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Dia 17

Dia de pegar o rumo de volta para casa.

Mendoza/ARG x Santa Fé/ARG - 920km

Após uma noite de sono ruim, talvez por termos acostumado com a cama deliciosa da pousada Lares de Chacras e odiado o colchão fininho do Ibis, acordamos cedo, descemos tomar café no próprio hotel, fizemos check-out e partimos. Como falei antes, o Ibis Mendoza já fica na rodovia de saída sentido leste, a RN 7. Então, em poucos minutos já estávamos em velocidade de cruzeiro. Seguimos sentido San Luiz, com rodovia duplicada e com um certo movimento. Vimos várias familias viajando no estilo mais "rootz", totalmente carregadas e parando na beira da estrada para acampar ou cozinhar. Achei diferente pois não vemos muito disso no Brasil, ainda mais num trecho relativamente povoado como esse que estávamos percorrendo. Passamos por alguns pedágios e pelo controle sanitário, acho que na altura de Desaguadero, divisa de províncias. Paramos num posto grande, bem movimentado e seguimos viagem. Em San Luis, pegamos o contorno da cidade, mantendo a RN 7 sentido Villa Mercedes, e ao chegar nesta cidade, pegamos a RN 8 sentido Rio Cuarto. Aqui a rodovia passa a ser simples e cruza-se várias cidades pequenas, tendo que reduzir para passar em lombadas ou parar em semáforos, então a viagem começa a render menos. Em Rio Cuarto, entramos e procuramos o shopping para um almoço rápido no Mc Donalds, já que os restaurantinhos na beira da estrada estavam meio feios. De barriga cheia, pegamos a saída da cidade, agora na RN 158 sentido Villa Maria, passando por ela e indo até San Francisco. Pegamos um pôr do sol bonito nesse dia, que ia compensando o cansaço de um dia inteiro de estrada depois de vários dias agradáveis anteriores. Em San Francisco pegamos a RN 19 com direção a Santa Fé e assim fomos até a cidade de Santo Tomé, onde havíamos reservado um hotel na beira da rodovia, chamado Escala Uno, um hotel simples porém bem arrumadinho para os padrões da cidade. Fizemos check-in e fomos procurar um restaurante para jantar. Como era domingo, não havia muitas opções abertas, mas encontramos um e comemos qualquer coisa. Provei a cerveja local, batizada com o nome da cidade vizinha Santa Fé. Voltamos e fomos dormir, tentando descansar para encarar o dia seguinte que seria o último fora do país e o mais longo de todos.

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Dia 18

Dia de voltar ao Brasil! Dia de encarar quase 1200km num só dia para chegar em casa!

Santa Fé/ARG x Medianeira/PR

Acordamos cedo, novamente sem dormir muito bem. Tomamos nosso café no hotel e partimos. O dia amanheceu chuvoso, escuro, aquele típico dia de preguiça que dava vontade de não fazer nada, mas teríamos uma longa estrada pela frente! Como o hotel já ficava na beira da rodovia que cortava a cidade, pegamos ela e fomos em direção à vizinha Santa Fé. Fomos contornando uma avenida bonita que vai margeando o Rio Santa Fé, passamos algumas pontes sobre áreas alagadas e depois uma outra ponte maior sob o Rio Paraná, chegando na cidade de mesmo nome já na província de Entre Rios. Pegamos a saída pela RN 12 por apenas alguns quilômetros e em seguida entramos na RN 127 em direção a Uruguaiana, seguimos nela até a interseção com a RN 14, aquela famosa pelos policiais corruptos! E assim fomos, com alguns trechos de asfalto irregular (não exatamente buracos, mas umas emendas que batiam seco nos pneus de perfil baixo do meu carro) e outros trechos melhores... uns trechos com bastante chuva e outros onde o tempo abria um pouco... fizemos duas paradas em postos (para abastecer e ir ao banheiro) e uma para almoçar umas empanadas, mas não lembro bem a referência de onde foram. Lá pela altura do acesso a São Borja, a estrada passava a render mais, com menos cidades e um asfalto melhor. Lá de vez em quando tomava um susto por estar chegando em área urbana ainda em velocidades meio altas. Passamos por diversas barreiras policiais mas não fomos parados em praticamente nenhuma. Acho que numa delas me perguntaram apenas o destino e já me liberaram. Saímos da RN 14 e pegamos alguns km da RN 105 para então cair no contorno de Posadas, pegando a RN 12 no caminho oposto ao que fizemos na viagem de ida. Ali já começávamos a ficar ansiosos para chegar logo no Brasil. O movimento aumenta bastante nessa região da província de Missiones. Haviam MUITAS viaturas da polícia em barreiras, praticamente em todas as cidades (igual notamos no caminho de ida), mas com o acréscimo de ter visto várias delas com um radar escondido em pontos estratégicos. Possivelmente eu tenha passado estourando o limite em boa parte destes radares, pois quase sempre estavam nas entradas ou saídas de trecho urbano, então o limite era baixo, 60 ou 80km/h. Fiquei até com medo de ser parado em algum posto policial adiante ou mesmo na aduana, mas não aconteceu nada.

