “linha do tempo” das principais civilizações pré-colombianas. Dá pra perceber que a civilização Tiwanako é MUITO mais antiga que os Incas, mas as duas chegaram a ser contemporâneas por um breve período de tempo. Eu lembro que quando estávamos em Ollantaytambo, ainda no Peru, a guia de lá nos falou que até rolavam uns intercâmbios entre Incas e Tiwanacos, tanto que os Incas levaram alguns deles pra ajudar nas suas construções no Peru – em Ollanta é possível ver vestígios do estilo Tiwanaco das construções (até porque eles chegaram a habitar o território peruano em seus áureos tempos). Agora, é o seguinte: pra quem já esteve em Machu Picchu e Vale Sagrado antes da Bolívia, vai achar a cultura Tiwanaku um tanto quanto “inferior”, face à grandiosidade dos Incas. Até por serem mais antigos, ele tinham menos tecnologia, eram um pouco mais atrasados, mas ainda assim eram uma cultura e um povo fascinantes. A visita vale muito a pena, não deixem de ir. Dentro do museu, é possível ver objetos encontrados nas escavações, vasos, esqueletos, e crânios deformados (inclusive com sinais de cirurgias cerebrais). Eles tinham um estranho hábito de diferenciar os mais nobres da sociedade com uma deformação no crânio, e eles faziam isso quando ainda eram crianças, sendo que traziam sérias conseqüências quando adultos e com um índice de mortalidade grande. Achei este museu muito interessante, o povo era bastante avançado para o seu tempo, é impressionante as coisas que eles conseguiam fazer com tantas limitações. Pois bem, terminada a visita ao museu, vamos a um anexo onde se encontra um famoso monólito, que é uma estátua esculpida num bloco de rocha. Neste recinto, tem um quadro mostrando os desenhos que existem nas 4 faces do monólito, e que são explicados pelo guia. Depois desta visita, finalmente saímos à área externa, onde vamos visitar o sítio arqueológico propriamente dito. Primeiramente, paramos uma espécie de maquete que retrata (ou pelo menos, tenta) como era o local na época da civilização Tiwanaku. Dá pra ter uma idéia de como era o lugar. Depois, fazemos um tour pelo local, parando em alguns pontos de interesse para explicações do guia. O local ainda está em processo de exploração e escavação (segundo o guia, desde os anos 60). Visitamos mais alguns monolitos, vimos a porta do sol (que está quebrada e foi achada há muito tempo a alguns quilômetros de distancia – logo, ela não está em seu lugar original). Interessante foi ver um local, uma espécie de tribuna, onde os tiwanakos fizeram uma espécie de alto-falante natural esculpido na rocha! Muito interessante! Bom, como já falei antes, não vou aqui falar muito sobre a cultura e a civilização, senão perde a graça quando vocês forem lá. Mas, independente de qualquer coisa, mesmo que já tenham ido a Machu Picchu, Tiwanako é visita obrigatória. Finalizamos o tour, descemos de volta ao ônibus e fomos almoçar, num restaurante que fica no povoado ao lado do sítio arqueológico. Pagamos 25 bolivianos pelo menu. Até gostei da comida, mas a truta de minha esposa veio com um cabelo. Ela reclamou e eles trocaram o prato (quando acontecer algum incidente deste, no Peru ou na Bolívia, peça pra trocar o prato e fique de olho pra ver se eles trocam mesmo. Se não ficar esperto, eles simplesmente tiram o cabelo e devolvem o mesmo prato. Infelizmente, a higiene alimentar não é o forte de peruanos e, principalmente, bolivianos). Terminado o almoço, fomo visitar uma outra escavação, de uma outra pirâmide chamada Pumapunku, que fica a poucos metros de Tiwanaku. Passamos uns 15 minutos lá e depois voltamos ao ônibus para regressarmos a La Paz. Isso já era por volta de umas 3 da tarde. Na volta, já na descida de El Alto p/ La Paz, o ônibus pára na estrada para que possamos tirar fotos panorâmicas da capital boliviana. O ônibus finaliza o trajeto na Calle Illampu, onde todos descem. Nisso, já eram umas 16:00h p/ 17:00h. Voltamos logo na agência Andes Amazônia para fechar o passeio do Chacaltaya no dia seguinte, já que gostamos muito dos serviços dela. Mais uma vez, depois de alguma negociação, conseguimos fechar o passeio (Chacaltaya + Vale de La Luna) por 45 bolivianos por pessoa (para duas pessoas), naquele esquema de guia+ônibus (não incluindo entradas para as atrações). Saímos da agência, trocamos mais alguns dólares numa casa de câmbio dentro deste centro comercial onde fica a agência e fomos bater perna ali pelo centro. Não jantamos nesse dia, pois já tínhamos almoçado relativamente tarde (mais tarde, comeríamos alguns lanches que tínhamos no quarto do hotel). Aproveitamos pra levar algumas roupas sujas pra lavar numa lavandria ali mesmo da Illampu, tem várias lavanderias por ali (em La Paz, lava-se roupa por cerca de 6 bolivianos o quilo). Voltamos pro hotel novamente, ficamos matando o tempo na internet no térreo do hotel e subimos para dormir, pois no dia seguinte teríamos que acordar cedo novamente, para ir ao Chcaltaya.

 

