Membros Este é um post popular. Jéssica Valcazara Postado Maio 26, 2018 Membros Este é um post popular. Postado Maio 26, 2018 Depois de alguns meses estou aqui de novo, sem destino. Desde outubro de 2017 até abril de 2018 estava em San Pedro de Atacama, trabalhando e com um quarto/casa fixo, que dividia com amigos que fiz durante esse tempo. Para quem não leu e quer saber o início do meu mochilão, a história está aqui https://www.mochileiros.com/topic/72717-recomecei-novos-caminhos-estao-me-levando-para-uma-nova-história/ Antes disso viajei por três meses com um menino que conheci em um grupo de mochileiros. Nos conhecemos em Buenos Aires e viajamos pela patagônia argentina e chilena até chegar em San Pedro de Atacama, onde nossa viagem juntos terminou, mas isso não vem ao caso. Viajar também é aprender a lidar com as pessoas e isto ficou como mais uma lição. Assim como em todo momento tem alguém lá em cima cuidando de mim e de toda a minha viagem, tratou logo de arrumar uma pessoa muito especial pra viajar comigo, minha melhor amiga de infância Fran, que chegou no Atacama em janeiro/2018. Não satisfeito com isso, colocou mais um rapaz que conhecemos em sua viagem turística em fevereiro, o Rodrigo. Ele voltou ao Brasil, largou tudo e em março já juntou sua mochila com a nossa. Por fim, dois dias antes de sair a Aline, uma brasileira que também estava vivendo por lá, decidiu seguir viagem com a gente. E não terminou aí, encontramos uma cachorrinha de alguns meses na rua e decidimos adotá-la e levá-la conosco mundo a fora. (os país da pequena terremoto) Nesta vida de mochila não existe nada programado mesmo, uma viagem que faria sozinha quase virou uma excursão, hahahaha. Saímos então do Chile em 4 brasileiros e uma cachorrinha, a Lola. Era a primeira vez que os três estavam saindo para mochilar, estavam empolgados e como eles diziam: “preparados para passar perrengues”, hahaha. A ideia inicial era nos dividirmos pra pegar carona, mas logo na primeira tivemos a sorte de pegar um ônibus vazio até Calama e pudemos ir todos juntos. Em Calama nos separamos e nos encontramos no final do dia em uma praia em Arica, armamos nossas Barracas na areia e dormimos por lá. Pegamos um ônibus para atravessar a fronteira com o Peru porque ouvimos ser bem complicado por ali, porém não adiantou muito porque o ônibus nos deixou na fronteira, devido aos trâmites para entrar com a Lola no país, mas não teve problema, perdemos alguns minutos ali felizes por ter dado certo. Nossa sorte foi que passou um caminhoneiro brasileiro e nos levou até Tacna, mais uma vez todos juntos. Estávamos viajando sem destino certo, sem saber o próximo passo e muito menos sem saber aonde iríamos terminar ao final de cada dia. De Tacna decidimos de última hora ir para uma praia, assim poderíamos acampar. Fomos parar em Boca del Río às 20h e encontramos uma cidade toda escura, com apenas poucas luzes amarelas em algumas ruas e sem iluminação nenhuma na orla. Não havia absolutamente ninguém na rua e estava parecendo um filme de terror. Caminhamos enquanto decidíamos o que fazer com a nossa coragem, pensávamos em acampar na praia e revezar de 2 em 2 para ficar acordado para nos proteger de algum possível serial killer, Hahaha. Depois de quase 20 minutos caminhando no escuro encontramos um homem e pedimos informações sobre um hostal e ele nos explicou que só tinha 2 hotéis na cidade que abria aos finais de semana, pois era quando havia turistas na cidade (infelizmente estávamos numa terça-feira). Assim ele nos ofereceu para dormir na sua casa, porém estava em construção, então o banho foi em água fria e dormimos em saco de dormir no chão. Mas nem reclamamos e agradecemos por ter aparecido uma alma caridosa naquela cena de filme de terror. Do jeito que acordamos já saímos para ver a praia, linda e vazia... mas como o cenário já estava completamente diferente, cogitamos até ficar mais um dia por lá. Encontramos um restaurante, almoçamos e decidimos seguir pra uma praia próxima, Ilo, onde acampamos de novo na praia. Ficamos por 4 dias em