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Chapada dos Guimarães : Arqueologia, Novos sinais rupestres


MariaEmilia

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Investigação sobre viabilidade do teleférico levou pesquisadora e encontrar terceiro sítio em Chapada

 

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RENÊ DIÓZ / Da Reportagem

 

[align=justify]A polêmica construção de um teleférico em Chapada dos Guimarães (67 quilômetros de Cuiabá), quem diria, pode servir para chamar a atenção para a necessidade de se preservar o rico patrimônio arqueológico de Mato Grosso. Um novo sítio com inscrições rupestres foi encontrado no mês passado na área onde deverá ser instalado o empreendimento turístico. São figuras de animais e geométricas que, mais do que dar pistas de como vivia o homem na região há milhares de anos, indicam em seu desgaste a urgência de se conciliar progresso e conservação de tal patrimônio.

 

O novo sítio arqueológico foi encontrado próximo a dois já explorados, conhecidos respectivamente como Lapa do Frei Canuto e Abrigo da Sede, na parte inferior das formações geológicas da região conhecida como Ponta do Campestre – também conhecida como Serra do Atimã, uma das mais privilegiadas vistas do complexo de cânions de Chapada. É o local determinado pelo governo do Estado para receber as obras do controverso teleférico (ver matéria).

 

Ainda não catalogado, o sítio arqueológico foi encontrado por acaso pela pesquisadora Suzana Hiroka, responsável por analisar os possíveis efeitos das obras do teleférico sobre o patrimônio arqueológico conhecido até então – a Lapa do Frei Canuto e o Abrigo da Sede.

 

Batizado por enquanto de Abrigo da Salinha, o local contém inscrições com desenho de animais como lagarto, veado, ema, tatu e figuras geométricas. Até fósseis marinhos, como conchas, foram encontrados; mais confirmações de que tudo ali um dia já foi mar.

 

As figuras rupestres foram marcadas na pedra em vermelho contornado em branco, um diferencial que sugere alguma sofisticação técnica. A autoria dos desenhos, segundo a pesquisadora, é de mais de um povo que passou pela região, devido à variedade de estilos encontrados. Provavelmente tratava-se de povos caçadores e coletores. Ainda faltam exames para constatar a data em que foram feitos os desenhos.

 

Sobre o significado deles, Suzana aponta que era prática frequente do homem antigo fazer referências ao cotidiano e à fauna. O índio, por exemplo, tradicionalmente atribui espíritos aos animais. Já em relação às figuras geométricas, círculos concêntricos na maioria, as interpretações são várias. Voltando ao universo dos índios, que podem ter herdado tradições milenares, os círculos poderiam significar desde o formato em que as aldeias são construídas à representação da alucinação causada pela ingestão de substâncias como alguns chás que eles produzem. Só para citar alguns casos.

 

DEGRADAÇÃO - O acesso ao local, úmido e de mata fechada, é difícil. São necessárias ao menos cinco horas para alcançá-lo, o que só é possível a pé – a não ser que se desça de rapel por um dos dois lados do cânion que abrigará o teleférico. Entretanto, os obstáculos impostos pela natureza não foram suficientes para impedir que as inscrições fossem pichadas pelos poucos visitantes que lá chegaram.

 

Fora as pichações, a ação dos fungos e as bruscas variações térmicas no local podem ter iniciado o processo, atualmente avançado, de descolamento da fina camada de rocha onde as pinturas foram feitas. Tudo isso pode ter sido acelerado pela ação do homem que, ao provocar queimadas, reduz a cobertura de vegetação responsável por proteger do sol as pinturas milenares. Tal proteção é fator importante na manutenção do sítio, como já observara o arqueólogo francês Jean Perié, que começou a explorar sítios em Chapada em 1984. “Se continuar assim, não sei o que deixaremos para o futuro”, preocupa-se Suzana.[/align]

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