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RELATO DA VIAGEM

 

 

Cronograma

 

08/04 (sab)

Guarulhos - Foz do Iguaçu

Partida de Puerto Iguazu

 

09/04 (dom)

Chegada em Tucuman

 

10/04 (seg)

Tucuman – Salta

 

11/04 (ter)

Salta: Quebrada del Toro, San Antonio de los Cobres

 

12/04 (qua)

Salta: Cuesta del Obispo, Cachi, Valles Calchaquies

 

13/04 (qui)

Salta – Tilcara

Purmamarca

 

14/04 (sex)

Tilcara – Iruya

Iruya – La Quiaca - Villazon (Bolívia)

 

15/04 (sab)

Trem Villazon - Uyuni

 

16/04 (dom)

Início Excursão Salar de Uyuni

 

17/04 (seg)

Laguna Hedionda, Laguna Colorada, Arbol de Piedra

 

18/04 (ter)

Geysers Sol de la Mañana, Laguna Verde

Partida de San Pedro de Atacama

 

19/04 (qua)

Chegada em Santiago

Santiago - Mendoza

 

20/04 (qui)

Mendoza

 

21/04 (sex)

Mendoza: Vinícola

 

22/04 (sab)

Mendoza: Alta Montana

Saída de Mendoza

 

23/04 (dom)

Chegada em Córdoba

La Cumbrecita

Villa General Belgrano

 

24/04 (seg)

Córdoba

 

25/04 (ter)

Córdoba: La Cumbre

 

26/04 (qua)

Córdoba: Alta Gracia

 

27/04 (qui)

Partida de Córdoba

 

28/04 (sex)

Chegada em Posadas

Posadas – San Ignacio

 

29/04 (sab)

San Ignacio – Puerto Iguazu

 

30/04 (dom)

Foz do Iguaçu - Guarulhos

 

 

Relatório Financeiro:

 

1. Gastos no Brasil:

 

a) Passagem aérea GRU-FOZ-GRU (c/taxas): R$ 135,00 (promocional Gol)

b) Passagem Andesmar Iguazu – Tucuman (Cama): R$ 110,00 (AR$ 152,00)

c) Câmbio de AR$ (Aeroporto GRU): R$ 82,00 (AR$ 110,00)

 

Sub-Total: R$ 327,00 (aprox. US$ 150,00)

 

2. Despesas em US$:

 

a) Câmbio por AR$: US$ 530,00 (AR$ 1.616,00)

b) Câmbio por Bs.: US$ 50,00 (Bs. 397,50)

c) Excursão Salar: US$ 70,00

d) Câmbio por CHP: US$ 70,00 (CHP 35.700)

 

Sub-Total: US$ 720,00

 

Total: US$ 870,00 (US$ 60,00 de compras)

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Relato

 

08/04 (sab)

 

Meu vôo Guarulhos – Foz (comprado na promoção de R$ 50 da Gol) estava previsto para decolar às 15:50. Peguei uma carona com a minha irmã para chegar ao aeroporto com cerca de 2 horas de antecedência. Como não tinha tido tempo durante a semana para pegar o meu certificado internacional de vacinação contra a febre amarela, eu passaria na Anvisa do aeroporto para providenciar tal documento, imprescindível para entrar na Bolívia. Para a minha surpresa, a Anvisa estava em greve e não consegui providenciar o certificado. Por um momento achava que o meu ingresso para a Bolívia estava ameaçado. Bom, embarquei, o avião decolou na hora e cheguei em Foz também na hora programada, 17:20. No vôo serviram amendoim e uma barra de cereal. Peguei minha mochilona da esteira e corri pro escritório da Anvisa do aeroporto de Foz, na esperança de conseguir o certificado. Para a minha surpresa, o escritório estava aberto (a Anvisa não é de âmbito nacional?) e consegui meu certificado faltando 10 minutos para as 18 horas, hora do fim de expediente.

Saí do aeroporto e peguei o bus que vai em direção ao centro, R$ 1,85. Na altura do Hotel Bourbon, desci e atravessei a pista, para pegar o ônibus que vai para Puerto Iguazu. Após as formalidades na fronteira (todos devem descer com suas mochilas para carimbar o passaporte) e trocar meus primeiros US$ 200 ao lado da imigração, cheguei à rodoviária de Iguazu por volta de 19:00. Tinha 2:30 até a minha partida pela Andesmar, bus cama, e deixei minha mochila no locker para dar um role pela cidade. Nada demais, cheia de lojinhas, bares e restaurantes. Às 21:30 em ponto o bus double deck deixou a rodoviária rumo a Tucuman, já no noroeste argentino. A viagem foi muito tranqüila e confortável, serviram o jantar, café da manhã e almoço a bordo, pois as rápidas paradas eram apenas para embarcar e desembarcar passageiros, além de ir ao banheiro.

