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  • 9 meses depois...
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Muito bem. Uma grande verdade: -quem faz meio, não fez.

Eu fiz a Serra Fina em setembro passado. Sou um pouco mais novo que você, estou com 52. A Serra Fina é realmente bem exigente, principalmente o trecho entre a Mina e o Pierre, pela escassez de água.

Tem muito "jovem" que não aguenta o tranco.

Eu já estou mais acostumado com a marimba e fiz até que de boa. Mas no caminho encontrei uns caras. Ficamos amigos e terminamos juntos. Um deles passou mal mesmo no final.

Dessa vez eu fiquei 23 dias "rodando". Fiz o Caminho da Fé. A Pedra do Baú. A Serra Fina. E por fim Agulhas Negras e Prateleiras em um dia. Andei mais de 420 Km. Foi a melhor coisa que eu fiz na vida até hoje.

Me permitiria dar umas sugestões a você, para seu próximo trekking.

Lapinha - Tabuleiro. É Minas Gerais, não precisa dizer mais nada. Paisagens lindas. Não é tão pesada quanto a Serra Fina e dá pra fazer em 3 dias tranquilo.

Petrópolis - Teresópolis. Muito diferente dos morros de Minas que ficam longe uns dos outros. Aqui é um em cima do outro. Tem um visual que eu considero um dos 3 mais lindos que eu já vi, os Portais de Hércules. Também 3 dias tranquilamente.

Torres del Paine. Totalmente diferente de tudo que você encontra por aqui. É um trekking que vale uma vida inteira. Eu fiz o circuito completo em 6 dias, mas seria melhor ter feito em 8 dias para aproveitar mais, é inesquecível, só que é mais caro e precisa de mais planejamento e equipamentos. Não é tão desgastante fisicamente, apesar das grandes distâncias caminhadas.

 

Abraços.

"A velhice é um estado da mente".

  • Amei! 2
  • 1 ano depois...
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Em 23/04/2018 em 16:11, José Paulo Divino disse:

Até os 60 anos fiz muitos trekkings de um dia . As chapadas, itaimbézinho e outras.

Decidi que após os 6a nos, eu faria uma travessia ou um trekking mais encorpado. Completando 7 trekkings até os 66 anos.

Aos 60 anos (2015), passei meu aniversario na tríplice fronteira - Monte Roraima.

Até os 62 (2016/2017) fiz a trilha do ouro a partir de sjbarreiro e também o Vale do Pati.

Sempre estive de olho na Serra fina - mas muito intimidado - a idade já é um limitante, claro, para quem não é atleta.

Agora em Abril (2018), completando 63 , enfrentei este desafio. Contratei um guia - Pedro Pereira - (recomendo) preparei a tralha e receoso, (Não gosto de arredar pé) fui.

Me instalei no hostel sitio da coruja do Thiago - também guia e montanhista, e no dia seguinte partimos - dia 17/04/2018. Bem de manhã. Eu o Pedro e o Vinicius que embarcou para cumprir a travessia aproveitando para ajudar o Pedro na logística de guia.

Chegamos ao capim amarelo às 13 hs (eu já mortinho). Almoçamos e o Pedro  decidiu que acamparíamos no maracanã. Eu fiquei maravilhado com o trajeto. As dificuldades que para mim foram muitas, a superação e o pagamento - conhecimento dos limites, das fortalezas e a paisagem - um bonus indescritível. 

Até o maracanã comecei a sofrer com as descidas. Os dedos dos pés, os joelhos e tornozelos começaram a me incomodar - bastante.

Após uma mata em uma descida muito inclinada e longa chegamos ao destino. 16 hs. Montei a barraca - buscaram agua - fizemos o jantar e desmontei.

Acordei com um frio miserável e quando abri a porta da barraca, um punhado de gelo caiu sobre mim. Comecei a questionar - que diabos estou fazendo aqui?

Quando iniciamos a jornada para a pedra da mina, já estabeleci ( na minha mente)  que abortaria de lá. Chegando ao rio vermelho, após peripécias que todos vocês jovens que ja fizeram conhecem. O caminho tinha sido maravilhoso, mas eu bestava esgotado física e mentalmente. Comuniquei minha decisão ao Pedro e ao Vinicius - argumentei que o caminho seria mais do mesmo, com mais sofrimento.

