Membros Marco Sobral Postado Junho 15, 2018 Membros Postado Junho 15, 2018 *Não tente realizar essa trilha sem guia(telefone para contato abaixo), pois a dificuldade aumenta muito e precisa de muitos requisitos para conseguir se achar* Contato de Guia Tavinho (98) 9244-0720 Desde que eu fiquei sabendo dos Lençóis Maranhenses eu disse que faria sem guia e sozinho, pois seria um desafio pessoal meu que eu precisava meter as caras e ir. Mas como estava de carona com a Bruna ela também animou de ir para os lençóis e partimos para Barreirinhas. Chegamos em Barreirinhas e fomos andar para fazer o famoso reconhecimento e ver como realmente faz para fazer a travessia dos lençóis. No meio da praça encontramos o Tavinho morador de Barreirinhas e um dos guias que leva para a travessia. Ele nos explicou sobre a travessia e disse que poderia nos levar um pedaço se fizéssemos o contrário (Sul x Norte) e logo aceitamos, pois evitaria o fluxo de gente que faz o tradicional (Norte x Sul). Fomos para Santo Amaro (a chegada em Santo Amaro atravessa um rio e só é realizada por quem sabe o caminho pelo rio e de 4x4.) Ficamos hospedado no Camping Lençóis do Cássio que é praticamente na entrada das Dunas e ele fez um preço camarada para nós ficarmos R$ 30pp (telefone para contato abaixo) 1° Dia: Santo Amaro x Queimada dos Britos Percorrido: 35km Tempo estimado: 10hrs Acordamos por volta das 5h, tomamos um café bem reforçado e entramos na trilha por volta das 6h. O sol já tinha nascido, mas estava bem tranquilo, seguimos bastante o percurso que os carros fazem, sempre olhando em direção para a Betânia, passando por muitas lagoas bonitas até pararmos em uma para dar aquele mergulho. Chegamos em Betânia por volta das 9h e até aí foi tranquilo, o sol estava favorável, o caminho não teve tanto segredo, tinha muitos pontos de referência. Saímos de lá e aí começou a ficar tenso, era uma duna maior que a outra e as lagoas maiores ainda. Estávamos desviando de.muitas lagoas (o que fazia o percurso ficar cada vez maior). Paramos de novo por volta de uns 20km andado e a Bruna já estava muito cansada e pelo mapa ainda faltava uns 10km. Foi aí que paramos de contornar as lagoas e começamos passar por dentro, era muita duna e muita lagoa, curvas e mais curvas, subidas e descidas. Um novo obstáculo...gaivotas! As gaivotas começaram a dar uns rasantes na minha cabeça (pois eu que estava na frente) doidas para me acertarem e foi assim por longos caminhos o que me fez perceber mais uma referência é errando que se aprende né? Até que eu subi uma duna e a Bruna foi contornar, mas em vez dela ir na minha direção ela seguiu reto o que fez a gente se desencontrar e foi aí que bateu um desespero que eu não sentia há muito tempo nas trilhas. Comecei a correr pelas dunas procurando a Bruna e nada, rodava, rodava e nada...voltei para a duna mais alta onde deixei minha cargueira e segui sentido a comunidade. Chegando próximo da entrada da queimada o professor passou de moto e eu pedi a ajuda dele para ver se a pessoa que estava lá naquela duna era a Bruna. Ele foi e me disse que sim, foi quando me aliviei e segui. Na entrada da Queimada dos Britos já encontramos o morador mais velho da comunidade Sr. Massu conversamos um pouco e ele me convidou para ir em sua casa, aceitei claro, disse que passaria lá no dia seguinte. Chegamos na casa do Sr. Bargado e já fomos recebido com um cafezinho passado na hora, apesar do cansaço ficamos conversando com o Bargado até a comida ser preparada. Comidinha feita LITERALMENTE na hora, enquanto conversávamos Sra. Alessandra matou a galinha, depenou, botou no fogo, junto com o arroz, feijão, salada...tudo feito na hora. Jantamos e continuamos as conversas com o Sr. Bargado, muita história boa um homem de muita vivência e uma família espetacular. Entre risos e gargalhadas foi que Sr. Bargado disse que tinha um resgate que buscava pessoas que não conseguiam seguir, foi aí que a Bruna decidiu ficar e ir de resgate (que não é barato). Depois de muitas conversas fomos dormir, um redário dos sonhos para quem só dorme na rede 😁. *Nas comunidades tem os abrigos e eles cobram cerca de R$ 35pp para dormir nos redarios e R$ 35pp para “comer”* *Lembre-se você está em uma comunidade primitiva, ou seja, todo respeito com os moradores é pouco! Eles são muito hospitaleiros e gostam de ajudar, mas não abusem!* 2° Dia: Queimada dos Britos x Baixa Grande Percorrido: 16km Tempo estimado: 3h Acordei por volta das 6h e fomos tomar café, que já estava nos esperando, e que café maravilhoso. Enquanto tomávamos café fomos conversando com os moradores e as crianças foram chegando, pois a casa do Sr. Bargado também é o espaço da escola da comunidade. Conversei com as crianças e fui lá na casa do Sr.Massu como tinha prometido, chegando lá Sr. Massu já foi me colocando pra dentro de casa, oferecendo café, água e uma boa prosa. Enquanto conversávamos ele abriu um coco para eu beber e continuarmos conversando. Conversamos muito sobre a comunidade, as histórias, pescarias, peixes, plantas, animais...tudo… E toda essa conversa acabou me entretendo muito e quase me fez esquecer que eu tinha um trecho para caminhar