Dia 13, 22/07 – La Paz/Chacaltaya

A exemplo do dia anterior, acordamos cedo, tomamos nosso café da manhã e ficamos alguns minutos aguardando o pessoal que viria nos buscar para o passeio. Em pouco tempo, eles chegaram (tanto o guia quanto o ônibus eram diferentes do dia anterior). Entramos no ônibus, ficamos aguardando outros turistas de outros hotéis e alguns minutos depois, o busão pôs-se em marcha. Como na véspera, ele ainda rodou um pouco pelo centro da cidade para buscar mais turistas em outros hotéis e depois de alguns tempo já estávamos novamente “saindo do caldeirão”, subindo em direção de El Alto. Lá em cima, na “borda do caldeirão”, o ônibus faz uma primeira parada pra tirarmos fotos panorâmicas da capital, vista do alto. Bom, o local da parada não é lá muito turístico, é tipo uma periferia barra-pesada, com ruas de barro, esgoto correndo por perto, e tal... mas vá lá, se eles, que conhecem o local, acham seguro para, quem sou eu pra contestar, não é??? De um modo geral, a Bolívia é segura, por isso nem temi. Logo depois das fotos, o ônibus para em um outro local, uma espécie de mercadinho, pra que as pessoas possam comprar água, lanches, etc. Se você já não estiver levando lanches com você na mochila, vale a pena comprar algo pra comer e beber logo aqui, pois lá em cima no Chacaltaya não tem nenhuma estrutura de lanchonete e restaurante (se tem, eu não vi). Aqui, compramos chocolates, biscoitos, bananas e água. Depois que todo mundo fez suas compras, entramos novamente no ônibus e tomamos o caminho do Chacaltaya, passando por umas periferias de El Alto (El Alto já parece com uma periferia, imaginem a periferia dessa periferia... rsrs). Pois bem, no caminho até o topo, o ônibus ainda para por duas vezes, a primeira na parte “plana e reta” do trajeto, onde podemos contemplar paisagens, o altiplano, etc. A segunda parada já é na subida propriamente dita, na parte sinuosa onde, do alto, podemos ver La Paz bem ao longe, o lago Titicaca e algumas lagunas altiplânicas (ambas as paradas são só pra contemplar a paisagem e tirar fotos). A variedade de cores dessas lagunas é espetacular, e a paisagem que se vê lá do alto idem. Depois de algumas fotos, voltamos ao ônibus em direção ao destino final, o cume da montanha. Chegando lá em cima, pagamos 15 bolivianos ao guia, referentes à entrada, para que o mesmo providenciasse a compra destas. Logo em seguida, o ônibus em peso se dirigiu ao banheiro e... que decepção! O banheiro era sujo e muito fedorento. Permitam-me abrir parênteses para uma consideração: a Bolívia é um país fascinante, tanto culturalmente quanto no que diz respeito às suas belezas naturais. É um país que merece mais de uma visita, até, mas a estrutura turística do país deixa muito a desejar. É um turismo muito barato, mas esse “barato” cobra seu preço, se é que me entendem... fica naquela bola de neve: eles cobram barato porque não tem estrutura e não melhoram a estrutura porque cobram barato. E isso fica naquele “paradoxo do Tostines” infindável. Banheiro público, na Bolívia, é uma coisa de louco. Sujos, desagradáveis, fedorentos... fico imaginando a situação das mulheres pra usar banheiros por lá. Enfim, se preparem para um verdadeiro show de horrores nos banheiros públicos bolivianos, e com um detalhe: eles ainda cobram para usá-los. No caso do Chacaltaya, o banheiro era grátis (também, pudera!), mas pelo preço da entrada, 15 bolivianos, acho que eles poderiam ter um local melhor. Enfim, considerações à parte, lá fomos nós. O ônibus deixa vc na base da extinta estação de esqui (que é onde fica o estacionamento, banheiros, etc), hoje desativada, que fica a uns 100/150 metros do cume. Dali, vc sobe à pé até um primeiro cume (que é alguns metros mais baixo que o topo propriamente dito). Vc pode subir até este, e depois descer pra subir de novo o segundo cume. Nós optamos por não gastar energia e optamos por pegar uma trilha alternativa pela lateral da encosta do morro, pois aí faríamos uma subida só. Levamos cerca de 50 minutos para percorrer um caminho que, em condições normais, não levaríamos 10. Essa subida tem que ser no esquema daquela antiga propaganda da Varig, na base do “pára um pouquinho, descansa um pouquinho”... rsrsrs. A gente cansa muito rápido e qualquer esforço extra lhe deixa esbaforido. Andávamos, bem vagarosamente, por 5 minutos e descasávamos mais 5. Fora isso, tem o vento, que é forte e frio. Mas só tenho uma coisa a dizer: vale muito a pena. Quando vc chega aos 5300m de altura é uma sensação de vitória indescritível, não tem como transmitir isso em palavras! Como fomos praticamente os últimos a chegar no topo, encontramos o lugar já vazio, pois a maioria do pessoal já tinha chegado e saído, então ficamos com o topo só pra nós pra tirarmos fotos à vontade. Não nos demoramos muito e começamos a descer para voltar. Como pra baixo todo santo ajuda, pudemos ir mais depressa e sem ter que parar pra descansar no caminho. Em alguns minutos já estávamos de volta. É impressionante como um lugar daqueles, que há alguns anos atrás estaria totalmente recoberto de neve e com pessoas esquiando, está daquele jeito, já com quase nenhuma neve, conseqüência do aquecimento global. Enfim, já era mais de meio dia quando deixamos o Chacaltaya, para ir em direção ao Valle de La Luna. Como o Valle fica na zona sul de La Paz, totalmente oposto de onde estávamos, teríamos que atravessar a cidade de ponta a ponta para chegar lá. No nosso caso, não fomos ao Valle de La Luna... já tínhamos lido, aqui mesmo no Mochileiros, relatos de pessoas que foram e disseram ser um passeio dispensável, sem graça. Trata-se de formações rochosas erodidas pelo tempo e que tem um aspecto (dizem) semelhante à da superfície lunar. Como já esperávamos por algo sem graça, e sabíamos que muita gente sequer vai até lá, abandonamos o passeio quando o ônibus passou pelo centro de La Paz, numa praça no começo da Illampu... e quer saber??? Praticamente metade do ônibus desceu ali também. Acho que eles “empurram” esse Valle de La Luna junto com o Chacaltaya porque se vendessem o passeio sozinho, ninguém compraria. Então, se você também decidir não ir ao Valle e aproveitar esse tempo pra andar um pouco mais pelo centro, saiba que você não estará perdendo nada. Mas gosto é gosto, não é mesmo??? Não vou dizer “não vá”, procurem se informar antes, ler algo sobre o local... se agradar e verem que vale a pena, vão lá (a propósito, a entrada custa mais 15 bolivianos, a exemplo do Chacaltaya).