O Pedro disse que respeitava minha decisão, mas  que tinha que argumentar. A lógica do Pedro:

- Se descermos pelo Paiolinho será um sofrimento igual à descida dos 3 estados. Então estamos quites, neste item.

- O que separa A pedra da mina do Pico 3 estados são algumas horas. Se cumprirmos vc terminou a travessia - Vc não criará um débito na sua vida. Quem faz meio não fez.

- Não é mais do mesmo. Vc não tem idéia das mudanças quando vc visualiza os picos pelos quais vc passou. E também meu amigo, o vale do Ruah. Isso é imperdível por si só.

Propôs então aumentar o desafio em vez de aborta-lo. Fazer em 3 dias. Saímos da pedra da mina às 4 manhã e vamos direto até embaixo. Levo 3 kgs do seu peso.

Balancei, e fiquei sem argumentos. Topei e enquanto eles guardavam as tralhas do almoço e se abasteciam de agua, parti em direção à pedra da mina.

Pareceu que algo me empurrava. Rapidamente passei pelos 2 totens na entrada do topo, e me sentei no chão. De cansaço, emoção e estonteado pela vista.

Fiquei muito ansioso e de manhã , às 6 hs partimos para o terceiro dia. Atravessar o vale do ruah, com geada no capinzal foi maravilhoso. Nunca esaquecerei a sensação e o ruído das aguas do riacho.

Enfim. O caminho para o pico dos 3 estados foi muito, mas muito desgastante. Para mim, aquelas escalaminhadas eventuais são um caso sério. Passamos pelo Pico e às 22 horas estávamos no sitio don pierre. Não foi permitido a entrado transfer, então caminhei quase 4  kms naquela estradinha. Estava tão moído que levei 2 horas.

Terminamos a travessia em 3 dias.

Lições aprendidas (quando olho as fotos com aquele cenário incrível - e eu parte dele):

1- A mente. Ela sempre cria argumentos para nos derrotar em momentos onde exige superação.

2- Nada é mais do mesmo. A luz muda, nossa percepção muda, o ângulo de visão do que está na frente e depois de ultrapassado é outro cenário, e o caminho somos nós. 

3- Não podemos esquecer o espirito que nos animava quando jovem. Um jovem me lembrou disso.

4- Pati, Roraima e trilha do ouro são Barbie trekking comparando com a Travessia da Serra fina.

Agora estou pensando na próxima - aos 64 anos. Chapada das mesas ? Roncador? Não sei qual, mas sei que posso.

DSCN1450.JPG

Parabéns pelo relato! Adoro histórias de Superação! Aos 49 anos e pesando 100kg, subi até as Torres em Torres  del Paine, no Chile. Pensa numa mulher feliz! :) 20 dias de Patagônia, 2kg a menos e várias trilhas e montanhas concluídas com sucesso! Tem coisa melhor?! Abçs

 

  • Amei! 1
  • 1 mês depois...
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Em 23/04/2018 em 16:11, José Paulo Divino disse:

Até os 60 anos fiz muitos trekkings de um dia . As chapadas, itaimbézinho e outras.

Decidi que após os 6a nos, eu faria uma travessia ou um trekking mais encorpado. Completando 7 trekkings até os 66 anos.

Aos 60 anos (2015), passei meu aniversario na tríplice fronteira - Monte Roraima.

Até os 62 (2016/2017) fiz a trilha do ouro a partir de sjbarreiro e também o Vale do Pati.

Sempre estive de olho na Serra fina - mas muito intimidado - a idade já é um limitante, claro, para quem não é atleta.

Agora em Abril (2018), completando 63 , enfrentei este desafio. Contratei um guia - Pedro Pereira - (recomendo) preparei a tralha e receoso, (Não gosto de arredar pé) fui.

Me instalei no hostel sitio da coruja do Thiago - também guia e montanhista, e no dia seguinte partimos - dia 17/04/2018. Bem de manhã. Eu o Pedro e o Vinicius que embarcou para cumprir a travessia aproveitando para ajudar o Pedro na logística de guia.

Chegamos ao capim amarelo às 13 hs (eu já mortinho). Almoçamos e o Pedro  decidiu que acamparíamos no maracanã. Eu fiquei maravilhado com o trajeto. As dificuldades que para mim foram muitas, a superação e o pagamento - conhecimento dos limites, das fortalezas e a paisagem - um bonus indescritível. 