Ilo, vimos muitos leões marinhos e pelicanos. E foi lá onde senti algumas conseqüências da diferença de cultura. Nos lugares que passamos no Peru observamos uma falta de higiene bem grande com os alimentos, principalmente as carnes vermelhas que ficavam expostas no chão, sem refrigeração nenhuma, em meio a cachorros que passavam pelas ruas. Como vida de mochileiro não é fácil e a economia sempre vem primeiro, não era difícil imaginar que pegaria uma intoxicação alimentar. Fiquei com febre, diarréia e dores no corpo. Minha dignidade foi ficando em cada banheiro que passava pelo caminho, Hahahaha. Depois seguimos de ônibus para Arequipa, onde o Couchsurfing falhou mais uma vez, ficamos por 3 noites em um hostal que cobrava 8 soles por pessoa, era um pouco afastado da cidade, com um cheiro forte de tempero, mas com pessoas muito boas. Os tres dias que ficamos lá, conhecemos a cidade, a praça de armas, o calçadão, onde encontramos um brasileiro tocando e cantando, decidimos parar por lá e curtir um pouco com ele, foi ótimo. Ajudei uma senhora por 40 minutos mais ou menos a andar uma quadra e meia, fomos conversando, e nesse tempo ela me perguntou umas 3 vezes o que eu fazia por ali, contei sobre a viajem todas as vezes, e quando a deixei em uma doceira, ela disse pra eu seguir conhecendo o mundo mas sempre com muito cuidado, disse que o faria. Depois pegamos um ônibus para Puno, onde tínhamos um Couchsurfing para os 4, era um francês, fomos até seu restaurante e ele nos levou pra sua casa, nessa altura, ainda com intoxicação alimentar, me sentia muito fraca, estava há mais de 4 dias assim, Rodrigo e a Aline começaram a sentir sinais da intoxicação, pensávamos estar com sorte, porém estávamos errados, pra começar, também nao tinha água quente para um banho e para terminar, as 20:30h o couch me enviou uma mensagem dizendo que não podíamos dormir lá porque seu amigo chegaria de viagem e precisava de privacidade. Arrumamos nossas coisas e logo saímos sem rumo, com uma temperatura de +- 4ºC. Reservei o hostal mais barato que encontrei pela internet e seguimos sentido a ele. Enquanto os 3 me xingavam interna e externamente, subíamos uma longa rua íngreme, mas como tudo que acontece tem seu motivo, era um hostal súper arrumadinho, um quarto só pra gente (e no Couchsurfing íamos dormir nos sacos de dormir, no chão). Ficamos lá por uma noite e no dia seguinte conseguimos um Couchsurfing para todos, dessa vez podemos ficar 🙌🏽 porém estava super frio e não tinha banho quente, ou seja, pagávamos um lugar para tomar banho um dia sim e outro não (onde foi o nosso primeiro banho quente no Perú). Como a casa dele era 1 cômodo só, com uma cama de casal, ele nos deixou sozinhos e foi dormir em outro lugar, Rodrigo e Aline dormiam na cama, eu e a Fran no chão com os sacos de dormir. Andamos em pedalinhos e conhecemos as ilhas flutuantes, é bem legal como eles constroem as ilhas e as casas, porém acho muito teatro por ser turístico. Passamos bons dias por lá, cozinhando nossa própria comida pra se recuperar. Hahaha Seguimos para Cusco, onde mais uma pessoa muito especial se juntou a nós, a Paulinha, meu enrosco há quase 1 ano, Hahaha. Ficamos alguns dias em Cusco e neste tempo fizemos um bate e volta para Machu Picchu, dormindo somente uma noite em Águas Calientes. Optamos por fazer a trilha da hidrelétrica para Machu Picchu, então viajamos de van por 7 horas (por 50 sólis depois de muita pechincha) até o início da trilha e caminhamos 13 km pelos trilhos do trem. Todo mundo dizia ser uma trilha fácil por ser plana e que era feita em até 2h30, mas foi cansativo andar pelas pedras e a caminhada parecia não render. Uma das meninas se cansou bastante e precisamos parar várias vezes. Com isso escureceu e ficamos um pouco perdidas porque em determinado momento existe um túnel e não é possível andar nos trilhos. Andamos uns 20 minutos num breu total, rezando pra estar no rumo certo. Quando finalmente chegamos tínhamos a sensação de ter andado por 5 horas, mas foram só 3h30 mesmo, hahaha. O interessante é que na