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Olá Mochileiros!

Este é meu primeiro relato de viagem. Acho importante criar o relato para ajudar futuros viajantes, assim como li vários relatos antes de fazer a minha viagem. Bem, eu não tiro férias há um bom tempo, e para não ficar na seca, eu me aproveito de alguns feriados prolongados para fazer passeios interessantes.  Ano passado fui para Santiago com minha família, mas como a maior parte do passeio foi por pacotes turísticos acho que não é interessante relatar num site de mochileiros. Esse ano fui para o Ushuaia, só eu e a mochila: algo mais próprio de um mochileiro. Desde 2013, quando passei um mês na Itália – realização de um sonho pessoal de anos – fiquei viciado em viagens. Quando acaba uma, já estou pensando na próxima. Quem aqui no site é assim levanta a mão! E essa viagem para o Ushuaia foi muito marcante para mim, apesar de ser relativamente rápida.

Peguei os últimos dias de inverno do dia 6 a 10 de Setembro. Fiquei surpreso como o inverno da cidade mais austral do mundo não é tão rigoroso quanto se esperaria. Minha jornada já começou antes, quando comprei as passagens. Comprei pela GOL, uma viagem com conexão de 8 horas na ida e 10 horas na volta. Pouco depois de ter comprado o meu vôo foi cancelado. Fiquei muito decepcionado, e procurei outros lugares para ir. Quando apareceu um vôo da LATAM no mesmo dia e horário, por um valor um pouco mais caro. Estava decidido a ir, então aceitei essa mudança e comprei a outra passagem.

Saí do trabalho na quarta-feira rumo à uma aventura. Trem até a estação Tatuapé, e de lá um ônibus para o aeroporto de Guarulhos. E de lá para Buenos Aires. Depois de muito pesquisar e pedir dicas a colegas, decidi por levar reais e trocar por pesos argentinos no aeroporto. E me dei muito bem, acabei comprando pesos por um ótimo preço. A noite que passei no aeroporto foi tranquila até, com outras pessoas como eu tentando dormir no chão frio, nas cadeiras azuis com encostos duros, usando de suas mochilas como travesseiros. Uma experiência cansativa, mas memorável.

O vôo para o Ushuaia foi tenso. O avião tremulava bastante, mais do que o normal. Percebia que os passageiros ficaram assustados e começaram a reclamar. O próprio piloto tentou acalmar a tripulação, dizendo que aquilo era normal. Quando chegamos a vista era sensacional. O Ushuaia é uma cidade pequena entre as montanhas que encerram a cordilheira dos Andes. O aeroporto mais parece uma cabana de madeira. Não fiquei muito tempo lá, pois já me aguardava o meu transfer.

Minha estadia foi na casa de um humilde senhor chamado Hugo, que contratei via AirBnB. Sua residência tinha vários quartos e era bem simples. Sou econômico, estava sozinho e não sou do perfil sociável, e por isso escolhi o local mais barato onde não precisaria dividir quarto. Apesar do local simples, tive transfer de ida e volta gratuito no velho Siena verde-esmeralda do senhor Hugo.

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1º Dia

Eram 10 da manhã ainda. Virei a noite no aeroporto, estava cansado mas tinha um longo e produtivo dia pela frente. Deixei minhas coisas na casa e fui para o centro da cidade a pé. A primeira coisa que reparei foi na sujeira da cidade. Todos os carros estavam com a marca alta de terra, como se tivessem passado por uma enchente ou tempestade. Hugo me disse que ninguém lava carro no Ushuaia, por causa da neve e dos ventos sujos e fortes.

Contratei um dos passeios de barco pelo canal de Beagle. São várias empresas que fazem o passeio, mas quase todas têm o mesmo preço e mesmo serviço. Para quem se interessa, as casas para contratar o passeio ficam na frente da secretaria de turismo do Ushuaia (Av. Int. Jorge Garramuño). Obs: na secretaria de turismo tem wi-fi grátis. Poucos metros dali fica a famosa placa do fim do mundo, para tirar aquela foto e mostrar para seus amigos que você foi para lá.