Até o maracanã comecei a sofrer com as descidas. Os dedos dos pés, os joelhos e tornozelos começaram a me incomodar - bastante.

Após uma mata em uma descida muito inclinada e longa chegamos ao destino. 16 hs. Montei a barraca - buscaram agua - fizemos o jantar e desmontei.

Acordei com um frio miserável e quando abri a porta da barraca, um punhado de gelo caiu sobre mim. Comecei a questionar - que diabos estou fazendo aqui?

Quando iniciamos a jornada para a pedra da mina, já estabeleci ( na minha mente)  que abortaria de lá. Chegando ao rio vermelho, após peripécias que todos vocês jovens que ja fizeram conhecem. O caminho tinha sido maravilhoso, mas eu bestava esgotado física e mentalmente. Comuniquei minha decisão ao Pedro e ao Vinicius - argumentei que o caminho seria mais do mesmo, com mais sofrimento.

O Pedro disse que respeitava minha decisão, mas  que tinha que argumentar. A lógica do Pedro:

- Se descermos pelo Paiolinho será um sofrimento igual à descida dos 3 estados. Então estamos quites, neste item.

- O que separa A pedra da mina do Pico 3 estados são algumas horas. Se cumprirmos vc terminou a travessia - Vc não criará um débito na sua vida. Quem faz meio não fez.

- Não é mais do mesmo. Vc não tem idéia das mudanças quando vc visualiza os picos pelos quais vc passou. E também meu amigo, o vale do Ruah. Isso é imperdível por si só.

Propôs então aumentar o desafio em vez de aborta-lo. Fazer em 3 dias. Saímos da pedra da mina às 4 manhã e vamos direto até embaixo. Levo 3 kgs do seu peso.

Balancei, e fiquei sem argumentos. Topei e enquanto eles guardavam as tralhas do almoço e se abasteciam de agua, parti em direção à pedra da mina.

Pareceu que algo me empurrava. Rapidamente passei pelos 2 totens na entrada do topo, e me sentei no chão. De cansaço, emoção e estonteado pela vista.

Fiquei muito ansioso e de manhã , às 6 hs partimos para o terceiro dia. Atravessar o vale do ruah, com geada no capinzal foi maravilhoso. Nunca esaquecerei a sensação e o ruído das aguas do riacho.

Enfim. O caminho para o pico dos 3 estados foi muito, mas muito desgastante. Para mim, aquelas escalaminhadas eventuais são um caso sério. Passamos pelo Pico e às 22 horas estávamos no sitio don pierre. Não foi permitido a entrado transfer, então caminhei quase 4  kms naquela estradinha. Estava tão moído que levei 2 horas.

Terminamos a travessia em 3 dias.

Lições aprendidas (quando olho as fotos com aquele cenário incrível - e eu parte dele):

1- A mente. Ela sempre cria argumentos para nos derrotar em momentos onde exige superação.

2- Nada é mais do mesmo. A luz muda, nossa percepção muda, o ângulo de visão do que está na frente e depois de ultrapassado é outro cenário, e o caminho somos nós. 

3- Não podemos esquecer o espirito que nos animava quando jovem. Um jovem me lembrou disso.

4- Pati, Roraima e trilha do ouro são Barbie trekking comparando com a Travessia da Serra fina.

Agora estou pensando na próxima - aos 64 anos. Chapada das mesas ? Roncador? Não sei qual, mas sei que posso.

DSCN1450.JPG

Parabéns José pela coragem, determinação e espirito de aventura. Todos esses roteiros citados são meu sonho e você me encorajou com seu relato! Que experiência incrível! 👏🏻

  • 1 mês depois...
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Em 23/04/2018 em 16:11, José Paulo Divino disse:

Até os 60 anos fiz muitos trekkings de um dia . As chapadas, itaimbézinho e outras.

Decidi que após os 6a nos, eu faria uma travessia ou um trekking mais encorpado. Completando 7 trekkings até os 66 anos.

Aos 60 anos (2015), passei meu aniversario na tríplice fronteira - Monte Roraima.

Até os 62 (2016/2017) fiz a trilha do ouro a partir de sjbarreiro e também o Vale do Pati.

Sempre estive de olho na Serra fina - mas muito intimidado - a idade já é um limitante, claro, para quem não é atleta.

Agora em Abril (2018), completando 63 , enfrentei este desafio. Contratei um guia - Pedro Pereira - (recomendo) preparei a tralha e receoso, (Não gosto de arredar pé) fui.