 

09/04 (dom)

 

Durante praticamente todo o dia vi a paisagem mudando da janela de minha poltrona individual. Atravessamos o Rio Paraná de manhazinha e entramos na região do Chaco. Mais estrada, a paisagem foi mudando para um verde exuberante com montanhas ao fundo. As 19:15 cheguei em Tucuman, que seria apenas meu ponto de conexão para Salta. Peguei um táxi para o Hotel Petit e a bandeirada começava com 0,80 pesos. Vi o taxímetro mudar a cada quarteirão e meio, 0,89 – 0,98 – 1,07.... cheguei ao hotel com o taxímetro marcando 1,60. Dei 2 pesos pro motorista e comecei a sentir como a Argentina é barata para nós brasileiros. O hotel era bem simplesinho, mas era silencioso, bem localizado e tinha um banheiro só pra mim. Após 22 horas de viagem, eu queria um banheiro só pra mim! Tomei um banho, saí na rua e fui pra praça central. Uma coisa interessante é como existe vida noturna nas cidades argentinas. As 9 da noite de domingo a praça estava lotada de gente, cheia de crianças correndo, vendedores de bexigas, pipoca e sorvete. Casais de namorados, famílias inteiras e grupinhos de adolescentes espalhados pela praça. Estava cansado mas gostei de ver o burburinho e aproveitei para comer umas empanadas.

 

10/04 (seg)

 

Saí de Tucuman as 9:30 e cheguei em Salta 13:00. Fiquei no Hostel Terra Oculta, bem animado, com um staff super gentil. Este dia fiquei só na cidade, subi de teleférico ao cerro que dá vista panorâmica da cidade e fui a uma agência acertar as excursões dos 2 dias seguintes. Achei Salta uma cidade muito simpática com casario colonial na praça principal. Tudo muito limpo e bem conservado. Hoje almocei bife a milanesa, o prato do dia-dia dos argentinos junto com a cerveja Salta, que achei a melhor de todas no país. Jantei uns hamburgeres, pois não estava com tanta fome. Aproveitei o dia meio “morto” pra comprar uma calça de moleton baratinha em um magazine, pois tinha me esquecido de trazer uma calça para dormir.

 

11/04 (ter)

 

Saímos 7:30 bem cedo para uma excursão à Quebrada del Toro. O tão famoso “trem de las nubes” que passa por paisagens impressionantes está desativado no momento e muitas agências fazem a excursão em vans, acompanhando o trilho do trem. A primeira parada foi para comprar folhas de coca pra mascar pois iríamos passar por altas altitudes, mas eu acabei não comprando. Passamos por um povoado chamado Chicoana e entramos na quebrada, que é um vale formado pelo Rio Toro, com desfiladeiros impressionantes e montanhas multicoloridas. Salta fica a 1.200 metros de altitude e fomos subindo cada vez mais até atingir 4.080 metros. Neste ponto, entramos na puna argentina, que equivale ao altiplano boliviano no país vizinho. A paisagem mudou completamente, plantas rasteiras, solo seco e arenoso. Chegamos à desolada porém simpática cidade de San Antônio de los Cobres. De San Antônio seguimos para o viaduto La Polvorilla, que é o ponto final do tren de las nubes e impressionante pela altura do vão. Almoçamos uma cazuela de cabrito deliciosa, inclusa no pacote. Após o almoço saímos de volta a Salta passando pelos mesmos lugares. Este passeio custou caro, AR$ 110 (o trem custa AR$ 200). Chegamos em Salta quase 7 da noite, ou seja, foi uma excursão de dia inteiro.

