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Torres del Paine em campings grátis


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Foram três noites sem banho, sem colchão e sem cozinhar. Foram horas e horas de caminhada para percorrer o famoso circuito em W, e não acabámos.

E então, como foi? Escolhemos Puerto Natales como cidade de base, ou seja, de onde partimos e para onde regressámos. A chegada, como já vos dissemos no Facebook, correu melhor que o suposto, porque conseguimos em Punta Arenas antecipar o autocarro. Assim, chegados a Puerto Natales, foi correr contra o tempo para alugar a tenda, os sacos de cama e fazer as compras de última hora. Ah, e levantar dinheiro, porque a malta adora receber em “efectivo”, dinheiro vivo, e ainda não tínhamos pesos chilenos. Às 23 horas, hora e meia depois de termos chegado, já tínhamos a tenda alugada, os sacos de cama e comida, e estávamos a caminho de jantar. Se tivéssemos ido no outro autocarro só tínhamos chegado depois da meia-noite, não íamos conseguir alugar nada e seria impossível seguir para Torres del Paine no autocarro da manhã do dia seguinte, às 7:30h. Nesse caso, também não faria sentido ir no autocarro da tarde, ás 14:30h, pois o nosso primeiro acampamento era o de Torres, bem lá junto ao miradouro, depois de uma bela caminhada. Não faria sentido porque os “senderos” (trilhos) fecham e só se pode acampar em zonas estabelecidas para o efeito e com reserva.

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Comprámos os bilhetes de autocarro para Torres del Paine no hostel, ida e volta custou 14.000 pesos chilenos por pessoa, cerca de 20€. O autocarro sai do terminal às 7:30h e chega a Laguna Amarga, a entrada do parque, às 9:30h. Lá fizemos todo o procedimento necessário – preencher uma ficha, pagar a entrada, receber o mapa e assistir a um vídeo que nos explica o que é proibido e o valor das multas. Uma carrinha, também paga, levou-nos até mais próximo dos trilhos e lá começámos a subida para Torres.

O primeiro dia de caminhada foi duro, sempre a subir até aos 880 metros, feitos em cerca de 4 horas. Os trilhos, ao contrário de Ushuaia, estão bem marcados e há uma preocupação em os ir alterando para que o terreno recupere. Há imensa gente, de todo o mundo, a fazer o mesmo percurso, a subir ou já a descer. Vimos pessoas da Alemanha, França, EUA, Coreia do Sul, Brasil, África do Sul, Holanda, Japão, etc., mas mais uma vez não vimos portugueses. Chegando ao ponto intermédio de acampamento grátis da CONAF fizemos check-in e fomos montar a tenda, porque o tempo ameaçava chuva, e seguimos para o miradouro de Torres, já sem as mochilas, com a maior expetativa, porque íamos desde logo ver a imagem ícone do parque. E ir sem as mochilas fez toda a diferença. É um percurso a subir, de elevada inclinação, mas o esforço vale mesmo a pena. Não é um local onde se possa chegar, picar o ponto e ir embora. O clima é imprevisível, portanto deve-se esperar, aproveitar o momento, almoçar, ver como o céu muda, ora limpo ora cheio de nuvens a cobrir o topo da montanha. No nosso caso, apanhámos um céu carregado à chegada, com nuvens a obstruir as torres, que se transformaram em céu limpo, com o bónus de um arco íris. Ainda vimos as típicas personagens que tudo fazem para a foto perfeita. Aquecidos pela paisagem, a descida fez-se bem, jantámos e fomos dormir cedo. Como não somos propriamente especialistas em campismo, abdicamos de demasiadas coisas para poupar no peso que nos fizeram falta. Não tínhamos talheres, camping gás, tacho nem canecas, tudo coisas essenciais para cozinhar e que não existem nos parques de campismo gratuitos, também não alugámos colchões, o que endureceu o nosso sono.

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O segundo dia foi o mais intenso. Saímos do parque de campismo Torres em direção ao Italiano, um percurso de cerca de 10 horas, felizmente maioritariamente a descer. Seguimos pelo atalho, que dá uma vista fantástica sobre os lagos na base das montanhas. Passámos por praias fluviais e, apesar da temperatura, tanto do ar como da água, quase que nasce uma vontade de arriscar um mergulho, tão límpidas são as águas. Pelo caminho parámos no parque pago de Cuernos e conseguimos água quente, grátis, para “cozinhar” o almoço. Os noodles instantâneos que saboreámos como uma refeição estrela Michelin foi o nosso único “prato” quente durante os 4 dias. Oito horas depois de termos saído de Torres finalmente chegámos ao seguinte parque de campismo gratuito, o Italiano, e conhecemos um brasileiro que nos disse logo que este era o pior acampamento. Os “quartos de banho” são retretes, um buraco, e sujas, mas tinha filtro de água, um luxo desnecessário que abdicávamos em troca de um duche. Também descobrimos que a tenda tinha dois buracos, mas o nosso novo conhecido de pronto nos ofereceu uns remendos.