volta fizemos a trilha em 2 horas e foi super tranqüilo, talvez por estarmos descansadas. Dormimos em Águas Calientes e no outro dia saímos às 5h30 da manhã para subir as escadarias até Machu Picchu. Subimos eu, a Paulinha e a Fran; a Aline decidiu ir de ônibus por conta do cansaço e o Rodrigo já conhecia Machu Picchu e então decidiu fazer um outro trekking com a Lola. Mais uma vez subestimamos o caminho e subimos a escadaria em 2h30, 1 hora a mais do que disseram ser o tempo médio. Porém, estávamos embaixo de muita chuva e neblina e toda a roupa que estava na mochila ficou encharcada. A sorte é que quando chegamos à entrada do parque a chuva parou, logo o tempo se abriu e saiu um sol lindo. Depois de todo o esforço, a energia daquele lugar valeu a pena, foi mais um sonho realizado. Como estávamos com muita dor nas pernas e no pé, decidimos voltar pra Águas Calientes de ônibus, 12 dólares suados. Chegamos em Águas Calientes às 13h30 e tínhamos o transporte da Hidrelétrica as 15h, não estávamos em condições de andar mais 13 km, e por mais “fácil” que pareça ser, andar nas pedras cansa muito. Decidimos sabiamente ficar um dia a mais, assim poderia curtir um pouco da cidadezinha aconchegante de Águas Calientes. No dia seguinte chegamos em Cusco às 21h sem ter onde dormir, pois o dia a mais em Águas Calientes custou a perda da reserva em Cusco. Isso não foi problema, com internet e todos esses apps que resolvem nossa vida, reservamos um hostel rapidinho e acabamos descobrindo um lado da cidade bem bonito onde vimos pela primeira vez uma lhama bebê. Depois de alguns dias seguimos eu e Paulinha até Ica, para conhecer Huacachina. Foi uma experiência única, o lugar é uma delícia, pena não poder ficar um dia a mais. Tentamos pegar carona até Lima no dia seguinte para encontrar todos os outros porque não tínhamos muito tempo, já que tínhamos as passagens compradas para San Andres e a ideia era subir até Cartagena de carona. Em menos de 5 minutos um caminhão parou, mas logo que subimos percebi que não tinha sido uma boa idéia: o caminhoneiro fez uma “brincadeira” e disse que iríamos dormir com ele aquela noite. Ele foi a viagem toda fazendo esse tipo de comentário, e nós duas pensando qual seria a melhor saída para aquela situação. Foi a primeira vez que tirei meu canivete da mochila, fiquei realmente com medo. Mas não aconteceu nada, graças a Deus. O que fica é um sentimento muito ruim de revolta e indignação por viver em um mundo super machista, onde os homens se sentem no direito de desrespeitarem as mulheres e tratá-las como objeto ou até mesmo cometerem coisas mais graves que julgam “normais”. Infelizmente este fato acabou inibindo nossa ideia de continuar o trajeto de carona. Além disso, quando chegamos em Lima (sã e salvas, ufa!), nos demos conta de que não daria tempo de chegar em Cartagena por terra e teríamos que pegar um avião de última hora, pois ainda era preciso fazer os papéis da Lola para entrar na Colômbia e isso requer tempo, e claro, dinheiro. Paulinha tinha 20 dias de férias e nossa viagem terminaria em San Andrés na Colômbia. Todos nós nos encontramos em Lima, mas ficamos separados: Paulinha e eu ficamos em um Couchsurfing, em um bairro classe média baixa, Fran e Aline ficaram do outro lado do planeta com a Lola e Rodrigo ficou em um Couchsurfing em um bairro nobre da cidade. Estávamos todos no extremo da cidade, para nos encontrarmos demorava 2h no mínimo (o trânsito é caótico). Conseguimos nos reunir e pensar sobre o que fazer da vida, hahaha. Naquela altura todo mundo já estava sem dinheiro e por isso a Fran desistiu de ir pra Colômbia e decidiu ir pra Santiago para trabalhar; como ia ficar fixa em um país, ficou com a Lola. Rodrigo também desistiu e decidiu ficar mais um tempo no Peru e a Aline desistiu e voltou pro Brasil. 