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Álbum com todas as fotos da travessia estão em:

https://goo.gl/photos/nfzuWXFzDoqd68vh8


Travessia realizada entre dias 29/07 a 01/08/17.


- Introdução -


No geral, quem faz a travessia da Serra fina pela 1º vez, logo se encanta com a beleza do lugar e também sente na pele a fama da travessia estar entre as mais dificeis do Brasil. O que ela tem de dificil, tem de recompensas, o que faz que muitos retornem. Já tendo feito outras 2 vezes no sentido tradicional, agora era hora de experimentar a travessia no sentido contrário, que dizem ser mais dificil, mas que oferece outras experiências, pespectivas e visuais diferenciados. E mais perrengues, obviamente.

Chamei alguns amigos, mas devido a logística (ter que enforcar 2 dias úteis da semana) o unico que topou encarar a empreitada comigo foi o Leonardo. Marcamos de nos encontrar na Rodoviaria do Tietê e embarcamos no ônibus das 23:30hs em direção a Itanhandú/MG. A viagem foi tranquila e pouco antes das 4:30hs saltamos na rodoviaria da pacata cidadezinha de Itanhandú, cidade localizada no sul de MG e que mais parecia uma rodoviária fantasma.

Além da gente, outros 2 passageiros desembarcaram na pacata rodoviaria. O céu estava claro e a temperatura marcava 05ºC para o desespero do Leo que duvidou qdo eu disse em SP que as cidades do sul de MG são muito frias, principalmente a noite. O motorista do ônibus, ao ouvir o Leo dizendo que tava muito gelado ali, brincou: "Está quente hoje...pois o normal para o horário e já estar abaixo de zero....E eu ainda disse: Se acha que está gelado aqui, espere para ver o que te espera lá em cima.

Pelo roteiro, iriamos  esperar o 1º ônibus do dia para Itamonte, que sai as 6:00hs e de lá pegaríamos um taxi até o sítio do Pierre, onde começa/termina a trilha da travessia. Mas para a nossa sorte, 2 pessoas que desembarcaram haviam chamado um UBER e também iriam para Itamonte. Eles perguntaram se tb iriamos para lá e se topariamos rachar a corrida em 4, o que aceitamos na hora, é claro.

Após chegarmos em Itamonte, aproveitamos para esticar a corrida direto para o Pierre, o que otimizou bastante o nosso tempo e ainda saiu a bagagela de apenas R$ 30 para cada um, vindo direto de Itanhandu até o Pierre, parando apenas em Itamonte para o desembarque das outras 2 pessoas que iriam ficar por lá. Com isso, economizamos tempo e dinheiro.


1ºDia - Do Sítio do Pierre (1.800m) ao Pico dos 3 Estados (2.665m)

Ainda estava escuro qdo chegamos ao inicio da trilha, no sítio do Pierre....após ajeitamos as cargueiras e fazer os alongamentos de praxe, iniciamos a caminhada pontualmente as 6:00hs em direção ao Pico dos 3 Estados. A 1ºhora de caminhada é feita pela estradinha de terra do sitio que mostra logo de cara que a subida até os 3 Estados não será moleza.

Passamos pela porteira de entrada do sitio e vejo que não havia ninguém, apenas 2 cães solitários que latem a nossa passagem. O dia já está clareando e a serração tipica da montanha cobre os vales. O céu estava livre de qualquer vestígio de nuvens o que mostra que o dia seria igualmente aproveitavel para a nossa alegria.

Vamos ganhando altitude e a subida tediosa pela estradinha de terra não dá trégua, mas pelo menos serviu para aquecer os músculos e espantar um pouco o frio da manhã. Passamos por alguns pontos de água, mas sabendo que haveria mais pontos acima, falo para o Leo deixar para abastecer mais acima. Se quiser evitar um peso desnecessário nas costas, deixe para pegar água a mais ou menos 30 minutos após o inicio da trilha, que é o ultimo ponto.

As 6:47hs resolvemos fazer uma rápida parada para um café da manhã reforçado....afinal, subir de estomago vazio não dá né? Os primeiros raios do sol já coloriam o alto dos picos e o céu azulzinho apenas aguçavam nossa ansiedade. O Picú com seus 2.020 metros de altitude nesse ponto estava bem visivel a nossa frente.

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Ainda no sitio do Pierre, subindo pela estradinha de terra...

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Vista do Picú na subida da estradinha de terra, ainda no Sítio do Pierre

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A placa no inicio da trilha

Após o café, retomamos a caminhada e as 7:15h chegamos ao inicio oficial da trilha. Uma placa logo a frente nos alertara para levar todo o nosso lixo de volta. 25 minutos desde as últimas casas do Pierre, chegamos ao 1º e único ponto de água do 1ºdia da trilha (sem contar os pontos de água da estradinha do sitio do Pierre) onde aproveitamos para carregar o suficiente para os próximos 2 dias, pois só iremos encontrar o próximo ponto de água no final do 2ºdia, no Vale do Ruah.

Como a subida dos 3 Estados é mais longa do que a subida do Capim amarelo, abasteço com 4 litros e ainda tinha 2 garrafinhas de 500ml de gatorade cada na mochila, totalizando 5 litros que foram mais do que suficientes para mim. No sentido tradicional, costumo trazer apenas 3 litros de água e 1 de gatorade.

Com as cargueiras mais pesadas do que nunca, vimos que a subida seria mais dificil que a do Capim de fato. E que iriamos comprovar a fama da travessia ao contrário ser mais puxada que a tradicional. De qualquer forma, é sabido que na Serra fina não tem moleza alguma do começo ao fim. Só de saltar na rodovia e começar a caminhar com um subidão pirambeiro logo de cara mostra bem isso.