Continuando, descemos ali e fomos andando até a Igreja de San Francisco (alguns metros ali perto) e dali começamos a descer pela Avenida Mariscal Santa Cruz, que é (acho) a principal avenida de La Paz, ela corta a cidade praticamente de norte a sul e muda de nome umas 2 vezes ao longo de seu percurso. Nossa idéia era ir descendo ela até cansar, depois voltaríamos de taxi. E assim fizemos. Logo no começo (fomos pelo lado direito de quem desce) atravessamos à avenida para ir comer algo numa lanchonete chamada Dumbo (tem um letreiro com um grande Dumbo na frente), foi recomendação de um amigo. Trata-se de um misto de lanchonete e confeitaria um tanto quanto “elitizada” para os padrões bolivianos, mas ainda assim barato pra gente. Milk-shakes, tortas, sorvetes, sucos, sanduíches, enfim, o que você puder imaginar em se tratando de lanches e doces. Eu resolvi comer um prato de “salchipapas”, que é um lanche típico deles, que não passa de batatas e salsichas fritas e misturadas, mais um suco de laranja. Minha esposa tomou uma espécie de shake com sorvete de baunilha e suco de laranja, um negócio meio estranho, mas muito bom. Saímos satisfeitos, fartos e pagamos apenas 56 bolivianos (o equivalente a 15 reais). Continuamos a descer a avenida, despretensiosamente, apenas admirando os prédios, se misturando aos nativos, olhando o vai e vem de pessoas, entrando em lojas, etc. Sempre que eu viajo pra uma outra cidade, especialmente no exterior, eu gosto de tirar um dia, pelo menos, só pra andar pela cidade, sem passeios, sem agências, etc. Somente andar. Recomendo que façam isso também. E, no caso de La Paz, vale muito a pena. Descendo a avenida, é perceptível a mudança da parte norte/centro em relação à zona sul. Não vou nem dizer que parece que vc sai de uma cidade e entra em outra, parece que vc sai de um PAÍS e entra em outro!!! Na zona sul, você já começa a ver prédios modernos, condomínios caros, carros de luxo (Land Rover´s, BMW,s, Jetta´s, etc), restaurantes mais caros (até uma churrascaria argentina eu vi... rsrs)... até a feição das pessoas muda, vc não vê mais aquelas caras de índio, características dos bolivianos, e passa a ver pessoas brancas, loiras, senhoras andando com seus poodles nas ruas, etc. Enfim, como eu disse, parece que vc mudou de país em poucos passos. Isso me chamou muito a atenção. Nessa área se encontram muitas das embaixadas de países estrangeiros, inclusive a do Brasil (muito bonita, por sinal). E foi na zona sul que vimos o único supermercado de La Paz!

Quando cansamos, tomamos um táxi de volta pra Illampu. Nesse dia, mais uma vez, não jantamos, pois já tínhamos almoçado tarde. Fui buscar a roupa que tinha deixado na lavanderia, voltei pro hotel, fiquei um pouco na internet e fui dormir.

 

