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Em 01/03/2018 em 13:49, Jéssica Valcazara disse:

Há 2 anos, insatisfeita com a vida já aos 24 anos, me via sendo engolida pelas responsabilidades, pelo trabalho, pela falta do inglês e pelos estudos que patinavam e não saiam do lugar. E mesmo começando a estudar, via um longo caminho desanimador pela frente. Via os dias, as semanas e os meses passando e não aprendia, não vivia, não conhecia lugares e pessoas novas.  

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Foi quando me dei conta que ainda só tinha 24 anos e poderia traçar uma vida completamente diferente da que eu estava traçando. Percebi que toda aquela pressão de ter uma boa formação, uma boa carreira e até mesmo uma orientação sexual diferente do que eu realmente tinha, nada mais era do que a vontade das outras pessoas na minha vida. Senti então que eu precisava sair daquele ciclo vicioso pra poder ser eu mesma.

Comecei a ler sobre mochilões, viagens low cost, histórias que me encantaram e realmente ganharam meu coração. 

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Fiquei um ano pesquisando todas as possibilidades sobre esse tipo de vida e essa vontade crescia cada vez mais dentro de mim. Ao mesmo tempo, sentia um medo gigantesco de entrar em uma porta completamente escura. 

Em abril do ano passado, sai do trabalho que me engolia dia a dia e aí tive que decidir entre colocar em prática aquela loucura que vivia crescendo na minha cabeça e que ninguém botava fé que eu faria ou procurar um outro emprego pra viver naquele padrão que todo mundo estava acostumado. 

Deixei uns meses passar, por pura falta de coragem, mas eu sabia que não poderia mais viver daquele jeito. Foi quando, com um frio enorme na barriga e com as mãos suando, decidi dar o primeiro passo e comprar a passagem de avião só de ida pro Uruguay para o dia 29 de Julho de 2017, onde começaria minha nova vida, sozinha, livre de qualquer rótulo, pra eu crescer e amadurecer da forma que quisesse.

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Sai do Brasil com um medo que não tinha tamanho, com uma ansiedade maior ainda, mas uma sede de vida muito maior que qualquer coisa que pudesse me impedir.

Hoje faz 7 meses que eu sai e quando olho pra tudo que vivi nesse tempo eu digo com toda a certeza desse mundo que foi a melhor escolha que fiz na vida, por todas as experiências e aprendizado que têm me proporcionado. 

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Eu cruzei cidades e países sem precisar gastar com hospedagem e transporte durante toda a viagem, pedindo carona e usando o Couchsurfing. Muito mais que uma economia, o valor real dessas experiências é perceber o quanto as pessoas podem ser boas e gentis sem "ganhar nada em troca". O nada se transforma em tudo, quando percebemos que em cada "sim" para uma carona ou uma estadia ganhamos momentos e memórias de lugares e pessoas que vão marcando nossa vida, assim como deixamos um pouquinho de nós em cada uma delas. 

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Assim, cruzei de carona a Patagônia Argentina, a Patagônia Chilena e subi até o Atacama, onde estou vivendo há alguns meses pra reabastecer as reservas. Neste tempo, tive experiências incríveis como dirigir pela primeira vez um caminhão (carregado) em plena estrada, acampar na beira da estrada, tomar banho em posto de gasolina, me hospedar em um veleiro de graça durante 4 dias na última cidade do mundo e pilotar o mesmo (pela primeira vez na vida) no canal mais austral do mundo. 

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Conheci o parque nacional Torres del Paine, onde por falta de experiência não consegui completar o circuito W e tive inflamação nos dois joelhos e aprendi que nem tudo dá certo como planejamos ou queremos.

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Fiquei em casas de famílias, de casais, de amigos, de parentes e conheci pessoas de diferentes classes sociais, crenças e estilos. Conheci um casal que me acolheu em sua casa como uma filha em um povoado de 3 mil habitantes, tomei Mate com meus amigos de estrada, aprendi a fazer macarrão artesanal, alfajor caseiro, pizza e empanadas. Passei um dia com as crianças carentes de Bahia Blanca e vi o quanto temos a dar e a receber. Ajudei a levantar paredes de madeira em um hostal em El Bolson, aprendi a fazer Adobe e reformar um hostal no deserto e tenho coleção de pores do sol presenciados.

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Trabalhei e continuo trabalhando por mais algumas semanas em uma agência de turismo em San pedro de Atacama, conheço gente todos os dias, erro e aprendo todos os dias e daqui um mês sigo minha viagem.
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Parece muito tempo pra alguns e pouco tempo para outros, mas ainda é só o começo da minha vida. 