Abastecidos, retomamos a caminhada em meio a mata fechada e o frio da manhã ainda estava bem intenso, pois ainda estavamos na sombra e o Leo não via a hora de sair no sol. Até brinquei com ele que não deveria desejar o sol, pois qdo chegarmos ao trecho de crista, não haverá sombra e o sol já estará mais forte, o que acaba aumentando mais o desgaste físico. Em alguns pontos, aberturas em meio a mata fechada revelavam alguns picos e a crista por onde ainda iriamos passar. A trilha dá uma volta enorme em formato de "U" para evitar um grande vale a direita e atingir uma crista a frente que une os 2 morros. A frente vejo algumas subidas bem fortes e falo para o Leo que a trilha sobe exatamente por ali.

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Vista dos picos ainda no trecho de mata fechada

40 minutos desde o ponto de água lá atrás, chegamos aos primeiros trechos de campos de altitude as 10:30hs. Já estavamos acima dos 2.000 metros de altitude e nesse ponto entramos em um trecho de transição, onde a vegetação de mata atlântica vai pouco a pouco dando lugar aos de campos de altitude. As primeiras vistas do entorno aparecem e já consigo ver o Pico dos 3 Estados ainda bem distante e o alto dos Ivos a direita, com sua crista parecendo estar próximos, mas ainda distante algumas horas ainda....A Leste visualizo a Serra do Itatiaia com os Picos do Couto a esquerda e Prateleiras a direita em destaque.

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Ao fundo a esquerda, Pico dos 3 Estados ainda distante. A direita, alto dos Ivos

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Tapetão de nuvens cobrindo o vale do Paraíba

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Serra de Itatiaia ao fundo

O dia estava radiante e o sol brilhava forte, com um tapetão de nuvens cobrindo totalmente o vale do paraíba, um espetáculo em tanto que foi merecedor dos primeiros clicks, é claro. Passamos por um descampado protegido para 4 ou 5 barracas que Pode/deve ser usado para quem começa a trilha no final do dia e quer adiantar parte do trajeto do primeiro dia, mas sem água perto. Pouco depois, cruzamos com alguns montanhistas fazendo a travessia no sentido tradicional a qual cumprimento cordialmente. A subida da uma leve tregua e nesse ponto, passamos por alguns trechos curtos de sobe morro/desce morro sem maiores dificuldades.  

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Descampado plano e protegido que fica pouco a frente logo qdo você passa pelo primeiro trecho aberto fora da mata

O corpo já começa a reclamar e com a cargueira mais pesado do que nunca, as pernas já dão os primeiros sinais de desgaste, após quase 3 horas de subida desde a Rodovia. Pouco antes das 12:00hs chegamos a base do Pico do Ivos e só de olhar o paredão íngreme da crista cansou até a vista. As 12:10 entramos definitivamente aos campos de altitude e a partir daqui a trilha some e a navegação passa a ser feita quase que exclusivamente por totens e fitas presas. Começamos a subir e o trecho inicial se mostrou uma pirambeira daquelas com trechos de escalaminhada e trepa-pedra.

A subida é ardua, o sol castiga muito, o que me fez parar algumas vezes vezes para retomar o fôlego. As 12:48hs, com pouco mais de 30 minutos de subidão pirambeiro, o terreno dá uma amenizada e a caminhada entra no trecho da fina crista, com enormes vales à esquerda e a direita. A nossa frente, vejo o topo do Ivos relativamente próximo, mas ainda tinha um trecho com 2 cocorutos para vencer antes dele. Nesse ponto também consigo visualizar todo o trecho já percorrido, com o Pierre lá embaixo, as escarpas rochosas da Serra de Itatiaia e o Picú a leste. O visual daqui impressiona.

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Crista dos Ivos logo a frente

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Último trecho antes de começar a subida pirambeira

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Trecho da crista por onde passamos

As 13:15, após 5 horas e meia de caminhada desde a rodovia, a subida finalmente acaba e a partir daqui entro no trecho final antes do cume do Ivos. O Topo estava bem próximo e por fim as 13:20 finalmente chego aos 2.512 metros de altitude do Alto dos Ivos para um merecido descanço.
Do cume, é possível ver todo o trecho de subida, o Pico dos 3 Estados, Pedra da Mina e vários outros picos da Serra fina a Oeste, com a Serra do Itatiaia e o Picú a leste. Aproveitamos para fazer um pit-stop mais demorado para forrar o estomago e molhar a goela seca, após a subida que se mostrou bem mais puxada que a subida do Capim amarelo. Aqui acaba o trecho mais puxado de subida, mas não a caminhada do dia.

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Trecho final da crista

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No Topo dos Ivos, com a bela vista do Pico dos 3 Estados a esquerda e Pedra da Mina a direita

Pouco antes das 14:00hs, começamos a descer o Ivos em direção ao nosso destino final, agora novamente por trilha bem demarcada. O Pico dos 3 Estados parecia estar perto, mas ainda restava a descida e a subida de 2 vales e picos menores até a base. A descida é ingreme, mas tranquila e vamos descendo sem maiores dificuldades. 30 minutos desde o topo do Ivos, a descida termina e estamos cruzando o primeiro de 3 vales. Passamos por alguns descampados planos e protegidos na base do Ivos com espaço para umas 8 barracas que são perfeitos para acampamento, mas com o problema de não haver água perto.