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12/04 (qua)

 

Mais uma excursão iniciando às 7:30, desta vez à simpática cidade de Cachi, localizada nos Valles Calchaquies. Saindo de Salta fomos serpenteando a Cuesta del Obispo, uma seqüência de curvas fechadas em uma encosta de um verde exuberante, até chegar à Piedra del Molino, a 3.300 metros de altitude. Mais um pouco chegamos ao Parque Nacional Los Cardones, que tem paisagens sensacionais, com montanhas nevadas ao fundo e com os vales pontilhados pelos cardones, os cactos que chegam a até 12 metros de altura. Na hora do almoço chegamos a Cachi, uma simpática cidadezinha ao pé do vulcão nevado de mesmo nome, com seus mais de 6.000 metros de altura. Almocei de novo cabrito, só que desta vez devidamente acompanhado pela cerveja Salta. Demos umas voltas pela cidade para fazer a digestão, visitamos o museu da cidade e comprei uns pacotinhos de ají. Ah, os arredores da cidade são repletos de pequenos terreiros domésticos onde os locais secam pimentões vermelhos, formando um cenário muito interessante e colorido. A partir do pimentão seco eles fazem um pó, o ají. Voltamos pelo mesmo caminho a Salta, chegando novamente a noitinha.

 

13/04 (qui)

 

Saí no ônibus das 7:30 para Tilcara, localizada na Quebrada de Humahuaca, uns 250 Km ao norte. Por causa da conexão em Jujuy, cheguei em Tilca por volta do meio-dia. Mochila nas costas, comecei a andar pela cidade para procurar um lugar para dormir, e por causa da semana santa, descobri que quase todos os lugares estavam ocupados. Subi uma ladeira seguindo uma indicação de hotel e cheguei ao Hotel Pucara, com sua recepção bem simpática. Parecia que ia ser um bom lugar para passar a noite, perguntei o preço do quarto individual, que era AR$ 26. Beleza, vou ficar! Pagamento adiantado, ela me levou pro quarto. Fui entrando mais pro fundo do hotel, as instalações começaram a ficar mais feinhas, reboco na parede, água escorrendo por baixo da porta do banheiro... – Esta es su habitacion. Nossa, na hora que entrei me arrependi de não ter pedido pra ver o pulgueiro antes. O colchão parecia uma canoa de índio de tão afundado no meio, as cortinas eram panos de pratos seguros por arame e o chão, de tábua de madeira mal colocada. Tinha um monte de sujeira nos vãos e um buraco no canto que não sabia se morava um lagarto lá. Bom, deixei minhas coisas e fui dar uma volta na pracinha que tinha uma simpática feirinha de artesanato. Neste mesmo dia fiz um bate volta a Purmamarca, que é uma cidadezinha como Tilcara, só que com morros multicoloridos em volta, entre eles o famoso Cerro de los 7 Colores. De volta a Tilcara, ainda deu tempo de visitar as ruínas do Pucara, um povoado pré-colombiano parcialmente reconstruído pela Universidade de Buenos Aires. Na volta do Pucara tinha um pessoalzinho jogando bola. Jantei feliz um bife de lomo sensacional, ultra macio, suculento e saboroso.

 

14/04 (sex)

 

Saí 7:50 rumo a Iruya, talvez a cidade mais incrível da Quebrada de Humahuaca. A viagem levou quase 4 horas e passou por penhascos que davam medo, mas a paisagem era maravilhosa. A estrada é de terra e nas curvas ficamos a um palmo do abismo. Iruya é um povoado localizado no meio das montanhas, com um nevoeiro permanente e não por acaso apelidado de “cidade do silêncio”. É uma coisa inexplicável a paz que sentimos andando pelas suas íngremes e estreitas ruas forradas de paralelepípedo onde os únicos carros que entram são uma ambulância e um carro de polícia. Passei umas 4 horas naquela cidade, mais que suficiente, e tomei o ônibus para Humahuaca. Conheci duas moças de Buenos Aires simpaticíssimas e engraçadíssimas. O detalhe é que elas deviam pesar juntas mais de 200 kg e mal cabiam na poltrona do bus. Chegando em Humahuaca, onde deveria passar uma noite, resolvi adiantar meu schedule e peguei o primeiro bus para La Quiaca, última cidade antes da fronteira com a Bolívia. Vale lembrar que desde Tilcara tenho estado a 2.500 metros ou mais de altitude. La Quiaca fica a 3.400 metros, praticamente o mesmo que La Paz, e não sei por qual motivo, não senti nenhum mal de altitude. Cheguei por volta de 21:30 e já no terminal de bus me senti como estivesse na Bolívia, muita sujeira, cholas, roupas coloridas. Bom, fui procurar hotel para dormir após este cansativo dia. Bati em todos os hotéis da cidade e nenhuma vaga! No último hotel me recomendaram: - vá para a Bolívia! O que?? Atravessar a fronteira 10 da noite, a pé (não tinha nenhum carro circulando), neste frio?? Não teve jeito, lá fui eu, caminhei uns 400 metros, atravessei a ponte que passa sobre o rio e carimbei meu passaporte saindo da Argentina. Mais uns passos, cheguei ao posto da Bolívia. – Passe amanhã de manhã para carimbar seu passaporte, disse-me o guarda boliviano. Pode? Estava entrando na Bolívia sem oficialmente ninguém saber... Estava na Bolívia, cidade de Villazon. Uma ruazinha bem sinistra, quase que toda escura, feia, suja, deserta. Caminhei a passos rápidos e senti meu coração disparando por causa dos 3.400 metros (ou seria medo mesmo?). Entrei no primeiro hotel (Olimpo), aparência simpática. A diária em quarto individual custava Bs 60 (US$ 7,50), com desayuno. Entrei no quarto... beleza! Uma privada só pra mim, água quente, piso limpinho... o que, TV a cabo? Rede Globo? Isso era muito luxo pra mim, magavilha! Bom, amanhã tinha que carimbar o passaporte para não ter problemas na saída, trocar US$ e comprar a passagem de trem pra Uyuni. Tinha que comprar esta passagem sem falta, se não conseguisse, só daqui a 2 dias. Imagina eu aqui mais 2 dias mofando...

