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Aqui vou relatar a minha viagem feita entre 6/12/2017 e 19/03/2018 por Paraguai, Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Uruguai e Brasil com uma Biz 125 percorrendo um total de 21.910 km em 104 dias de viagem.

Esta viagem é a primeira etapa de uma volta ao mundo iniciada no dia 6/12/2017 estimada entre 150 e 200 mil km e duração de 3 anos.

Relato aqui o dia a dia da viagem que foi acampando, 71 dias, pagando hotel, 5 dias, e trabalhando por 28 dias onde acomodação estava inclusa.

Tem uma tabela anexa com todos os gastos, cada gasto com comentário e gráficos dos gastos.

Abaixo tem o link para o canal no youtube onde estou postando os vídeos da viagem:

Canal Diário de Motochileiro

Na página do Facebook estou postando os relatos já há vários dias e vocês podem conferir com antecedência por lá o relato:

Página Diário de Motochileiro

Primeira semana de viagem:

 

 

Segunda semana de viagem:

 

 

 

 

gastos viagem.xlsx

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Primeiro dia de viagem

6/12/2017 de Guaramirim-SC a Realeza-PR

 

Após ter atrasado o inicio da viagem em um dia para poder colocar as coisas tudo em ordem antes de sair coloquei o celular para despertar as 6:00 e como eu tinha ido pra cama já depois da meia noite deu preguiça quando ele tocou. Coloquei para despertar as 7:00 e quando despertou ainda pensei em colocar para despertar as 8:00 e dormir mais um pouquinho, mas aí pensei que se eu dormisse mais iria me atrasar para conseguir chegar em Perola do Oeste ainda de dia.

 

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Levantei, tomei um café e terminei de levar as coisas para a moto e as 7:48 eu parti. O caminho até Pérola do Oeste-PR já era conhecido, então toquei direto quase sem paradas. Cheguei lá eram 18:45, foram 620 km. O motivo da parada em Pérola era visitar o Edson, um amigo que tinha feito parte da ultima viagem comigo, cheguei lá fomos no Padeiro, outro amigo que fiz na passagem por lá no ano anterior. Conversamos um pouco e então fui pra Realeza, cidade vizinha, na casa do Julio Cesar, um amigo virtual que agora não é mais virtual. Ele me esperava com uns assados. Conversamos bastante e assim terminou o primeiro dia.

 
 
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Segundo dia de viagem

7/12/2017 - De Realeza-PR a Caacupe no Paraguai

 

 

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Deixando a casa do amigo

 

Após tomarmos café fui até a moto ver se conseguia colocar um parafuso do baú que tinha soltado, tinha perdido a porca, então o Júlio Cesar foi comprar uma porca travante e resolveu meu problema, depois disso me despedi e segui viagem rumo ao Paraguai, debaixo de chuva. Em Foz do Iguaçu fiz o câmbio e segui para a aduana paraguaia para usar meu passaporte pela primeira vez. Foi rápido, não tinha fila, apenas um carimbo e pude seguir. Para  a moto não foi preciso nada, nem vistoria, achei estranho porque sempre foi feito pelo menos um papel relativo a entrada da moto, saí de lá torcendo para não ter problemas ao sair do Paraguai.

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Loja no Paraguai

 

Aproveitei que já estava lá e comprei algumas coisas eu precisava e segui pelo transito louco de Ciudad Del Este até a ruta 7, rodovia que liga à capital. Rodovia boa e pedágiada, como tem valor para motos na placa que indica os preços eu fui até a cancela e lá a moça me explicou que não era necessário pagar, mas como eu ia passar pela cancela ela teria que me cobrar e que nos próximos pedágios eu deveria passar pela faixa ao lado, então assim fiz nos próximos.

Segui até Caacupé, cheguei lá já anoite, não encontrei um lugar para acampar no caminho. Este dia é o dia da romaria da virgem de Caacupé, uma grande quantidade de pessoas vem de todo país, muitos de bicicleta e moto e mais perto da cidade, uns 40 km antes o que se vê são os acostamentos cheios de gente seguindo para o santuário.

Passei a cidade e já na saída encontrei um lugar legal para acampar dentro de um mato. Foi uma  noite bem tranquila.

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Camping no meio do mato

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Terceiro dia

8/12/2017 - De Caacupe no Paraguai a Las Lomitas na Argentina

Depois de uma noite de sono bem tranquila, desmontei o acampamento e segui em direção a Assunção. Chegando em Assunção eu rodei sem destino pela cidade por cerca de meia hora, apenas para ver a cidade mesmo, apesar de ser dia de semana estava quase tudo fechado, talvez em virtude daquela romaria, deve ser feriado da  Virgem de Caacupé. Achei o palácio do governo e fui tirar umas fotos. O palácio começou a ser construído em 1860 e durante sua construção houve a guerra do Paraguai e ele foi parcialmente destruído por um ataque naval brasileiro vindo do rio Paraguai. Passada  a guerra o palácio foi reconstruído e terminado em 1870.