O cansaço foi batendo e foi se somando a mais ansiedade. Quanto mais perto chegávamos, mais parecia que já devia ter chegado. EU sentia esse mesmo fenômeno em quase todos os dias de estrada, talvez porque o pensamento era de que, quando faltam apenas uns 100 ou 200km e você já rodou quase 1000km no dia, proporcionalmente já falta realmente pouco, mas ainda assim, 200km é chão pela frente! haha! Efeito disso é que parei em dois postos, mesmo estando perto de chegar a Puerto Iguazu, apenas para esticar as pernas e ir ao banheiro. Mas enfim chegamos a Puerto Iguazu. Fomos parados por uns militares na avenida hoteleira, apenas para responder uma pesquisa turística conduzida por um outro pessoal que estava ali. Ainda tentei parar no último posto antes da aduana, quase em frente ao Cassino Iguazu, para gastar uns pesos e completar de gasolina, mas tinha muita fila e desisti. Por sorte não havia muita fila na aduana, no sentido de retornar ao Brasil, pois no sentido de entrar na Argentina estava com fila até perder de vista pois era feriadão do dia do trabalho. Fizemos o processo rapidamente no guichê e passei sem qualquer problema de multas que achei que pudesse tomar pelos radares! haha! 

Já no Brasil, ainda tínhamos mais uns 60km até chegar em Medianeira na casa dos meus pais. Para nosso azar, estava acontecendo a "Operação Muralha" com a parceria da Receita Federal e do Exército, onde paravam quase todo mundo na praça do pedágio em Santa Terezinha de Itaipu, logo após a saída de Foz. Uma fila gigantesca! Eu não podia acreditar naquilo. Cansado, com fome, com pouca água sobrando no carro... mas não tinha para onde correr! Só ia avistando aqueles KM de fila em pista dupla e a fila que quase não andava. Ficamos lá cerca de uma hora, mas que pareceram uma eternidade. Por incrível que pareça, não nos pararam, mesmo com o carro visivelmente abarrotado de coisas. Achei que estivessem parando todo mundo, mas demos sorte. Passamos reto no pedágio e fui rasgando os últimos trechos até chegar em casa. 

Chegando lá, meus pais nos esperavam, junto com outros familiares. Antes de sair do hotel em Santa Fé, havia pedido para minha mãe um prato especial: comida caseira. E ela acertou, nos servindo arroz, feijão preto (estilo feijoada), farofa e carne picadinha com molho. Comi até doer a barriga! hahaha! Descarregamos as malas, distribuímos alguns vinhos de presente, mostramos algumas fotos e conversamos sobre a viagem.

Aproveitei para tirar uma foto do computador de bordo, que havia zerado na saída da casa dos meus pais. Foram 6957km rodados, que somados aos 500 e poucos desde minha saída de Presidente Prudente, completariam os 8000km do título deste post. 