O passeio foi maravilhoso. Passei pela Isla de los Pajaros, isla de los lobos, pelo farol de beagle e por uma outra ilha, onde descemos e caminhamos até o topo. Ali tivemos a belíssima vista do canal e do Ushuaia. Quero destacar aqui a isla de los lobos, onde avistamos os leões marinhos de muito perto, em seu habitat natural. Eles são dóceis, preguiçosos e muito fofos. Aqui em baixo algumas fotos do primeiro dia:

 

 

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Muito cansado após ter dormido no aeroporto, dormi cedo e voltei a sair somente no segundo dia. Planejei para ir ao Parque Nacional Tierra del Fuego, que fica na fronteira com o Chile. Na mesma região fica o trem do fim do mundo, mas optei por não fazer este passeio. Peguei um ônibus que vai até o parque e volta no final do dia. Fui até a av. Maipú a pé no início do dia, contratei o ônibus que saiu aproximadamente às 9 da manhã. O caminho até o parque foi muito agradável. Recebi o mapa do parque com todas as trilhas disponíveis e o horário aproximado de percurso.

Há trilhas de grandes distâncias, para quem deseja acampar no parque. Não era o meu caso. Fiz quatro trilhas pequenas, onde pude conhecer bastante o parque e ter vistas maravilhosas. O ponto alto deste passeio foi o lago Acigami, com uma vista paradisíaca. O lago divide a Argentina com o Chile, e as montanhas ao fundo já são do país vizinho. No meio da trilha, há uma pequena capela. Estava fechada fazia um bom tempo, mas nada que um viajante curioso não pudesse abrir. Quando me deparei com o caderno de visitas, notei que o próprio papa Francisco tinha estado ali (pelo menos estava escrito assim). No parque há um chalé para comer, comprar lembranças e um pequeno museu sobre a patagônia.

E este foi meu segundo dia. Muitas andanças, visões inesquecíveis. Seguem fotos:

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Obs: a foto do google.maps foi um print que tirei de quando estava de frente para o lago acigami.

3º Dia

Meu terceiro dia foi o mais ousado de todos. Estava disposto a subir o glaciar Martial, sem preparo, sem guia e sem conhecimento. Hugo já começou o dia me ajudando, porque me levou à base gelada da montanha. As lojas ainda estavam fechadas quando cheguei. Encontrei um velhinho japonês que me disse ter subido até o topo. Olhei à minha frente e vi duas correntezas de gelo fino e liso com árvores entre elas, enquanto flocos pequenos de neve caíam sobre mim e minhas botas pouco preparadas para aquela situação. Achei uma loja muito bem decorada aberta. Entrei e pedi ajuda. A vendedora disse que eu deveria ir pelo caminho do meio, pelas árvores. Voltei para lá, e só tinha eu sob o pé da montanha. Dei alguns passos e escorreguei. Não estava dando muito certo. Precisava de ajuda. Pouco tempo depois, apareceram alguns americanos, com vários equipamentos, prontos para fazer ski. Eles falaram que eu poderia alugar equipamentos quando as lojas abrissem. Enquanto esperava, apareceu um jovem argentino tão perdido quanto eu. Esperamos juntos as lojas abrirem e alugamos equipamentos para subir pelo glaciar.

Agora devidamente equipados, começamos a subida. Em poucos metros já estava cansando, pois a montanha é bastante íngreme. Mesmo assim eu encontrava forças e continuava, para não deixar meu companheiro sozinho. Preferimos o tal caminho do meio recomendado pela vendedora da loja. Quanto mais subíamos, mais forte o vento ficava, e permanecer entre as árvores diminuía o impacto dos ventos gelados.

Houve um ponto em que já não víamos mais nada. A cada passo que dávamos, recebíamos uma rajada de vento e neve. Como se a montanha não estivesse gostando da nossa presença, e quisesse que fôssemos embora. Por mais maluco que seja dizer isso, eu me apaixonei pela experiência. Não chegamos ao topo, mas fomos até o ponto onde não víamos mais nada além da cortina branca de gelo. A partir dali ficaria extremamente perigoso para dois amadores. Ao descer encontramos os americanos arrumadinhos, que não foram tão longe quanto nós.

