Membros Este é um post popular. Vitorvenancio12 Postado Março 19, 2019 Membros Este é um post popular. Postado Março 19, 2019 Sim, você não leu errado. Foram 5 meses. Eu demorei mais do que deveria para começar a contar essa história. Mas acho que devo isso a meus possíveis leitores. Afinal, tive muita ajuda desse site para planejar minha viagem. E acredito que posso fazer o mesmo por alguém. Eu vou tentar fazer um depoimento breve, que seja acessível e ao mesmo tempo divertido. Posso entrar em detalhes, postar fotos. Escrevo, acima de tudo, para partilhar experiências e encorajar quem queira viajar. Espero conseguir contribuir. Meu nome é Vitor, tenho 28 anos. Em 2015 tive a melhor oportunidade da minha vida. Me descobrir e descobrir nosso continente durante 5 meses. Sou enfermeiro, me formei final de 2013. Em 2014 atuei em um programa do governo com duração de um ano, sem prazo prorrogável. Meu contrato acabou em março de 2015. Na época do meu trabalho me mantive na casa dos meus pais e fui juntando dinheiro. Sei que é uma oportunidade que poucos tem. Não tinha filhos, namorada e emprego (continuo não tendo nada disso, mas atualmente falta dinheiro mesmo). Inicialmente planejei ir para Bolívia e Peru apenas. Sem data para voltar. E porque esses dois países? Tinha medo da grana acabar e eu estar longe. Sim, pode parecer até piada para quem já visitou. Mas foi um medo real de alguém que era extremamente inexperiente com esse tipo de viagem. Além disso, sentia uma vergonha de ter ido para Europa mas não conhecer os países vizinhos. Conforme visto no título, acabei passando por outros países. Meu roteiro deve começar como muitos outros aqui. Peguei um avião de Brasília (aonde vivo) para Campo Grande. Do Aeroporto para a Rodoviária com uma mochila de 10 kg nas costas de moto taxi. Recomendo. Porque é barato e porque só se vive uma vez na vida. Caso sua crença religiosa discorde disso, sugiro aceitar respeitosamente que pensamos diferente. Em tempo: não recomendo 10 kg de mochila. Pesava na época 80 kg. O ideal seria carregar até 8 kg. Mas é complicado essa relação de peso de mochila quando sua casa passa a estar nas suas costas. Da rodoviária de Campo Grande, peguei o ônibus noturno para Corumbá, que fazia fronteira com a Bolívia. Um detalhe: meu avião fez conexão com São Paulo. E quando cheguei a Corumbá percebi que tinha outra viajante que fez o mesmo itinerário que eu desde Brasília até Corumbá. Bom, preciso fazer uma pausa nesse depoimento coisa: algumas cidades acabam deixando as pessoas mais tímidas e introspectivas. Não é exatamente meu caso. Mas é o caso do Brasiliense comum. Fazer amigos viajando sozinho é fundamental. Ao longo do depoimento vou contar mais histórias de mais pessoas que conheci. Recomendo que pessoas tímidas, querendo viajar só, tentem em seu limite, quebrar essa barreira. A viajante em questão era bióloga e fazia pesquisa em Corumbá. Ela aguardava uma amiga local. Conversamos um pouco, contei da minha ideia de ir para Bolívia e Peru. Ela me recomendou outra rodoviária onde passariam moto taxi que poderiam me levar a fronteira. E me ofereceu carona com a amiga que estava vindo busca-la. Caso vocês passem por Corumbá: considerem andar de moto taxi. Caso tenham medo como eu: só se vive uma vez na vida. Mas em caso de acidente, não me responsabilizarei. Dito isso, um outro conselho da minha amiga Bióloga (que infelizmente esqueci o nome) que não precisei usar: considerem a possibilidade de comprar Furosemida para liberar liquido em caso de edema pulmonar causado pela altitude. Obvio, conversem com amigos Médicos antes para eles te detalharem melhor isso. Mas em caso de uma reação desagradável e prolongada a altitude, pensem nisso. Ou façam seguro saúde e não pensem em nada. Outra dica valiosa: vão ao banheiro sempre que tiverem vontade. Respeitem seu corpo. Perto