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Vista do trecho ainda a percorrer, durante a descida dos Ivos

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Subida de um pico menor entre o Ivos e o 3 Estados

A trilha segue subindo em direção a um pico menor para depois bordejar a direita de outro morro para então seguir em direção a base dos 3 Estados. As 15:20hs finalmente chego aos descampados na base dos 3 Estados denominado "Bandeirantes". O frio da montanha começava a dar as caras e nem ficamos muito tempo parados na base para evitar que o corpo esfrie. A nossa frente só restava o tenebroso e imponente Pico dos 3 Estados e seu paredão ingreme pronto para ser escalaminhado. Estavamos a uma altitude média de 2.450 metros e teriamos que subir mais 200 metros afim de atingir os 2.665m dos 3 Estados.

Após um breve descanço, as 15:35hs iniciamos a subida de ataque final ao cume, que logo se revela uma pirambeira daquelas....Não é nada fácil esse trecho e vou subindo devagar, sem pressa. Os músculos das pernas já estavam esgotados de tanto sobe morro/desce morro, mas continuar era preciso. Com vários trechos de escalaminhada e trepa-pedra, vou parando em alguns momentos para retomar o fôlego.

As 16:05hs alcanço um dos ombros dos 3 estados, com a subida dando uma tregua. Aproveito e faço uma breve parada, pois ainda tinha mais um trecho de subida final para o desespero do Leo que estava nas últimas também. Continuamos em frente nos guiando por fitas amarelas e vermelhas e totens por um trecho plano.

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Vista do vale na base dos 3 Estados (ignorem a data da foto)

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Subindo a pirambeira dos 3 Estados

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Enfim, o trecho de subida final antes do pico

Depois do trecho plano do ombro, subimos mais um trecho para então finalmente alcançamos o topo dos 2.665 metros do Pico dos 3 Estados as 16:35hs, o que foi motivo de comemoração, é claro. Afinal, foi uma caminhada árdua de quase 8 horas com peso máximo das cargueiras e vegetação virado ao contrário para nós. No Topo havia apenas 2 grupos com poucas pessoas e bastante vagas nos descampados para montar barraca. Vantagem de fazer a travessia ao contrário e chegar tarde e não ter problema para encontrar vaga...Nesse horário, no Alto do Capim amarelo já estaria lotado e teríamos que seguir em frente em direção ao Avançado ou o Maracanã, afim de encontrar vaga. Alguns sacrificios valem a pena.

Após montarmos nossos respectivos aposentos e ver o Astro-rei repousar no horizonte, preparamos nossa janta e com o frio intenso, nem ficamos muito tempo fora da barraca e logo fomos dormir.

Continua no post abaixo....

 

Editado por Renato37
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2ºDia - Do Pico dos 3 Estados (2.665m) a Pedra da Mina (2.798m)

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Nascer do sol no cume dos 3 Estados

O Sábado amanheceu com o céu totalmente livre de qualquer vestígio de nuvens, o que era um sinal de que seria mais um dia igualmente aproveitavel, com céu azul e tempo firme....Após ver o Astro-rei surgir por detrás da Serra do Itatiaia, fui preparar meu café da manhã, enquanto que o Leo se fartava de fotos no topo....afinal era a 1ºvez que ele estava fazendo a travessia e logo de cara a travessia ao contrário.

Barraca desmontada e mochila nas costas, começamos a caminhar pouco antes das 9:00hs em direção a Pedra da Mina. A Descida dos 3 Estados no sentido contrário se mostra uma pirambeira daquelas, por isso vou descendo com relativa cautela. É bom usar luvas para evitar os cortes nos dedos provocados pelo capim elefante, principalmente em subidas e descidas ingremes. Esse tipo de vegetação corta com certa facilidade e a vantagem da luva é poder usar o proprio capim como apoio durante a descida e também nas subidas, reduzindo o risco de acidentes e ainda poupando panturrilhas e joelhos.

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Topo do Pico dos 3 Estados, que agora conta com um livro de cume

A descida é rapida e agora a caminhada segue por um trecho de ombro pela crista, mas não demora muito e logo começa outra descida ingreme até a base. Passamos por uma enorme área de acampamento conhecida como "bambuzal" que fica em um vale entre os 3 Estados e o Cupim de boi para pelo menos umas 10 barracas. O trecho do vale é plano, porém curto e logo começamos a subir a crista do Cupim de boi. A subida é bem ingreme, mas não dura muito tempo e com pouco mais de 1 hora desde o topo dos 3 Estados, as 10:10hs chegamos no topo onde fizemos uma breve pausa para clicks e apreciação da paisagem

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Descendo o Pico dos 3 Estados em direção ao cupim de boi

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Trecho de crista

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A pirambeira ingreme dos 3 Estados que acabamos de descer

Retomamos a caminhada e seguimos agora descendo pela crista do cupim do boi em direção ao morro da Brecha. A caminhada é bem tranquila e vamos nos orientando pelos totens, pequenas fitas presas nos galhos dos bambuzinhos e rabicho de trilhas. A nebulosidade aumentou bastante durante a manhã e chegou até a encobrir o topo dos picos e onde nós estavamos, parecendo que iria fechar tudo e nos tirar a navegação pelo visual. Mas ficou apenas na ameaça e no final, o tempo abriu e só ficou parcialmente nublado, com as nuvens mais altas que o topo dos picos, felizmente.

O caminho entre o alto do cupim e a brecha é tranquilo, mas uma caracteristica desse trecho é os bambuzinhos. A maior parte do caminho é composto por eles e trilha menos aberta que são um incômodo frequente, pois os bambus enroscam constantemente na mochila. Para quem está fazendo a travessia no sentido contrário, esse "incomodo" é maior por conta da vegetação virada contra você.

