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09/01/2006 - Huaraz

Cheguei em Huaraz cedíssimo pela manhã, ainda não eram nem 7h. Hospedei-me no Hotel Churup, que recomendo. Bom e barato. Esqueci de contar, mas já em Lima comprei minha passagem aérea para Cusco para o dia 15/01 às 9h, então meus dias em Huaraz eram contados e eu tinha que otimizá-los ao máximo! A vista da cordilheira de alguns pontos da cidade é animal e foi amor à primeira vista! Eu sabia que quantos dias eu tivesse aqui, ainda não seriam suficientes! Assim, fechei logo a trilha Llanganuco - Santa Cruz para o dia seguinte e o Chavin de Huantar para o mesmo dia. Estava muito cansado, mas não podia me dar ao luxo de ficar de bobeira descansando na cidade, então às 9h já estava saindo para o passeio do dia. As ruínas de Chavin são relativamente longe de Huaraz, então se passa uma quantia considerável de tempo dentro do ônibus, o que não era nada legal para quem havia dormido em um. No caminho, há uma parada para observar um pequeno lago e as montanhas e outra para o almoço antes das ruínas propriamente ditas, que realmente valem a pena. A cultura Chavin floresceu uns 2000 anos antes dos incas e é impressionante o desenvolvimento deles na área de engenharia. Os túneis subterrâneos que eles construíram são simplesmente fantásticos. Retornei a Huaraz com muita cãibra nas pernas, mas acho que tomei a decisão correta e fui dormir cedo.

 

10/01/2006 - Trekking Llanganuco-Sta Cruz

Havia conseguido fechar a trilha por 70 dólares e coloquei na negociação um passeio grátis no dia seguinte ao retorno à Huaraz, um bom negócio! O começo do passeio é o transporte em ônibus público até depois das lagunas Llanganuco, de onde se começa a caminhar. O primeiro dia é moleza, sem problemas se você já estiver aclimatado. O meu medo era com relação ao clima, pois todos me haviam dito que essa seria a época de chuvas, mas nesse primeiro dia choveu apenas de leve e muito rapidamente. À noite, um friozinho razoável mas nada de outro mundo.

 

11/01/2006 - Trekking Llanganuco-Sta Cruz

O segundo dia da trilha é o mais difícil, pois boa parte é em subida até se chegar ao ponto conhecido como Punta Unión, a 4750m.s.n.m., mas eu já estava totalmente aclimatado ao ar rarefeito após ter enfrentado o El Misti e em boa forma física, depois de tantas caminhadas, assim não tive muito problema. O guia era super gente boa e o grupo também era legal, 2 irlandesas e uma americana super gente fina que ficou minha amigona. Ela foi a que sofreu mais, pois não havia ainda se aclimatado bem à altitude e não estava na melhor das formas físicas, mas depois que se chega a Punta Unión, é tranqüilo. A vista de lá de cima, aliás, é espetacular! No acampamento, um frio descomunal! Todos foram dormir cedo porque simplesmente ninguém agüentava muito tempo fora das barracas. Quanto ao clima, até chegarmos a Punta Unión, dia fechado, muitas nuvens, impossível de ver o céu. De P.U. para lá, dia claro e céu azul. Nada de chuvas.

 

12/01/2006 - Trekking Llanganuco-Sta Cruz

Terceiro dia, céu limpo e lindo e caminhada fácil. Praticamente tudo plano, nada de subidas ou descidas. Ainda assim, a americana passou mal quando chegamos ao acampamento, acho que insolação, mas nada de grave, apenas precisou de descanso. O acampamento, aliás, foi o melhor da trilha, ao lado de um rio super caudaloso e lindo, o som das corredeiras era realmente muito bom para se dormir. Para coroar o dia, ao chegarmos lá o guia e o dono da mula que levava as barracas pescaram umas trutas, fresquíssimas, e o jantar foi saborosíssimo. Na viagem, ainda viria a comer trutas boas, mas como as desse dia, nenhuma chegou sequer perto!

