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Após a leitura dos diversos relatos aqui do site sobre a Ferrovia do Trigo, consegui juntar mais 3 amigos e partir para Muçum na sexta feira, dia 25 de junho, ignorando todas as previsões de tempo. Na sexta feira chovia muito, e choveu durante toda a viagem até Muçum.

 

Chegando na cidade, nos dirigimos até o hotel Marchetti, onde ficamos em quartos individuais ao preço de R$ 30,00 por pessoa, e saímos em busca de uma boa janta.Aproveitamos para tirar uma foto na entrada da cidade. Cerca de 100 metros do hotel existe uma pizzaria, e resolvemos encarar... Havia uma festa de aniversário, e as crianças quase nos deixaram surdos com suas mini-vuvuzelas. Duas pizzas grandes, ao preço de R$ 20,00 cada, e estávamos satisfeitos.

 

Na saída, conversamos com o proprietário do estabelecimento, perguntando a respeito da travessia. Quando contamos a ele que iríamos de Guaporé até Muçum pelos trilhos, ele olhou para seu funcionário e disse: "Cada um, cada um". Deve ter nos achado loucos... Aproveitamos e compramos um queijo colonial para levar junto na travessia.

 

Voltando ao hotel, fechamos um translado até Guaporé, pois queríamos iniciar a travessia um pouco mais cedo, e fomos dormir. Na manhã seguinte, atacamos aquele café da manhã...

 

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No caminho para Guaporé, o nosso "motorista" nos contou que o Sr. Marchetti falecera recentemente, após passar mal durante uma partida de futebol. A viagem até Guaporé foi tranquila, mas não muito rápida, devida à neblina que tomava conta da estrada.

 

Antes das 8 da manhã, estávamos iniciando nosso trajeto, que inicia no KM 60 dos trilhos.

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Seguimos durante um tempo, e começamos a escutar o barulho do trem. A visão é inesquecível:

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Impossível contar quantos vagões, era praticamente infinito hehehe.

 

Mais alguns quilometros e avistamos nosso primeiro túnel:

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Dentro de alguns túneis encontramos morcegos e um graxaim decaptado pelo trem. Não esquecer de levar boas lanternas, é muito escuro dentro do túnel!

 

Seguimos nosso caminho, colhendo algumas laranjas e bergamotas, que estavam geladas e molhadas, devido à umidade presente no ambiente. Melhor impossível.

 

Chegamos ao nosso primeiro - e inesquecível - viaduto metálico. Tínhamos algumas dúvidas sobre eles serem ou não "vazados", mas é isso mesmo - não existe nada entre os dormentes. Mas com a mochila nas costas você não passa no vão entre eles. Abaixo, a foto antes da travessia

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E uma foto, já do outro lado:

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É muito alto! A sensação de passar entre os dormentes e ver as árvores em miniatura lá embaixo é incrível!

 

Seguimos caminho, com o objetivo de acampar perto do 13. Ao passar no segundo viaduto metálico, perguntamos a um morador qual a distância até lá, e ele nos informou 15 km! Isso acabou nos desanimando, pois estávamos fazendo um tracklog da caminhada pelo celular+gps, que concluí, não estava calculando a distância corretamente. Passamos a cuidar da quilometragem pelas placas (o que deveria ter sido feito desde o começo).

 

Acabamos por acampar logo após o km 34, ou seja, havíamos caminhado 26 km no primeiro dia. Paramos a caminhada às 17:30 aproximadamente, e após montar acampamento, já escureceu. Fizemos uma fogueira, um chimarrão e preparamos a janta.

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Claro, o vinho não podia faltar. Para completar, a noite era de lua cheia, e iluminava tudo.

 

Às 21:30, todos estávamos exaustos e fomos dormir. À certa altura da noite, que ninguém faz a mínima idéia, o chão começou a tremer... e logo após veio uma buzinada....era o trem...estávamos acampados a poucos metros dos trilhos, o barulho foi ensurdecedor...

 

No outro dia, acordamos as 6:15 da manhã, e começamos a caminhada às 7:30, com forte cerração. Após 1 hora, já avistamos o 13, no km 29 da ferrovia, o túnel "vazado" e mais um viaduto metálico.

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Pelas nossas contas, ainda faltavam 20 km até o fim da nossa jornada....

 

Seguimos por mais um viaduto metálico, com o sol já aparecendo, onde tivemos a ilustre presença do nosso mascote, o Sr Urubu...

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A partir desse ponto, todos já estavam exaustos. Caminhar nos trilhos e nas pedras é muito desgastante. Começamos a caminhar 3 km e descansar durante 15 a 20 minutos, e pelas nossas contas chegaríamos na cidade por volta das 5 da tarde.

Após o KM 15, passamos por uma placa indicando Muçum - 14 km. Foi um balde de água fria.... Provavelmente chegaríamos em Muçum no escuro! Mas na estação encontramos alguns moradores locais e fomos informados que Muçum era logo na frente, cerca de 1 km....juntamos nossas forças e fizemos a caminhada final..., chegando em Muçum as 3 da tarde.