Dia 14, 23/07 – Dia livre em La Paz e viagem p/ Uyuni

Esse dia decidimos que seria livre. Ou seja, tiraríamos para acordar um pouco mais tarde e conhecer um pouco da parte da cidade que ainda não tínhamos ido (a pé, é claro). Só que já acordamos muito tarde, a preguiça bateu forte e, pra completar, minha esposa acordou não muito bem. Nada demais, mas é daquele mal-estar que te deixa pra baixo e sem disposição pra fazer nada. Aí, quando levantamos fomos logo almoçar. Era por volta do meio dia quando saímos. Por recomendação de um brasileiro, fomos a um restaurante que fica na Calle Sagarnaga, só que agora eu esqueci o nome!!! Ele fica do lado direito de quem desce a ladeira, mais ou menos no meio dela. Mas mesmo que vc não o ache, opções não faltam por ali. Comemos uma lasanha de carne de lhama muito boa, recomendo! Saímos do restaurante e fomos procurar a agência Colque, pois queríamos fechar o tour de um dia ao Salar de Uyuni. Fomos pela Colque por recomendação de um amigo que já tinha ido por ela em janeiro, ele fez o mesmo tour de um dia e deu tudo certo. Pesquisei muito na internet e vi que ela tem boas referências. E o principal: ela é uma das poucas agências (se não for a única – não posso afirmar com certeza) que tem loja em La Paz e também em Uyuni. Ou seja, eles não vão te vender um pacote e “terceirizar” o tour quando você chegar em Uyuni. Tendo qualquer problema lá, vc tem como e onde reclamar, já que tudo é feito pela própria Colque. O site deles é http://www.colquetours.com/main.php?lang=id2 e tem duas lojas em La Paz, uma delas na própria Calle Sagarnaga. A loja da Sagarnaga fica meio escondida dentro de uma galeria chamada “Chuquiago”, mas não tem dificuldade pra achar, basta procurar essa galeria Chuquiago. Deixa eu falar um pouco desse tour de um dia. Bom, todo mundo conhece o tour de 3 dias, e é justamente esse que a galera mais faz. Eu tb, caso tivesse mais tempo disponível, faria esse de 3 dias, mas infelizmente não dava. Então, me contentei com esse de um dia mesmo. Melhor ir por um dia que não ir, não é mesmo??? Além do mais, nesse passeio de 3 dias, o salar propriamente dito rola somente no primeiro dia, nos dois outros, salvo engano (pelo que já li de relatos) se visitam mais as lagunas, gêiseres, vulcões, desertos, etc. Ou seja, esse tour de um dia nada mais é que o primeiro dia do tour de 3 dias, entenderam? Pois bem, funciona assim: vc pega o ônibus da empresa “Todo Turismo” ( http://www.touringbolivia.com/businfo.htm ) à noite, saindo de La Paz às 21:00h, viaja durante a noite e chega em Uyuni por volta das 6 ou 7 da manhã. O passeio propriamente dito se inicia às 11:00h e termina entre 17:00 e 18:00h (depende da tocada do motorista, nós já voltamos pra Uyuni praticamente no escuro). E nessa mesma noite vc retorna à La Paz, o ônibus sai de Uyuni pro volta das 20:00h e chega à La Paz entre 5 e 6 da manhã (o nosso chegou por volta das 5 horas). É cansativo, mas, ao menos na minha opinião, vale a pena. É o roteiro ideal pra quem quer muito ir ao Salar mas não tem muitos dias disponíveis. Pagamos cerca de 84 dólares por pessoa com tudo incluso: ônibus ida/volta, passeio compartido e almoço. Só a entrada da Isla del Pescado, aquela cheia de cactos no meio do salar, não estava inclusa (15 bolivianos à parte). Foram 180 bolivianos de cada trecho de ônibus (360 no total) e mais 230 pelo tour propriamente dito, totalizando 590 bolivianos por pessoa (pelo câmbio que estávamos trocando lá, a 7,05 bolivianos, dava por volta de 84 dólares – por pessoa, repito). Caro?? Talvez sim, já que paga-se quase que esse valor pelo tour de 3 dias, e reconheço que não é a melhor opção pra se conhecer o Salar, mas volto a dizer: pra quem não tem muito tempo, torna-se a única opção. E pra nós valeu muito a pena, valeu cada centavo. Não me arrependi nem um pouco. A própria Colque já faz a reserva dos assentos no ônibus da Todo Turismo e providencia tudo. Vc só faz pagar e pronto (vale ressaltar que eles aceitam cartão de crédito, cobrando uma taxa de 6% sobre o valor). Recomendo reservar tudo com no mínimo dois dias de antecedência, principalmente por causa do ônibus (lembre-se que não é só a Colque que vende esse pacote). Nós, num golpe de sorte, conseguimos reservar a ida para o mesmo dia na Todo Turismo, mas por incrível que possa parecer, a volta no dia seguinte já estava lotada. A princípio, fechamos a volta por uma empresa menor, a Panasur (cujo ônibus não é turístico) a 150 bolivianos, mas depois conseguimos trocar com a própria Todo Turismo mesmo (mais adiante conto como foi). Enfim, passeio pago e vouchers na mão, voltamos para o hotel pra deixar minha esposa lá pra descansar, já que viajaríamos naquela mesma noite pra Uyuni. Eu ainda queria aproveitar mais da cidade e, como apaixonado por futebol que sou, resolvi dar uma esticada até o estádio Hernando Silles, o mais alto do mundo, e onde joga a seleção boliviana, com toda aquela mística da altitude que tanto assombra as seleções adversárias. Eu, particularmente, sempre que viajo visito estádios, é um gosto pessoal. Paguei 12 bolivianos no táxi da Illampu até o estádio. Só que infelizmente iria ter um show de uma banda local naquele dia e não seria possível adentrar as dependências do estádio. Sem problemas, pois dali a 2 dias iria ter jogo pelo campeonato boliviano e eu iria poder assistir à partida. Pra não perder a viagem, tirei umas fotos na frente do estádio e peguei outro táxi pra voltar pra Illampu ( + 12 bolivianos). Isso já era fim de tarde, por volta das 17:00h. Ao chegar na Illampu, perambulei um pouco pelo comércio e voltei pro hotel pra tirar um cochilo, já que a viagem da noite seria longa. Depois que acordamos, arrumamos nossas mochilas (já que não lavaríamos toda a bagagem) e descemos pra fechar a conta do hotel. Deixamos nossa bagagem maior lá no hotel e saímos, não sem antes já deixar reservada a estadia para quando voltássemos de Uyuni. Pegamos um táxi e fomos pro local de onde saem os ônibus da Todo Turismo. Eles não saem de dentro do Terminal de Buses, mas do escritório próprio que fica num prédio próximo ao terminal, quase em frente. Chegamos lá já atrasados (o ônibus sairia às 21:00h, chegamos às 21:05h) e pra nosso alívio soubemos que o ônibus também atrasaria cerca de meia hora. Subimos para o escritório, no primeiro andar, pra fazer o “check-in”. O escritório é até arrumadinho, tem sofás, café, banheiro, etc. Como era de se esperar, só tinha turista, já que esse tipo de ônibus é bastante caro para os padrões bolivianos. Fizemos nosso check-in e recebemos nossos bilhetes com o número do ônibus e os assentos. O lance do número do ônibus (n° 1 ou n° 2) é porque a viagem é feita sempre com dois veículos, que saem juntos e viajam em comboio. Não sei se é assim durante todo o ano ou se eles colocam esse ônibus extra por conta da alta estação. Assim que os busões chegaram, localizamos o nosso, entramos e nos instalamos. O ônibus em si e o serviço de bordo são um show à parte: poltronas largas, bem espaçadas e são do tipo leito (reclinam bastante), com apoio para os pés. O ônibus tem calefação, som/DVD e até um rango no começo da viagem... tipo de avião mesmo, com prato quente e tudo (comemos uma massa muito boa). Quando terminamos de comer, o “rodomoço” perguntou aos passageiros se queríamos assistir algum filme ou dormir... a opção “dormir” ganhou por unanimidade... hehehe. Então o motorista apagou as luzes e pegamos no sono. Vale ressaltar o único porém dessa viagem de ônibus: a estrada. Saindo de La Paz, as primeiras 3 ou 4 horas de viagem são tranqüilas, a estrada é um tapete e dá pra dormir tranqüilo no ônibus. Depois que passa de Oruro, se preparem: a estrada é horrível! Sacode mais que britadeira. Eu diria que metade da estrada é boa e metade é ruim, só que essa metade ruim consome praticamente 70% do tempo de viagem. Eu, particularmente, não tenho problemas quanto a isso. Dormi que foi uma beleza... até acordava no meio da noite com os solavancos, mas voltava e pegar no sono logo em seguida. Só acordei em definitivo já com dia amanhecendo, faltando cerca de 1 hora pra chegar ao destino final, quando o “rodomoço” passou distribuindo o desjejum (um iogurte e um pacote contendo uma espécie de sucrilhos). Misturei os sucrilhos dentro do iogurte e mandei ver! Hehehe.

 

Dia 15, 24/07 – Salar de Uyuni!

Chegamos em Uyuni entre 6 e 7 da manhã. Como a cidade não tem rodoviária, os ônibus param em frente so escritórios de cada empresa, que ficam quase todas na mesma rua. Dava pra perceber a diferença do nível da Todo Turismo para as outras, gritante! Fica em uma sala bem arrumada, com calefação, chá, café e banheiros, etc. Quando descemos do ônibus, fomos surpreendidos com um frio de lascar!!! Mesmo agasalhados, chegávamos a bater os dentes, era muuuito frio. Nosso refúgio foi o escritório da empresa, mesmo, que àquela altura lotou de gente (imaginem os passageiros de 2 ônibus se apertando numa sala pequena!). Lembram que no dia anterior eu falei que, ainda lá na Colque, quando da compra do passeio, eles não conseguiram reservar nossa volta pela Todo Turismo porque já estava lotado?? E que só nos restou comprar por uma empresa meia boca? Pois bem, dei uma de “joão sem braço” perguntei à recepcionista do escritório se ainda tinham 2 vagas disponíveis para a volta naquele mesmo dia. Ela olhou no sistema e bingo! Dois assentos, os últimos disponíveis! Acredito que pode ter sido alguma desistência, mas não vacilei, expliquei minha situação e pedi pra reservar imediatamente. Como eu já tinha pago a volta diretamente na Colque, e eles já tinham reservado o ônibus pela Panasur, quando cheguei no escritório da agência pedi para eles cancelaram com essa última e comprarem na primeira. Daí só tive que pagar a diferença de 60 bolivianos! E quer saber? Mesmo que eles não conseguissem cancelar, eu estaria disposto a perder esse dinheiro e comprar novas passagens pela Todo Turismo, pagando à parte. Ainda mais depois que eu vi o tal do ônibus da Panasur, podre... no final deu tudo certo e conseguimos retornar La Paz pela Todo Turismo mesmo. Aqui, uma dica: se você não estiver disposto a pagar um pouco mais caro pelo ônibus da Todo Turismo e quiser ir no ônibus povão, dizem que a empresa Transomar é, digamos, a melhorzinha. Mas por 60 bolivianos ida/volta, cá pra nós, vale a pena pegar o turístico mesmo (dá menos de 20 reais de diferença)