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13/01/2006 - Trekking Llanganuco-Sta Cruz/Huaraz

O quarto dia é bastante curto enquanto trilha. O caminho é fácil mas é chatinho, com muita descida e machuca um pouco o joelho. Caminha-se pouco e logo se chega ao lugar onde se pega o ônibus de volta a Huaraz. Do caminho, acho que o mais interessante foi ver in loco o famoso cacto alucinógeno San Pedro, de onde se extrai mescalina, e que era utilizado em rituais xamanísticos pelos incas, e ainda hoje o é por muita gente, parecido com a ayahuasca amazônica.

 

14/01/2006 - Huaraz/Lima

Já em Huaraz, acordei cedo para aproveitar o dia e pegar o passeio a que teria direito. Acontece que dos passeios "clássicos" (Pastoruri, Chavin, Llanganuco e Punta Olímpia) um estava fechado até o mês de abril, o outro já havia feito, o terceiro era justamente de onde havia saído a trilha e o quarto não tinha grupo para aquele dia. Assim, fui fazer o Lago Churup, que custa mais caro, e paguei apenas a diferença. Esse passeio tem um grau de dificuldade um pouco maior, pois são 3 horas de trilha ladeira acima todo o tempo e um pequeno trecho de escala em rocha. O dia ameaçava chover, mas por sorte a chuva só nos alcançou quando já havíamos descido do alto da montanha onde está o lago (que é lindo, a propósito). Sorte mesmo, pois apesar de a escalada ser fácil, molhada se torna um pouco escorregadia e perigosa. Agora era caminhar 3 horas ladeira abaixo e na chuva. Cheguei ensopado a Huaraz e com o joelho bastante dolorido, mas quem disse que me arrependo? À noite, 22h, ônibus rumo a Lima.

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15/01/2006 - Lima/Cusco

Cheguei em Lima por volta das 4h da manhã e segui direto ao aeroporto, onde fiquei entediado e com sono por longas horas. Por volta das 7h da manhã, não achava nos painéis de informação o meu vôo e o balcão da TansPeru continuava fechado. Comecei a achar estranho e fui ao guichê de informações do aeroporto, onde me informaram que a companhia tinha cancelado todos os vôos para aquele dia. Me mandaram procurar o escritório deles, onde me devolveram o dinheiro, e consegui comprar ainda para o mesmo dia e horário uma passagem com a AeroSur. O vôo seria às 9h, mas o tempo em Cusco estava muito chuvoso e por isso houve um atraso. Decolamos mesmo apenas às 11h. Cheguei em Cusco exausto e me hospedei no Hostal Félix, bem localizado mas muito ruinzinho, com um aspecto meio sujo. Fiquei por lá mesmo e dormi a tarde praticamente toda. Quando acordei de tardezinha, dei umas voltas pelo centro histórico, mas nada demais. À noite, fui checar a agitação no Mama América e Mama África.

 

16/01/2006 - Cusco

Primeira coisa que fiz pela manhã foi procurar outro hotel. Acabei parando no Royal Qosqo, perto do Félix e mesmo preço, mas incomparavelmente melhor. Fui em seguida procurar uma agência para fazer a trilha inca. Fechei pela Choquequirao por 155 dólares para o dia 20/01 e inclui na negociação o City Tour e Valle Sagrado. Fechei com eles também um rafting para depois da trilha, sem data fechada. À tarde, já fui fazer o city tour, que inclui visitas ao Qorikancha e às ruínas de Saqsaywaman, Q´enqo, Tambomachay e Pukapukara. Uma pena que em Saqsaywaman estava chovendo muito forte e atrapalhou um pouco o passeio, mas faz parte. No grupo do city tour, conheci os argentinos Augusto e Celina e os uruguaios Ezequiel e Ximena, com quem também faria o Valle Sagrado e a própria Trilha Inca. E à noite, mais farra até alta madrugada! Conheci uma galera brasileira e colei com eles na noite.

 

17/01/2006 - Cusco/Valle Sagrado/Cusco

Cusco é isso aí: dormir tarde e acordar cedo, e assim foi. Segui para o passeio do Valle Sagrado, que inclui uma feira e as ruínas de Pisaq, de Ollantaytambo e a igreja de Chincero, com parada para almoço em Urubamba. São realmente muito interessantes e o dia chuvoso não conseguiu estragar. Aliás, apesar dos contratempos, a chuva acabou dando um presente extra: um maravilhoso arco-íris em Ollantaytambo (vide fotos). À noite, mais farra com os brasileiros!