da outra rodoviária tinha um hotel. O dono do hotel era moto taxista e topou fazer minha corrida até a fronteira. Antes pedi para ir ao banheiro. Ele me deu a chave de um quarto vazio. Esse quarto era maravilhoso. Tinha 3 camas, um ventilador, banheiro e só. A gente não precisa de muito pra ser feliz. Esvaziada bexiga, fomos a fronteira. Essa por sua vez estava fechada e demorava 3 horas para abrir. Por isso que enfatizei a dica do banheiro no início desse parágrafo. Bom gente, esse depoimento ta grande pra caralho, super detalhista, diferente do que planejei. Mas vou mandar assim porque a escrita foi espontânea e de coração aberto. De acordo com os comentários, sugestões, criticas ou dúvidas, posso mudando o ritmo da narrativa. Se você leu até aqui, você é um vencedor. Parabéns. Tópicos da viagem: O outro lado da fronteira, primeiras noções da Bolívia e a chegada em Santa Cruz de la Sierra As mochileiras, o avion pirata, meu preconceito contra israelenses e os riscos para se chegar em Sucre A estadia em Sucre, os primeiros efeitos da altitude e a participação na cirurgia. Sucre: os museus, as zebras e o parque cretácico. Memórias de um turista. 3 3 Citar
Membros joshilton Postado Março 19, 2019 Membros Postado Março 19, 2019 Meu sonho, só que entraria a Colômbia e Equador .... cara, você me fez inveja, inveja branca, claro. Depois irei reler o seu relato, bem lentamente e salva no meu computador. 1 Citar
Membros de Honra casal100 Postado Março 19, 2019 Membros de Honra Postado Março 19, 2019 @Vitorvenancio12 Não escreveu muito , tá ótimo e bem leve. Gosto de relato assim, não esqueça de informar os valores. Parabéns pela iniciativa. 3 Citar
Membros joshilton Postado Março 19, 2019 Membros Postado Março 19, 2019 Deixe para nós, o relato do restante de sua viagem, já em outros países. 1 Citar
Membros Vitorvenancio12 Postado Março 19, 2019 Autor Membros Postado Março 19, 2019 O outro lado da fronteira, primeiras noções da Bolívia e a chegada em Santa Cruz de la Sierra De antemão agradeço as manifestações aqui. Me fizeram antecipar a minha escrita. Ainda não manjo bem dos fóruns aqui então espero não desorganizar esse por acidente. Vivendo e aprendendo, vamo nessa! Sobre custos: Juntei cerca de 15 mil reais. Mas MUITA CALMA. Porque terminei minha viagem com cerca de 6 mil. Sendo que chegando no Brasil, me senti mais livre para gastar dinheiro. E fiquei um mês viajando por aqui. Em outras experiências que eu tive viajando fora, passei a entender que fronteiras em geral são lugares para se passar rápido. Pelo intenso fluxo de pessoas, acredito que existe uma tensão velada em algumas fronteiras. Isso pode ser um preconceito meu talvez. Na época, li alguns depoimentos aqui no site de policiais pedindo propina para passar que colaboraram com essa minha visão. Como disse no depoimento anterior, tinha 3 horas de espera. Dica útil para viajantes: sempre pesquisem se fronteiras fecham ou não. Isso pode te poupar algum tempo/estresse. Quando cheguei haviam duas pessoas na fila. Um homem brasileiro que gastava o espanhol com uma simpática boliviana. Comecei a conversar com eles. Logo mais pessoas chegaram a fronteira. E fui percebendo que esse cara que era o primeiro da fila era uma espécie de chato legal. Daqueles caras que falam todo tempo, brincam e tiram todo mundo de forma bem gaiata mesmo. Apesar da minha falta de paciência inicial com esse perfil, entendi que estar em um grupo me fazia mais forte em relação a uma possível situação de abuso de poder por parte das autoridades, sejam brasileiras ou bolivianas. A conversa foi rolando solta com membros da fila. Sem nunca descuidar dos meus pertences e documentos. Entre as pessoas que chegaram a fila, haviam duas garotas mochileiras que já haviam chamado minha atenção desde a rodoviária de Campo Grande. Sou bom com rostos. E as duas tinham