Pois bem, como o passeio só começaria por volta das 11 da manhã fomos rodar por Uyuni. A cidade não tem muito o que se ver, é um vilarejo no meio do deserto ao melhor estilo velho oeste norte americano (só aquelas bolas de feno rolando pelas ruas levadas pelo vento). Minha primeira providência foi comprar um par de óculos escuros, pois eu tinha perdido o meu no dia anterior, ainda em La Paz, quando estava experimentando camisas numa loja (acho que deixei em cima do balcão da loja... que azar!). O jeito foi ter que comprar um óculos ching-ling mesmo ( e pensar que o meu era original, de uma marca conhecida). Aqui vai a dica: óculos escuros no salar é imprescindível!!! Questão de saúde mesmo, pois os raios solares refletem no sal e podem vir a causar danos à visão. Como um óculos ching-ling é melhor que nada, apesar de também ser prejudicial à saúde, comprei ele mesmo (acho que 15 bolivianos, salvo engano). Pra passar metade de um dia tava de bom tamanho. Outra coisa: como diria o Pedro Bial, “nunca deixem de usar filtro solar!”, é muito importante, pois a radiação refletida no sal pode até causar queimaduras. Eu, por exemplo, cheguei a ficar com as mãos bem vermelhas quando fiquei um tempo sem luvas pra tirar fotos. Pois bem, ficamos rodando meio que sem rumo pela cidade, vendo o dia começando por lá. É legal ver essa rotina de uma cidadezinha do interior. Aproveitamos também pra ir no mercadão da cidade (fica em frente ao escritório da Colque). É uma experiência impactante, se é que vocês me entendem (já tínhamos vivido-a em Cusco)... hehehe. Quer conhecer uma cidade e seus habitantes? Vá pra um mercado ou feira livre. Rsrs. Como em toda a Bolívia, as condições de higiene não são lá essas coisas. Saímos do mercado e voltamos para o escritório pra esperar o carro do passeio. Ficamos por lá até que o carro chegou. Uma Toyota Land Cruiser dos anos 90, aliás, praticamente todos os carros que fazem os passeios do Salar são desses. As condições de conservação e manutenção dos carros não são lá essas coisas. O da Colque, por exemplo, aparentava estar conservado, mas deu defeito umas 2 vezes durante o dia (mas nada demais, o motorista ia lá no motor, ajeitava e seguíamos em frente). Quando o carro chegou, já tinham 5 pessoas: um casal de norte-americanos, mãe e filha coreanas e um russo com cidadania equatoriana (???). Eu e minha esposa completávamos o grupo. A primeira parada do tour é o cemitério de trens (ainda não é no salar propriamente dito). É uma área desértica, no meio do nada, onde tem umas sucatas de trens velhos. Segundo o guia, os trens foram sendo abandonados por lá ao longo dos anos, sendo “canibalizados” para ceder suas peças para trens que ainda rodavam, e terminaram ficando por lá mesmo. É interessante, mas sem graça. Acho que é o mesmo caso do Vale de La Luna, no passeio do Chacaltaya... empurram esse passeio junto, pois se fosse vendido separadamente ninguém compraria. Ficamos ali por cerca de 30 ou 40 minutos e seguimos adiante. Depois, paramos num vilarejo (ainda na parte “desértica”) chamado Colchani, onde vimos como é feito o tratamento e o empacotamento do sal. Interessante saber que todo o sal consumido pelo povo boliviano vem do Salar. Só que o sal é tão barato, que nem vale a pena exportar (senão a Bolívia seria, certamente, um dos maiores exportadores mundiais... hehe). Lá vimos como os nativos empacotam o sal, tudo muito precário e artesanal, diga-se de passagem. Lá também tem umas barraquinhas pra venda de souvenirs (inclusive pequenos artesanatos feitos de sal). Ficamos ali algum tempo e depois seguimos para o salar. Aliás, essa logística de entra e sai do jipe é um saco, pois geralmente colocam de 6 a 8 pessoas lá dentro e quem vai atrás, na última fileira de bancos, sofre mais, pois é mais difícil de sair e entrar, fora o fato do espaço ser menor. Mas é só combinar um revezamento entre o grupo que ta tudo bem. Pois bem, seguimos adiante e em poucos minutos, finalmente, adentrávamos o mar branco de sal. É interessante ver a transição do deserto para o sal. Já dentro do sal, paramos primeiros numas poças que eles chamam de “ojos de água”, um local onde a água (gelada) brota do sal (na verdade, eles dizem que o salar é uma camada de 30 cm de sal sobre um mundo de água). Neste mesmo local tem uns montinhos de sal, onde o pessoal faz a exploração pra depois levar praquele vilarejo que visitamos anteriormente para fazer o tratamento e empacotamento. Voltamos ao carro, e a próxima parada seria o hotel de sal. Trata-se de uma construção inteiramente feita de sal, inclusive os “móveis” em seu interior... mesas, cadeiras, camas, tudo feito de blocos de sal. Obviamente que não funciona mais como hotel. Mas pra visitar seu interior tem que “pagar” uma taxa, que nada mais é que consumir algo numa mini lanchonete que tem na entrada. Comprando um chiclete ou chocolate já basta, pra eles é o suficiente. Aí vc pode entrar, tirar fotos, etc. Na frente desse hotel muitos grupos já aproveitam pra fazer as refeições, pois tem mesas e cadeiras (de sal, obviamente) na parte externa. Se quiséssemos, poderíamos já almoçar ali mesmo, o nosso motorista/guia nos deu essa opção, mas o grupo optou por almoçar na Isla del Pescado. Passamos aí alguns minutos, tiramos fotos (tem um local com várias bandeiras do mundo todo) e voltamos ao carro, e dessa vez rumamos direto para a principal atração do Salar (ao menos nesse tour de um dia): A famosa Isla del Pescado. É aquela ilha, que vemos nas fotos, cheia de cactos, e tal. Ela é feita de corais, já que quando o salar era um mar, há milhares de anos, essa ilha era uma espécie de barreira de corais. Seus únicos habitantes são os cactos centenários e até mesmo milenários (eles dizem que cada centímetro na altura deles equivale a um ano de vida... imagine um um cacto que tinha lá – morto recentemente – que tinha 12 metros de altura!). Antes de adentrarmos a ilha, propriamente dita, ficamos no sal fazendo aquelas foto-montagens tradicionais, que se vê por aí... em cima de uma garrafa, em pé na mão de outra pessoa, etc. Fica muito legal, tiramos várias assim. Depois de alguns minutos, o motorista nos chama pra almoçar, ao redor da ilha tem umas mesas e cadeiras pra que os grupos possam fazer suas refeições. Almoçamos o grupo todo, o interessante é que apesar das diferenças culturais, todo mundo se fala, conversa e, de uma forma ou de outra, se entende. Achei bem legal essa interação. Nessa conversa, por exemplo, descobri que o americano tinha uma irmã que morava em minha cidade! Que coincidência... aliás, deixa eu abrir um parêntese para falar desse casal de norte-americanos: os dois eram chatos pra caramba!!! Eram até gente fina, mas o chato a que me refiro é porque a gente sempre se atrasava por causa deles. Tipo, o guia parava numa atração e dizia “pessoal, vamos parar aqui por “X” minutos e depois saímos”. Ok, todo mundo fazia suas fotos e depois dos “X” minutos estávamos dentro do jipe... menos eles. Eles se afastavam, demoravam, não tavam nem aí. Achavam que nós estávamos à sua disposição e tínhamos sempre que esperar por eles... sério, foi assim em TODAS as paradas que fizemos. Eram sempre os últimos a entrarem no carro. Acho que é por isso que dizem que norte-americanos se acham donos do mundo... rsrsrs (detalhe: eles pagam US$ 135 pra entrar na Bolívia).

