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Trekking Refúgio Plantat - Vulcão San José - Cajón del Maipo - Chile dezembro de 2018.


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Como tenho me socorrido dos relatos que aparecem nesta página há anos para a realização de minhas andanças por aí, resolvi também começar a fazer os meus para que, talvez, sejam de auxílio aos demais.

Meu primeiro relato é do trekking de um dia até o Refúgio Plantat, primeiro acampamento para ascensão ao Vulcão San José, que faz fronteira com a Argentina, cujo acesso se dá pelo Cajón de Maipo, na localidade de Lo Valdés, distante apenas 104 km de Santiago.

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- Foto tirada no caminho para Lo Valdez, alguns quilometros após San Gabriel.

Como a localidade não é muito distante de Santiago, se estiver de carro ou tiver um bom transfer, até é possível fazer um bate e volta, mas não recomendo, pois ainda que a estrada agora esteja asfaltada, são cerca de 2:30 horas de viagem, pois em razão da subida, curvas e estrada estreita o trajeto se torna lento.

Além disso Lo Valdés é um daqueles lugares ainda bem primitivos, sem rede de luz elétrica, onde a energia ainda vem de geradores particulares e com uma vista muito linda do vale e das montanhas Morado, Arenas e San José, além de ser ponto de partida de para vários outros trekkings, inclusive das ascensões ao San José e ao Marmolejo.

Recomendo hospedagem no Refúgio Alemán, também conhecido como Refúgio Lo valdés, cujo acesso está a cerca de 300 metros antes da mineradora, no lado direito. O Refúgio no momento está sob responsabilidade de Fritz Kobel, um amante das montanhas que já foi guia e conhece tudo da região e tem dicas valiosas para todos os tipos de caminhada.

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- Mapinha desenhado pelo Fritz Kobel para localizar o Refúgio Alemán.

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- Foto do Refúgio Alemán, com vista para o Vulcão San José.

Para iniciar o trekking, desde Los Valdés é necessário seguir, pela direita, passando pela mineradora, no sentido das termas de Baños del Colina, uma estrada de rípio, em estado bem razoável (estávamos num carro 1.0), pois a mineradora zela por sua conservação. Seque-se por cerca de 6,5 a 7 km, onde haverá uma bifurcação. À direita segue-se para Baños del Colina e à esquerda, embora a indicação esteja apagada, segue-se no sentido das obras da Hidrelétrica Alto Maipo.  Ainda na bifurcação já se enxerga uma confusão de construções junto à rocha, local conhecido como “cabrerio”, pois ali há um curral para cabras e um alojamento de verão para os donos das cabras. O “cabrerio” fica à direita da estrada e à esquerda, praticamente em frente, há um estacionamento onde se pode deixar o carro. Como foi fortemente recomendado não deixar nada no carro, pelo risco de arrombamento, retiramos tudo de valor. Parece que no verão o dono do "cabrerio" cobra um pequeno valor pelo acesso à trilha e estacionamento, mas ninguém nos cobrou nada.

Seguindo a estrada, por cerca de 50 a 100 metros se encontra, à direita, o início da trilha, marcado por vários azimunts (aqueles amontoados de pedras que indicam o caminho).

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- Mapa do caminho.

A caminhada já começa numa subida relativamente íngreme que contorna o Morro Negro. O caminho é bem marcado, pois é também o trilho seguido pelas cabras que vão pastar nos vales acima. Além disso, nesta primeira parte, há algumas setas amarelas pintadas nas pedras, indicando o sentido.

Seguimos subindo, creio que por cerca 1,5 km, com a vista do Vale de Maipo atrás de nós cada vez mais bonito.

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- Foto da vista do Cajón del Maipo - Lo Valdez e a Mineradora abaixo.

Ao término desta primeira subida se tem a primeira vista do Vulcão San José e  se chega a um bonito Vale, chamado de “Valle de La Engorda”, pois ali se desenvolve uma vegetação bem verde, porém espinhenta, apreciada pelas cabras, que em mais de uma centena, nos acompanharam nesta primeira parte do trekking.

Olhando em frente, se divisam dois vales, um à esquerda (quebrada sur) e outro à direita (quebrada norte), no meio dos vales se divisa em toda sua beleza o Vulcão San José. Deve se atravessar o “Valle de La Engorda” tendo como objetivo o sentido do Vale que está mais à esquerda (quebrada sur) que é o Vale por onde se segue se quiser fazer a ascensão ao Marmolejo, mas sem adentrar no vale,  pois é perto dali que reinicia a subida. São cerca de 2 km sem rota muito definida, pois há muitos caminhos pisados pelas cabras, mas se encontram vários azimunts pelo caminho. Quando fizemos o caminho tivemos que atravessar alguns riachinhos e um riacho mais largo já perto do reinício da subida, mas sem necessidade de tirar as botas, pois sempre se encontra algum caminho mais estreito pelas pedras. Creio que em época de maior degelo a travessia possa ser um pouco mais complicada.