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  • 3 semanas depois...
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Dia 19

Dia de encerrar a viagem.

Medianeira/PR x Presidente Prudente/SP

Roteiro exatamente igual, porém no sentido oposto ao da ida. Partimos de Medianeira, onde estávamos na casa dos meus pais e fomos até Cascavel/PR, onde minha mora minha namorada. Nos despedimos e segui viagem, assim como faço rotineiramente, até Pirapozinho/SP, região de Presidente Prudente. Com estes 500km da volta, somados aos 500km da ida, e mais os quase 7000km que relatei no post anterior, a conta fechou nos 8000km do título do tópico!

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FINAL

O que posso dizer, tentando encerrar o relato, é o mesmo que venho dizendo aos amigos que nos perguntam sobre a viagem: a sensação de liberdade é indescritível! Claro que a maioria que pesquisa e participa deste e de outros foruns pode ter experiências muito mais "puras", mais "rootz", passar mais perrengues, fazer com menos dinheiro etc... afinal, fomos com um bom carro, com um orçamento confortável e tudo o mais. Mas ainda assim, o fato de acordar um dia, entrar no carro e partir para um lugar distante, desconhecido... chegar à paisagens extremas com seus próprios recursos... e saber que fez isso tudo "por conta", apenas pesquisando e criando coragem de ir... é algo difícil de descrever, mas extremamente gratificante.

Hoje revejo essas fotos dos locais que chegamos e fico pensando que meses atrás eu nem imaginava fazer algo assim, não considerava nem como hipótese! Então, para mim, fica uma sensação de libertação, de incentivo para novas descobertas.

Realmente, quando contamos para as pessoas sobre essa viagem, a maioria se espanta, acha loucura. Lá mesmo, durante a viagem, era muito comum ver a cara de espanto das pessoas. Tudo é questão de referência: para quem nunca cogitou viajar assim, a nossa viagem parece um feito. Para nós, agora que fizemos, já pensamos no próximo destino possível. Já tenho um roteiro feito para a Patagônia, mas também cogito algo na costa oeste dos EUA, ou um combo Portugal + Espanha, e por aí a imaginação vai fluindo... 

No última dia de viagem, cansados, com o carro todo sujo e bagunçado, minha namorada perguntou: se chegasse alguém hoje e falasse que estava paga uma outra viagem para a Patagônia saindo AMANHÃ, você faria? Eu respondi de imediato: VAMOS AGORA! Só o tempo de dormir e refazer as malas que estou dentro! hahaha

E de fato, neste intervalo entre iniciar o relato e finalizar neste post, já fizemos mais uma pequena viagem de 2000km pelo Paraná e Santa Catarina, passando pelo litoral sul (Praia do Rosa, Garopaba, etc) e depois subindo a Serra Catarinense, desbravando as famosas Serra do Rio do Rastro e do Corvo Branco, explorando os Canions da Ronda e do Espraiado, e demais atrações dessa linda região. Nada grandioso, mas que para muitos já poderia ser uma "pernada", e que para nós já virou um "logo ali", literalmente...

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AGRADECIMENTO

Agradeço novamente a todos os relatos que li por aqui, pelas dicas e mensagens trocadas nos tópicos de viajantes com destinos que inspiraram essa viagem. Sinceramente, foi este tipo de troca de informações que me encorajou a seguir com o plano. Na realidade, aproveitando o momento desabafo, nos últimos dias antes da partida, alguns colegas postaram até um "tá chegando" e um "boa viagem" que foram essenciais para acalmar minha ansiedade e apreensão sobre o que viria pela frente. Não conheço ninguém pessoalmente, mas sintam-se todos abraçados com meus mais sinceros votos de gratidão. Quem sabe uma viagem em comboio no futuro? :)

E tentando retribuir, vou tentar atualizar ainda os posts com mais fotos e mais detalhes das estradas que lembrar. Além disso, fico totalmente disponível para responder qualquer dúvida ou compartilhar qualquer informação que eu possa ajudar.