Subir o glaciar martial foi uma das experiências mais marcantes da minha vida. Quando deixei o local não pensava em outra coisa além de fazer tudo de novo.

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Mas meu terceiro dia não tinha acabado. Fui ainda para o centro da cidade. Visitei o famoso museu do presídio, que conta a história da cidade que começou como uma colônia penal. Confesso que não foi tão interessante quanto imaginei. Há uma sessão com maquetes de barcos antigos e mapas, outra com animais do sul, algumas salas com maquetes e explicações sobre aviões antigos, outras sobre presídios. O que mais me impressionou foi a parte intacta do presídio. É sombria, gelada e bastante assustadora. Se você for ao Ushuaia e tiver pouco tempo, considero um passeio dispensável, mas se tiver mais tempo, ir à parte intacta é uma experiência interessante.

 

4º dia

No meu último dia não fiz muitas coisas. Já tinha visto os pontos principais da cidade e arredores como o parque. A avenida San Martín concentra o comércio e locais interessantes para comer. Aproveitei o dinheiro que sobrou e comi o raro caranguejo gigante. Os restaurantes deixam os animais em aquários, você escolhe um deles e os cozinheiros fazem na hora para você. Paguei caro, mas valeu a pena.

Para completar minha viagem, por acaso estava no dia de uma procissão para “La Virgen de Ukupuña”. Danças, música e roupas típicas, numa parada pelas ruas da cidade. Apesar de simples, achei bem interessante.

A tarde peguei o avião para Buenos Aires. Na volta precisei trocar de aeroporto, o que foi uma oportunidade para conhecer a cidade nas minhas várias horas de conexão. Foi também uma oportunidade para me perder na cidade, pegar a rede velha de metrôs, tirar uma foto na casa rosada com ocupações na praça de Maio. Eu me senti em São Paulo, e não foi muito bom. Mas consegui jantar e chegar em segurança no aeroporto de Ezeiza (que eu falava sempre errado como “Ezézia”), onde passei o resto da noite, até o vôo de volta para São Paulo.

Foram 4 dias maravilhosos e marcantes no Ushuaia. Talvez alguns viajantes mais experientes digam: “você deveria ter feito isso” ou “você poderia ter ido na outra cidade próxima”. Diria que eu tive 4 dias somente e pouco dinheiro disponível. Não fiquei um mês na patagônia para passear por outras cidades. Mas apesar de tudo isso, foi perfeito para mim. Fiquei muito feliz de ter vivido esta experiência, e recomendo muito para quem tem esse desejo de simplesmente se jogar na vida e ver o que ela tem para nos dar.

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Acabei de voltar de Ushuaia, uma coisa que me deixou bastante chateada foram os valores das comidas e da água, e a higiene da cidade.

$45 à 50 pesos arg. a agua é sacanagem.

mas os passeios TODOS FORAM FANTÁSTICOS. 

Fiz Parque Nacional e trem do fim do mundo - fechei com a própria dona do hostel no qual fiquei hospedada - $800 pesos passeio total e transfer + $350 pesos para entrar no parque + $600 pesos o trem

Pinguinera - fiz com agência Brasileiros em Ushuaia - R$ 400,00 (havia comprado pela internet e 1 mês antes)

Glaciar Martial - peguei Remis (ficam na Av. San Martin) ida e volta - $200 pesos total

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Acabei de voltar de Ushuaia, uma coisa que me deixou bastante chateada foram os valores das comidas e da água, e a higiene da cidade.
$45 à 50 pesos arg. a agua é sacanagem.
mas os passeios TODOS FORAM FANTÁSTICOS. 
Fiz Parque Nacional e trem do fim do mundo - fechei com a própria dona do hostel no qual fiquei hospedada - $800 pesos passeio total e transfer + $350 pesos para entrar no parque + $600 pesos o trem
Pinguinera - fiz com agência Brasileiros em Ushuaia - R$ 400,00 (havia comprado pela internet e 1 mês antes)
Glaciar Martial - peguei Remis (ficam na Av. San Martin) ida e volta - $200 pesos total

Vou pra lá mês que vem, já reparei que lá é bem inflacionado. rs

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