Bom, voltemos ao passeio... terminado o almoço, fomos visitar a ilha. Paga-se 15 bolivianos pelo ingresso (única despesa do passeio que não estava inclusa no pacote) e fizemos uma mini trilha que tem nela. A ilha é basicamente formada por cactos, mas eu achei bem legal... um visual exótico e diferente. Como eu disse antes, lá tem um cacto (já morto) que tinha mais de 12 metros de altura, ou seja, viveu mais de 1200 anos! Terminamos a trilha e voltamos para o jipe para iniciarmos nosso retorno a Uyuni (não sem antes termos que esperar pelos americanos). Iniciamos nosso retorno e no meio do caminho o nosso guia/motorista fez mais duas pequenas paradas: a primeira, ainda no sal, para tirarmos mais fotos e a segunda, já na parte do deserto, para tirarmos fotos de um laguinho com flamingos. Chegamos em Uyuni já por volta das 18:00h, escurecendo. Como o ônibus de volta a La Paz sairia às 20:00h, e como também já começava a esfriar, voltamos pro escritório da Todo Turismo e ficamos lá matando o tempo até a hora do embarque. Tomamos chazinho, cafezinho, fomos ao banheiro e aproveitamos pra comprar umas bobagens num mercadinho ao lado. Conhecemos mais brasileiros e, é claro, o papo rolou solto. Quando chegou a hora do embarque, localizamos nosso ônibus (assim como na ida, a volta era em 2 veículos), entramos e nos acomodamos. O ônibus saiu com pouco atraso e em poucos minutos ele saiu em direção à La Paz. Logo no começo da viagem recebemos nossa refeição (outro prato quente – frango com alguma outra coisa que não lembro). Quando terminamos, o “rodomoço” passou recolhendo o lixo e depois fomos dormir. O complicador da viagem de volta é que, ao contrário da ida, pegamos o trecho ruim de estrada logo no começo da viagem (na ida, rodamos por um bom tempo em estrada boa, então dá pra pegar no sono tranquilamente). Eu, paticularmente, não tive problemas, peguei logo no sono, mas quem tem um sono mais leve pode vir a ter problemas para dormir. Acordei talvez duas vezes ao longo da viagem, numa delas o ônibus estava parado (acho que já era em Oruro) e por volta das 5 da manhã chegávamos em La Paz. Assim como no embarque, o desembarque foi no prédio do escritório da Todo Turismo, quase em frente ao terminal de buses. Descemos e fomos pegar um táxi, ainda com tudo escuro. No local sempre ficam uns esperando, pois os taxistas já sabem mais ou menos o horário que o ônibus chega. E por conta do horário e sabendo que os turistas chegam cansados e com sono, conseqüentemente sem disposição pra pechinchar, eles aproveitam pra explorar o preço. O primeiro taxista que consultei pediu cerca de 20 bolivianos para fazer um trajeto que, àquela altura, sem trânsito nenhum, duraria pouco mais de 5 minutos – lembrem que na ida eu paguei 12. Dispensei este taxista e fui pra outro (não esquecendo o alerta de sempre pegar rádio-táxis). Este segundo cobrou 12 bolivianos, valor que achei justo, já que paguei esta mesma quantia na ida. Entramos no carro e em pouco tempo estávamos de volta ao Hostal Copacabana. O curioso é que o hotel estava fechado (chagamos antes das 6 da manhã, ainda no escuro) e tivemos que ficar batendo na porta e gritando para o cara da recepção, que estava dormindo no sofá do lobby. Depois de muito insistir, ele veio à porta para nos dizer que o hotel estava lotado, o que obviamente sabíamos que não era verdade – ou seja, má vontade pura - então dissemos que tínhamos reserva. Só restou a ele abrir a porta e nos deixar entrar. Fizemos novo check-in, pegamos nossa bagagem que estava guardada e subimos para o quarto. Tomamos banho e tiramos um cochilo até cerca de 9 da manhã.

 

