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Doenças podem desembarcar com você


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Doenças podem desembarcar com você

Publicado em 15.04.2010

Jornal do Commercio

 

 

Um estudo comandado pela pesquisadora suíça Patrícia Schlagenhauf, do Centro de Medicina de Viagem da Universidade de Zurique, foi publicado, recentemente, na revista Clinical Infectious Diseases. O estudo diagnosticou as doenças mais comuns aos viajantes a partir de dados de 58.908 pessoas, compilados ao longo de dez anos, em centros de vigilância de 16 países. O trabalho mostrou as diferenças entre homens e mulheres quando o assunto são problemas de saúde que podem ser contraídos em viagens.

Todos os entrevistados cruzaram pelo menos uma fronteira entre 1997 e 2007 e ficaram doentes. Com idade média de 34,4 anos, 64,2% das mulheres viajaram por turismo e 20,9%, a trabalho. Os homens tinham em média 35,9 anos e mais de 59% estavam em passeios de lazer. Outros 28% estavam em compromissos profissionais. Entre os entrevistados, o destino preferido foi a Ásia, seguido pelos países africanos e os latino-americanos.

 

Sobre as doenças mais recorrentes, a pesquisa revelou que, em viajantes do sexo feminino, o topo do ranking ficou entre a diarreia aguda (2 a 10 dias), a diarreia crônica (mais de quatro semanas) a síndrome do cólon irritável (distúrbio intestinal que causa desconforto abdominal, dor, diarreia e prisão de ventre), a infecção urinária, o estresse psicológico, os problemas de saúde bucal e as reações adversas a medicamentos.

 

Já os homens foram mais afetados por doenças febris – incluindo as transmitidas por mosquitos e outros vetores (como dengue, febre amarela e malária) –, hepatite A, hepatites virais crônicas e doenças sexualmente transmissíveis (DST). “O tamanho desse estudo é fantástico, por isso é tão importante. Além disso, a análise a partir do gênero facilita e faz com que os profissionais de saúde priorizem as orientações para seus pacientes, tornando-as mais eficazes”, disse a vice-presidente da Sociedade Paulista de Infectologia, Rosana Richtmann.

 

Richtmann explica que os resultados fazem todo sentido. Como exemplo, ela cita o fato de as mulheres, durante viagens, prenderem mais a urina com receio de ir a banheiros públicos ou de perder tempo, o que favorece a infecção urinária. “Nos homens, o fator DST é muito importante, pois pode alertar os médicos a necessidade de vaciná-los contra hepatite A e B”, repercute.

 

Para o infectologista Tomás Albuquerque, é fundamental que o viajante se preocupe em pedir orientações de um profissional de saúde especialmente em relação a regiões com histórico de doenças endêmicas. “As vacinas são fundamentais e durante viagens é preciso estar atento aos locais onde farão alimentação, além de ter cuidado na exposição ao meio ambiente para evitar doenças transmitidas por vetores da natureza”, lembra. A pesquisa revelou que 68,2% das mulheres foram ao médico antes de viajar contra 62,7% homens.

 

E foi uma doença que atrapalhou um pouco a viagem dos amigos Ana Beatriz Genes, 19 anos, e Iaron Sinis, 23, para Israel em janeiro deste ano. Por causa das mudanças climáticas, ambos tiveram febre e indisposição. “Foi muito ruim, pois estávamos numa excursão, tínhamos passeios para fazer e eu senti muita dor na garganta. Até cheguei a ir ao médico antes de viajar, mas, mesmo assim, fiquei dois dias de molho”, conta Beatriz.

 

O problema de Iaron foi ainda mais sério. Com febre de 38 graus ele passou dois dias isolado em um quarto no hotel onde estava o grupo e foi levado a um hospital público de Israel. “Os médicos me deram remédio e concluíram que era uma virose”, disse. Ele conta que antes da viagem teve que fazer uma triagem médica, devido ao programa pelo qual viajei. “Mas há coisas que não dá para controlar numa viagem.”

 

ORIENTAÇÃO

 

No Hospital das Clínicas, no Recife, funciona o Núcleo de Ensino, Pesquisa e Assistência em Infectologia (Nepai). O serviço oferece aconselhamento sobre riscos de contrair doenças em viagens. Embora não haja atendimento ambulatorial, os futuros viajantes podem tirar suas dúvidas através do e-mail nepaihc@yahoo.com.br ou pelo telefone 2126 3853.

 

É importante incluir no e-mail seus dados pessoais e dizer o destino da viagem. “Fazemos uma triagem de todas as dúvida e, caso haja uma necessidade significativa, marcamos uma orientação presencial”, explica o coordenador interino do núcleo, Bruno Galvão. (M.A.)

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