Conclusão: a travessia inicia no km 60 e termina no km 14

 

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Pra comemorar, fomos até a praça central da cidade e devoramos um Xis e uma Coca Cola bem gelada. Às 16:00, tomamos nosso caminho de volta à Porto Alegre.

 

Durante toda a caminhada, passamos por apenas 2 moradores da região.

 

Sem dúvida, a paisagem vale o esforço! Mas eu recomendo realizar a travessia em 3 dias, para ir mais com calma curtindo a natureza e as cachoeiras existentes ao longo do caminho.

 

Até a próxima!

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Tiago

 

Bela pernada! Belas pics!

Essa travessia fica no "quintal" da minha casa, então quando não sei onde bater perna, encaro ela.

Realmente, dois dias é puxado para vencer os 48km que separam as cidades. Ainda mais que o terreno não ajuda, caminhar em dormente e pedregulho solto é chato.

 

Agora, notícia ruim essa do Sr. Marchetti, ele era um cara muito gente boa!

 

Abraço

Edy

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Tiago, conta aí como é o esquema do transfer, quem levou, quanto cobrou.. pq o primeiro ônibus sai meio tarde de Muçum, umas 7 e pouco da manhã, e tu vai começar a caminhar nove e tanto... No mais, belo relato, a foto do trem é show!

Sobre fogueira: não recomendada, mas como ali o ambiente já é degradado por demais, passa. Vcs não usaram dormentes para queimar, né?

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Poisé, consideramos iniciar a caminhada as 9 e tanto um pouco tarde...

Mas o transfer não foi nada barato - 30 por pessoa ::ahhhh::

Mas se não fosse esse tempo extra teríamos acampado ainda mais longe do 13.

 

Pra fogueira utilizamos basicamente gravetos, palhas e pinhas. E foi uma dificuldade conseguir algo, estava tudo muito molhado devido à umidade e chuva do dia anterior. Na finaleira achei um pedaço de um dormente jogado no mato, mas acho que ele não foi consumido pelas "chamas" pq ele estava molhado demais.

  • Membros de Honra
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Bem, preços sempre se negociam... hehehe. quem é o contato que levou?

sobre o fogo com dormentes, cuidado. Esta madeira é tratada, e sua queima libera gases prejudiciais. Fazer churrasco é um perigo!

  • Membros
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20100629211423.JPG

 

Parabéns, Tiago!

 

Bela trip! A neblina deu um certo "Realismo Fantástico" as fotos. Essa do 13 ficou sensacional!

 

Vendo as fotos e os relatos novos que apareceram, estou ficando tentado a fazer essa travessia novamente.

 

Saudade de caminhar sobre os cascalhos. Heheheheh!!!

 

Grande abraço!

  • Membros de Honra
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Parabéns Tiago!

 

Ótimo relato, belas fotos!

 

Uma pergunta: vcs levam o horário dos trens (int.) Pergunto isto porque deve ser desagradável encontrar um trem no meio de um túnel ou de um viaduto daqueles!!! Vi que o viaduto tinha plataformas laterais mas pareciam mal conservadas. Até um urubu ficou de olho em vcs!!

 

Tá na minha agenda um dia fazer esta bonita travessia, se for a POA.

 

Abs, peter

  • Membros
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Tiago

 

Bela pernada! Belas pics!

Essa travessia fica no "quintal" da minha casa, então quando não sei onde bater perna, encaro ela.

Realmente, dois dias é puxado para vencer os 48km que separam as cidades. Ainda mais que o terreno não ajuda, caminhar em dormente e pedregulho solto é chato.

 

Agora, notícia ruim essa do Sr. Marchetti, ele era um cara muito gente boa!

 

Abraço

Edy

 

Bah que beleza ter essa opção no quintal de casa hein...

  • Membros
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Bem, preços sempre se negociam... hehehe. quem é o contato que levou?

sobre o fogo com dormentes, cuidado. Esta madeira é tratada, e sua queima libera gases prejudiciais. Fazer churrasco é um perigo!

 

do lado do hotel tem um senhor que faz transporte escolar.... a gente pegou o telefone na Van mesmo.

 

Mas não te preocupa, não rolou churrasco!! Mas bom saber sobre os gases!

 

Abraços

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Parabéns Tiago!

 

Ótimo relato, belas fotos!

 

Uma pergunta: vcs levam o horário dos trens (int.) Pergunto isto porque deve ser desagradável encontrar um trem no meio de um túnel ou de um viaduto daqueles!!! Vi que o viaduto tinha plataformas laterais mas pareciam mal conservadas. Até um urubu ficou de olho em vcs!!

 

Tá na minha agenda um dia fazer esta bonita travessia, se for a POA.

 

Abs, peter

 

Cara, não nos informamos sobre os horários não.....pode ser uma boa para não ter surpresas.

Sinceramente, eu queria ter encontrado um trem num daqueles viadutos....deve tremer tudo!! infelizmente os trens passaram enquanto a gente caminhava ou dormia.

 

Realmente, se você vier para cá, recomendo a trilha!

 

Abraços

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