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As empresas de Eco-Turismo querem o fim dos Mochileiros ????


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Me parece um ótimo projeto, Ogum. Eu adoro pedalar, embora esteja fora da sela por mais de ano. Viu uma tal de Expedição Redescobrir que tá em andamento?

 

Voltando ao assunto, achei umas infos sobre trabalho voluntário:

 

Lei do Voluntariado

 

Exemplo de Termo de Adesão para Trabalho Voluntário

 

Certamente que se alguém se desse ao trabalho de propor sinalizar trilha X nalgum parque, se as condições do parque forem de acordo, ainda assim acho que os sinais seriam vandalizados. Mas ao menos a pessoa estaria legalmente amparada e talvez pudesse realizar um protesto mais eficaz, legal, ou exigir respeito local pelo seu trabalho.

 

Ogum, meu senso de direção é historicamente conhecido. Sendo destino novo, há 99% de chances de eu me perder, então eu sei que irei me perder na Chapada. A não ser que vá com alguém com ótimo senso de direção ou já conheça a trilha.

 

Me perdi até na trilha ao EBC, que é tediosamente linear em quase todo percurso e clara como a luz do dia. Desimpedida como uma estrada. E me perdi. Coisa pouca, de meia hora e tal, mas ocorreu. Então na chapada, sem sinais e cheia de picadas e florestas, certamente que me perderei. Já meti na cabeça que "faz parte" e procuro levar com bom humor. Só espero poder conhecer os lugares que tanto tenho lido. Ou parte deles.

 

Pensei em GPS, mas a grana tá curta para um.

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Só mais um exemplo do efeito nocivo da política anti-independente, também retirado do Orkut:

 

Uma pessoa responde uma listade dúvidas de outra pessoa. Fala dos lugares que foi e conhce, claro. Aí chega a vez de uma pergunta sobre a Fumaça. A pessoa diz que a Fumaça por Cima é muito linda e tals, mas que a Fumaça por Baixo nunca vez mas morre de vontade de fazer, só que é mais cara porque tem de ir com guia.

 

Só que não tem de ir com guia... o que ocorre é que há uma propaganda massiva de terror sobre as trilhas e lugares (talvez parcialmente justificadas) e nenhuma sinalização na mesma que torne mais fácil chegar lá. Então gente que seria potencialmente mochileiros acabam, por medo e alguma vontade não tão forte, se submetendo às agências, deixando de viver a trilha e a aventura por causa da ganância e imoralidade alheias.

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Todos,

 

Desculpe entrar nesse assunto tao significativo, mas gostaria de enfatizar um ponto:

Nao conheço a Espanha, nem o caminho de santiago, sei que é coisa totalmente diferente da nossa (parques), mas lá pelo que sei, nao há necessidade de guia, agência............, e podemos considerar que eles sabem explorar muito aquilo lá........ acho que a Espanha é um dos maiores recebedores de turistas do mundo..., que gera divisas/emprego/propaganda......... entao..

 

Acho que o Brasil é o campeao mundial de LEIS, mas infelizmente somente algumas "pegam", outras, jamais....

Mário.

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mário,

 

é simples: santiago de compostela foi inventado como túmulo de santo já no século XII. foi cirado pra ser rota de peregrinação e portanto, gerar $$$$. só não tá fechado a agências pq é muito anterior a elas.... mas a trilha inca aqui (aqui, quer dizer ali,no peru) em macchu picchu já fecharam...

 

mas o caminho de santiago, nos últimos 800 anos já teve muita lei. já exigiram taxas, já cobraram pedágios em pontes, etc. era uma zona no século XVI, XVII... depois veio o franco, e daí fazer o caminho era coisa de terrorista... sabe, mochila, barba... hippie, místico, caminhante... é tudo comunista! hahahaha

 

mas o passaportezinho, a certidão de peregrino, a credencial já é uma cobrançazinha de entrada... já tem agências que "facilitam" fazer o caminho...

 

[]s

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Ogum,

 

Vc tem razao.

