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Olá, Mochileiros.

 

Realizei, em conjunto com um amigo, a travessia entre os Municípios de São Francisco de Paula/RS e Rolante/RS, descendo a serra em meio à mata e por trilhas por vezes estreitas com belas vistas.

 

O total do trajeto deu 35km entre a partida de São Francisco de Paula até o encontro de nossa carona, na RS-239.

 

Saímos do Litoral Norte do RS por volta das 8h da manhã de sábado (08-04-2017) com o intuito de trilhar um pouco mais da metade do trajeto, que estimávamos em 30km. Tínhamos uma meta de 17 a 19km.

 

Começamos a trilha próximo ao Hotel Cavalinho Branco, em São Chico, e logo que começa a trilha se vê uma bifurcação, da qual escolhemos o lado direito. Seguimos em descida constante por um bom tempo. Ao longo do trajeto havia placas de diversas cachoeiras e por isso concluí que se tratava do caminho do Parque das 8 Cachoeiras. Entretanto, ao longo do caminho vimos de longe apenas duas.

 

Caminhamos em bom ritmo enquanto a estrada estreitava-se, e ao longo dessa primeira parte do trajeto encontramos em abundância frutas como goiabas e amoras. Encontramos também pinhões que caíam das araucárias. Fomos colhendo alguns pinhões e comendo algumas frutas enquanto seguíamos o trajeto. Eu estava me orientando pelo celular com o uso do aplicativo wikiloc.

 

Quando já era aproximadamente 13:30 decidimos parar para comer algo, quando soltamos as mochilas, que estavam bem pesadas e com o cansaço se tornavam mais ainda. Montamos a espiriteira, uma leiteira com água e dois miojos e realizamos a refeição. Ficamos por ali aproximadamente 20 minutos. Decidimos seguir. Nesse ponto a trilha já estava bem estreita e embarrada, e alterava-se entre subidas e descidas.

 

Encontramos um ponto de água que era na verdade uma cascata, muito bonita. Bebemos nossa água e abastecemos as garrafas, logo em seguida, aproximadamente 20/30 minutos depois, encontramos outra cachoeira muito parecida, o que, na primeira impressão nos fez pensar que tínhamos andado em círculos, mas analisando cuidadosamente percebemos que se tratava de outra. Nesta cachoeira decidimos não coletar água por conta de um cheiro de algum bicho morto que havia no local. Não encontramos o bicho, mas poderia ele estar contaminando a água.

 

E lá íamos nós, um passo depois do outro, e eventualmente encontrávamos algumas casas, alguns cachorros perdidos, algumas cobras pequenas e médias, aranhas pré-históricas maiores que a minha mão.

 

Novamente uma bifurcação, e pelo meu aplicativo não era possível identificar qual seria o caminho certo, pensamos e pensamos ... um jogando para o outro a responsabilidade da escolha de qual caminho seguir ... até decidimos seguir pelo caminho que ficava mais próximo do rio, assim, por mais que não fosse o caminho certo, teríamos água próxima sempre.

 

Já havíamos caminhado 14km e sentíamos as dores naturais do trajeto truncado, repleto de pedras, descidas e subidas ... nas subidas, os músculos já cansados nos faziam perder velocidade, acelerando o coração e causando quase fadiga nas coxas e panturrilhas ... nas descidas os mesmo músculos sofriam (coxas e panturrilhas) mas para melhorar, os pés que se projetavam contra os bicos dos calçados faziam com que as unhas parecessem que iam cair.

 

Quando atingimos os 17km decidimos que encontraríamos algum lugar para descansar, pois, não fossem os pés e pernas, também doíam muito os ombros por conta das alças das mochilas e as costas.

 

A partir daí o trecho alargou e havia casas esparsas ao longo do trajeto, com plantações, gado, cães, porcos e galinhas. Caminhamos até que chegamos em uma descida ingrime, que nos judiou da pior forma.

 

Após essa descida, havia uma placa que dizia "maragatos". Seguimos mais um tempo, sempre observando as laterais em busca de um lugar ideal para acampar, encontramos diversos, na verdade, mas queríamos algo mais protegido, e não exposto próximo à estrada.

 

Já atingíamos os 20km e nada, até caminhamos mais algum temos e vimos uma área próxima ao rio, com árvores para sombra, acesso ao rio, e protegida da estrada (quem vinha da estrada não conseguia ver que estávamos ali) ... e tinha inclusive uma churrasqueira de tijolos empilhados ... era tudo o que queríamos.

 

Ficamos ali, meu amigo foi do outro lado da estrada falar com os supostos proprietários para ver se havia algum problema mas eles foram bem gentis e não se opuseram. Armamos as barracas e passamos a catar lenha. Juntamos os pinhões que colhemos na trilha e meu amigo havia levado um saco de salsichão. Improvisamos espetos com as taquaras que utilizamos como bastão de caminhada e tudo certo.

 

Comemos, bebemos e fomos dormir. Até ali tínhamos caminhado 22.5km. Dormimos, ou melhor, tentamos, mas pouco foi possível diante das dores nas costas, articulações e músculos, mas ao menos ficamos deitados e parados, cada um em sua barraca. 20h da noite já estávamos quietos, sem ânimo para qualquer conversa.

 

No outro dia, 6h da manhã levantamos e fizemos um café preto. Comemos algumas barras de cereal, recolhemos as barracas e os lixos, e seguimos o caminho. A partir daí foi tranquilo, terreno sempre plano, estrada larga, diversas casas, plantações, igreja, até que aproximadamente pelas 9h chegamos ao centro de Rolante. Paramos em um posto de gasolina para tomar algo e sentar um pouco. Até aí já tinhamos caminhado mais 8km. Em solo plano a caminhada rendia, chegávamos entre 5 e 6 km por hora. Falamos com o pessoal do posto e foram que acolhedores, conversamos bastante e fomos embora. Seguimos até a metade do trecho entre Rolante e a rótula para Santo Antônio da Patrulha, quando nossa carona chegou.

 

Abaixo, algumas fotos da nossa travessia.

Espero que tenham gostado, pois eu gostei muito de tê-la realizado.

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