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Trechos de poemas do Mário Quintana:

 

Poema Transitório

 

(...) é preciso partir

é preciso chegar

é preciso partir é preciso chegar... Ah, como esta vida é urgente!

 

... no entanto

eu gostava mesmo era de partir...

e - até hoje - quando acaso embarco

para alguma parte

acomodo-me no meu lugar

fecho os olhos e sonho:

viajar, viajar

mas para parte nenhuma...

viajar indefinidamente...

como uma nave espacial perdida entre as estrelas.

 

---

 

O tempo

 

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.

Quando se vê, já são seis horas!

Quando de vê, já é sexta-feira!

Quando se vê, já é natal...

Quando se vê, já terminou o ano...

Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.

Quando se vê passaram 50 anos!

Agora é tarde demais para ser reprovado...

Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.

Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...

Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...

E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.

Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.

A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

 

---

 

Eu estava dormindo e me acordaram

E me encontrei, assim, num mundo estranho e louco...

E quando eu começava a compreendê-lo

Um pouco,

Já eram horas de dormir de novo!

 

Mário Quintana

 

Fonte: http://www.pensador.info/mario_quintana_coisas_da_vida_dele/

 

Abraços. ::otemo::

  • 2 semanas depois...
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Esta reflexão vai para aqueles que não viajam porque não gostam, porque não tem dinheiro, porque não tem companhia, porque tudo é desculpa para não ir... Gente parada, vamos acordar senão vocês ficarão assim como no texto:

 

"(...) Vou para outra terra, vou para outro mar. Encontrarei uma cidade melhor do que esta. Todo o meu esforço é uma condenação escrita. E meu coração, como o de um morto, está enterrado. Até quando minha alma vai permanecer neste marasmo? Para onde olho, qualquer lugar que meu olhar alcança, só vejo minha vida em negras ruínas onde passei tantos anos, e os destruí e desperdicei.

 

Não encontrarás novas terras nem outros mares. A cidade irá contigo. Andarás sem rumo pelas mesmas ruas. Vais envelhecer no mesmo bairro, teu cabelo vai embranquecer nas mesmas casas. Sempre chegarás a esta cidade. Não esperes ir a outro lugar, não há barco nem caminho para ti. Como dissipaste tua vida aqui, neste pequeno lugar, arruinaste-a na terra inteira."

Kaváfis. A Cidade, 1910

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