Me instalei no hostel sitio da coruja do Thiago - também guia e montanhista, e no dia seguinte partimos - dia 17/04/2018. Bem de manhã. Eu o Pedro e o Vinicius que embarcou para cumprir a travessia aproveitando para ajudar o Pedro na logística de guia.

Chegamos ao capim amarelo às 13 hs (eu já mortinho). Almoçamos e o Pedro  decidiu que acamparíamos no maracanã. Eu fiquei maravilhado com o trajeto. As dificuldades que para mim foram muitas, a superação e o pagamento - conhecimento dos limites, das fortalezas e a paisagem - um bonus indescritível. 

Até o maracanã comecei a sofrer com as descidas. Os dedos dos pés, os joelhos e tornozelos começaram a me incomodar - bastante.

Após uma mata em uma descida muito inclinada e longa chegamos ao destino. 16 hs. Montei a barraca - buscaram agua - fizemos o jantar e desmontei.

Acordei com um frio miserável e quando abri a porta da barraca, um punhado de gelo caiu sobre mim. Comecei a questionar - que diabos estou fazendo aqui?

Quando iniciamos a jornada para a pedra da mina, já estabeleci ( na minha mente)  que abortaria de lá. Chegando ao rio vermelho, após peripécias que todos vocês jovens que ja fizeram conhecem. O caminho tinha sido maravilhoso, mas eu bestava esgotado física e mentalmente. Comuniquei minha decisão ao Pedro e ao Vinicius - argumentei que o caminho seria mais do mesmo, com mais sofrimento.

O Pedro disse que respeitava minha decisão, mas  que tinha que argumentar. A lógica do Pedro:

- Se descermos pelo Paiolinho será um sofrimento igual à descida dos 3 estados. Então estamos quites, neste item.

- O que separa A pedra da mina do Pico 3 estados são algumas horas. Se cumprirmos vc terminou a travessia - Vc não criará um débito na sua vida. Quem faz meio não fez.

- Não é mais do mesmo. Vc não tem idéia das mudanças quando vc visualiza os picos pelos quais vc passou. E também meu amigo, o vale do Ruah. Isso é imperdível por si só.

Propôs então aumentar o desafio em vez de aborta-lo. Fazer em 3 dias. Saímos da pedra da mina às 4 manhã e vamos direto até embaixo. Levo 3 kgs do seu peso.

Balancei, e fiquei sem argumentos. Topei e enquanto eles guardavam as tralhas do almoço e se abasteciam de agua, parti em direção à pedra da mina.

Pareceu que algo me empurrava. Rapidamente passei pelos 2 totens na entrada do topo, e me sentei no chão. De cansaço, emoção e estonteado pela vista.

Fiquei muito ansioso e de manhã , às 6 hs partimos para o terceiro dia. Atravessar o vale do ruah, com geada no capinzal foi maravilhoso. Nunca esaquecerei a sensação e o ruído das aguas do riacho.

Enfim. O caminho para o pico dos 3 estados foi muito, mas muito desgastante. Para mim, aquelas escalaminhadas eventuais são um caso sério. Passamos pelo Pico e às 22 horas estávamos no sitio don pierre. Não foi permitido a entrado transfer, então caminhei quase 4  kms naquela estradinha. Estava tão moído que levei 2 horas.

Terminamos a travessia em 3 dias.

Lições aprendidas (quando olho as fotos com aquele cenário incrível - e eu parte dele):

1- A mente. Ela sempre cria argumentos para nos derrotar em momentos onde exige superação.

2- Nada é mais do mesmo. A luz muda, nossa percepção muda, o ângulo de visão do que está na frente e depois de ultrapassado é outro cenário, e o caminho somos nós. 

3- Não podemos esquecer o espirito que nos animava quando jovem. Um jovem me lembrou disso.

4- Pati, Roraima e trilha do ouro são Barbie trekking comparando com a Travessia da Serra fina.

Agora estou pensando na próxima - aos 64 anos. Chapada das mesas ? Roncador? Não sei qual, mas sei que posso.

DSCN1450.JPG

Isso é inspiração! Obrigado pelo relato. Me fez querer ainda mais realizar a Travessia da Serra Fina, superar meus limites e sentir essa sensação boa de dever cumprido e vida vivida. Parabéns, José! É isso. Viver de verdade a vida que queremos viver, até o último suspiro!

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