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18/01/2006 - Cusco

A cidade é muito gostosa e tem uma atmosfera muito boa. Tirei esse dia para descansar um pouco e curtir a tarde finalmente ensolarada na Plaza de Armas, que sempre que faz sol está lotada de gente e é um lugar realmente muito agradável. Adivinhem o que eu fiz à noite? Hehehe Já ia esquecendo de contar: Cusco tem muitos bares/discoteca com entrada grátis, mas pra ficar ainda melhor o que já é bom, na tentativa de atrair a galera pro bar, eles oferecem um drinque grátis. O lance é ficar passando de bar em bar e tomando os "free drink" e depois escolher o que você achou melhor e ficar (geralmente, encerrava a noite no Mama África).

 

19/01/2006 - Cusco

Véspera da trilha Inca! Dormi até mais tarde e aproveitei para visitar os museus incluídos no Boleto Turístico, necessário para visitar as ruínas ao redor de Cusco e do vale sagrado. Não achei grande coisa, mas como já estavam incluídos mesmo, acho que valeu. Essa noite não teve farra, já que queria estar em forma para o dia seguinte.

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20/01/2006 - Trilha Inca

Finalmente, chegou o grande dia! Além dos casais argentino e uruguaio que já mencionei, meu grupo contava comigo e um outro casal - uma argentina chamada Laura e um francês chamado Max. O primeiro dia é bem tranqüilo. Por volta das 8h vêm te buscar no hotel, de ônibus segue-se até a Ollantaytambo, onde há uma parada rápida para a agência comprar comidas e afins para a trilha e depois se segue até o Km 88 para o almoço e depois começa a trilha propriamente dita. A caminhada nesse dia é relativamente curta e simples. Passa-se por algumas pequenas ruínas incas, mas nada realmente demais. O dia estava meio nublado, ameaçando chover, mas por sorte só ameaçou. Ao chegar próximo ao acampamento, começou a abrir mais e já se podiam ver os picos nevados de algumas montanhas. O pôr-do-sol foi bem interessante.

 

21/01/2006 - Trilha Inca

O temido segundo dia! Confesso que de tanto ouvir falar, estava com um pouco de medo do segundo dia, apesar de que já estava completamente aclimatado à altitude e em forma (depois de mais de um mês viajando quase sempre acima dos 2000m.s.n.m. e ter escalado um vulcão de mais de 5800m.s.n.m., não era pra menos né?). Mas com a ajuda de um pouco de folhas de coca para mascar com bicarbonato, não senti nada. Nenhum cansaço, nenhuma dificuldade. Aliás, foi até bom e interessante isso, porque eu estava caminhando bastante rápido até, daí alcançava sempre algum grupo, puxava assunto e ia papeando com as pessoas que invariavelmente após um tempo pediam diziam que iam parar e descansar um pouco. Como eu estava bem, apertava o passo e seguia em frente, alcançando outro grupo e repetindo o processo. Resultado: conheci quase todo mundo que estava fazendo a trilha no dia! hehehehe A boa forma ajudou a fazer amizades. [:D] O problema do segundo dia é que ele é praticamente todo ladeira acima, chega-se a Warmiwañusca, o ponto mais alto, e se desce a ladeira até o acampamento. Para mim, descer acabou sendo pior que subir, pois senti o joelho um pouco ao chegar no acampamento. Quanto ao clima, choveu um pouquinho mas foi rápido. Minha sorte com o clima continuava! [:D]

 