 

15/04 (sab)

 

Acordei cedo por causa da ansiedade e também da 1 hora a menos de fuso. Fui cambiar dinheiro, carimbei o passaporte e fui pra estação. Fui atendido rapidinho e comprei a passagem classe “ejecutiva”, pagando Bs. 152 (US$ 19). Nossa, que alívio, 8:30 da manhã tinha resolvido tudo e o trem partiria somente as 15:30. Aproveitei o tempo pra fazer umas comprinhas (pilhas, chocolates, gorro, etc), mandar emails e circular pela cidade. Bom, o desayuno estava incluso e já estava com fome.. fui ao refeitório do hotel e pedi chá de coca para beber. A moça me trouxe o chá, um pão redondinho do tamanho de uma rodela de tomate caqui e um potinho de geléia (daqueles de avião). Nossa, que desayuno! Se eu pedisse uma fatia de queijo acho que seria linchado. Bom, depois de tapar o buraco do meu dente fui ao mercadão da cidade. Só eu de turista lá, todos me olhando como se fosse um ET, mas adoro ir nos mercados, é lá que sentimos o pulso da cidade e vemos as coisas mais estranhas possíveis. Ah, comecei a procurar também um lugar pra comer, afinal depois do maravilhoso desayuno.. Segui o meu lonely planet e entrei em uma chifa, que é como eles chamam os restaurantes chineses aqui e no Peru. Comi um tipo de yakisoba, que estava bom, com refri. Conta please: Bs. 15 (pouco menos de US$ 2). Na Bolívia me senti muito rico, o maço de notas que recebi (Bs. 400) ao trocar míseros US$ 50 ia durar muito ainda. Tinha desocupado o quarto ao meio dia mas tinha deixado meu mochilão na recepção. Por isso somente as 14:00 fui pra estação. Chegando lá vi gente que estava desde as 8 da manhã, hora que tinha ido comprar a passagem. Um monte de mochileiros, vários idiomas sendo falados, alguns muito estranhos. Depois fui descobrir como tem israelitas viajando por aqui. 15:30 em ponto o trem partiu, assento marcado, reclinável, filme de DVD e serviço de bordo. Fui convocado para almoçar no vagão refeitório. Almoçar 16:00? Um pouco estranho, mas como estava incluso no preço fui lá. O trem passa por paisagens bonitas do altiplano, vilarejos totalmente isolados do mundo, exceto pela linha do trem, trechos com muita poeira, o que nos obrigou a fechar todas as janelas. Conversa aqui, conversa ali, um pouco de filme, cochilo, balançar do trem, a viagem transcorreu na maior tranqüilidade. Porém chegamos um pouco atrasados em Uyuni, já passava da 1 da manhã quando peguei minha mochila no compartimento cargueiro e saí da estação naquele frio procurando um hotel. Bati na porta de um indicado pelos guias junto com uma austríaca (Petra) e um casal da Holanda. Havia só 2 quartos disponíveis e a austríaca não se importou em dividir um deles comigo (nem eu). Ela se tornaria uma de minhas colegas da excursão ao Salar.