mochilas nas costas, assim como eu. O restante da fila parecia fazer aquele percurso com mais frequência. Um pouco antes da fronteira abrir, a Boliviana simpática se ofereceu para me ajudar a trocar meu dinheiro. Seu nome era Alexandra, e ela tinha acabado de voltar de uma experiência de 4 meses no Brasil onde também ajudaram muito ela. Passado as horas e a fronteira, finalmente estava no lado Boliviano, em Puerto Quijarro. Dica para viajantes: Levem dólar! Do meu dinheiro total, saquei 5 mil e comprei dólar com isso, ainda no Brasil. Levei escondido o dinheiro separado em 5 lugares diferentes, entre eles doleira, bolso falso e coisa do tipo. De resto, habilitei meu cartão internacional para sacar. Alexandra me ajudou a trocar dinheiro e identificar possíveis notas falsas. Acredito que fronteiras são lugares para se gastar dinheiro. Um dólar custava 3,90 bolivianos, enquanto em outros lugares como La Paz, o custo era de 3,95. Fico pensando que talvez tivesse valido a pena procurar uma casa de cambio em Campo Grande para isso. Pão durice a parte, Alexandra me ajudou muito. Ela me deu dicas. Me orientou onde eu acharia o famoso trem da morte. Mas disse que o ônibus era o mesmo preço. Ela era de Santa Cruz de La Sierra, então íamos para o mesmo lugar. Até me despedi temporariamente dela para procurar o trem da morte. Na cia de trem, vi que o horário de saída do trem era mais a tarde. E eu não estava interessado em esperar tanto naquele lugar. Preciso fazer aqui uma pausa para escrever um pouco sobre eu: sou muito territorialista. Mas Puerto Quijarro era uma cidade bem pobre mesmo. A diferença com Corumbá era nítida. Já fiz muito trabalho com população de rua e coisa e tal. Em geral, não me incomodo de estar em um lugar como aquele. Mas eu tinha uma mochila, barba feita e rostinho de europeu. Era facilmente notado. Queria ir embora rápido, de preferência. Reencontrei Alexandra na rodoviária da cidade. Decidimos viajar juntos. Primeira grande dica da Bolívia passado por nossa querida nativa: “Vitor, na Bolivia es tudo negociable”. Ela dominava espanhol, ela pechinchava. Eu confiava. Segunda grande noção da Bolívia: lá é aonde testemunhei a atuação mais escrota do Capitalismo na vida dos comerciantes. Enquanto Alexandra negociava com uma Cia de ônibus, veio outra e tentou furar o negócio, oferecendo valores mais baixos pela passagem. Em segundos apareceu um terceiro buscando a mesma coisa. E um quarto, e um quinto...çocorro! Estávamos cercados de comerciantes! Alexandra deu um basta e disse que não ia comprar de ninguém. Fomos almoçar, mas a real é que ela já tinha escolhido onde queria nossas passagens. Pós almoço, fomos até a banca que ela gostou. Pedimos para ver a qualidade do ônibus. Terceira dica importante da Bolívia: não acredite no que te falam. Acreditem no que vocês veem. É comum prometerem mundos e fundos para mochileiros e o serviço real ser aquém. Nota importante sobre a Bolívia: Não tenho a intenção de só falar mal do país, muito pelo contrário. Entendo que muitas dessas situações desagradáveis são causadas pelas desigualdades sociais. E ai temos um problema muito mais complexo a ser analisado e certamente não conseguiria fazer isso por aqui. O ônibus que viajamos era ótimo. Mas não tinha o wi fi prometido. Segundo a Alexandra, isso já era esperado. Vou destacar da viagem o conforto do ônibus, a vista da estrada, as crianças vendendo pollo (frango) e refresco, uma garotinha fofa (tá ai na foto)que percebeu meu portunhol e ficou curiosa e um Brasileiro que estudava medicina em Santa Cruz e se juntou a nós. Nota sobre Santa Cruz: Se tacarmos uma pedra na cabeça de alguém por lá, 120% de certeza de chance de acertarmos a cabeça de um Brasileiro estudante de medicina. As crianças que vendiam frango entravam no ônibus nas paradas e ofereciam para todos ali. Para elas, era uma forma