 

 

https://www.instagram.com/jevalcazara

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Em 01/03/2018 em 13:49, Jéssica Valcazara disse:

Há 2 anos, insatisfeita com a vida já aos 24 anos, me via sendo engolida pelas responsabilidades, pelo trabalho, pela falta do inglês e pelos estudos que patinavam e não saiam do lugar. E mesmo começando a estudar, via um longo caminho desanimador pela frente. Via os dias, as semanas e os meses passando e não aprendia, não vivia, não conhecia lugares e pessoas novas.  

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Foi quando me dei conta que ainda só tinha 24 anos e poderia traçar uma vida completamente diferente da que eu estava traçando. Percebi que toda aquela pressão de ter uma boa formação, uma boa carreira e até mesmo uma orientação sexual diferente do que eu realmente tinha, nada mais era do que a vontade das outras pessoas na minha vida. Senti então que eu precisava sair daquele ciclo vicioso pra poder ser eu mesma.

Comecei a ler sobre mochilões, viagens low cost, histórias que me encantaram e realmente ganharam meu coração. 

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Fiquei um ano pesquisando todas as possibilidades sobre esse tipo de vida e essa vontade crescia cada vez mais dentro de mim. Ao mesmo tempo, sentia um medo gigantesco de entrar em uma porta completamente escura. 

Em abril do ano passado, sai do trabalho que me engolia dia a dia e aí tive que decidir entre colocar em prática aquela loucura que vivia crescendo na minha cabeça e que ninguém botava fé que eu faria ou procurar um outro emprego pra viver naquele padrão que todo mundo estava acostumado. 

Deixei uns meses passar, por pura falta de coragem, mas eu sabia que não poderia mais viver daquele jeito. Foi quando, com um frio enorme na barriga e com as mãos suando, decidi dar o primeiro passo e comprar a passagem de avião só de ida pro Uruguay para o dia 29 de Julho de 2017, onde começaria minha nova vida, sozinha, livre de qualquer rótulo, pra eu crescer e amadurecer da forma que quisesse.

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Sai do Brasil com um medo que não tinha tamanho, com uma ansiedade maior ainda, mas uma sede de vida muito maior que qualquer coisa que pudesse me impedir.

Hoje faz 7 meses que eu sai e quando olho pra tudo que vivi nesse tempo eu digo com toda a certeza desse mundo que foi a melhor escolha que fiz na vida, por todas as experiências e aprendizado que têm me proporcionado. 

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Eu cruzei cidades e países sem precisar gastar com hospedagem e transporte durante toda a viagem, pedindo carona e usando o Couchsurfing. Muito mais que uma economia, o valor real dessas experiências é perceber o quanto as pessoas podem ser boas e gentis sem "ganhar nada em troca". O nada se transforma em tudo, quando percebemos que em cada "sim" para uma carona ou uma estadia ganhamos momentos e memórias de lugares e pessoas que vão marcando nossa vida, assim como deixamos um pouquinho de nós em cada uma delas. 

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Assim, cruzei de carona a Patagônia Argentina, a Patagônia Chilena e subi até o Atacama, onde estou vivendo há alguns meses pra reabastecer as reservas. Neste tempo, tive experiências incríveis como dirigir pela primeira vez um caminhão (carregado) em plena estrada, acampar na beira da estrada, tomar banho em posto de gasolina, me hospedar em um veleiro de graça durante 4 dias na última cidade do mundo e pilotar o mesmo (pela primeira vez na vida) no canal mais austral do mundo. 

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Conheci o parque nacional Torres del Paine, onde por falta de experiência não consegui completar o circuito W e tive inflamação nos dois joelhos e aprendi que nem tudo dá certo como planejamos ou queremos.

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Fiquei em casas de famílias, de casais, de amigos, de parentes e conheci pessoas de diferentes classes sociais, crenças e estilos. Conheci um casal que me acolheu em sua casa como uma filha em um povoado de 3 mil habitantes, tomei Mate com meus amigos de estrada, aprendi a fazer macarrão artesanal, alfajor caseiro, pizza e empanadas. Passei um dia com as crianças carentes de Bahia Blanca e vi o quanto temos a dar e a receber. Ajudei a levantar paredes de madeira em um hostal em El Bolson, aprendi a fazer Adobe e reformar um hostal no deserto e tenho coleção de pores do sol presenciados.

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Trabalhei e continuo trabalhando por mais algumas semanas em uma agência de turismo em San pedro de Atacama, conheço gente todos os dias, erro e aprendo todos os dias e daqui um mês sigo minha viagem.
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Parece muito tempo pra alguns e pouco tempo para outros, mas ainda é só o começo da minha vida. 

