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Estou devendo esse relato há quase um ano. Mas agora, talvez possa ajudar quem está procurando um destino pra passar o ano novo: Ilha do Marajó!
Lindas praias, belas paisagens, búfalos, guarás, uma rede na varanda e sossego.
 
voo direto SP-Belém
hospedagem Soure: Hostel Tucupi 
hospedagem Belém: Galeria Hostel (está fechado agora)
Belém-Marajó: navio (ida) barco rápido (volta)
 
Decidi a viagem na quinta-feira a noite, e na sexta a noite já fui pro aeroporto. Era 28 de dezembro de 2017. Paguei caro. Mas valeu cada centavo.
Não deu tempo de pesquisar muito, também não achei informação com facilidade. Mas o norte estava me chamando e eu fui. E adorei!
 
Peguei um voo direto de SP a Belém, na madrugada do sábado 30 de dezembro. Cheguei a Belém umas 3h da manhã e fiquei lá no aeroporto esperando amanhecer. Por volta das 6h, fui de Uber para o Terminal Hidroviário, em busca de uma passagem pra Marajó, pois não consegui comprar nada nem informações pela internet. Missão impossível: a fila ocupava o terminal inteiro, e muito antes de chegar perto de mim, o barco das 7h encheu. O próximo barco era o "navio" (a versão mais lenta de travessia), só às 14h e me deixaria no porto de Camará, mais longe, onde ainda teria que pegar um ônibus até Soure. na minha breve pesquisa antes da viagem, li em algum lugar "COMPRE O VIP, VOCÊ NÃO VAI SE ARREPENDER". E eu me lembrei disso e comprei o vip. Custou R$ 37, era uma poltrona, em ala separada, com ar condicionado.

 

 

 

 

 

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A PRIMEIRA VISTA DE BELÉM: MERCADO VER O PESO E ESTAÇÃO DAS DOCAS
 
Nas muitas horas que tive pra esperar até o meu embarque, guardei a mochila grande no guarda volumes do terminal hidroviário (R$ 5) e saí pra explorar os arredores. Todo mundo me disse que era muito perigoso, então peguei um Uber. Acabei chegando ao Mercado Ver O Peso, por volta das 8h da manhã, então vi bastante coisa interessante por lá. Cores, sabores, cheios, e muita música. Toda hora surgia uma música de Dona Onete (das minhas poucas referências do Pará até então), e eu fui descobrindo os peixes, as frutas, os temperos, os sabores paraenses e muitas palavras diferentes. Fui até abordada por uma equipe da Globo local ali no mercado. Mas acho que acabei não indo ao ar.
O calor de Belém é forte. E eis que eu descobri um oásis: a Estação das Docas. Uma espécie de Puerto Madero versão brasileira, as antigas docas do porto foram revitalizadas, envidraçadas, cheias de ar condicionado e bares e restaurantes legais, além de um calçadão ótimo, às margens do rio. Cenário muito agradável, onde a tarde e a noite acontecem danças e músicas, do lado de dentro e de fora.
Também dei uma volta na região comercial ali perto, precisava comprar umas coisinhas, vi uns casarões maravilhosos e muito comércio informal pelas ruas. Depois descobri que ali é chamado de Cidade Velha.

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DE BELÉM A SOURE
 
De volta ao terminal hidroviário, lá pelas 13h eu já estava na parte do embarque. Foi uma experiência antropológica essa embarque. Chamaram as pessoas idosas e com crianças de colo: mais da metade das pessoas que iam embarcar. Ficaram todo de pé brigando por um lugar na fila (que não era fila, era uma aglomerado imenso de milhares de crianças, mães e vós). Daí depois os outros passageiros também levantaram, inclusive eu, com minhas duas mochilas acopladas, e nos juntamos à grande muvuca em volta da cordinha que limitava a área de embarque. Meio ao empurra empurra, cruzei a linha de embarque e fui pro barco. A ala VIP foi o meu segundo oásis do dia: era no pavimento de cima, a poltrona era até grandinha, e não estava cheio. Foram umas 3h de viagem, desde às 14h, e eu pude dormir feliz o tempo todo. Choveu durante o trajeto.
Chegando a Camará, achei um transporte de ia até Soure, um micro ônibus. Não lembro quanto custou. Estava bem cheio quando eu entrei, não tinha onde colocar a mala, e as mochilas tiveram que ir no meu colo. Todas as cortinas do veículo estavam fechadas e não dava pra saber onde eu estava, nem se era dia ou noite. Depois de um trecho de estrada, parou na fila da balsa, por muito tempo. Desci do ônibus duas vezes pra procurar algo pra comer. Depois da travessia, em Soure, me mudaram de ônibus, mas o transporte me deixou na porta do lugar onde eu ia ficar. Cheguei lá umas 20h.