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- Foto do Valle de La Engorda, mas com a perspectiva do caminho de volta.

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- Foto do Valle de La Engorda, com o Vulcão San José ao fundo.

Após atravessar o Vale se vê uma área em que descem pequenos riachinhos. É nesta altura que se deve reencontrar a trilha, que a partir daqui somente é marcada por azimuts. Por ali existem várias marcações, mas ao final todas se unem na mesma trilha, à esquerda do riachinho. A partir deste ponto a subida vai se tornando muito íngreme, com bastante pedras soltas, o que requer mais atenção para não correr o risco de cair. Nesta parte se ascende rapidamente e a vista do vale que fica para trás, embora não vendo mais o vulcão San José, fica cada vez mais bonita. Seguindo esta subida por cerca de 40 minutos a 01 hora, um pouco depois de atravessar o riacho, se chega a uma área um pouco mais aberta e plana.

Dali se segue por mais uns dois quilômetros, sempre seguindo a trilha bem marcada até o refúgio que fica localizado nas encostas mesmo do vulcão, escondido atrás de uma pequena elevação no vale.

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- Foto do Cero Morado e Arenas.

O Refúgio Plantat fica sempre aberto e tem dois cômodos com três beliches com estrado de arame, onde se pode dormir confortavelmente protegido das intempéries, se tiver levado um isolante e saco de dormir. Além disso, há um espaço usado com cozinha, com uma mesa, alguns bancos, prateleiras e espaço para colocar o fogareiro para cozinhar. Além disso, logo em frente ao refúgio foi represada a água de um pequeno riacho que desce da montanha, o que facilita o acesso à água limpa. Como ali o vento é menos impiedoso, é um ótimo lugar para acampar.

O refúgio foi construído, de forma privada, pela família Plantat em 1937. Reza a história local, que após ter encontrado em frente à porta do refúgio um alpinista que morreu de frio em dia de tempestade, não podendo entrar na habitação por estar cadeada, a família entristecida decidiu deixar o refúgio sem chaves e acessível a quem o quiser utilizar, solicitando apenas que deixe tudo no estado que encontrou.

 Ali comemos nosso lanche com vista para os Ceros Arenas e Morado, bem como a encosta do San José e tiramos uma sonequinha de meia hora, curtindo o sol já que ali estava bem frio e depois descemos pela mesma trilha.

Ao todo levamos cerca de 4:30 para realizar a subida em 2:30 para descer. São cerca de 14 km de trekking (ida e volta) e mais de 800 metros de desnível. Caminho feito com muita tranquilidade e com várias paradas para fotos.

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- Foto do Refúgio Plantat.

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- Foto do laguinho em frente ao refúgio e da vista dos Ceros Morado e Arenas.

Chegando ao estacionamento decidimos seguir até as termas de Baños del Colina, pois distam apenas 4 km. Seguimos em uma estrada de rípio  que adentra no vale. Cerca de um quilometro após a estrada se bifurca, sendo que à esquerda é de acesso exclusivo da mineradora e à direita segue até as termas. O visual é quase lunar, com bonitas montanhas coloridas. Chegando as termas não entramos, pois elas fecham cedo, as 17 horas e não teríamos muito tempo para ficar ali. Além disso, o cheiro forte de enxofre, embora saiba que é saudável para a pele, não foi um bom atrativo.

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- Montanha colorida no caminho para Baños del Colina.

Assim, voltamos ao Refúgio Alemán, onde após um bom banho, curtimos o final da tarde com vista do vale e das montanhas.20181218_203110.thumb.jpg.e35a209872a76eb6d81b356586f8734d.jpg

- Foto do Vulcão San José a partir do Refúgio Alemán.

Dicas importantes:

a) não faça uma trilha sem GPS ou guia se não tiver certeza que o caminho é bem marcado;

b) trilha de montanha sempre exige roupas e equipamentos adequados (protetor solar, botas, corta vento ou anorak, bastão, água e lanche de trilha); e

c) mesmo que o dia esteja quente, use calças compridas, pois a vegetação é muito espinhenta e vai machucar.

 

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