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16/04 (dom)

 

Domingo de Páscoa, dia de iniciar a excursão, não queria perder tempo. Eu e a Petra saímos para pesquisar agências e fechamos com uma que parecia oferecer as melhores condições. US$ 70 incluindo o traslado da fronteira para San Pedro de Atacama. Comemos panquecas no café da manhã, compramos água e guloseimas e nos apresentamos as 10:30 para iniciar a excursão. Apesar de ter comprado a excursão com uma agência, acabei indo por outra, a Oásis Tur. Descobri que isso era normal, quando uma agência não consegue lotar um carro, joga para outra. Pelo menos o grupo que se formou era bem legal: 3 amigos suecos, eu, a austríaca (Petra), uma americana (Anna) e uma australiana (Gabby). Fora os suecos, todos estavam viajando sozinhos. As mochilas, mantimentos e galões extras de gasolina foram amarrados no teto da Toyota Land Cruise e iniciamos (um pouco apertados) a excursão. Era nós 7 mais o motorista e o guia/cozinheiro. A primeira parada foi em um cemitério de trens, nada de interessante, somente umas locomotivas enferrujando no ar salino (ainda não tínhamos avistado o salar). A paisagem foi mudando aos poucos e já dava pra ver o branquinho do salar bem de longe. Visitamos o povoado de Colchani que vive da extração do mineral e do artesanato feito de... sal, é claro! Mais um pouco e já estávamos totalmente no salar. Paisagem indescritível, coisa de outro mundo, aquela brancura a perder de vista, óculos escuros para não cegar (é sério), nos sentíamos totalmente perdidos sem nenhuma noção de espaço. Será que o Johan está longe? Hum.. ta logo ali! Que nada, já sumiu olha lá, será que ele volta? Ué mas ele tava aqui do lado agora pouco.. ah, olha aí apareceu! Fantástico.

Esta época do ano, o Salar tem partes totalmente secas, um pouco úmidas e totalmente alagadas. Visitamos o hotel feito totalmente de sal, paredes, mesas, cadeira, tudo! Menos o teto e as pessoas que entram para visitar... Mais um pouco de salmoura jorrando no paralamas da Toyota e chegamos na Isla Pescado, uma protuberância enorme no meio do salar forrada de cactos. O nosso almoço seria lá e o nosso simpático guia/cozinheiro Jose nos deu 40 minutos para visitarmos a ilha enquanto ele preparava o almoço. Segui a trilha com o meu pessoal e de todos os outros Toyotas que haviam atracado ali, eram uns 20 sem exagero pois todas as agências fazem o mesmo percurso. De repente ouço um idioma familiar... eram duas meninas mestiças (Thais e Tatiane), eu logo cheguei junto.. – vcs são de SP né? Sim, sim, e vc? Eu tb.. Blábláblá, eu peguei umas dicas em um site de mochileiros, blábláblá, Ei, por acaso vc é o Hisamura? Isso, eu mesmo! Caramba que mundo pequeno, eu te mandei um email pelo site pois ia estar na mesma época que vc... Pô, eu juro que não recebi, se soubesse, olha só...blablabla... hum.. o cozinheiro me deu 40 minutos pra dar um role e acho que já se passaram mais de 1:30...rs.. nós tb! Bom, vamos descendo então.. blábláblá.. O almoço tava muito bom, era a primeira refeição com o meu grupo gringo. Mais umas fotinhos e tome Toyota pelo Salar. Passamos pela parte alagada, lindo tb, refletia o céu como um espelho e pouco depois saímos do salar para entrarmos de vez no deserto. Começava a escurecer e pedimos para o motora parar pq a paisagem tava demais! Aquele céu vermelho alaranjado com o deserto no fundo era coidiloco. Fotos, flashes, caretas e montagens. Chegamos ao povoado onde passaríamos a noite já no escuro. Ligaram o gerador e teríamos luz somente até 9:30. Antes do jantar ficar pronto ficamos tomando chá e comendo torradas, o frio lá fora já tava começando chegar próximo a zero. No deserto é muito frio!! A comida tava pronta, uma sopinha quentinha..hum... frango assado, batatas.... tudo sem ovo porque no começo da expedição já tinha dado uma indireta dizendo que não gostava de ovo, que era alérgico, etc.. isso que tinha umas 4 dúzias de ovos debaixo do banco da Toyota! Hehe.. Me enfiei no sleeper, me cobri com cobertores, casacos, tudo e caí num sono profundo.