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No dia seguinte, o terceiro, subimos a partir do Italiano até aos miradouros Francês e Britânico. Este último dá uma visão panorâmica arrebatadora, mesmo no interior do parque, entre montanhas muito próximas, permitindo identificá-las através do mapa que nos dão à entrada, conseguindo ainda ver os lagos ao fundo, na base, encaixilhado num arco-íris.
Já não se consegue ir até ao miradouro inicial, tendo sido fechado por excesso de vento, ficando-nos cerca de 100 metros abaixo. É agradável ficar ali algum tempo a gozar a vista, a almoçar, a respirar o ar puro e cortante. No miradouro Francês também se pode esperar ter a sorte de ver uma pequena queda de gelo da montanha, sendo muito mais fácil ouvir do que ver, soando como um trovão. Apanhámos alguma chuva, frio e vento característico da Patagónia, o que até pode ser perigoso em algumas zonas mais íngremes. Os bastões aqui são mesmo quase essenciais. O circuito W não é de todo um percurso onde estarão sozinhos. Vão sempre encontrar pessoas nos miradouros à espera de ver o mesmo, mas terão alguns momentos durante as caminhadas de exclusividade e silêncio.

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No quarto e último dia tínhamos planeado terminar o W mas acabamos por desistir. Do Italiano até ao Paine Grande o percurso não é difícil e conseguimos ver muitos animais (raposas, lebres e diversas aves, como papagaios), mas a subida até ao Grey já é dura e longa, tendo optado por não continuar. O plano inicial era seguir até ao miradouro para ver o glaciar, mas o guarda do parque disse que a visão era de muito longe e como teríamos a oportunidade de ver o Perito Moreno, optámos por não seguir caminho e apanhar desde logo o catamarã, voltando a Puerto Natales para reservar o autocarro do dia seguinte para El Calafate e descansar.

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O catamarã é o maior roubo do parque. As dormidas em refúgios decentes são caras, a comida também, mas há sempre uma alternativa. Quanto ao percurso do lago de Paine Grande até Pudeto, onde se apanha o autocarro para Puerto Natales, é um roubo. São 30 USD ou 18.000 Pesos Chilenos, um câmbio completamente adulterado, para uma viagem de 30 minutos. A alternativa, fechada na época baixa, é uma caminhada de 18km. Fomos apanhados desprevenidos e não tínhamos dinheiro suficiente, acabando por forçar um desconto de 1.500 Pesos, cerca de 2,25€. Em Pudeto os autocarros já estavam à nossa espera e nós já tínhamos o bilhete comprado. É uma viagem mais longa no regresso porque pára na Laguna Amarga mais de uma hora à espera das pessoas que terminam o circuito desse lado. Chegámos a Puerto Natales a tempo de lanchar um belo hambúrguer, já sonhado há dias, e de devolver tudo o que tínhamos alugado.

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Despesas (Pesos Chilenos)
Aluguer tenda – 4.500/dia (15.000 com desconto)
Saco-cama – 3.000/dia/pessoa (18.000 com desconto)
Comida – 24.500
Entrada Parque – 21.000/pessoa (42.000)
Autocarro Puerto Natales a Laguna Amarga (i/v) – 14.000/pessoa (28.000)
Autocarro Laguna Amarga a Central – 3.000/pessoa (6.000)
Ferry Paine Grande a Pudeto – 18.000/pessoa (34.500 com desconto forçado)
TOTAL – 168.000 Pesos Chilenos (cerca de 250€ para duas pessoas para 3 noites e 4 dias, em alojamentos gratuitos)

Conversámos com pessoas que dormiram em refúgios e acabaram por gastar cerca de 60€/dia/pessoa, cozinhando. Quem não quer cozinhar acaba por gastar, em média, cerca de 110€/dia. Dados os preços, as pessoas acabam por preferir ir a El Chaltén fazer os trilhos da montanha Fitz Roy, onde não se pagam entradas nem campismo, sendo também menos frequentado. A logística que envolve a marcação dos refúgios em Torres del Paine acaba com a vontade de muitos mochileiros que não planeiam com antecipação.
Para quem não gosta de trekking, mas não quer perder a oportunidade, ou gosta de trekkings, mas não gosta de acampar, Torres del Paine está definitivamente organizado para lhes agradar, existindo carteira para isso.

 

365 dias no mundo estiveram 4 dias em Torres del Paine, de 19 a 22 de Março de 2017
Classificação: ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ 
Preços: caro
Categorias: trekking, caminhada, patagónia, natureza, vida selvagem, paisagem, glaciares, lagos, cascatas, reserva da biosfera
Essencial: Torres del Paine, Cuernos del Paine, Miradouro Britânico, Glaciar Grey
Estadia Recomendada: 5 dias

www.365diasnomundo.com

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Olá Karen

Os únicos locais que consegue ver sem acampar são os que ficam junto à entrada, como as Torres (última foto por exemplo) ou o Glaciar Grey que pode visitar de barco.

Se vir o mapa (http://www.parquetorresdelpaine.cl/es/mapa-oficial-1) vai encontrar os senderos bem identificados e o tempo previsto de percurso também. O nosso tempo a percorrer cada caminho bateu quase certo com o previsto.Veja no mapa os símbolos dos autocarros e dos barcos, todo o resto é feito a pé, à velocidade de cada um. A vantagem dos refúgios pagos é que tornam a distância entre pontos mais curta e permitem caminhar com menos bagagem porque não vai acampar. Entre os parques CONAF Torres e o Italiano foram mais de 8 horas a caminhar. 

A melhor forma de fazer o plano é abrir o mapa, abrir o site de cada uma das empresas que gere os refúgios e ir estipulando uma meta diária e marcando a dormida no refugio que quiser. A minha dica é que se tiver um plafond aceitável fique pelo menos uma das noites num quarto, para ter algum conforto.  

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19 horas atrás, Rafakohari disse:

@raquelmorgado qual câmera você utilizou para a captura das imagens? Estou pensando em comprar uma mais ainda não sei qual. ::mmm:

Nós temos uma nikon D5500. Nós gostamos desta mas já tem algum tempo. Existem modelos mais recentes. 

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