22/01/2006 - Trilha Inca

Chovera bastante durante a noite do segundo dia e as barracas do grupo que fora com a agência Incas Golden arrebentaram e eles estavam com TODAS as roupas e pertences encharcados. O terceiro dia amanheceu chovendo também e choveu durante quase toda a manhã, mas nenhuma tempestade também e logo no início da tarde já parou e não choveu mais. O terceiro dia é o mais legal! Há várias ruínas incas no caminho e são ruínas bastante grandes e interessantes, que valem a pena ser visitadas. Digo isso porque duas delas são "opcionais", Inti Punku e Wiñaywayna. A primeira está numa bifurcação já no fim da caminhada. Seguindo a direita vai-se ao acampamento e à esquerda a essa ruína e muita gente com preguiça não a visita. De todos que fizeram a trilha na mesma data que eu, apenas o nosso grupo foi visitá-la e acho que valeu sim a pena. Já a segunda está do lado do acampamento. Essa muitos visitam, mas alguns não e é simplesmente a melhor das ruínas da trilha. A atmosfera no acampamento desse dia é bem legal, porque Machu Picchu está já a apenas 2h de caminhada e todos já se sentem quase lá!

 

23/01/2006 - Trilha Inca/Machu Picchu/Cusco

Eis o grande dia! Às 4h da manhã levantamos, tomamos café e começaríamos a caminhar rumo a Machu Picchu. Mas... bom acontece que o guia chegou e nos disse que a nossa permissão de acampamento não era lá, mas sim em Phuypatamarca, onde havíamos almoçado, umas 2h de caminhada antes. Ele nos trouxera para Wiñaywayna mesmo assim porque seria melhor, mas teríamos que esperar até às 6h para que no posto de controle não desconfiassem. Ficamos meio putos, porque ninguém nos tinha avisado de nada e era meio frustrante ver todos saindo e nós tendo que esperar. Quando enfim deu 6h, saí feito um louco e o trajeto que em média se faz em duas horas, fiz em 45 minutos! (vejam como estou suado nas primeiras fotos!). O casal argentino fez em 1h15 e o argentina-francês em 1h35. O uruguaio havia acordado sentindo-se mal, vomitando e tudo e ficamos bom tempo esperando por eles e o guia. Mas enfim, estava meio estressado com tudo mas sabia que não devia deixar aquilo estragar afinal, eu estava em Machu Picchu, lugar que eu sempre quis conhecer desde que tinha uns 11 anos pelo menos. As ruínas são indescritíveis, é preciso ir lá e ver, não tem como. Depois do tour com o guia, eu, Max e Augusto decidimos subir ao Wayna Picchu, a montanha que fica por trás das ruínas. Eu estava exausto, subi muito mais na força de vontade do que pelas pernas. É bastante íngreme, mas tem umas cordas para ajudar a subir. Precisa dizer que a visão lá de cima compensa? Acho que não. Ao descer depois, comecei a sentir-me muito mal. Achei que era só cansaço, mas no caminho a Aguascalientes comecei a enjoar. Já lá, tive diarréia muito forte e uma sensação de exaustão, um pouco de febre e tudo mais. No trem de volta a Ollantaytambo consegui dormir um pouco e me senti um pouco melhor, mas no ônibus Ollanta-Cusco eu vomitei algumas vezes. Cheguei a Cusco bastante debilitado, fui direto ao hotel dormir e tive diarréias fortíssimas durante toda a noite. Estava mal, mas não deixava de pensar "Ainda bem que só senti tudo depois de ver tudo o que tinha para ver nas ruínas e em Wayna Picchu".

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24/01/2006 - Cusco

Acordei me sentindo melhor, apesar de ainda estar com diarréia. Após o almoço, voltei a sentir um pouco de febre e decidi ir ao hospital, afinal eu tinha feito seguro-viagem mesmo e assim poderia ficar tranqüilo de que não se tratava de nada mais sério. Bom, após um longo chá de cadeira no hospital indicado pelo seguro, esperando a recepcionista voltar não sei de onde para me atender e encaminhar à médica, fiz exame de sangue que constatou que eu estava com Febre Tifóide! Algo que comi ou bebi estava contaminado com Salmonella typhi. Tratamento: 16 dias de antibiótico forte, paracetamol no primeiro dia para baixar a febre e soro fisiológico para me re-hidratar. Não fiz mais ao longo do dia além de descansar e dormir cedo. O mais triste de tudo era pensar que não poderia mais tomar os free drinks de Cusco, já que estava sob antibiótico! [:(]

 