ainda ainda naquele dia. Voltei para a casa do Sr. Bargado, me despedi de todos, da Bruna e sai. Solitário e cantando, logo na saída entrei em uma mata que não tinha saída e já tive que atravessar o rio batendo na barriga, mas logo me achei de novo e segui, olhando sempre as referências que eu tinha em mente, passei mais lagoas uma mais bonita que a outra e logo o sol começou a fritar a cabeça. Quando encontrava uma lagoa já mergulhava com a boca aberta para ir bebendo água de tão calor que tava. Comecei a avistar as cabras que ficam soltas ao redor das comunidades e logo comecei a ver as árvores. Dessa vez as gaivotas não me atacaram, pois acertei o caminho, mas em compensação o sol judiou e o vento mais ainda. Entrei errado e acabei chegando na casa de Dona Maria que me recebeu muito bem, mas precisava seguir para o Sr. Moacyr. Continuei andando pelas Dunas e avistei outro “maluco” fazendo a travessia sozinho só que no caminho tradicional (norte x sul), mas só nos olhamos pois estávamos algumas dunas de distância. Andei mais um pouco e logo avistei os coqueiros da casa do Sr. Moacyr e Dona Dete, cheguei lá e novamente fui muito bem recebido. Por incrível que pareça a galera já sabia que eu tava fazendo sozinho e que a Bruna tinha abortado. Sr. Moacyr já me chamou pra “bater uma pestana” na rede e ficamos lá conversando um tempo junto com o Buxinha (guia local). Como ainda estava relativamente cedo aproveitei a rede e tirei um cochilo e fui acordado pelo Sr. Moacyr chamando as cabras (cada uma tem um nome), depois de alimentar as cabras ele começou dar mamadeira para os cabritinhos que não tinham mãe. Ficamos conversando por mais um bom tempo sobre a comunidade, pescaria, plantas, frutas e muitas coisas foi quando percebi que o sol estava indo embora e corri para a duna para admirar. Foi um por do sol sensacional, talvez um dos melhores que já vi. Voltei para a casa e falei com Dona Dete para ela preparar minha janta e foi mesmo jeito da casa do Sr. Bargado, tudo preparado na hora. Uma comida perfeita para um dia de caminhada. Depois de jantar ainda conversei um pouco com os guias, peguei mais umas dicas sobre o próximo trajeto e ja emendamos em umas outras histórias e trilhas e daqui a pouco tava todo mundo conversando. Me retirei e fui deitar pois teria que acordar bem cedo. *Nas comunidades tem os abrigos e eles cobram cerca de R$ 35pp para dormir nos redarios e R$ 35pp para “comer”* *Lembre-se você está em uma comunidade primitiva, ou seja, todo respeito com os moradores é pouco! Eles são muito hospitaleiros e gostam de ajudar, mas não abusem!* 3° Dia: Baixa Grande x Atins Percorrido: 34km Tempo estimado: 7h Acordei por volta das 5h já atrasado, pois queria sair às 5h. Tomei café e sai correndo para não perder o nascer do sol das dunas, consegui chegar na duna alta e logo o sol foi aparecendo e contemplando um belo dia de caminhada longa. Sai por volta das 6h e como eu estava sozinho eu ia colocando umas metas na cabeça que era a cada 5km mergulho a cada 13km uma parada de 10min. As vezes já dava umas carreira no meio das dunas, conversava com o vento, desviava das lagoas. Quando você tá sozinho não tem muito o que fazer a não ser andar e andar. Até às gaivotas me atacando eu gostava, ia trocando uma ideia com elas. Passei em muita lagoa bonita, cada lagoa tem sua beleza, mas essas últimas estavam surpreendentes. Fui enjoando de dunas, vento e lagoa e resolvi cair pra praia, chegando na praia me arrependi demais pois na praia o vento é muito mais quente e já era por volta das 11h. Parei em um abrigo de pescador para uma respirada e pensar um pouco sobre esses dias de caminhada antes de chegar no fim. Caminhando pela praia a vista muda completamente e para quem já estava enjoado de ver praia eu só queria chegar logo, fui avistando muitos turistas nas 4x4, pois até o Rio Negro é liberado tráfego de carro e todos acenaram pra mim e creio que se perguntavam que peste um muleke tá fazendo sozinho na praia com uma mochila dessas e todo encapuzado. Logo avistei o vilarejo do Canto dos Atins e fui direto no restaurante do Sr. Antônio comer o famoso camarão e beber a cachaça tiquira. Depois de comer continuei pela estrada dos 4x4 até Atins chegando na rua principal é finalizando meu trekking na pousada da Tia Rita. Um objetivo pessoal concluído com sucesso, 85km em 3 dias muito bem aproveitados. Não aconselho ninguém a fazer essa trilha sozinho e os trekkinglog serve apenas como apoio, pois as dunas mudam sempre de local. Contato do Guia Tavinho (98) 9244-0720 O QUE PRECISA: UM GUIA - Guia Tavinho (98) 9244-0720 Lanche de trilha (para quem for ficar e comer nas comunidades) Protetor solar e repelente Chinelo ou meia, não adianta fazer de tênis Muita disposição para enfrentar o sol e o vento do nordeste em um dos lugares mais bonito desse nosso País. *RESPEITE A NATUREZA LEVE SEU LIXO COM VOCÊ!* Link do trekkinglog: https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/travessia-lencois-maranhenses-sul-x-norte-25725113 Para mais fotos e dúvidas (@sobralsemfreio): https://www.instagram.com/sobralsemfreio/ Citar
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