 

17/04 (seg)

 

Acordar segunda-feira de manhã é um saco... mas eu estava no Salar de Uyuni!! Dormimos tão bem que acordamos todos dispostos e bem humorados. O motora ligou o V6 da Toyota e partimos cedo, pois o dia ia ser longo. Nesse dia iríamos quase que exclusivamente visitar lagoas. Legal, visitar lagoas... bom, no Brasil ta cheio de lagoa viu? A primeira avistada foi de perder o fôlego (afinal a mais de 4.000 metros isso não era tão difícil), todo mundo – ohhhh!!! Laguna Hedionda, exatamente um espelho, tudo, o céu, os vulcões inativos, a gente, tudo se refletia perfeitamente na água. – vocês não viram nada, disse Jose, o guia/cozinheiro. Vamos a laguna colorada. Queque isso... olha a cor dessa laguna, rosada, tem a cor daqueles flamingos comendo ali... isso mesmo, dizem que a cor dos flamingos tem a ver com as algas que eles comem aqui e que dão cor à lagoa. Deu vontade de ficar horas ali contemplando a paisagem... Esqueci, nessa altura já tínhamos almoçado. Entre as lagoas, visitamos algumas formações rochosas esculpidas pelo vento, inclusive a famosa arbol de piedra. Chegamos antes do anoitecer no local onde passaríamos a segunda noite, um alojamento um pouco mais bem estruturado. Pra variar, conversa e chá quentinho. Apareceu um gatinho muito simpático, eu não sou tão chegado mas o bichano era tão carente que ficava pulando de colo em colo e nos fez companhia durante o jantar. Depois do jantar, cervejas Paceña e mais conversa.. todo mundo meio breaco, risadas, besteiras.. bom, vamos dormir vai porque amanhã, último dia, vamos sair antes do amanhecer. Nós 7 em um quarto espaçoso, escuro (já tinham desligado o gerador), só um pouco de luz da lua entrando pela cortina fininha da janela. E eu gosto de dormir perto da janela porque como uso óculos, tenho que deixar o maldito em algum lugar ao alcance das mãos. Me enfiei no sleeping bag e deixei os óculos no parapeito da janela. Dali a tantas senti algo passando suavemente no meu cabelo. Seria uma mão? Peraí, aqui atrás tem 2... será que o Jonas é viado ou é a Anna querendo alguma coisa? Estava quase totalmente escuro e não dava pra enxergar nada. Bom, preferiria que fosse a segunda opção.. Dali a pouco, de novo... hum... mais um pouco ouvi meus óculos sendo arranhados.. scratch, scratch... PORRA!!! GATO FDP!! Que merda, o bichano tinha entrado no quarto não sei como e não conseguia sair, por isso ficava rondando a janela, viu meus óculos e resolveu brincar. Sai daqui, sai daqui! Xô! Miau! Miau! Johan, please open the door and let this fucking cat leave. Pedi ao sueco que estava perto da porta. Graças a Deus (ou por sorte do bicho) não vi o gato no dia seguinte.

 

18/04 (ter)

 