Sobre exploraçao das pessoas pelas agências...., vejamos o caso daqueles irmaos Peruanos que carregam mochilas pesadas no caminho inca, eh que em pouco tempo aparecem problemas serios nos joelhos, e sao praticamente descartados pelos "patroes", pra mim industria turistica nao eh isso......

Mario.

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e o coitado se submete a carregar aquele peso todo, praticamente correndo (desmonta a mochila depois que vc sai, te ultrapassa na trilha e quando vc chega, com a sua mochila de 50 lts apenas, ele já armou a barraca e cozinhou a comida...), pq é uma fonte de renda. não é muito diferente da faxineira da costa do sauípe, talvez apenas no ponto de que o funcionário do hotel do resort tá sujeito à CLT e à fiscanlização do nosso ministério do trabalho - nesse quesito o brasil tá mais organizado que nossos vizinhos...

 

e se vc quiser argumentar contra o fechamento da trilha inca, vão dizer que vc está tirando o emprego dos outros.... quantos sherpas não vivem dos gringos que querem subir o everest sem carregar nada?quantos africanos não viviam de carregar arma pra europeu ou americano fazer safari? quantos pantaneiros agora não vivem de dirgir lancha pra paulista pescar? quantos vendedores de qq coisa napraia não vão sofrer de câncer de pele daqui a algum tempo?

 

e o pior é que todos nós somos um pouco culpados por isso.

  • Membros de Honra
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Ogum,

 

Mas o pior de tudo isso, e que muitos usam o serviños dessas pessoas e no final nem falam "muito obrigado", pelo contrário nem dá papo.... e lamentàvel...

 

Hoje encontrei com um Canadense, aqui no chile, o cara tem 48 anos e é aposentado, está viajando o mundo todo, comprou uma caminhonete e montou um hotel ambulante........mas por aqui......

Mário.

  • Membros de Honra
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Mario,

 

Como o Ogum expôs, tem-se de ver primeiro qual a situação do local e suas regras para então ver se a demanda possui respaldo legal. No caso das quotas para agências, pode ser que se consiga algo, se a prática for provada. Para sinalização de trilha, não creio que hajam diretrizes obrigando a existência das mesmas. Como lembrado pelo colega referido acima, não há gente para sequer fiscalizar o óbvio exigido, como detritos, depradação, extração ilegal, fogos, desmatamento, etc, quanto mais neguinho para ficar de olho em agência ou marcar trilha. É coisa que tem de nascer do trabalho voluntário e/ou com muito protesto.

 

E acho que apesar de dever haver diretrizes comuns aos parques, cada parque deve ter sua realidade peculiar que exige regras diferenciadas, dependendo da situação, tipo se englobar reserva ecológica ou determinada espécie, habitat ou geografia.

 

Só tenho dúvidas referentes aos direitos dos proprietários cujas terras sejam lar de atrações, mas não no parque.

 

Por fim, se houver um trabalho voluntário feito, acho que seria bom que ele fosse antecedido não apenas com um Termo de Adesão, mas também com conversas com locais, guias, autoridades, agências que operem na região e tentar lhes mostrar que com a sinalização e maior apoio ao mochileiro independente, todos saem ganhando. Lembro que o grosso da grana de um mochileiro independente é geralmente distribuído pela população. Já os turistas de agência deixam o grosso nas agências e relativamente pouco sobra para gastar aqui e ali.

 

Ogum, como estive no EBC ano passado, pude presenciar em primeira mão a realidade dos carregadores. É cruel, mas eles querem mesmo fazer aquilo. Um carregador pode ganhar em uma única viagem o suficiente para sustentar a família durante todo ano. Então oferta que não falta. O resultado é ver aqueles coitados subnutridos e mal equipados carregando 40, 50, 60 ou muito mais quilos montanha acima e montanha abaixo. Eles sonham em juntar grana para poder abrir sua pensão, mandar os filhos para a escola, sustentar a família, aprender alguma língua estrangeira, virar guia ou líder de grupo. Isso se até lá não tiverem os membros corroídos pelo frostbite, os pulmões e cérebros danificados por edemas ou os ossos e espinha inutilizados pelos pesos que carregam.