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@Elder Walker , obrigado pelo relato e parabéns pela viagem!

To planejando uma viagem no fim de outubro para o Ushuaia saindo de São Paulo, também com um Peugeot 208.

Mas como o meu já está com 44mil km rodados, achei melhor fazer a substituição dos amortecedores, já que acompanhando o grupo do carro no Facebook, percebi muita gente tendo problema próximo dos 50k. Além do que, uso molas esportivas, o que acaba forçando um pouco o amortecedor também. Também uso pneu 205/45 aro 17, mas vou acabar colocando um perfil um pouco maior pra essa viagem, um 215/45. Não aguento mais andar em São Paulo com esse pneu. Esse mês tive um prejuízo pra desamassar todas as rodas que pareciam estar quadradas, hahahaaha.

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@fore, obrigado por acompanhar o relato.

Eu também adoraria ir para o Ushuaia com meu 208. Como mencionei em algum momento, já tenho até o roteiro desenhado. Só me falta tempo e dinheiro! haha

Com relação ao carro, esse é o meu segundo Peugeot 208. Tive um Griffe 2014 que vinha com pneus 195/55 R16 e fiquei com ele até os 95mil Km sem trocar nada na suspensão. O atual agora é um Urbantech 2018 que vem com pneus originais nessa medida do seu, 205/45 R17. Realmente, esse pneu é mais baixo e sinto muito mais as "pancadas" a cada defeito no asfalto, mas ele parece bastante reforçado (Michelin Pilot Sport 3), pois já peguei cada buraco que cheguei a parar no acostamento para ver o que tinha acontecido e nunca apareceu sequer uma bolha ou deformação nele. Minha sugestão, caso realmente pense em colocar pneus apenas para a viagem, seria conseguir um jogo de rodas aro 15 ou 16 e colocar pneus mais altos, aí sim teria uma "margem" de borracha sobrando. E logicamente, retirar as molas esportivas para ganhar um pouco de altura e enfrentar os poucos trechos de rípio que deve encontrar na viagem. 

Conte comigo para tirar qualquer dúvida e conte mais sobre sua viagem num tópico dedicado. Se for criar um relato, certamente quero ler! 

Abraço!

  • 2 semanas depois...
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Oi Elder!! Muito legal o seu relato! Obrigada! 

Já anotei várias informações, pretendo fazer mais ou menos esse roteiro ano que vem, saindo de São Paulo. Vamos ter um pouco mais de tempo (uns 24 dias), então devo ficar uns dias a mais no norte da Argentina e talvez voltar contornando o Uruguai. Fazer roadtrips é mesmo muito libertador... Já fiz algumas por aí e é meu estilo de viagem preferido!! 

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@Elder Walker ,

Fantástica a sua viagem! Roadtrips são mágicas... Nada contra viagens de avião, mas as roads.... Eu costumo pegar a estrada sozinho de moto, mas fiz uma roadtrip bem legal pelo Brasil para mostrar os contrastes desse nosso imenso país à minha mulher. Foram 7600km. Preciso tirar alguns dias para, como vc, montar um relato com as fotos e o vídeo dessa viagem, que para nós foi muito especial!

Parabéns e obrigado por compartilhar!

glimaz

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@marcela.nering,

Obrigado pelo visita e que bom que o relato tenha ajudado em algumas dicas ou informações.

Sem dúvidas, se puder acrescentar um ou dois dias no noroeste da Argentina, será muito proveitoso.

Não deixe de postar os planos de sua viagem e, depois que fizer, seu relato também para que outros possam pegar informações atualizadas.

 

@glimaz,

Obrigado! Concordo contigo, cada viagem tem um propósito e um estilo diferente, mas essas roadtrips acabaram de me conquistar, pois até a parte que seria chata de deslocamento acaba sendo interessante e nos faz ver muito além.

Não deixe de compartilhar seu relato de moto! Adoraria ver as fotos!

Abraço!

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