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Leia aqui o texto original com fotos e gráficos!

 

Quem tem um bichinho de estimação sabe, dói viajar sem eles! Mesmo deixando com alguém de confiança ou em um hotelzinho, ficamos sempre preocupados, querendo saber como estão e sofrendo por estar longe.

Viajar de avião com animais de estimação requer um processo geralmente demorado, trabalhoso e não exatamente barato. Mas garanto que todo o esforço vale a pena!

O ideal é começar o processo com uns 5 meses de antecedência. Muitos passos são os mesmos para diferentes destinos, mas a documentação e as vacinas necessárias podem mudar de país para país e de acordo com o animal. Vou relatar detalhadamente aqui o nosso caso, viajando com um cão, de Lisboa para São Paulo (ida e volta) com a TAP. Ou seja, fizemos todo o processo em Portugal, podem haver diferenças caso o processo seja feito no Brasil.

Espero que esse relato te ajude a também viajar com seu bichinho, pois achei bem difícil conseguir informações concretas nos sites das cias aéreas e órgãos responsáveis!

 

Passo a passo para viajar de avião com animais:

 

1. Colocar o chip no animal

O primeiro passo de todos é fazer a implantação do chip. Atualmente isso é obrigatório para todos os animais com viagens de/para a Europa. É lá que vão constar todos os seus dados e dos dados dele/a caso aconteça alguma coisa.

Quando adotei o meu, na Casa dos Animais de Lisboa, ele já tinha o chip. Caso o seu não tenha, procure um veterinário de confiança para te orientar e fazer a aplicação.

 

2. Dar a vacina da raiva

Em alguns países, como Portugal, a raiva está erradicada, mas para viagens à países com risco, como o Brasil, a vacina é obrigatória! Em Lisboa, a Câmara Municipal tem um programa de vacinação que leva uma base móvel cada semana a um bairro. O custo é de 5 euros, veja aqui a programação.

A vacina também pode ser dada no veterinário, e é importante fazer isso depois da colocação do chip, caso contrário será preciso aplicar a vacina novamente depois desse passo.

Verifique atentamente se a data e outros dados inseridos na carteira de vacinação do animal estão certas, e peça sempre o selo comprovante

 

3. Exame de sorologia (titulação de anticorpos contra o vírus da raiva)

Depois de vacinado contra a raiva, é preciso submeter o animal ao exame de sorologia. É como um exame de sangue, que servirá para verificar se a vacina está fazendo efeito.

Para isso vá ao seu veterinário de confiança e avise que o motivo é uma viagem para o Brasil, pois o exame só será válido se feito em laboratórios certificados para este fim. É muito importante que o laudo final seja algo como este da imagem. No nosso caso havíamos recebido um outro mais simples e não era válido oficialmente.

A sorologia pode demorar até 3 meses para ficar pronta. Nós recebemos o resultado muito rápido, mas é melhor contar com esse prazo para programar a viagem.

Uma observação importante: O resultado do exame deve ser igual ou superior à 0,5 U.I./ml. Caso o valor seja menor, vai ser preciso vacinar novamente e submeter o animal à sorologia outra vez, ou seja, mais possíveis 3 meses.

Em Lisboa pagamos € 150,00 nesse exame. Ele é válido por toda a vida desde que as vacinas estejam sempre em dia.

 

4.Comprar a passagem

É claro que esse passo pode ser feito a qualquer momento, mas recomendo que já comece a pensar nisso assim que marcar a sorologia. É importante ser feito com antecedência pois nem todas as cias aéreas aceitam animais e as que aceitam podem ter uma limitação de no máximo 3 por voo. Vamos combinar que já é difícil achar um voo que se encaixe no nosso orçamento e planejamento, né? Melhor não arriscar.

Assim que comprar a sua passagem, é preciso ligar na cia aérea para comprar a passagem do animal. Depois há um tempo até a transação ser aprovada e você recebe o comprovante por email.