 

 

https://www.instagram.com/jevalcazara

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Muuuuito legal Jéssica... É de se admirar toda essa coragem e determinação. Esse mundão é lindo demais. Vá em busca de seu sonho e seja feliz à sua maneira. Ah, e continue contando aqui, pq queremos saber (e conhecer um pouco) sobre seus caminhos, lugares por onde passou, como faz para angariar fundos, etc. Parabéns! 

  • Amei! 2
  • Obrigad@! 1
  • 2 semanas depois...
  • 5 semanas depois...
  • 1 mês depois...
  • Membros
Postado

Parabééééns!!! Estou exatamente nessa vida há 3 anos e meio e vivi exatamente as mesmas coisas (óbvio que cada um de um jeito), as mesmas sensações antes, durante e aprendi mais do que nas duas faculdades que fiz, em qualquer emprego que tive...Foi a melhor escolha da vida, é VIDA. E comecei aos 37 anos e não foi tarde. Nunca é tarde. Se eu tivesse escolhido fazer aos 70, teria sido perfeito de qualquer forma. Que lindo que tu conseguiste fazer antes... Parabéns de novo!!! Em setembro começo o mesmo roteiro que tu fez (estou em casa dando uma visitada), mas nunca mais me imagino naquela vida padrão. Os valores aqui dentro cresceram, o que importa mudou e o mundo é só um motivo para aprender, conhecer gentes e amar a todos, sem diferença! Grande beijo e gigantes jornadas pra ti!

  • Amei! 3
  • 3 meses depois...
  • Membros
Postado

Oi Jéssica! Que legal a sua história! Que desbravamento hein? hahahahaha autodesbravamento. Muito bacana mesmo! Queria saber das suas experiência se você sabia falar espanhol e se houve situações de alerta pelo fato de ser mulher, entende? Estou criando coragem para fazer uma viagem sozinha 😃

 

  • Amei! 2
  • 2 semanas depois...
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Em 20/10/2018 em 15:14, Livia MA disse:

Oi Jéssica! Que legal a sua história! Que desbravamento hein? hahahahaha autodesbravamento. Muito bacana mesmo! Queria saber das suas experiência se você sabia falar espanhol e se houve situações de alerta pelo fato de ser mulher, entende? Estou criando coragem para fazer uma viagem sozinha 😃

 

Oi Livia... hahaha é um crescimento e tanto. Você passa por situações que jamais passaria se estivesse em casa e isso é muito bom pra expandir seus horizontes. Mas pra isso você tem que estar preparada psicologicamente pra passar frio, fome, não ter um lugar bom pra dormir, “falsos amigos”, e situações de perigo também.. 

na Argentina e no Chile eu não tive problema, mas também estava viajando com um menino... já no Peru estava viajando com a minha namorada e teve uma situação sim... o camioneiro dizia que a gente ia dormir com ele e outras coisas.. mas Graças a Deus não aconteceu nada e decidimos continuar nossa viagem de ônibus até a Colômbia.. 

mas tenho amigas que viajam entre Argentina e Chile sozinhas e nunca aconteceu nada... 

tem que estar preparada pra tudo né... mas vale muito a pena.. você se fortalece. 

Vai na Fé que o tanto de gente do bem que você encontra, não tem recompensa melhor 🤗🤗🤗

  • Amei! 1
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@Fábio Collares Oyarzábal  muito obrigada por essa mensageeeem!! Olha, não tem experiencia melhor, né?! O tanto de gente do bem que passa pela nossa estrada, é absurdo... quanta coisa a gente aprende. Vale muuuuuuito em qualquer idade.. mas tem que preparar o psicológico pra perrengue, se não, não aguenta. Hahahahahaha beijao e grandes jornadas pra você também amigo viajante 😉

  • Amei! 1
  • Membros
Postado

@Livia MA 

Oi Livia... hahaha é um crescimento e tanto. Você passa por situações que jamais passaria se estivesse em casa e isso é muito bom pra expandir seus horizontes. Mas pra isso você tem que estar preparada psicologicamente pra passar frio, fome, não ter um lugar bom pra dormir, “falsos amigos”, e situações de perigo também.. 

na Argentina e no Chile eu não tive problema, mas também estava viajando com um menino... já no Peru estava viajando com a minha namorada e teve uma situação sim... o camioneiro dizia que a gente ia dormir com ele e outras coisas.. mas Graças a Deus não aconteceu nada e decidimos continuar nossa viagem de ônibus até a Colômbia.. 

mas tenho amigas que viajam entre Argentina e Chile sozinhas e nunca aconteceu nada... 

tem que estar preparada pra tudo né... mas vale muito a pena.. você se fortalece. 

Vai na Fé que o tanto de gente do bem que você encontra, não tem recompensa melhor 🤗🤗🤗

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  • 1 mês depois...

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