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No topo do cupim de boi

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O imponente pico dos 3 Estados visto do alto do Cupim de boi e ficando para trás

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Descendo pela fina crista - Bem ao fundo, no centro - Pedra da Mina

1 hora e 10 minutos desde o topo do Cupim, terminamos a descida e estavamos na base da crista. Bem a frente, um enorme paredão pronto para ser escalaminhado. De longe parecia ser uma subidinha relativamente tranquila, mas de perto a conversa foi outra. O problema nesse ponto nem era a subida, mas sim os bambuzinhos virados contra nós que enche o saco e trechos de trilha mais fechada, o que nos deixou bem mais lentos.

Pouco antes das 12:30hs chegamos ao alto da crista e a caminhada agora segue no plano, para nosso alívio. Mais 30 minutos e finalmente chegamos ao topo do morro da Brecha onde fizemos mais uma breve pausa. Aqui existe alguns descampados planos e protegidos para umas 4 barracas pelo menos. Também tenho a visão total do vale do Ruah e do Rio verde bem a frente...Estavamos com mais de 1 litro de água cada um e por isso nem nos preocupamos em chegar logo lá.

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Vistas de tirar o fôlego

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Descampado no alto da Brecha

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O trecho pelo alto da crista por onde a trilha passa- A esquerda o Pico dos 3 Estados, no centro o Cupim de boi

As 13:10 começamos a descer em direção ao vale do Ruah. A trilha que vem do Ruah vira a direita logo que o rio começa a virar a esquerda. Tivemos um perdido no trecho do rio, pois seguimos por uma trilha bem demarcada que levou direto ao rio e que evitou um trecho bem ruim de descida pelo capim elefante mto alto, mas que virou muito a direita.

Até vale a pena descer por ela e seguir um curto trecho pelo leito do rio, mas tivemos que nos enfiar no meio dos tufos de capim elefante que estavam altos e muito fechado para reencontrar a trilha que vem do vale do ruah, o que nem é um problema para quem conhece o caminho. Porém pode ser um problemão se for a primeira vez que estiver fazendo a travessia da Serra fina (ainda mais se for ao contrário), não souber o caminho e nem tiver um gps. O Capim elefante nesse trecho é muito alto e cobre totalmente a trilha na maior parte dos trechos. É preciso ir abrindo caminho entre os tufos para conseguir enxergar a trilha. Por isso, independente de qual sentido esteja fazendo a travessia, muito cuidado nesse trecho, caso não conheça o caminho e estiver sem GPS. O trilha que vem do Ruah segue acompanhando o leito do rio, com a Pedra da Mina bem a frente.

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Descendo em direção ao vale do Ruah

40 minutos desde o topo da brecha (contando com o perdido que nos atrasou um pouco), paramos para coletar água em um trecho do rio. Peguei o suficiente apenas para passar a noite no topo da Pedra da Mina, pois sei que logo no começo do dia seguinte irei encontrar outro ponto de água. Como já tinha um pouco de agua comigo, enchi apenas uma garrafa PET de 1 litro e meio.
Depois de coletarmos água, atravessamos o bonito e inóspido vale do Ruah e logo chegamos a base da imponente Pedra da Mina. Passamos por mais uma area de acampamento para umas 10 barracas e resolvemos fazer uma breve parada para mastigar algo e molhar a goela, pois só de olhar o enorme paredão íngreme da Pedra da Mina, deu até tontura.....::mmm:

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Atravessando o vale do Ruah

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A imponente Pedra da Mina

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Subindo a pirambeira da Pedra da mina

As 15:30hs começamos a subir. A subida de ataque final ao cume é uma pirambeira daquelas e com alguns lances de escalaminhada e trepa-pedra, vou parando algumas vezes para retomar o fôlego. A subida é inteiramente por lajes de pedras e vou me orientando pelos totens e vestígios de trilha, evitando os trechos mais ingremes. O sentido é obvio, sempre pela crista em linha reta e leva-se mais ou menos 1 hora até o topo.

Enfim, após 7 horas de caminhada desde o topo dos 3 Estados, as 16:25h chego ao topo da Pedra da mina para o merecido descanço.. O topo estava lotado por ser um sábado a tarde de sol, o que já era previsível. Apesar do cansaço e o stress dos músculos das pernas por conta da subidão, já fui preparado para o caso de ter que continuar em frente e descer em direção as nascentes do Rio claro e acampar lá.

Mas por sorte, vi de longe 2 descampados vagos na cratera-base e um outro grupo subindo pela trilha do paiolinho. Então tratamos de correr afim de garantir nosso lugar, para a alegria do Leo por ser a 1ºvez dele....

Após montarmos as barracas, fomos contemplar o cume e o por-do-sol. A temperatura já havia diminuido bastante e por volta das 17:00hs o termômetro que deixei pendurado do lado de fora da barraca estava registrando 02ºC.....E as 19:00hs, enquanto estavamos preparando nossa janta, os termometros baixaram ainda mais e estavam marcando -01ºC. Uma fina camada de gelo começava a surgir em cima das barracas e a madrugada foi um verdadeiro freezer. Com o frio mais intenso que a noite anterior e o cansaço, nem fiquei muito tempo fora da barraca contemplando a noite estrelada e logo fui dormir.

Continua....

 

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3º Dia - Do topo da Pedra da Mina (2.798m) ao Alto do Capim amarelo (2.392m)

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No topo da Pedra da Mina, logo após o nascer do sol

Acordei pouco depois das 6:00hs para ver o nascer do sol e logo desci para preparar meu café. As 7:00hs já estava desmontando a barraca, mas só fui sair pouco depois das 9:00hs para dar tempo do Leo curtir o topo e tirar suas trocentas fotos de primeira vez. Mochila nas costas, começamos a descer em direção as nascentes da Pedra da mina. Durante a descida, somos brindados com uma visão de arrepiar de toda a cadeia de montanhas da parte oeste da Serra fina, o que rendeu vários clicks.