😞 Eu e Paulinha seguimos então para Cartagena, fizemos escala em Bogotá e dormimos no aeroporto. Passamos dois dias em Cartagena. Acabamos ficando só no centro histórico porque estávamos prestes a ir a San Andrés e decidimos poupar nosso dinheiro. Conhecemos a cidade amuralhada e alguns barzinhos por ali. Ficamos 7 dias em San Andrés, e acreditem, choveu todos os dias! O sol dava as caras em breves momentos e quando a gente começava a ficar animada, lá vinha a chuva de novo (foi triste!!!). Mesmo assim conseguimos aproveitar bastante, realmente lá é maravilhoso, praias lindas e um calor absurdo. O único ponto negativo (e muito, principalmente pra nós) é que nos sentíamos como carne fresca ambulante e os homens uns animais famintos. Todo o tempo cruzávamos com homens na rua que buzinavam, diminuíam a velocidade, faziam cantadas, e quase nos comiam com os olhos. Respirávamos fundo e tentávamos não ligar, mas confesso que meu humor muitas vezes foi abalado, Hahaha. Nos assustamos um pouco com os preços na Colômbia, porque pelo que pesquisamos as coisas eram extremamente baratas e demoramos um pouco pra encontrar restaurantes que não ficassem acima de 60.000 COP para duas pessoas (isto porque além dos 10% é cobrado um imposto e pra ajudar o real está desvalorizado). Com as taxas, os 60.000 viravam 70.000, que em reais se transformava em 90,00. Isto não é caro se for a turismo, mas como estávamos mochilando e com pouca grana, 45 reais por refeição pesava bastante. No terceiro dia encontramos restaurantes em conta, com comida simples, boa, bem servida e sem taxas (uhuuu). Comíamos bem e nossa conta dava 24.000 COP para as duas (aproximadamente 15 reais pra cada). De forma geral, conseguimos curtir bastante San Andrés e a vontade era de morar por lá mesmo. Agora chegou o dia da Paulinha ir embora, faz 2 horas que ela se foi e eu continuo aqui no aeroporto, com o coração apertado. Meu vôo é só amanhã, mas como estou com pouca grana, vou dormir por aqui hoje. Moral da história: a vida sempre está em constante mudança, mas pra quem é mochileiro e está solto no mundo, isso acontece de uma forma muito mais radical, hahaha. As coisas mudaram de maneira tão rápida, que há um mês saímos do Chile em 4 pessoas e uma cachorrinha rumo à Colômbia; em determinado momento éramos em 5 e a Lola e acabamos ficando em 2 pessoas. Hoje estou aqui, sozinha, com a mesma sensação de quando saí do Brasil, com um pouco de medo e insegurança, e ao mesmo tempo com uma ansiedade boa de saber que vem coisa nova pela frente, tendo a certeza de que o cara lá de cima sabe o que será de mim amanhã. https://www.instagram.com/jevalcazara 10 Citar
Membros de Honra casal100 Postado Maio 29, 2018 Membros de Honra Postado Maio 29, 2018 Parabéns pelo belo relato. 1 Citar
Membros Edu1379 Postado Junho 4, 2018 Membros Postado Junho 4, 2018 Lindo relato, vendo isso me encoraja muito fazer um mochilão sem destino desses. 1 Citar
Membros Lisa martinsh Postado Junho 13, 2018 Membros Postado Junho 13, 2018 Tem mais uma vaga aí não ? Kk 1 Citar
Membros pedroalves.J Postado Junho 13, 2018 Membros Postado Junho 13, 2018 Uau, cara! Que aventura. Boa sorte e sempre em frente! Obrigado por compartilhar. 1 Citar
Membros Jéssica Valcazara Postado Junho 17, 2018 Autor Membros Postado Junho 17, 2018 Em 12/06/2018 em 20:57, Lisa martinsh disse: Tem mais uma vaga aí não ? Kk Sempre tem! HAHAHAHAHAHAHA Citar
Membros Lisa martinsh Postado Junho 17, 2018 Membros Postado Junho 17, 2018 +5522988463708 me chama no whats quem sabe a gente se encontre por ai Citar
Membros de Honra casal100 Postado Junho 19, 2018 Membros de Honra Postado Junho 19, 2018 "creio que não.. foi super pesado... carregamos sacos de sementes super pesados nas costas... era só subida, é muita lama.. hahahha" menina, isso sim que é uma viagem! admirado com a sua coragem continue nos brindando com sua viagem! Citar
Membros mari_balles Postado Julho 1, 2018 Membros Postado Julho 1, 2018 Que relato maravilhoso e inspirador, muito obrigada!!!! ❤️ Citar
Membros Jeffxblod Postado Agosto 8, 2018 Membros Postado Agosto 8, 2018 Obrigado por compartilhar essas suas experiências e parabéns pela coragem de desbravar esse mundão aí. Desejo as melhores experiencias possíveis para você!!. Citar
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