 

Na trilha cansei de ver esses pobres coitados andando por trilhas de alta altitude vestindo roupas mínimas, tênis estourado e andando por trilhas estreitas e altas. E ai deles se forem lentos e não terem as coisas prontas quando os patrões chegarem na próxima etapa. Simplesmente escandaloso o como fazem aquela gente carregar as coisas, só porque a madame ou o madame não pode passar sem suas luxuosidades.

 

E nem precisa ir tão longe quanto escaladas ao Evereste, que exigem uma logística enorme. Estou falando de gente que ia até o Kala Pattar ou nem isso. O carregador com uns 70kg nas costas e o patrãozinho com sua mochila de 30l... repugnante. Pior, eles geralmente recebem pouca comida e más instalações. Em casos de acidentes, são os últimos a serem salvos, se forem salvos, e certamente serão despedidos. Assisti um vídeo em Lukla da associação de carregadores e era simplesmente escandaloso as condições de trabalho dessa gente. Nesses casos a famosa e alardeada civilidade do 1° Mundo se mostrava com todo seu esplendor. Com a associação (Porters Progress) a situação deles melhorou, mas ainda falta fazer muita coisa. Hoje em dia são poucos os sherpas que carregam. Outras castas que fazem esse trabalho.

 

Se formos ver as "expedições" de escalada, é pior ainda. É necessário um pequeno exército para poucos escaladores. Soube de uma expedição de 13 pessoas que partiu do Tibete cuja bagagem eram 2 caminhões. A aproximação ao campo base precisou de 70 yaks e incontáveis carregadores, guias, cozinheiros, ajudantes, etc... isso porque iam subir sem oxigênio...

 

Mochileiro mesmo era o Goran Kropp, que partiu da Suécia de bicicleta, pedalou até o Evereste, subiu e retornou à Suécia pedalando. Sem serviços de suporte! nada! certa vez a bike quebrou à mais de 500km da oficina mais próxima. Ele meteu o camelo em cima de um busão, foi até a oficina, consertou o corcel, meteu em outro busão, retornou ao local onde tinha quebrado antes e pedalou os 500km até a localidade onde tinha consertado.

 

Para você que gosta de pedalar, taí uma boa leitura:

 

New York Times - Climbing the Everest Was the Easy Part

 

Trecho:

 

"Kropp escapes a storm by ducking into a rustic brothel, where he pulls out a map and shares his plan with the hookers. The madam is impressed and offers Kropp a free night with her daughter. Kropp refuses -- he's refusing all support services."

 

Para quem tem dificuldades com inglês, deixa ver se consigo traduzir:

 

"Kropp escapa de uma tempestade se enfiando num bordel rústico, onde ele saca dos mapas e partilha seus planos com as putas. A madame [do bordel] fica impressionada e oferece de graça ao Kropp uma noite com sua filha. Kropp recusa - ele está recusando todos os serviços de apoio."

  • Membros de Honra
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peraí, hendrik...

 

deixa eu esclarecer um troço. a lei do voluntariado serviu pra evitar que "voluntários" movam ações trabalhistas contra entidades... neguim ia trampar numa APAE da vida, de "voluntário" e depois e uns meses entrava com uma ação trabalhista... a lei, e com ela, o termo de adesão, servem pro cara saber que tá participando de um trampo voluntário mesmo! sabe como é, brasil, terra dos espertinhos...

 

qualquer um pode fazer o trabalho voluntário de sinalizar a trilha. agora, não há cristo que impeça alguém de ir lá e arrancar a sinalização da trilha. a não ser que vc coloque um guarda ao lado de cada marca.... e tb não há cristo que possa forçar alguém a dizer onde tá o caminho certo... quando a população local não ajuda, nada dá certo. vide americanos no vietnã: sem apoio popular tomaram um piau danado dos vietnamitas armados de rifles e calçando sandalinhas de sola de pneu e câmara.