Pela TAP nós pagamos, só a parte dele, 400 euros ida e volta (são 200 por trecho). Isso varia muito se o cão ou gato vai na cabine ou porão e o peso total dele + a caixa de transporte. Veja aqui uma tabela com esses valores e outras informações da cia aérea sobre viagens com animais.

Geralmente o peso máximo limite para que o bichinho possa ir na cabine é de 8kl (animal + caixa de transporte). O Banoffe foi no porão pois além de ele pesar mais que isso, é muito alto e não caberia na caixa de transporte de cabine (vou explicar sobre isso mais pra frente).

 

5. Comprar a caixa de transporte

Algumas cias aéreas aceitam animais de pequeno porte ou cães-guia na cabine. Nesse caso, uma caixa de transporte maleável é suficiente. Se o seu pet for no porão, terá que ir em uma caixa de transporte rígida e compatível com os padrões da IATA, que basicamente são:

  • O animal tem que caber na caixa em pé e sentado, sem encostar a cabeça no teto;
  • Ele tem que conseguir dar uma volta completa em torno de si mesmo;
  • A caixa tem que ser rígida, com uma porta de metal e aberturas para ventilação em pelo menos 3 lados,
  • A caixa não pode conter rodinhas. Caso tenha, vai ser preciso retirá-las antes de embarcar.

Nós compramos o modelo Skudo da marca Trixie. Como não estava muito fácil encontrar uma que se encaixasse no tamanho dele, não tivemos tantas opções, mas ela atendeu perfeitamente às nossas necessidades. Pagamos € 101,99 na loja Fish Planet.

O ideal é comprar a caixa o quanto antes depois de comprar a passagem, assim você já vai acostumando seu pet com ela e ele vai ficar menos tenso no dia da viagem.

No nosso caso o Banoffe se acostumou super rápido, colocamos a caminha dele dentro da caixa e no segundo dia já entrava sozinho para dormir lá. Com o tempo colocamos também a porta e de vez em quando fechávamos com ele dentro e ficávamos interagindo com ele.

No dia da viagem, forre a caixa com tapetes higiênicos, coloque a caminha dele ou o cobertor onde ele esteja acostumado a dormir, os bichinhos ou brinquedos que ele goste (se a cia aérea permitir) e uma peça de roupa sua, para que ele fique com o seu cheiro durante o vôo.

Para os compartimentos de água e comida, não encontramos nada pronto a um preço acessível, então o elaboramos uma solução com um suporte de shampoos de banheiro + tupperwares, deu super certo! Não tivemos problema em ser algo adaptado, mas é importante se certificar que não esteja oferecendo nenhum risco de machucar o animal.

Certifique-se de que as travas estão todas bem presas, e se necessário coloque parafusos nos espaços livres para isso (em algumas cias isso é obrigatório). Veja também se não tem cantos pontudos ou algo que possa machucar o animal duante o vôo, se for preciso lixe ou cubra essas partes.

 

6. Fazer o passaporte

Sim, eles também tem passaporte! Você pode fazer esse passo quase a qualquer momento, mas recomendo ser o quanto antes, só por precaução. É na própria clínica veterinária e geralmente sai na hora.

Pagamos € 20,00 euros pelo dele. Vai ser preciso constar lá todas as comprovações de vacinas, exames etc, pois isso será checado no aeroporto.

 

7. Desparasitação interna e externa

Com no máximo 15 dias antes da viagem, é preciso fazer a desparasitação interna e externa do animal. Mesmo que você vá fazer isso em casa, é preciso ir ao veterinário pois ele deve apontar qual foi o desparasitante e a data de aplicação no passaporte! Atenção, é preciso fazer os dois! Tínhamos feito só o interno e tivemos que voltar para fazer o externo também, que é obrigatório para o Brasil.

Pagamos € 2,50 pelo interno e € 23,50 pelo externo (esse valor é para 3 meses, mas há uma opção mais barata para apenas mês).