de diversão, além de trabalho. Não querendo romantizar essa relação trabalhista escrota encontrada. Mas me confortou ver que de alguma forma elas se divertiam fazendo aquilo. Já tinha lido muito sobre essas crianças por aqui. O Brasileiro que estudava em Santa Cruz se chamava Adolfo. Seguimos nós três conversando até o fim da viagem. Chegando em Santa Cruz, Alexandra despediu rápido. Foi correndo ver o namorado. Adolfo me deixou num taxi e negociou um valor rápido pra mim para praça 24 de Setiembre. Sabia da praça por conta de depoimentos desse site. A partir dali, fui procurar estadia por conta própria. Perto da praça, tinha hotéis pertos. E muita gente falando português nas ruas. Chegando ao hotel, percebi meu bolso cheio de papeis que considerei inúteis. Amassei um deles que me deram na fronteira. Fiz menção de jogar no lixo, mas uma voz divina ecoou na minha cabeça e disse para eu não fazer aquilo. Guardei o papel amassado em meu bolso de novo. Conversando com a dona do hotel em que fui me hospedar, descobri que quase joguei fora o comprovante de que eu posso ficar na Bolívia. Ou seja, quase me auto deportei em menos de 24 horas em um novo país. Seria tragicômico. Então ai vai outra dica importante sobre a fronteira. Guardem papeiszinhos. Não joga nada fora! Isso pode salvar sua vida. Por hoje encerro meu depoimento por aqui. Espero que esteja sendo útil, apesar desse nível de detalhismo. Em algum momento a história vai correr mais rápido, mas considero fundamental explicitar alguns detalhes para viajantes inexperientes como eu. Espero que gostem Vitor Adolfo, Alexandra e eu. E uma moça boliviana ao fundo. 4 Citar
Membros FlavioToc Postado Março 19, 2019 Membros Postado Março 19, 2019 Continue escrevendo. Estou acompanhando. Realmente há uma visão turística pró Europa e Estados Unidos e a América do Sul é deixada para segundo plano. Eu também tenho muito o que conhecer. Tem sempre algo novo e lindo por perto, além de uma identificação cultural maior. Obrigado por este relato entusiasmante. 1 Citar
Membros joshilton Postado Março 19, 2019 Membros Postado Março 19, 2019 Estou acompanhando cada detalhe, e esse me chamou a atenção: - "Já fiz muito trabalho com população de rua e coisa e tal". Eu iniciei o The Street Store em Manaus, onde fui indicado para ser um dos condutores da Tocha Olímpica. Continue seu relato, irei acompanhar até o fim. Ai está uma das fotos, conduzindo a Tocha Olímpica e outra foto com o pessoal, com o trabalho com os moradores de rua e essa última foto, é quando vamos as cidades ribeirinhas no Amazonas, para a distribuição de ranchos e roupas, é a minha esposa que aparece na foto. Não sei se vai seguir nessa ordem. 2 Citar
Membros de Honra casal100 Postado Março 19, 2019 Membros de Honra Postado Março 19, 2019 @Vitorvenancio12 Meu amigo calma! Esse tipo de relato de viagem tem que ser degustado com bastante moderação. Tem que ser igual novela viu...um por dia ou semana....brincadeira heim São detalhes importantíssimos escrito de uma forma bem didática e leve. 1 Citar
Membros joshilton Postado Março 20, 2019 Membros Postado Março 20, 2019 Estou no aguardo do restante dos relatos. Vou relatar exatamente assim, o mochilão Brasil>Bolívia>Peru, agora em maio de 2019. Irei coletar todos os valores em dólar, pois fica mais fácil, alguém ler outros anos seguintes. 1 Citar
Membros joshilton Postado Março 20, 2019 Membros Postado Março 20, 2019 14 horas atrás, casal100 disse: @Vitorvenancio12 Meu amigo calma! Esse tipo de relato de viagem tem que ser degustado com bastante moderação. Tem que ser igual novela viu...um por dia ou semana....brincadeira heim São detalhes importantíssimos escrito de uma forma bem didática e leve. 5 meses não são 5 dias. Então esse relato vai se mesmo, igual a novela kkkkkkkkkk 1 Citar
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