Vamos descendo com certa cautela nos trechos mais pirambeiros e em menos de 40 minutos chegamos ao acampamento na base, onde tivemos um pequeno perdido: Por estarmos fazendo no sentido contrário, a pespectiva de caminho é diferente, por isso eu me confundi no trecho dos descampados na base e levamos pelo menos uns 10 minutos para encontrar a continuação da trilha. Procura aqui, ali e acolá e nada.....E agora José? Falei para o Leo ligar o GPS do celular, mas quem disse que o bichin deu sinal?

O Leo começou a ficar apreensivo por não estar achando a continuação da trilha e eu resolvi tirar a cargueira para procurar melhor e com mais calma. Foi só me livrar do peso nas costas para achar a trilha instantes depois. Com a vegetação virada para quem vem no sentido tradicional, a continuação da trilha ficou meio escondida, pois haviam bifurcações bem abertas levando para outros descampados que acabaram ofuscando a trilha original. Coloquei alguns totens para indicar a direção correta para outros caminhantes que passarem por aqui no futuro fazendo a travessia ao contrário. A trilha certa segue pelo alto do pequeno morro, bem ao lado de algumas árvores. Só o farejo de trilha que salva nessas horas!

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Vista durante a descida com o Pico do Tartarugão em destaque

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Descidão pirambeiro

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Colocaram várias dessas placas novas em area de acampamento

Depois que reencontrarmos a trilha, descemos um pequeno trecho e as 10:40 chegamos ao ponto de água do Rio claro, onde abastecemos os cantis para os próximos 2 dias....Cruzamos o pequeno riachinho e começamos a subir um pequeno trecho de capim elefante com tufos bem altos. Chegamos ao trecho de chapadão, onde a trilha dá lugar a enormes costões rochosos. A partir desse trecho a navegação passa a ser feita somente através de vestígios de trilha, fitas e totens por algum tempo. Uma novidade é que colocaram várias placas em todos os descampados pelo caminho, identificando o ponto de acampamento e a capacidade do mesmo.

20 minutos desde o ponto de água, passo por uma bifurcação a esquerda que dá acesso a cachoeira vermelha. Deixamos as cargueiras na bifurcação e fomos lá ver a cachoeira mais de perto...sua água não é boa para consumo pois é rica em ferro, então não recomendo pegar água nesse ponto. Por isso, se estiver fazendo a travessia ao contrário, pegue toda a agua que precisar no Rio claro, o primeiro ponto logo que desce da Pedra da mina. Ali a água é corrente e de boa qualidade.

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Cachoeira vermelha

No vale das nascentes da Pedra da Mina há vários pontos de acampamento planos e protegidos por enormes tufos de capim elefante pelo caminho, que podem ser usados para o caso do topo da Pedra da mina estar lotado ou se quiser adiantar o percurso do dia seguinte. Elas são relativamente próximas umas das outras, mas somente nos descampados na base da Pedra da mina tem água perto.
O caminho pelo gigantesco vale em direção ao Melano vai alternando entre curtos sobe morro/desce morro, sem maiores dificuldades. A cada vale, passo por pequenos descampados. Mais 40 minutos desde o ponto de agua lá no Rio claro, iniciamos a subida em direção a crista do Melano.

O Relógio marcava pouco antes das 13:00hs e nesse ponto, terminamos a subida e voltamos a caminhar novamente por lajes de pedras e trechos de bambuzinhos, agora pelo alto da crista do Melano, com novos trechos de sobe morro/desce morro. Do alto, somos brindados com uma bela visão de todo o vale por onde passamos, com a imponente Pedra da Mina em destaque na paisagem. Também consigo ver até a cachoeira vermelha distante, no meio do vale....É um belo visual e vale a pena uma parada para contemplação dessa parte da travessia.

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Subindo em direção a crista do melano

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O gigantesco vale por onde passamos, com a imponente Pedra da Mina em destaque

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Cachoeira vermelha distante, vista do alto da crista - foto com zoom

A subida do Melano no sentido contrário é bem mais tranquila que no sentido tradicional. Há poucos trechos de escalaminhada que são curtas e logo se atinge o alto da crista. As 13:35h passamos por um descampado para umas 6 barracas do tipo Iglu na crista do Melano que se revela uma boa opção ao Capim amarelo, já que a crista do alto do Melano é mais alto e tem uma visual privilegiado do topo do capim de um lado e a Pedra da Mina do outro.

Nesse ponto, estamos mais ou menos na metade do caminho e a caminhada segue no plano. Mais 25 minutos desde o descampado lá atrás, chegamos ao topo do Melano e daqui já se tem a bela visão dos vales que separam o Melano do Alto do Capim amarelo, que parece estar bem próximo, mas ainda restava uma grande descida até lá.

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No alto do Melano se passa por trechos curtos de sobe morro/desce morro como esse

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Chegando ao topo do Melano

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A bela vista do Topo do Melano com o capim amarelo em destaque

Começamos a desescalaminhar a íngreme descida do Melano que é uma pirambeira daquelas. Vamos descendo com cautela e evitamos de olhar para frente. Ao lado da trilha existem alguns trechos são verdadeiros precipícios e que de tão altos, dão até medo. Quem está fazendo no sentido tradicional sobe de costas e geralmente nem vê o precipício. No começo da descida há algumas cordas para auxílio nos trechos mais complicados e que foram bem úteis. É preciso descer com bastante atenção, pois um escorregão ou pisada em falso representaria pelo menos um braço ou perna quebrados.