25/01/2006 - Cusco

Acordei já bem melhor, apenas após o almoço vomitei um pouco mas esse foi o último sintoma adverso que tive da doença. Dei uma pequena caminhada pela Avenida El Sol até a Estátua de Pachacuteq, incluída no boleto turístico e que eu ainda não visitara. Fui na agência onde tinha contratado o rafting dizer que não teria mais como fazer e consegui trocá-lo pela passagem no ônibus turístico para Puno. Durante a tarde, apenas relaxei pela Plaza de Armas, onde conheci rapidamente o Schwertner daqui do mochileiros (embora na hora eu não soubesse que era ele e nem ele que era eu heheheh) e um paulista (na verdade ele é de Mato Grosso, mas mora em SP) gente finíssima chamado Jolbert, com quem fiz amizade nessa reta final em Cusco. À noite ainda tentei ir na balada, mas estava ainda meio fraco e desisti.

 

26/01/2006 - Cusco

Estar doente em um lugar como Cusco é uma pena, mas não é tão ruim também. A Plaza de Armas é realmente um lugar muito gostoso para se ficar e todos os bares/discotecas durante o dia ficam passando filmes último lançamento que muitas vezes ainda nem chegaram aos cinemas peruanos. Então, passava os dias tirando meu atraso cinematográfico e conversando com os amigos... Ah, também reencontrei muita gente que havia conhecido em outros lugares durante a viagem, um inglês que conheci em Quito, a americana que fizera a trilha comigo em Huaraz... E hoje já teve balada! [:D] Pena que sem álcool! [:(]

 

27/01/2006 - Cusco

Último dia, mais conversas com os amigos e filmes durante a tarde. Mas pra quem acha que eu estava entediado, nem perto disso! Era meu último dia em Cusco, totalizando tudo (se contar a trilha inca) estava já há duas semanas! Mas ficaria ainda outras duas se pudesse. Deixaria a cidade no dia seguinte com o coração partido...

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28/01/2006 - Cusco/Puno

Hora de partir rumo a novo destino. Tomei o tal do ônibus turístico, que pára em alguns lugares no caminho entre Cusco e Puno por volta das 8h da manhã. Na boa: acho que o custo X benefício não vale. São 4 paradas: uma igrejinha que tem o teto com umas pinturas (exageradamente propagada pela brochura como a Capela Sistina das Américas), as ruínas do templo de Wiracocha, o limite entre os departamentos de Cusco e Puno, numa região montanhosa, e um pequeno museu arqueológico, além de um almoço incluído. Com exceção do limite entre os departamentos, em todos os outros é necessário pagar a entrada extra. E na boa: o mais legalzinho são as ruínas do templo (mas nada imperdível) e o limite departamental (não sei vocês, mas acho interessante bater foto em frente a essas plaquinhas tipo "Bem vindo a X"). Se fosse mais barato (custa cerca de 25 dólares, não incluso as entradas nos locais), talvez até valesse a pena, mas pelo preço que é, acho que não. Chega-se a Puno no finalzinho da tarde. Encontrei um hotel onde me alojar, reservei o passeio para as Islas Flotantes e Isla Taquile para o dia seguinte e o ônibus para Copacabana no dia posterior e fiquei sabendo que o candidato presidencial peruano OIlanta Humala, então em primeiro lugar nas pesquisas e apoiado por Hugo Chávez (Venezuela) e Evo Morales (recém eleito na Bolívia), estava dando um comício na Plaza de Armas da cidade. Como estudo Ciência Política e me interesso pelo tema América Latina, fui conferir. Cheguei já no finalzinho, mas valeu pelo registro do momento, com a praça lotada e muita gente empolgada. Ainda deu pra tirar uma foto do próprio candidato de pertinho, sendo carregado nos ombros da multidão. Vai que ele ganha em Abril? Essa foto poderá valer milhões! [:D]