 

8. Atestado de saúde do veterinário

Com no máximo 10 dias antes da viagem é preciso levar o cão ou gato ao veterinário para que seja examinado e pegar o atestado dizendo que está apto para viajar.

Atenção: Em Portugal o atestado deve ser como esse da foto. Ao solicitar esse documento ao veterinário, lembre-se de dizer que é para uma viagem intercontinental, caso contrário pode ser que receba um atestado comum, que não é válido para viagens.

 

 9. Entregar a documentação na DGAV

Estamos chegando na fase final! Caso esteja viajando de Portugal para o Brasil, vai ser preciso reunir todos esses documentos acima e entregar na DGAV (Direção geral de Alimentação e Veterinária). Recomendo fazer isso assim que tiver o atestado do veterinário (ou seja, entre 9 e no máximo 3 dias antes da viagem), só pra garantir caso tenha que refazer alguma coisa.

Na unidade de Lisboa não é preciso marcar horário, normalmente funcionam de segunda à sexta, das 9h-12h30 e das 14h-17h30. Clique aqui para mais informações.

Os documentos necessários são:

  • Passaporte do animal
  • Atestado do veterinário
  • Resultado da sorologia
  • Carteira de vacinação
  • Formulário que vão te entregar lá mesmo preenchido (com dados do voo, endereço de origem e destino e etc).

Com isso eles vão te fornecer o Certificado Veterinário Internacional (CVI), um papel que vai juntar toda essa informação para que você entregue quando chegar no destino.

O custo foi de 25 euros e ficou pronto no dia seguinte (mas isso não é uma regra).

Se o seu pet tiver um passaporte europeu (que substitui o CVI na volta para a Europa) ou se for voltar em menos de um mês, o prazo não importa muito. Caso contrário é preciso ficar atento pois no Brasil o CVI tem validade de 30 dias.

 

10. Check-in

No dia da viagem, chegue com pelo menos 3 horas de antecedencia para garantir um embarque tranquilo. No nosso caso, fomos pela TAP e era só se dirigir ao balcão normal de check-in. Além das malas, o animal será pesado, assim como a caixa de transporte. Você receberá um termo de responsabilidade para ler e assinar.

Pudemos ficar com ele até 1h antes do embarque, achei melhor assim para que ele ficasse menos tempo sozinho.

Tente deixá-lo o máximo alimentado e hidratado possível, e leve sempre com você alguns tapetes higiênicos, saquinhos e panos para limpar as possíveis necessidades que eles farão dentro do aeroporto!

Conversei bastante com a veterinária sobre como deixar ele mais tranquilo na viagem e ela me recomendou o Sileo, um calmante leve em forma de gel para darmos um pouco antes da viagem.

Verifique se a sua cia aérea permite tranquilizantes e não dê algo muito forte, pois ou eles podem perder muito a consciência e não conseguir reagir caso precisem, ou, dependendo do calmante, eles relaxam por fora, mas o cérebro continua muito ativo por dentro, o que pode deixá-los angustiados! Fale com seu veterinário para chegar à melhor solução!

 

11. Embarque

Agora vem a hora mais tensa de todas, entregar o bichinho! Primeiro a funcionária da TAP nos leva para passar a caixa em um Raio X, em seguida vamos até o setor de cargas onde colocaremos o animal na caixa. É nessa hora que você coloca água e comida. Segundo eles, ninguém vai lá checar durante o vôo, então é bom colocar uma boa quantidade, só tomando cuidado para não correr o risco de cair com as manobras do avião.

Lembrando que a caixa deve estar forrada com tapetes higiênicos e é ideal deixar o espaço o mais confortável e conhecido para ele. Deixe lá uma peça de roupa com o seu cheirinho!

Também coloquei plaquinhas com a foto, o nome dele, origem, destino e número do vôo e nossos contatos em Portugal e no Brasil. Precaução nunca é demais, né?!

Ps. Mães, agora entendo o que vocês sentem quando deixam os filhos na escola no primeiro dia de aula ou os vêem passando pela porta de embarque para um intercâmbio, que angústia!