Após desescalaminhar o trecho inicial, a descida dá uma tregua e passamos a caminhar novamente pela fina crista com o Capim amarelo bem visivel a nossa frente o tempo todo. Pouco antes das 14:30h começamos a descer a segunda parte do paredão ingreme do Melano que se rebelou ser ainda mais pirambeira do que o trecho inicial e vamos perdendo altitude rapidamente. Passamos por 2 montanhistas fazendo a travessia no sentido tradicional vindo da toca do lobo pouco antes do final da descida e trocamos algumas ideias rapidamente. Eles estavam fazendo a travessia em 3 dias e iriam acampar no descampado no alto do Melano. Logo que a descida termina, passamos por uma bifurcação a esquerda que leva para uns descampados conhecido como "Dourado".

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Desescalaminhando o Melano

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Pirambeira dos infernos

No mesmo ponto (agora a direita) há outra bifurcação para um ponto de água extra onde havia uma plaquinha com um aviso: Área em recuperação. Ali na verdade é o acesso a um ponto de água que funciona quase o ano inteiro. É uma opção, mas em epoca de estiagem prolongada a nascente pode estar seca. Por isso não recomendo abastecer com menos água no Quartzito ou no Rio claro contando com esse ponto. As 15:10hs, chegamos ao enorme descampado conhecido como Maracanã que é o maior local de acampamento de toda a travessia (ali cabem pelo menos umas 12 barracas ou mais, por isso o nome Maracanã), onde fizemos uma rápida pausa para molhar a goela e mastigar umas barras de cereais antes de encarar o ultimo trecho e o subidão final de ataque ao cume do Capim amarelo.

30 minutos desde os enormes descampados do Maracanã lá atrás, chegamos finalmente a base do Capim amarelo. Passamos por mais alguns outros descampados no vale conhecido como "Avançado" e começamos a ganhar altitude. A subida de ataque final ao cume é de matar e com vários trechos de escalaminhada, vou parando para retomar o fôlego. Os músculos das pernas já estavam mais "para lá do que para cá", mas continuar era preciso. O Leonardo esboçava estar mais cansado do que eu e por isso acabou parando mais vezes durante a subida.

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Melano visto do Maracanã. E pensar que desescalaminhei aquele paredão

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Na base do Capim Amarelo

A Pirambeira parecia não ter fim e depois de uns 40 minutos de subida íngreme, o terreno começa a nivelar. Saímos da mata mais fechada de bambuzinhos e entramos no trecho de Capim elefante. O topo parecia estar tão próximo e as 16:30hs, com pouco mais de 40 minutos de subidão e quase 7 horas de caminhada desde o topo da Pedra da mina, finalmente chego ao cume do Capim amarelo para mais um merecido descanço.

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Enfim, no topo do Capim Amarelo

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Do topo do Capim é possivel ver todo o trecho percorrido no dia ou a percorrer se estiver fazendo a travessia no sentido tradicional

Não havia ninguém no cume e donos absolutos do lugar, pudemos escolher o melhor lugar para montarmos nossas barracas. Depois fomos deixar nossas contribuições do livro do cume e contemplar o último pôr-do-sol da travessia. A temperatura diminuiu bastante e por volta das 17:30 o termômetro marcava por volta dos 04ºC. Após a Janta, fiquei fazendo um pouco de hora para curtir o céu estrelado, o silêncio do cume sem ninguém e as cidades todas iluminadas lá do alto, que são um capitulo a parte. Qdo o sono começou a vir, voltei para a barraca, me enfiei dentro do saco de dormir e logo pego no sono.


Continua....

 

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4ºDia - Do topo do Capim amarelo (2.392m) a Rodoviaria de Passa Quatro (sem resgate)

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A Segunda-feira amanheceu com uma fina nevoa, o que me fez supor que não iria dar para ver o nascer do sol. Mas era só uma nuvem passando e logo abriu. Um tapetão de nuvens cobria o vale do paraíba e as cidades do sul de MG. Após ver o surgimento do astro-rei por detrás da crista do Melano, fui preparar meu último café da manhã. A novidade foi o topo todo coberto pelo branco da forte geada da madrugada, o que foi um atrativo a parte, pois não havia visto o Capim amarelo daquele jeito nas outras vezes que acampei lá....

Barraca desmontada e mochila nas costas, começamos a descida por volta das 9:00hs. Vamos descendo devagar a pirambeira ingreme e noto que em alguns pontos colocaram cordas em lugares onde antes não havia. Além das cordas, escadas também foram afixadas nos trechos mais pirambeiros. 20 minutos depois, passamos por um trecho conhecido como "cotovelo" e logo em seguida a descida começa para valer.

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Topo do Capim amanheceu coberto de branco da geada

Vou perdendo altitude rapidamente, e segurando forte na vegetação em volta para evitar despencar vale abaixo. Descer o capim sentido toca do lobo é uma experiência diferente, mas assim como a subida, é uma descida bem desgastante. As trocentas vistas do gigantesco vazio do vale do paraíba lá embaixo impressiona o tempo todo, mas não dá para se distrair.....

As 11:00hs, termino a descida mais pirambeira e saimos do trecho de capim elefante para um capim ralo. A partir desse ponto, a descida dá lugar a um trecho plano, seguido de uma leve subida, por uma fina crista com 2 vales ao lado. Mais 15 minutos e chego ao alto do morro do Quartzito, onde se tem uma bela vista do Capim amarelo bem a sua frente (no meu caso, atrás). Demos um tempo ali para o Leo tirar suas fotos do trecho da vista classica e eu aproveitei para molhar a goela seca com um gatorade geladão....