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29/01/2006 - Puno

Cedo pela manhã passaram no hotel para me buscar e levar até o cais da cidade, de onde partiria no barco para conhecer as Islas Flotantes de los Uros e a Isla Taquile. As primeiras consistem em ilhas artificiais construídas a partir da Totora, um tipo de arbusto muito comum pelo Peru e Bolívia e que cresce abundantemente no lago Titicaca. Além das ilhas, também as casas e barcos do povo de Uros são feitas com a mesma Totora, que também serve de comida (não tem gosto de nada, mas dizem que é bem nutritiva e previne artrites). Visitamos duas ilhas, onde os nativos vendem artesanatos diversos, incluindo alguns barquinhos em miniatura feitos com a tal planta, um souvenir bem interessante na minha opinião. Depois, seguimos para a Isla Taquile, essa sim uma ilha "de verdade", natural e firme no lago. O barco que faz o traslado é hiper lento. Explicou-me o guia que nem todo motor se adapta bem à região. Por causa do pouco oxigênio no ar, a maioria dos motores não têm bom rendimento e esse, apesar de lento, é um dos de melhor desempenho. Já chegando à ilha, temos que escutar as piadinhas infames do tipo "Pessoal, é ilha Taquile, não é Tequila" (o que me fez recordar Cusco e "o nome da ruína é Saqsaywaman, não é Sexy Woman"). Um pequena caminhada contornando a ilha até chegar na praça central do vilarejo, onde há mais artesanato à venda e um centro de confecções, além de uma exposição de fotos tiradas pelos próprios nativos. Após o almoço (não incluído), caminha-se mais um pouco até o outro lado da ilha, onde o barco está esperando para o regresso a Puno. A cidade de Puno, aliás, em si mesma é feia e não tem maiores atrativos, de modo que encerro aqui o relato do dia. [:D]

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30/01/2006 - Puno/Copacabana

O ônibus para Copacabana também sai cedo pela manhã e as companhias passam para buscar os passageiros nos hotéis. Então acordei e fiquei esperando.... esperando... esperando... e eles não vinham! A hora de o ônibus sair aproximava-se perigosamente e nada! Por sorte, o cara do hotel disse que o ônibus saía dali de perto e me acompanhou até o lugar. Senão, acho que teria perdido mesmo. Mas OK! Paramos na fronteira para os procedimentos burocráticos de rotina e chegamos a Copa, onde encontrei com as argentinas Sofia e Luciana que conhecera em Cusco, e também conheci aos argentinos tucumeños Diego e Facundo. Com eles eu ficaria pela cidade e iria à Isla del Sol no dia seguinte. Copacabana é uma cidade pequena e aconchegante do lado boliviano do lago Titicaca. Boa para relaxar. A quem for à cidade, não deixe de subir ao mirante no topo de um morrinho que há na praia. O lugar é local de romaria religiosa dos locais mas também oferece a melhor vista panorâmica do lago e da cidade.

 

 

31/01/2006 - Copacabana/Isla del Sol

No dia seguinte, tomamos o barco rumo à ilha do Sol, segundo as lendas incas o local de nascimento do primeiro grande imperador Pachacuteq. Descemos do lado norte da ilha e fomos caminhando até o lado sul, onde a maioria dos hotéis está localizada. Na parte norte existem algumas ruínas arqueológicas, mas há que se pagar 15 bolivianos e sinceramente não vale a pena. Mas ainda assim, recomendo baixar no norte e caminhar rumo ao sul, pois a graça da ilha é justamente essa trilha e as paisagens que se aprecia no caminho. Não deixem de encontrar um bom local para apreciar o pôr-do-sol e de ficar acordado à noite admirando a escuridão do entorno ser rasgada de tempos em tempos por relâmpagos que caem às margens do lago.

 