Acordamos antes das 6 e saímos num puuuta frio!! Entramos na reserva nacional Avaroa e a primeira visão foi dos geyseres. Muita fumaça, lama fervendo aos nossos pés, uma loucura. Tinha um orifício principal que a fumaça saía com tanta força que o barulho parecia de uma turbina de jato ao longe. “Não fiquem muito tempo aí pq a fumaça é puro enxofre”. Essa foi a senha de Jose para entrarmos de volta ao carro. Mais um pouco paramos à beira de uma lagoa congelada para tomar o café. O Jose armou a mesa ali mesmo, aqueceu o galão de água, que tinha congelado no teto do carro e nos chamou para o café da manhã a 5.100 m e -7 graus. O sol já tinha dado o ar da graça mas nada do lago descongelar. Começamos a andar pela superfície e ouvíamos o crek-crek sob nossos pés. Estava muito, muito frio. A poucos passos deste lago congelado havia uma fonte natural de água termal. Ce acha que a gente não ia por os pezinhos lá? A Thais e a Tati, que tinham chegado um pouco antes da gente até entraram na água. Entrar tudo bem, o f... era sair naquele frio e naquele vento. Iríamos visitar a última atração antes de terminar a excursão. Eu e a Petra iríamos a San Pedro, no Chile, e o resto voltaria a Uyuni. A nossa última vista foi o gran finale... a Laguna Verde com o vulcão Licancabur ao fundo. Paisagem estonteante também, a lagoa muda de cor de acordo com a direção do vento, incrível! Chegamos na fronteira pela manhã ainda, vários jipes encostando, tirei a minha mochila e a da Petra de cima da Toyota... despedida, troca de emails, - please come to Brazil, come to Sweden, come to Austrália, come to everywhere! Depois que carimbamos o passaporte vi uma coisa inédita, um vulcão iniciando sua erupção. Consegui tirar uma seqüência de 4 fotos da fumaça subindo cada vez mais antes de cair na estrada pra San Pedro. A minha idéia era pegar um bus de volta a Salta, conforme meu crono. Sabia que tinha 2 viações que faziam o percurso e que saíam só terça, sexta e domingo. Beleza, hoje é terça. No caminho vi um deles subindo a serra.. shit, já perdi um. No posto chileno cruzei com o outro.. – tem lugar aí? Pra mim e esses 2 australianos.. sorry, este bus está lotado desde sábado... Ah, tinha conhecido o Ben e a Sharon na fronteira, eles tb estavam tentando ir a Salta como eu. Vixi, perdemos o bus, agora só sexta... so, what we´re gonna do now? Bom, eu vou pra Santiago e de lá atravessar a cordilheira pra Mendoza, if you wanna join me... ok, vamos com vc! Pegamos o primeiro Turbus pra Santiago, onde chegaríamos somente no dia seguinte.

 

19/04 (qua)

 

Tive somente 1 horinha em Santiago antes do próximo bus pra Mendoza. Tempo suficiente pra comer 2 completos com palta, tomate y mayo. Ah, pra mim ir a Santiago e não comer o hot-dog recheado de pasta de abacate é como ir até Itu e não comer a parmeggiana.. A travessia da cordilheira é linda! Os caracoles, aquela sucessão de curvas “hairpin” que até têm número. Ah, os túneis também têm numeração e no túnel 13 eles fizeram um desvio de terra por fora da montanha para aqueles que não querem atravessá-lo. Pode? Se o Gagalo visse isso não ia gostar. Cheguei a Mendoza a noitinha, me despedi dos australianos que me fizeram companhia até aqui e procurei o Winca´s Hostel. Decisão acertada, o hostel era muito arrumadinho e a recepcionista (Sofia) um amor de menina. Nossa nem tava com muita fome, culpa dos 2 dogs de Santiago. Hoje é dia 19, exatamente metade da viagem, caramba, parece que tô aqui faz um mês! Beleza, ainda tem mais metade da viagem!

  • Membros de Honra
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Ola thisamura

estou adorando seu relato! Estou ja quase me animando pra fazer uma viagem parecida.

Vc tem como por alguma foto da primeira parte da viagem, Salta, tucumam?

QUero saber do final da sua viagem, aguardo o relato!

abracos

sueli

  • Membros
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Coloquei as minhas fotos no site da Kodak e não consigo postar o link aqui.. por favor, quem tiver interesse me mande um email pra thisamura@gmail.com para eu enviar o convite, ok?

 

Ainda to escrevendo a segunda parte.. qdo tiver concluído posto aqui.

 

Abraços mochileiros!

  • Membros
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Thisamura,

 

Tô adorando o relato!! Mas, me diga uma coisa: todas as hospedagens no Salar são perrengue? E os banheiros?

Estou planejando uma viagem pra lá no fim do ano e ainda não decidi se vou por Santiago ou pela Bolívia... alguma dica?

Beijos e aguardo a parte II!!!!

  • Membros
Postado

Oi Claudia! Olha, as acomodações na excursão do Salar são bem fuleiras mesmo... ninguém fica ao relento, mas faz um frio danado mesmo nos meses de "verão". Os banheiros são ruins, nas 2 noites que passei não tomei banho e havia água corrente somente em um dos dias. No outro, havia um tamborzão de água com uma bacia boiando. Mas ainda assim, não achei os banheiros sujos, acho que o pessoal colabora. Não existe uma outra opção melhor, mesmo que queira pagar por isso, mas no final das contas, não é tão traumático assim.

 

Abs,

 

Thomas

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