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Descida pirambeira

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Caminhando pela fina crista em direção ao alto do Quartzito

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Leo de costas registrando sua foto no trecho da vista classica do Capim amarelo e a fina crista

Nossa caminhada não iria terminar na Toca do Lobo e ainda iriamos caminhar os quase 14 km de estradinha de terra até a Rodovia. No alto do Quartzito passamos por alguns descampados planos e uma placa dizendo que ali é uma area de acampamento para até 4 barracas. Mas ela é totalmente exposto aos fortes ventos, por isso é arriscado acampar aqui. Vamos descendo o Quartzito com cuidado, já que nesse trecho a trilha se torna um verdadeiro pedregulho e com quase nenhum ponto de apoio, o risco de escorregar é bem alto. Por isso, muita atenção nesse trecho.

 Terminada a descida, chegamos ao ponto de água da base do Quartzito. Aqui há uma bifurcação a esquerda (direita para quem está subindo) que leva até o precioso líquido. É uma opção, caso chegue aqui sem água. Como ainda tinhamos água sobrando, optamos por continuar em frente até a Toca do Lobo. As 11:48hs e pouco mais de 2 horas e meia de caminhada desde o topo do Capim amarelo, passamos por um outro descampado plano, esse para umas 3 barracas, mas protegido dos ventos. Diferente da outra, essa sim, é uma boa opção de pernoite para o caso de você quiser adiantar o percurso do primeiro dia no sentido tradicional ou se caso vier direto da Pedra da Mina fazendo a travessia no sentido contrário e estiver chegando aqui de noite.

Após o descampado, passamos por mais um trecho de fina crista, trecho conhecido como "Alto do cruzeiro". A partir daí tem mais um trecho de descida e logo mergulhamos na mata fechada. A vegetação muda, com os campos de altitude dando lugar a mata atlântica e após mais um curto trecho na mata fechada, finalmente chegamos a Toca do Lobo as 12:05, com quase 3 horas cravadas de descida intensa, desde o topo do Capim amarelo.

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Chegando ao trecho conhecido como Cruzeiro

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Enfim, na Toca do Lobo

Demos um tempo ali para descançar e forrar o estômago. Descançados e saciados, partimos para o trechinho final de trilha em direção a fazenda Santa Amélia, onde chegamos por volta das 13:00hs. A travessia havia acabado, mas não a caminhada, pois ainda restava o trecho de quase 14 km até a Rodovia. Como estavamos apenas em 2, contratar um resgate está fora de cogitação. Por isso fizemos nosso planejamento de tempo de caminhada de cada dia incluindo no último dia, de 5 a 6 horas de caminhada.

Após os clicks para registrar nossa chegada, comemoramos o sucesso da empreitada. A partir desse ponto começamos a tediosa caminhada pela estradinha de terra em direção a Rodovia. O relógio marcava 13:20hs e pelo roteiro, precisaríamos chegar à rodoviaria de Passa Quatro até as 16:00hs a tempo de pegar o último ônibus das 16:50hs para São Paulo. Porém, chegamos bem antes do tempo estimado, pois qdo estavamos chegando na metade do caminho, passou um caminhão e o motorista parou para nos oferecer carona, o que aceitamos na hora, é claro. O motorista nos deixou bem próximo da rodoviaria. Mas quem disse que o perrengue acabou?

Ao chegar no guichê da Cometa em Passa Quatro, descobrimos que não havia mais vaga no ultimo ônibus direto para São Paulo. Então, pegamos um onibus para Cruzeiro, depois outro para Guaratinguetá e por fim outro direto para São Paulo, onde fomos chegar pouco antes das 22:00hs, cansados, mas felizes.

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DICAS E INFORMAÇÕES ÚTEIS:

-> Um dos maiores perrengues dessa travessia é a escassez de água, independente do sentido que estiver fazendo a travessia. Entre um ponto e outro, é sempre bom levar um pouco mais de água além do necessário. Mas sem exagerar, para não extrapolar muito no peso da cargueira, é claro. O Ideal é levar uns 3 a 4 litros de um ponto de água a outro, com excessão dos trechos entre o final do segundo dia e o inicio do terceiro, onde por conta da proximidade entre os pontos de água, dá para subir e descer do cume da pedra da mina bem mais leve. Portando, não é preciso sair lá de baixo carregado, como no inicio do primeiro e terceiro dia.

-> Se for fazer a travessia ao contrário, considere levar pelo menos 1 litro de agua extra além do que levaria na travessia no sentido tradicional. A subida dos 3 Estados é bem mais longa e leva-se pelo menos umas 7 a 9 horas em um ritmo relativamente forte e poucas paradas. Por ser mais longa e demorada, o desgaste e o consumo de energia e água acabam sendo maiores, obviamente. Eu subi com 4 litros de água + 1 de gatorade que foram mais do que suficientes para mim nos 2 primeiros dias. No sentido tradicional subi com 1 litro a menos. Atente-se a esses detalhes.

--> Isotônicos em pastilha, do tipo "Suum" são uma boa pedida. Assim, dá para levar mais de 5 litros de "gatorade" em apenas um tubinho. Cada pastilha rende 500 ml e cada tubinho vem 10 pastilhas em média. São ótimos para repor os sais mineirais, sem precisar carregar 5 litros a mais nas costas. Pode-se usar parte da água para dissolver as pastilhas em garrafinhas de 500 ml daqueles de gatorade mesmo, transformando 500ml de água em 500ml de "gatorade" em poucos minutos. Me deu muito pique, evitou cãibras e também de chegar exausto no final de cada dia.