01/02/2006 - Isla del Sol/Copacabana/La Paz

Por volta das dez e pouco da manhã, sai o barco de volta a Copacabana. Tempo para almoçar e pegar o ônibus rumo a La Paz. Existem várias companhias que fazem o trajeto e todas têm os ônibus de mesma qualidade. Algumas cobram mais caro e te mostram um ônibus luxuosíssimo, mas no final, todo mundo sai nuns busões da década de 1950 (ou seria de 1940?), então vá pelo preço mesmo. Entre Copa e La Paz, o ônibus pára no Estreito de Tiquina, onde é preciso descer e tomar uma balsa (paga a parte) até o outro lado, onde o ônibus está a espera num pequena praça, e onde é possível ver um monumento aos soldados bolivianos mortos na Guerra do Pacífico, um pequeno lembrete de que o resultado ainda não foi aceito pela Bolívia até hoje. De lá até La Paz, destaque para os maravilhosos nevados da Cordillera Real e para a visão panorâmica da capital boliviana a partir de El Alto: uma cratera rodeada de montanhas e preenchida por favelas. Já em La Paz, hospedei me no hostal El Carretero, bem no centrão de La Paz e administrado por um simpático casal brasileiro-boliviano. O dono nasceu em Curitiba e morou bastante tempo no Brasil, mas hoje se encontra na Bolívia e sabe somente tudo que um mochileiro pode querer saber sobre a cidade: horários de ônibus, preços, atrações... Qualquer coisa! Pra melhorar ainda mais, o lugar tem uma ótima área de convivência e é ideal pra quem quer conhecer uma galera.

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02/02/2006 - La Paz

Andar pelo centro de La Paz é bem interessante, mas exige preparo físico. Não apenas a cidade está a quase 4000m de altitude, praticamente não há planos. Ou você está subindo ou descendo uma ladeira. Dei uma volta pelas Calles Jaén e Sagarnaga, visitei o famoso mercado de las brujas e o excelente Museo de la Coca e fechei com uma agência para o dia seguinte passeio ao Chacaltaya e Valle de la Luna. Voltei ao albergue no meio da tarde e encontrei a porteña Sabrina, a quem conhecera na trilha inca e com ela fui visitar a feira de El Alto, um gigantesco camelódromo onde se vende de tudo. Não comprei nada, mas valeu a pena a visita para uma nova olhadela panorâmica sobre La Paz.

 

03/02/2006 - La Paz

A agência passou por volta das 8h para me buscar aos passeios contratados e Sabrina resolveu me acompanhar. Começamos por Chacaltaya, a mais alta estação de esqui do mundo localizada na montanha de mesmo nome. O carro da agência nos leva até os 5300msnm e daí se sobe caminhando até os 5400msnm. Não sofri tanto porque já havia subido até mais alto e partindo de mais baixo em Arequipa, mas ainda assim falta fôlego diversas vezes. A vista da cordilheira é bem interessante e brincar na neve pra quem vem do Ceará é sempre um atrativo a parte. De lá partimos para o Valle de la Luna, um vale rochoso que lembra a superfície lunar. Caminhamos um pouco e de lá regressamos ao centro de La Paz, por volta das 16h. À noitinha iria ainda dar uma fuçada pelos sebos do centro da cidade (comprei o Venas Abiertas de América Latina, do Galeano, novinho, por 10 bolivianos. De graça!). É impressionante como a cidade é viva à noite. E o quanto eu não me sentia inseguro em nenhum momento caminhando por lá, apesar da aparência de "periferia" que a cidade passa a quem olha de longe. E como no Brasil nos acostumamos a associar periferia a violência, muita gente tem medo de La Paz, mas eu curti bastante!

 

04/02/2006 - La Paz/Cochabamba

Resolvi visitar as ruínas de Tiwanaku, importante civilização pré-incaica do altiplano. Apesar de as agências oferecerem o passeio, é tão fácil ir sozinho que não vale a pena fazer de outro modo. Basta pegar qualquer ônibus que vá ao cemitério e de lá pegar as vans para Tiwanaku. A entrada das ruínas e museus de sítio custa 80 bolivianos e o guia precisa ser contratado a parte. Juntamos uma galera na porta das ruínas e rachamos o guia. Apesar de após Machu Picchu outras ruínas ficarem parecendo apenas "outras ruínas", vale a pena sim visitar o lugar. E durante a visita, experimentei uma forte chuva de granizo. O interessante foi ver após o fim da mesma as montanhas ao redor das ruínas branquinhas, quando antes não estavam assim. Voltei a La Paz no finzinho da tarde e às 22h tomei o ônibus rumo a Cochabamba.