Dia 16, 25/07 – Último dia em La Paz

Depois de um merecido banho e um cochilo, já que havíamos chegado de Uyuni bem cedo, levantamos pra sair no nosso último dia em La Paz. Nosso planejamento era ter um dia solto, sem compromissos, somente para andar. Nossa intenção era conhecer a parte do centro onde se localizam a Plaza Murillo, palácio do governo, catedral, etc. Saímos do hotel cedo – sem tomar café – e fomos andar.Descemos a Sagarnaga e saímos do lado da igreja de São Francisco. Como era um domingo, o pátio em frente ao templo estava lotado de nativos e turistas. Não chegamos a entrar na igreja, passamos pela frente e fomos em direção a uma passarela que passa sobre a Av. Mariscal Santa Cuz, e assim irmos em direção ao centrão. Atravessamos a passarela e caímos já na Calle Comercio, uma das principais da região. Essa rua, na verdade, é um calçadão com muitas lojas, restaurantes, etc. Pena que, por ser domingo, estava tudo fechado. Leve isso em conta no seu planejamento: aos domingos a cidade praticamente morre no que diz respeito a comércio, até mesmo o comércio informal. Não planeje compras para este dia. Enfim, fomos andando e em poucos minutos estávamos na Plaza Murillo (a Calle Comércio termina justamente na praça). Aqui, pausa para várias fotos. Ficamos por ali um tempo, vendo as crianças brincando, famílias dando comida aos pombos, etc. Tiramos fotos do palácio do governo, do palácio legislativo, da catedral que fica na praça, etc. Depois que nos demos por satisfeitos, descemos a Calle Socabaya (onde fica o famoso Hotel Torino) e fomos até o Alexander Coffee, um café bem legal (mais uma recomendação da Gabriella). A exemplo do Dumbo, onde fomos dias atrás, este café/restaurante é bem elitizado e caro para os padrões bolivianos, mas ainda assim é barato pra gente. Como não tínhamos tomado café e já estávamos com fome, paramos lá pra comer algo. Pedimos suco de laranja e umas empanadas (não tinham mais salteñas), e fechamos com uma fatia de torta (única recomendação da Gabriella que nós não aprovamos... hehehe). Continuamos a andar pelo centro, apreciando a arquitetura dos prédios – achamos interessante a mistura entre o novo e o antigo nas fachadas – tiramos algumas fotos e ficamos perambulando. Como era um domingo, as ruas estavam vazias, sem aquele movimento típico de centro de cidade em dias úteis. Ainda aproveitamos pra ir na Sagarnaga e Linares (a “Calle de las Brujas”) pra comprar lembranças. Pelo menos esse comércio estava aberto. Compramos camisetas (em média a 20 bolivianos), ímãs de geladeira (3 por 10), chá de coca, etc. Já era começo da tarde e resolvemos voltar pro hotel, já que viajaríamos naquela noite. Depois, fui para o estádio Hernando Silles assistir a uma partida do campeonato boliviano. Lembram-se que eu tinha ido lá uns dois dias antes e não me deixaram entrar por conta de um show? Pois é, teria agora minha oportunidade de conhecer o estádio. Tomei um taxi ali mesmo na Illampu, paguei 12 bolivianos e ele me deixou na porta do estádio. Antes de comprar ingresso, procurei um grupo de policiais, me identifiquei como turista e perguntei onde era o local mais seguro pra assisitr o jogo, onde deveria comprar ingresso, por qual portão deveria entrar, etc. Queria evitar ficar próximo a torcidas organizadas ou cair no meio da torcida adversária sem querer. Já ciente de tudo, comprei o ingresso por 30 bolivianos (o mais caro), menos de 10 reais, e já entrei com a partida iniciada. O jogo era The Strongest (donos da casa) x Aurora (de Cochabamba). Jogo morno, mas deu pra ver uns lances legais e conhecer como se comporta o torcedor boliviano. Acho que dei sorte para os donos da casa, pois o The Strongest venceu por 4x2. Terminada a partida, tomei um táxi de volta para o hotel, e dessa vez paguei 15 bolivianos para o mesmo trajeto. Mas é a lei da oferta e da procura, principalmente na porta de um estádio ao final de uma partida... hehehe. Voltei para o hotel e a noite foi só mesmo pra arrumar a bagagem e fazer os últimos ajustes para o regresso ao Brasil. Nosso vôo sairia às 2:30h da manhã. Descansamos um pouco e à noite saímos pra jantar. Fomos novamente no Italian Pizza. Na primeira vez que fomos nessa pizzaria, a experiência não foi muito boa... a lasanha não estava legal e num dado momento chegou a entrar um mendigo no restaurante. Dessa vez, fomos no restaurante que fica do outro lado da rua (existem duas Italian Pizza na Illampu), essa é a que fica no primeiro andar de um prédio. Fomos lá e dessa vez foi tudo bem. Comemos uma pizza deliciosa e o ambiente também muito bom! Nem parece que a outra pizzaria que comemos dias antes é da mesma rede. Então lembrem: na Illampu tem duas pizzarias “Italian Pizza” uma delas fica no térreo, de frente pra rua, com uma porta de vidro. Fujam dessa. A outra, essa que gostei, fica do lado oposto (alguns metros depois) e vc tem que subir uma escada pra acessá-la. Voltamos pro hotel e por volta das 23:00h descemos pra fazer o check-out. Pagamos nossa estadia com cartão de crédito (a diária no Copacabana custa 77 bolivianos por pessoa) e pedimos ao recepcionista pra chamar um rádio-táxi pra nos conduzir ao aeroporto. Perguntamos por quanto sairia o táxi até o aeroporto e o recepcionista disse que sairia por 50 bolivianos. Ok, o táxi chegou, acomodamos nossa bagagem no carro e lá fomos nós. Antes de iniciar o percurso, ainda perguntei ao motorista quanto sairia a corrida, e ele desconversou com aquele ar de “depois a gente acerta”. No caminho do centro até o aeroporto (que fica em El Alto) existem 2 pedágios, e eu que tive que pagar os dois (4 bolivianos cada um). Como naquele horário não tinha trânsito, chegamos no aeroporto em cerca de 20 minutos (talvez até menos) e lá recebemos a facada: perguntamos ao motorista quanto sairia a corrida ele ele disse que seriam 60 bolivianos! Isso dá menos de 20 reais, é verdade, nem é tão caro assim... mas ainda assim, me senti explorado. Isso sem contar os dois pedágios que paguei por fora. Ainda questionei o fato de o recepcionista do hotel ter me dito que a corrida sairia por 50 bolivianos, mas não teve jeito. Ou seja, em toda a viagem eu não fui embromado por ninguém, e no último dia, na última corrida de táxi me passam a perna... hehehe. Mas tudo bem, nem tava a fim de me estressar. Por isso, faço uma recomendação: quando estiver em La Paz, tomando táxis pra ir pros lugares ou passeando, procure saber junto aos taxistas por quanto sai, em média, uma corrida para o aeroporto, e se esse valor já inclui os pedágios (se diz “peajes” em espanhol). E se vc gostar de algum taxista (e, obviamente, do preço que ele apresentar) tente já deixar combinado pra que ele te leve ao aeroporto no dia que você for embora. Sem esquecer que tem que ser rádio-táxi. Geralmente esses motorista de rádio-táxis são organizados, tem até cartão de visitas. Acerte tudo com ele, dia e horário, tenho certeza que vai sair mais barato que pedir no hotel. Enfim, descemos do carro e fomos fazer nosso check-in. O aeroporto de La Paz é minúsculo, talvez seja do porte da rodoviária aqui de Salvador (ou até menor!). Como era noite, até que estava vazio, mas imagino como deve ficar aquilo ali em horários de pico. Não esqueça que vc deve pagar uma taxa aeroportuária de US$ 25,00 para sair do país. Depois que vc faz o check-in, de posse do ticket, vc vai a um outro balcão e paga a taxa, daí eles colocam um selo com um código de barras em seu bilhete. Daí em diante foi só esperar a hora do embarque. Encontramos duas brasileiras lá, ficamos conversando, e quando estávamos já na sala de embarque ficamos sabendo que o vôo atrasaria. Fomos ao free-shop (bem variado, até... mas com preços equivalentes ao do Brasil) e então, depois de algum tempo, embarcamos. Nosso vôo seria pela TAM e ainda faríamos conexão em Assunção, depois SP e finalmente, Salvador.