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IMG_20180131_075740_855.thumb.jpg.fe23f58954337d9b396a61e6e3ec2e7f.jpgIMG_20180131_075740_857.thumb.jpg.ae9f1dac66ee738f8f986fb6475396c2.jpgIMG_20180125_001313_798.thumb.jpg.141b553561e4082d22b5ef2f8d2f98c8.jpgIMG_20180119_194450_740.thumb.jpg.8e1bc5bff0ecf82b7cdb2f6701d13532.jpgA ILHA DO MARAJÓ (5 dias inteiros)
 
A maior cidade pra se hospedar é Soure. Tem hotéis, pousadas, restaurantes e o hostel Tucupi. Na ilha, o tempo é outro. O comércio abre de manhã, depois fecha na hora do almoço e só abre lá pelas 16h. Daí fica aberto até as 20h. Chamam de "hora do comércio". Nesse tempo, não tem nada aberto pela cidade, só as farmácias. É também o horário do sol mais quente, então melhor ficar na praia ou numa boa rede descansando. As distâncias são longas, então para se deslocar é preciso carro ou moto táxi. Os moto táxis funcionam muito bem na ilha. Foi assim que eu fiz tudo.
Existem "barcos rápidos" para Belém, mas é bom comprar com antecedência. E os horários do guichê de passagem são tão estranhos quanto os do comércio. Minha volta demorou menos de 2h, no barco que saía de Soure ao amanhecer.
Na época que eu fui, a quantidade de pernilongos era surpreendente. Eu nunca tinha visto tanto pernilongo. Mais do que Ilha Grande, mais do que Barra Grande. Consumi muito repelente e dormia na frente do ventilador, senão eles me atacavam. Mas eles sempre achavam um caminho pra me atacar. 
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PRAIA DO CÉU E  VILA DO CÉU
No meu primeiro dia no Marajó, primeiro teve que achar a casa do seu Catita, o barqueiro, na Vila do Pesqueiro, e negociar com ele pra ir até a praia do Céu. Não foi muito fácil, mas deu tudo certo. Estávamos eu e mais um lá do hostel. Na imensidão da praia do Céu, só tinha a gente. A praia é linda, imensa,  a maré estava super seca. A vila do Céu também é lindinha, com a maioria das casas de madeira. Saímos andando pela vila em busca de alguém pra abrir o único restaurante e da praia. passamos o dia lá e seu Catita foi nos resgatar no fim da tarde. E ainda parou pra gente tomar banho de rio na volta. Era o último dia do ano e a gente queria lavar a alma nas águas do Marajó antes da virada.

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REVEILLON NA PRAIA DO PESQUEIRO
Eu não programei nada de nada, e estava totalmente tranquila fosse o que viesse para a virada do ano. Na Praia do Pesqueiro tinha uma festa da cidade, com palco e música, não era lotado, mas tinha gente suficiente pra festejar, e foi pra lá que fomos, eu, o dono do hostel e mais dois hóspedes. Jantamos na praia, comi filé marajoara, carne de búfalo com queijo do marajó, de depois, cada um com sua champanhe, vimos os fogos, brindamos a noite, pulamos ondas, tomamos banho de cheiro e começamos bem o ano novo. Fomos de moto táxi e voltamos de ônibus. 

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PRAIA DA BARRA VELHA
No primeiro dia do ano, todo lugar prometia ser lotado, mas o conceito de lotado no Marajó é um pouco diferente do que eu imaginava. Os bares estavam cheios e o serviço era mais lento, mas tudo bem. A beleza das praias do Marajó compensa e neste dia ainda foi iluminada por uma lua incrível.
 

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PRAIA DO PESQUEIRO

Todas as praias são lindas. Essa praia tem mais bares do que as outras e tem também quiosques com boa sombra pra ficar. Além disso, a vila é uma graça. Fiz lindas fotos das casinhas da Vila do Pesqueiro. Comi um peixe com creme de caranguejo muito bom e a bom preço (R$ 25). Eu estava sozinha, mas daria pra dois comerem numa boa.

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FAZENDA SÃO JERÔNIMO
Não é um passeio barato (acho que foi R$ 100), mas são horas bem aproveitadas. Primeiro se uma paisagem linda de barco, daí chega numa das praias mais maravilhosas que já vi, a Praia do Goiabal, daí uma pequena trilha pela praia e depois por pontes suspensas, e no final, um passeiozinho de búfalo. 

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ATELIÊ DE CERÂMICA
A cerâmica marajoara é algo muito importante e lindíssimo. Alguns artistas tem ateliês em Soure, e vale a pena conferir. Eu visiter o ateliê do Ronaldo Guedes (ao lado de onde foi o carimbó), onde é possível conhecer o processo de fatura das peças, ver os pigmentos e ver os artistas trabalhando. Vale a visita e comprar umas coisinhas.

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