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05/02/2006 - Cochabamba/Santa Cruz de La Sierra

Cheguei em Cochabamba pela manhã cedo com o plano de andar pela cidade, matar o tempo durante o dia e já pegar o busão para Santa Cruz à noite. Deixei a mochila no guarda-volumes da rodoviária, comprei a passagem no Bus-Cama (empresa Flota Copacabana) das 22h e saí andando. Fui na praça central da cidade, parei pra tomar café em uma confeitaria que havia no caminho, depois um ônibus até o Palácio de Portales, a antiga mansão do barão do estanho (e fdp-mor da história boliviana) Simón I. Patiño, hoje transformada num ?Centro Cultural?. Aproveitei para tirar um bom cochilo num banco dos jardins do tal palácio. Depois, voltei ao centro andando e parei para almoçar num restaurante de grã-finos que achei no caminho. Fim de viagem, estava disposto a gastar com menos parcimônia, então peguei um banquete! Nachos com guacamole de entrada, depois uma excelente sopa, prato principal um pedaço de picanha enorme e macio com guarnições e sorvete de sobremesa. Já falei que não tava preocupado com os gastos, então paguei sem reclamar os 16 bolivianos que custou (não dá 5 reais! Hehehehe Eu amo a Bolívia!!!! [:D]). Depois matei o resto do dia na praça de novo e em lan houses, até pegar o ônibus rumo ao meu último destino.

 

06/02/2006 - Santa Cruz de La Sierra

Do terminal bimodal, tomei um táxi ao centro da cidade em busca de um hotel. O primeiro que tentei estava cheio, então acabei parando num tal de Amazônia Hotel. Meio carinho para os padrões bolivianos, 80 bolivianos, mas como sabia que o dia não ia render muito, tinha mais era que descansar, resolvi bancar um pouco mais de conforto. Dormi a manhã inteira, caminhei pelo centro de tarde após o almoço e depois matei o resto da tarde vendo filme na TV a cabo. Santa Cruz não tem muito mesmo o que fazer. Fiquei sabendo que meu vôo no dia seguinte estava com overbooking, e me recomendaram chegar o mais cedo possível ao aeroporto para fazer logo o check-in e garantir a vaga. Já que o vôo saía as 16h, resolvi estar lá por volta do meio-dia.

 

07/02/2006 - Santa Cruz de La Sierra/São Paulo

Chegar ao aeroporto é fácil, há um micro que faz o trajeto centro- Viru-Viru. Cheguei no horário previsto e fiz o check-in por volta das 13h30, assim que abriu o guichê da Varig. Fiquei conversando com duas argentinas que estavam lá esperando também o vôo delas, pela TAM. Na verdade, elas voltariam 4 dias antes, mas tinha passagem pela LAB que tinha entrado em greve por esses dias e só haviam conseguido outra passagem agora. Eu também já deveria estar em Fortaleza, já que meu trabalho começava dia 06, mas como fui por milhas, não dá muito para escolher as datas. Embarquei sem problemas e cheguei a São Paulo por volta das 22h. Como o vôo para Fortaleza só saía no dia seguinte pela manhã, teria que pernoitar no aeroporto de Guarulhos não fosse por uma amiga minha de sampa que me ofereceu abrigo heheheh. Ter amigos é sempre bom! [;)]

 

08/02/2006 - São Paulo/Fortaleza

Último dia. Se pudesse, ainda seguiria viagem mas o dever me chama. Cheguei em Fortaleza cerca de 11h40 e às 12h30 já estava trabalhando! Por sorte, pelo menos me puseram na primeira classe no avião (não me perguntem por quê, mas que importa né não?), então deu pra descansar um pouquinho. Fim de viagem, tempo de voltar à rotina, matar as saudades da família e da namorada e, porque não?, planejar a próxima viagem! Até lá! [;)]

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Bom, cheguei ao final do relato. Espero que tenham gostado e que ajude aos que pretendem fazer roteiro semelhante. Qualquer pergunta, dúvida ou curiosidade, fiquem à vontade! No total, gastei cerca de US$1600, excluídos os gastos com a câmera que comprei em Arica (270 dólares) e passagens aéreas, que já tinha por milhagem.

 

Um abraço e até a próxima!

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