E fim de viagem!

 

Pois é, galera. Como eu disse lá no começo, ficou longo, Mas espero que tenha ficado claro.

Relevem um ou outro errinho de digitação ou ortografia, ou se alguma informação não tenha ficado clara.

Acontece.

Estarei à disposição pra ir tirando dúvidas que porventura venham a surgir aqui no tópico.

 

Abraços!!!

 

PS: de estou postando este tópico não tenho como inserir fotos, mas tentarei fazer isso aos poucos, no decorrer dos próximos dias, pra que o relato fique ainda mais completo.

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Oi Junior!

está um primor seu relato! Pode ate ter algumas coisas "mais do mesmo", mas está cheio de dicas boas e, principalmente, ATUALIZADAS para quem viaja em breve, como eu. ADOREI!

 

Gostaria de aproveitar e te fazer algumas perguntinhas:

1) No passeio de Tiwanaku todo mundo sempre comenta do preço total do passeio e do almoço. So que ate hj eu nao entendi muito bem a logica do almoço. La onde faz-se a visitação tem restaurantes onde podemos escolher onde almoçar?

2) existem Onibus da Todo Turismo que fazem o trajeto LaPaz-Oruro? Eu gostaria de fazer o restante do trajeto ate Uyuni de trem.

Parabens pelo seu relato!

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Oi Junior!

está um primor seu relato! Pode ate ter algumas coisas "mais do mesmo", mas está cheio de dicas boas e, principalmente, ATUALIZADAS para quem viaja em breve, como eu. ADOREI!

 

Gostaria de aproveitar e te fazer algumas perguntinhas:

1) No passeio de Tiwanaku todo mundo sempre comenta do preço total do passeio e do almoço. So que ate hj eu nao entendi muito bem a logica do almoço. La onde faz-se a visitação tem restaurantes onde podemos escolher onde almoçar?

2) existem Onibus da Todo Turismo que fazem o trajeto LaPaz-Oruro? Eu gostaria de fazer o restante do trajeto ate Uyuni de trem.

Parabens pelo seu relato!

 

Olá, Marla!

Que bom que gostou do relato. Vamos às respostas:

 

1) Os restaurantes não ficam dentro do complexo/sítio arquológico de Tiwanako. Ao redor do complexo tem um vilarejo e é lá que ficam os restaurantes. Geralmente, depois que termina o tour, na saída o guia pára em um desses restaurantes (provavelmente já há um acerto prévio entre eles) para que o grupo possa almoçar junto, mas nada impede que você procure um outro local e almoce por lá. Mas acho que a diferença de preço não vai compensar muito.

 

2) Não sei dizer... eu sei que esse ônibus que vai pra Uyuni passa por Oruro (e até faz uma pequena parada), mas não sei dizer se é um local de transbordo. No link que eu coloquei eles até citam essa parada por lá... mas nessa viagem noturna não sei se valeria a pena, pois lembre-se que o ônibus sai de La Paz por volta das 21:00h e chega em Oruro lá pela meia noite, nessa faixa. E nesse horário acredito que não há mais trens, vc teria que esperar o dia amanhecer (salvo engano, os trens pra Uyuni só saem pela tarde). enfim, manda um e-mail pra eles que com certeza eles te responderão. Achei eles muito profissionais.

 

Espero ter ajudado, ainda que pela metade... rsrsrs

 

Abraço.

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Oi Junior.

Teu relato tá muito completo mesmo!! Estou aguardando as fotos!

E sem querer me intrometer, mas respondendo à Marla, existe ôniburs La Paz-Oruro sim! De lá dá pra pegar o trem para Uyuni, só que cuidado... Existem alguns dias da semana que não há trem!

Abraços.

  • Colaboradores
Postado

Oi pdavid,

to ciente dos dias e horarios dos trens :wink: tb sei que sempre tem onibus de La Paz para Oruro, mas oq eu queria saber era se existe esse onibus "chiquetoso" da Todo Turismo que o Junior pegou :wink:

 

Um pouquinho de conforto nao faz mal a ninguem rsrs

 

abs!

  • Colaboradores
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Oii Júnior!

 

Parabéns pelo relato!!! Muito bom, completo! Irá ajudar muitos viajantes com certeza!

 

Obrigada pelos agradecimentos, eu faço isso com maior carinho... pena que agora meu tempo está beeem mais restiro e tenho aparecido bem menos para ajudar o povo aqui!!! Mas o seu relato irá contribuir de mais com isso!!

 

Beijos!!

  • 2 meses depois...
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Júnior!

 

Parabéns pelo relato!

Já estou copiando várias dicas para ir para o Peru no Ano que vem. Mas antes queria tirar uma dúvida contigo:

tenho ouvido boatos de que o parque de Machu Picchu será fechado definitivamente para visitantes. Ouviu algo à respeito?

 

Aguardo,

 

Bjs

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Júnior!

 

Parabéns pelo relato!

Já estou copiando várias dicas para ir para o Peru no Ano que vem. Mas antes queria tirar uma dúvida contigo:

tenho ouvido boatos de que o parque de Machu Picchu será fechado definitivamente para visitantes. Ouviu algo à respeito?

 

Aguardo,

 

Bjs

 

Olá, Ana!

Não ouvi nada a respeito do fechamento do parque, pelo menos em definitivo. Quando vi sua mensagem, fiquei até curioso e fui pesquisar no Google, mas (felizmente) não achei nada a respeito.

E, cá pra nós: seria um tiro no pé se eles fizessem isso, pois o turismo peruano, que é uma das principais fontes de divsias do país (se não for a a principal), vive praticamente em fnção de Machu Picchu.

 

Enfim, acho que não fecham não.

 

Abraço!

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