Não achei muito interessante a cidade, parece uma cidade velha e mal cuidada com uma favela a poucos metros do palácio do governo.

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Igreja no centro de Assunção

 

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 Palácio do governo

 

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Palácio do governo 

 

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Palácio do Governo

 

Saí de lá era perto das 11 horas em direção a Argentina, antes de sair do Paraguai parei em uma polleria, espécie de restaurante especializado em frango assado, e pedi meio frango assado para gastar um pouco dos guaranis que me restavam, deu trabalho para acabar com aquele frango. Comprei na mercearia ao lado um rolo de papel higiênico, que eu tinha esquecido de trazer e segui então para a aduana. Lá o processo foi rápido, carimba saída aqui e entrada alí e eu já estava pronto para passar a moto pela aduana  e seguir viagem. A moça da aduana argentina que me atendeu pediu primeiramente pela carta verde conferiu com os documentos e antes de me liberar me perguntou se eu estava bravo. Respondi que não, talvez aquela era  a minha cara pelo calor de quase 40 graus que fazia.

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Ranguinho

 

O Paraguai me surpreendeu pela quantidade de mulheres bonitas, diferente dos outros países que eu já tinha passado, também ficou constatado que tudo que dizem sobre a policia ser corrupta e uma falta de segurança além do normal ser mentira. Fui parado pela polícia que apenas pediu os documentos e me mandou seguir e exceto por uma parte de Assunção não me senti inseguro em nenhum outro lugar.

Segui então para Formosa para pegar a Ruta 81, uma quase reta de 600 km. O calor estava infernal, eu parava de tempos em tempos para jogar agua na camisa para refrescar um pouco, mas até a água estava bastante quente. Rodei até perto de escurecer e acampei em um lugar ao lado da rodovia atrás de umas moitas longe de qualquer cidade.

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 Ruta 81, 600 km de retas

 

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Árvores típicas desta região

 

Como comparação de valores da gasolina, na Argentina foi onde paguei mais cara a gasolina até agora, ficou pouco mais de R$5,00 o litro, enquanto no Paraguai variou entre R$2,50 e R$2,80 e no Brasil na média de R$4,00 .

 

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Quinto dia de viagem

 

10/12/2017 - De Óran a Salta na Argentina

 

Como o lugar que eu tinha acampado era um posto de saúde e tinha vista para a estrada logo depois de eu entrar na barraca uma moto parou lá na frente e veio um homem, eu abri a porta da barraca e ele me perguntou se tinha algum médico alí. Respondi que não e ele foi embora. Voltei pra barraca mas desconfiado que pudesse voltar e fazer alguma coisa, mas dormi e acordei de madrugada e como nada tinha acontecido voltei a dormir.

Pela manhã desmontei o acampamento e fui terminar os 25 km de estrada de chão e mais 43 de asfalto até a ruta 34. Parei no posto de gasolina para usar a internet e conversar com o Tavo, que mora em Salta, e ver se ele poderia me receber por lá, uma vez que tive que mudar a rota Salta era uma boa escolha. 

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Antiga ponte na Ruta 34

 

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Estação de trem abandonada perto da Ruta 34

 

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Nome interessante do comércio, na Ruta 9

 

Combinei com ele e de posso do endereço segui por 360 km pela ruta 34 até a casa dele. O Tavo é bastante conhecido nos grupos de apoio do Brasil, inclusive foi por meio dele que na viagem de 2014 eu consegui uma pessoa pra me receber em San Juan. Conversamos um pouco e ele me levou para um city tour por Salta. Salta com seus 500 mil habitantes tem um ar pacato e se mostra bastante segura, com muita gente andando pelas ruas, mesmo em ruas mal iluminadas. Brasileiro estranha isso. Voltamos do passei jantamos e cada um pro seu quarto, segunda feira é dia de trabalho pra ele e pra mim será um dia cansativo com bastante estradas de chão para rodar.

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 Sétimo dia de viagem

 12/12/2017 de Passo Sico a Toconao no Chile

Acordei 7:20 h para arrumar tudo até as 8 e fazer a imigração e seguir para o passo Huaitiquina. Após feitos os tramites, que foram rápidos, perguntei a um guarda sobre o passo e ele falou que era um passo desabilitado, que as estradas não tinham manutenção e que seria perigoso. Isso seria o suficiente para a maioria desistir, mas como eu já tinha estudado por fotos de satélite eu decidi que iria encarar mesmo assim.

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Nem todos terminam a viagem.

 

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Segui até a antiga aduana Chilena e de lá virei para a estrada que dava acesso ao passo. Inicialmente estava tudo normal, estrada até bem cuidada, cheguei até 4800 metros de altitude e então começou uma descida forte e com bolsas de areia em algumas partes, pensei comigo: Se eu tiver que voltar  acho que não vai subir aqui. 