 

o fato é que basta haver um movimento maior de trekkers num local pra virar roteiro de agência de eco-turismo. por isso, uma revista como a aventura já do sérgio beck não foi pra frente, em compensação a go outside eu acho em qualquer banca... tinha na última que folheei (eu nunca comprei!) um relato de um trekking na chapada... e, claro, a agência que levou o repórter. matéria paga, é obvio. dá mais dinheiro do que anunciante. virou roteiro de agência? esquece, compram a população local por ninharias.

 

a gente temque lembrar q, no brasil, quem tem renda per capita um pouco acima de 2.700 reais (uns 1.200 dólares???) tá entre os 3% (isso TRÊS por cento) mais ricos da população. se o guia de 14 anos ganhar 10 reais por dia da agência pra acompanhar uma turma por 7 dias, pode estar ganhando, em uma semana, o mesmo que seu pai ganha no mês inteiro. vc acha que alguém da família desse garoto vai dizer onde tá o começo da trilha X ou Y? nem pensar. viraram fãs da agência de eco-turismo. por isso muita gente vê turista como praga.

 

eu citei o cicloturismo pq a bicicleta tem algo diferente: ela muitas vezes desarma as pessoas. neguim parece que perde o medo de vir conversar com vc. tem gente até que oferece teto e comida. engraçado, né? mas nem todos.

 

no livro "o guidão da liberdade" o antônio olinto (www.olinto.com.br) conta a sua volta ao mundo de bike, lá pela metade dos anos 90. e conta que lá pelo egito - país que tem no turismo muito da sua renda - as pessoas não tavam nem aí pra ele. se é turista, e paga pelo serviço, ok. senão é.... bom, não é e pronto. cai fora e não ocupa espaço!

 

é natural até a reação ora hostil de alguns locais. como a bem conhecida birra dos surfistas havaianos para com os haoles, os de fora. pq turista chega pagando tudo, comprando tudo, portanto "coisificando" tudo. isso que o mário citou, ninguém nem dá papo para os carregadores da trilha inca. quando esse carregador "se aposentar" depois de estourar o joelho com tanto peso nas costas, e ficar na miséria, como filho dele verá os trekkers que fazem a trilha? na melhor das hipóteses, como alguém ser justamente explorado. ao máximo.

 

é um ciclo vicioso difícil de quebrar.... rota 66? de lenda de "on the road", do jack kerouac, hoje é palco de pacotes que já incluem a harley pra vc pilotar... hell´s angels? de violenta gangue de motoqueiros, hoje é quase uma franquia... everest? compre o seu pacote e vá... o aconcágua já tá quase assim, não tá? até pra viajar de bike, tem a butterfly & robinson. vc pedala e a van leva sua bagagem. e fica hospedado nos melhores castelos-hotéis do roteiro. logo logo vai ter até pacote pra surfar a pororoca. já tem excursão pra rocinha! já na década de 30 o mestre bimba, na bahia, criticava a capoeira "prato do dia", que era o meio de sobrevivência de muito baiano em salvador: piruetas pra turista ver. puts, isso há 70 anos!

 

tem até pacote pra ir pro espaço: não foi assim que o governo bancou aí o nosso primeiro astronauta? tsc. tsc. tsc. tsc.

 

sei lá. eu, particularmente não vejo muita saída.

 

hendrik, pro teu problema de orientação, eu vejo só duas soluções: gps e trekking na beira do mar, onde, a não ser que vc saia da praia mato adentro, ou saia nadando, só tem à frente e à ré. o brasil tem mais de 8.000 kms de litoral. concordo que a proposta é cínica ;)))))

 

[]s

puts não aguento mais digitar hoje!

  • Membros de Honra
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Ogum, Hendrik..

 

Acho que para que possam mudar o quadro, precisamos investir massivamente na educacao e cultura do povo. o caminho e mais ou menos por ai...........

 

O que vi na amazonia, tenho certeza absoluta, que o governo nao tem condicao alguma de implementar projeto algum no turismo, principalemento o eco.,

Um abraco a todos, amanha se o tempo deixar irei para argentina e depois nosso querido brasil...

Mario.

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