 

12. Desembarque

Ao chegar no Brasil, é preciso se dirigir à esteira de bagagens especiais (que fica parada, não é como as de bagagens convencionais, claro!). Quando chegamos ele estava lá sozinho! Achei isso meio absurdo, mas Ok.

Seguimos então para a Vigiagro, que fica logo após a polícia federal. Lá recolheram o certificado internacional e verificaram o passaporte, informando que para a volta deveríamos checar a legislação de Portugal.

Ele parecia bastante tranquilo quando o pegamos. Um pouco assustado, mas logo que saiu da caixa já abanava o rabinho e caminhava normalmente!

 

13. Volta

Na volta a coisa já foi um pouco mais complicada.

No caso de voltar para Portugal, é preciso entrar em contato por escrito com o Ponto de Entrada dos Viajantes pelo menos 48 antes da chegada, informando os dados do voo (confira aqui a lista de emails de acordo com a cidade de destino). Por segurança enviamos também todos os documentos do cão para conferir se estava Ok e se precisava de mais alguma coisa. A resposta foi que estava tudo correto e só seria necessário apresentar o passaporte dele no check-in.

Só que chegamos lá e pediram também o CVI, alegando então que ele não poderia embarcar pois o documento estava datado com mais de 30 dias. Como era regresso à Portugal, o passaporte europeu é válido em substituição ao certificado sanitário (essa informação constava inclusive no folheto que nos deram na chegada ao Brasil para saber como proceder na volta).

Depois de muita troca de informação entre a funcionária do balcão (muito atenciosa) e o superior dela (que deu de ombros para o nosso caso), conseguimos embarcar graças ao email da DGAV confirmando que estava tudo Ok.

No Brasil as regras são um pouco diferentes. O animal não pode estar de roupa nem coleira e não podem ter brinquedos ou outros itens que possam ferí-lo durante a viagem. É preciso preencher diversos formulários e colar na caixa os adesivos que eles fornecem.

Depois é como em Portugal, a caixa de transporte passa pelo raio-X, você coloca água e comida para o bichinho e entrega ele.

Ao chegar no Aeroporto de Lisboa, há uma porta perto da esteira 9 onde ele vai ser entregue. A hora que ele chegar, um funcionário vem avisar e confere a passagem.

A última coisa é passar pela consulta do veterinário lá dentro do aeroporto mesmo. Eles verificam o chip, conferem os documentos e pronto! Essa consulta é obrigatória e custa 40 euros.

 

Custo total em euros baseado na nossa experiência: Lisboa – São Paulo (ida e volta)

  • Vacina da raiva: 5,00
  • Sorologia: 150,00
  • Passagem (do cão): 400,00
  • Passaporte: 20,00
  • Caixa de transporte: 101,99
  • Desparasitação externa (Bravecto): 23,50
  • Desparasitação interna (Caniquantel Plus): 2,50
  • Consulta para pegar o atestado do veterinário: 30,00
  • Certificado veterinário na DGAV: 25,00
  • Tranquilizante (Sileo): 10,00 aproximadamente 
  • Exame pericial veterinário no aeroporto de Lisboa: 40,00

TOTAL: € 807,99

(não esqueça de contar outros gastos como os tapetes higiênicos, saquinhos de recolher o cocô etc)

 

Links úteis:

 

O ideal é ter sempre o acompanhamento do seu veterinário de confiança. Em Lisboa recomendo o Hospital Veterinário Arco do Cego. É 24h e a equipe sempre foi muito atenciosa com o Banoffe!

Como eu disse, tudo pode mudar de caso para caso, então certifique-se sempre de toda a documentação necessária com a cia aérea e os órgãos responsáveis dos dois países.

Peço desculpas pelo texto tão longo, mas senti muita falta de explicações detalhadas e centralizadas quando foi minha vez, então espero que isso ajude você que também quer levar seu bichinho para outro país! 

 

Leia aqui o texto original com fotos e gráficos!

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