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Iniciando a subida para o passo Huaitiquina

 

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Cheguei então às planícies desérticas, rodei uns 20 km até um trevo que tinham algumas placas tão antigas que algumas mal podia-se ler o que estava escrito, mas era a indicação do passo, segui por mais uns 15 km e cheguei ao salar Águas Calientes, onde eu achava que teria um fonte termal e não tinha.

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Tinham uns lugares difícies.

 

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Cruzamento do passo Huaitiquina com a estrada que leva para o Sico.

 

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A estrada em partes era boa e outras partes fazia lembrar a reserva Eduardo Avaroa na Bolívia de tanta areia. Em uma subida encontrei uns penitentes, formações de gelo desgastadas pelo vento, no meio da estrada após descer este morro e andar por mais uma reta grande eu pude ver uma estrada passando sobre outro morro, estrada com uma inclinação bem forte e que eu sabia que não iria conseguir subir. Cheguei nesta subida e fui até onde o motor levou, 4400 metros de altitude, muita areia na estrada e nem empurrando conseguia avançar. Voltei até uma parte plana e fui trocar o pinhão e coroa pra ver se conseguiria subir. Ao tentar trocar a coroa com o jogo de chaves originais, de tão apertados que estavam os parafusos a chave abriu a boa. Deixei quieto a coroa e fui então trocar pinhão e tirar o filtro. Uma vez feito as alterações voltei a tentar subir o morro e passei poucos metros de onde tinha chegado antes.

 

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Salar Águas Calientes

 

Não teve jeito, voltar era a solução, umas quase 3 horas e tentar subir aquele morro ou pedir socorro pelo spot caso não conseguisse. Cheguei no morro e nos 4600 metros de altitude a moto parou, tinha bastante areia na  estrada, desci e ajudei a empurrar, foi sofrido mas consegui vencer aquela parte com bastante areia e então pude subir na moto e terminar de subir a montanha até chegar nos 4800 metros novamente e explodi de felicidades por ter conseguido voltar sem ter que pedir ajuda, até porque esperar alguém passar por lá não era opção, nas quase 7 horas que fiquei naquelas estradas não vi ninguém.

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Penitentes no meio da estrada

 

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Salar Águas Calientes

 

Voltei então para o passo Sico já sem saber se teria gasolina para chegar em San Pedro de Atacama. Rodei até quase o sol se por e achei um lugar para acampar atrás de uns montes de pedra e areia de um canteiro de obras da rodovia. Estava a 4400 metros de altitude e a noite foi fria, pelo termômetro do celular marcou -4 graus, não passei frio, usei a segunda pele e o macacão que a mãe fez com uma manta.

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Laguna Tuyajto

 

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Oitavo dia de viagem

 13/12/2017 - De Toconao a Calama no Chile

 

Voltei para a estrada andando sempre a no máximo 60 km/h para economizar gasolina. Tive tempo para contemplar as belezas do passo Sico e chegar a Socaire, onde fui procurar por combustível em uma mercearia, por sorte a mulher me vendeu um litro, coloquei a gasolina e segui, devagar como antes até San Pedro. A gasolina teria chegado até lá, mas melhor prevenir que remediar.

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Local onde passa o trópico de capricónio

 

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Chegando em San Pedro de Atacama

 

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Igreja de San Pedro de Atacama

 

Em San Pedro fui procurar uma Lan House para atualizar o software do drone que não decola sem esta atualização e tive que pagar duas horas para conseguir baixar 91 MB, mas consegui atualizar. Fui abastecer e comprar pão e uma chave 14 para poder trocar a coroa quando precisasse. A gasolina no Chile está mais barata que na Argentina, em torno de R$4,60.

Também tinha que resolver para onde eu seguiria. Meu GPS tinha vários pontos marcados para pode rodar pela reserva Eduardo Avaroa sem me perder e eles não apareciam mais no mapa, só na lista de lugares. Outro problema era que de San Pedro dava pra ver que atrás dos vulcões que fazem divisa com a Bolívia estava tudo nublado e que talvez eu tivesse problemas por lá. Decidi ir para Uyuni por Ollague e deixar de lado mais uma vez a subida no vulcão Uturuncu.

Saí de San Pedro já passando das 17 horas, ainda dei uma volta no vale de Marte e depois segui em direção a Calama. Perto de anoitecer achei um lugar bom pra acampar na antiga estrada que ligava San Pedro a Calama, ficava uns 50 metros acima da estrada nova e protegido do vento por um barranco com uma vista linda do deserto. Esta noite o frio foi mais ameno, estava a 3350 metros e fazia 2 graus quando acordei.

 

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Deixando San Pedro de Atacama

 

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Vale de Marte

 

 

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Vale da Lua

 

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