--> Não recomendo fazer essa travessia sem o uso de luvas de jeito algum, ainda mais no sentido contrário. As luvas são um item quase que obrigatório, pois evitam os cortes nos dedos provocados pelo Capim elefante, principalmente nos trechos de subida e descida. Esse tipo de capim corta com muita facilidade e o uso de luvas além de proteger dos cortes, se torna um grande facilitador, pois com as luvas, você poderá usar o capim como apoio nas subidas e descidas, diminuindo a carga nas pernas e joelhos.

--> Faça o possível para levar o isolante e a barraca dentro da mochila. Ou então, embale-os bem, com uma toalha ou algo que os deixe bem protegidos, evitando deixa-los na horizontal do lado de fora da barraca. Caso contrário, os bambuzinhos irão acabar com eles.

--> A trilha durante toda a travessia está bem demarcada, com excessão de alguns trechos de capim elefante. Nos trechos de lajes de pedras no alto das cristas, a trilha dá lugar a enormes e extensos costões rochosos, onde a navegação passa a ser através de totens e pequenas fitas amarelas, brancas ou vermelhas amarradas nos galhos das árvores. A navegação para quem não tem experiência em orientação por totens e vestígios de trilha, fica bem complicada até mesmo com o uso de gps, imagina sem....Portanto, muita atenção nos trechos de lajes de pedra e aprenda a se guiar sem o uso de gps, que pode falhar na hora H e te deixar numa fria.

--> Sinal de celular pega sem problemas no alto dos picos e na crista, principalmente da VIVO.

--> Boné é indispensável para evitar o sol forte...

--> A travessia da Serra fina não é uma travessia qualquer e é preciso estar muito bem preparado fisicamente e psicologicamente para vencer os desafios por ela impostos durante os 4 dias. Subidas e descidas pirambeiras e longas com alto grau de declive e aclive acumulados podem gerar lesões em pessoas que não estejam com um bom preparo físico. E por ser 4 dias e com escassez de água, a mochila fica muito pesada mesmo. Não há como escapar disso.

-> A travessia feita no sentido contrário é mais puxada que no sentido tradicional. Mas tem a vantagem de conseguir vaga nas areas de acampamento com facilidade sem precisar correr para chegar antes. Alguns poucos grupos optam pela travessia ao contrário (principalmente em feriados prolongados) justamente para não ter que se preocupar em não encontrar vaga nos cumes, pois a esmagadora maioria faz no sentido tradicional.

--> A melhor época para se fazer a travessia é no periodo seco, ou seja, de Maio a Setembro. Mesmo assim, vá somente com a certeza de tempo firme nos 4 dias e adie em caso de previsão de mau tempo. Não adianta arriscar achando que a previsão vai errar, pois a probabilidade dela acertar é maior do que de errar. A montanha não vai fugir de lá e é melhor adiar e ir com a certeza maior de tempo firme nos 4 dias do que contar com a sorte e pegar tempo fechado, sem visibilidade alguma e correndo risco de pegar chuva e ventos fortes.

--> Muita atenção nos trechos de capim elefante, pois as folhagens dela cobrem quase que totalmente a trilha, deixando-a meio que "invisível". Por isso é preciso ir abrindo caminho entre os tufos afim de visualizar a trilha, escondida pelas folhagens do capim. Tendo um bom farejo de trilha, é possível encontrar o caminho mesmo sem gps ou tracklog, itens que devem ser utilizados para auxilio somente em caso de dúvidas qto ao caminho. As bifurcações em meio do capim podem confundir e se você não souber distinguir a trilha bem marcada daquelas bifurcações em meio aos tufos, se perderá com facilidade...

--> Leve saquinhos reserva, inclusive para poder trazer o seu lixo de volta.

-> Se for fazer a travessia no sentido contrário, uma boa opção é pernoitar em Itamonte e de lá pegar resgate, taxi ou UBER (dependendo do numero de pessoas do grupo) até o sitio do Pierre.

--> Na cidade de Passa Quatro, uma das melhores opções de hospedagem é o Hotel Serra Azul:

--> Logo abaixo seguem alguns contatos que fornecem transporte para a Toca do Lobo ou para pegar no final da travessia, sendo possível também combinar no sentido contrário. Ligue e se informe antes

(Contatos fornecidos pela Vivi Mar)

- Taxista Marquinhos: (35) 9113-1214 (Itamonte) - Um dos + baratos;
- Celso: (35) 3371-1291 - Recados no Hotel Serra Azul (Passa Quatro);
- Edson da Toyota: (35) 9963-4108 ou (35) 3371-1660 (Passa Quatro);
- Sr. Caetano: (35) 3771-1510 (Passa Quatro);
- Sr.Samuel: (35) 9113-1700 (Itamonte);
- Eliana da 4P4 Ecoturismo: (35) 3371-4263, 3371-3937, 3371-2268 (Passa Quatro);
- Taxistas Schmidt e Boni: (35) 3371-2013 e (35) 9962-4025 (Passa Quatro).
- Carlinhos: (35) 9109-1185
- Zezinho: (35) 9113-0745
- Maú: (35) 9216-4793 ou faz a travessia alpina.de asfalto a asfalto.
- Joaquim Siqueira 35 3371 2410, 35 9113 7643 ou jjssiqueira@bol.com.br
- Hotel Serra Azul em Passa Quatro que cobra barato pernoite de mochileiros contato Steffi Sikorski (35) 3371.1291 hotelserraazul@hotelserraazul.com.br .

--> Por ser uma travessia clássica, existem dezenas de tracklogs dela disponíveis na internet. Aqui vai um link direto:

http://pt.wikiloc.com/wikiloc/find.do?q=travessia+serra+fina
 

-> 3 anos atrás (em Junho de 2014) fiz a travessia no sentido tradicional e escrevi um relato detalhado de como foi minha experiência pessoal, segue o link abaixo:

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