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Boa tarde, pessoal!

Segue adiante o meu relato de uma viagem de carro para o Deserto do Atacama, que durou 17 dias. Na minha programação, contei com muita ajuda aqui do pessoal do Mochileiros.com. Sendo assim, agora é hora de retribuir! Se você está planejando uma viagem parecida, ou se a mesma já está marcada, e quer contar com algum tipo de ajuda, pergunte por aqui.

Um abração!!!

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Preâmbulo.

 

            O pacato Flavinho era um adolescente e estava na escola, quando, numa aula de Geografia, ouviu falar pela primeira vez sobre o deserto mais seco do mundo: o Deserto do Atacama. E o que lhe chamou a atenção foi saber que esse lugar ficava no norte do Chile, ou seja, não ficava muito longe da nossa realidade. Considerando que esse rapaz já havia tido o privilégio de conhecer, junto com os seus pais, a região sul do Chile, ele acabou colocando na cabeça que agora era a hora de conhecer a região, até então desconhecida por ele, desse país tão surreal como é o Chile.

            Tempos depois, Flavinho acabou encontrando uma revista National Geografhic do seu pai, e nela viu com entusiasmo as fotos do Deserto do Atacama em uma determinada matéria. Agora ele estava determinado: “vou viajar e conhecer essa região!” A pergunta era: “mas quando?” O problema era sempre o mesmo: a falta de companheiros que quisessem empreitar essa aventura. “O que vamos fazer em um deserto??” – era o tipo de resposta que o insistente Flavinho mais ouvia.

            Passaram-se uns 10 anos. Flavinho ainda não tinha visitado o Atacama, mas o sonho tampouco teria acabado. Agora ele via imagens do Deserto pelo Google Earth, assim como as fotos que os viajantes postavam no mesmo programa. Ele já tinha colocado na cabeça uma idéia de viagem: ir de carro, cruzando a Argentina por Córdoba, Mendoza, cruzando a Cordilheira dos Andes e, ao chegar ao Chile, cruzar o deserto acima até chegar a uma tal cidade chamada San Pedro de Atacama.

            Passaram-se mais uns 2 anos e agora o pacato Flavinho já era um homem casado. Acabou passando uma lua de mel muito boa, diga-se de passagem: viajaram de carro de Goiás até San Carlos de Bariloche. Esse insistente rapaz agora sabia que tinha uma companheira de viagem à altura: a sua esposa.

            E quanto ao Atacama? Bem, o sonhador Flavinho acabou conhecendo o Mochileiros.com e, nele começou a ler e separar para si alguns relatos de viajantes que foram conhecer, de carro, esse deserto. Daí ele ficou sabendo que o caminho mais convencional e, que despendia menos tempo, era ir pelo norte da Argentina, passando por uma cidade chamada Salta (a mesma cidade que uma argentina tão bem falou para ele e para sua esposa em Bariloche) e cruzar a Cordilheira dos Andes rumo a San Pedro de Atacama. Então, estava concretizado: esse era o roteiro.

            Passaram-se mais ou menos uns 3 anos e as oportunidades de viajar para o Atacama acabavam escapando, as vezes por falta de tempo, de dinheiro e as vezes por causa de alguns imprevistos. Até que, numa determinada tarde do mês de outubro do ano de 2016, Flavinho conversou com a sua esposa (isso depois de anos de conversa sobre o mesmo tema), também com a sua cunhada, e decidiram marcar essa tão esperada viagem para o mês de março de 2017. O roteiro contendo as cidades que visitariam já estava pronto. Entraram no Booking.com e começaram a pesquisar os hotéis. O primeiro hotel foi escolhido e, por engano, não só reservaram o quarto como também acabaram pagando adiantado o estabelecimento. É, a viagem já estava marcada...

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            Preparativos necessários para a viagem.

 

            Assim como havia feito na minha lua de mel, decidi pesquisar e reservar os hotéis das cidades em que passaríamos e ficaríamos. Acho muito cansativo viajar o dia inteiro e, no final do dia, ter que ficar rodando uma cidade a procura de hotel. Com a tecnologia que temos hoje, acho isso desnecessário. Quem fazia isso eram os meus pais há 20 anos atrás, numa época que a internet brasileira estava nascendo e não existiam sites como Booking, Decolar, etc. A propósito, “viajante raiz” é quem viajava de carro pelo Nordeste brasileiro, com quatro crianças, sem internet e sem GPS – meus pais, por exemplo. Hoje, acredito, somos todos “viajantes Nutella” (rsrsrs).

            Para reservar os hotéis é necessário ter um roteiro detalhado em mãos contendo os dias de viagem e os dias de passeios. E, para conseguir isso, pesquisei exaustivamente muitos relatos aqui do Mochileiros.com. Tomei como ponto de partida a cidade de San Pedro de Atacama. Decidimos ficar três dias por lá (achava que era um tempo mais do que suficiente, mas depois vimos que a agenda ficou bem apertada). Pesquisamos e pesquisamos vários hotéis. Todos os estabelecimentos são bem rústicos. Um pouco de melhorias estéticas e o preço já sobe abruptamente. Depois de muitas pesquisas e debates, optamos pelo hotel e camping Takha Takha, situado na badalada calle Caracoles. Escolhemos dois quartos com banheiros privativos. A partir daí já tínhamos a data de partida e de volta. Agora tínhamos que pesquisar os hotéis das “cidades coadjuvantes”. Estávamos no mês de outubro de 2016 quando reservamos os primeiros hotéis.

           

            O roteiro ficou assim:

           

            1º dia: Caldas Novas-GO a Foz do Iguaçu-PR (1.320kms);

            2º dia: Foz do Iguaçu;

            3º dia: Foz do Iguaçu a Corrientes-ARG (621kms);

            4º dia: Corrientes a Salta (837kms);

            5º dia: Salta;

            6º dia: Salta a Tilcara (202kms);

            7º dia: Tilcara;

            8º dia: Tilcara a San Pedro de Atacama (436kms);

            9º dia: San Pedro de Atacama;

            10º dia: San Pedro de Atacama;

            11º dia: San Pedro de Atacama;

            12º dia: San Pedro de Atacama a Antofagasta (312kms);

            13º dia: Antofagasta;

            14º dia: Antofagasta a Salta (909kms);

            15º dia: Salta a Corrientes (837kms);

            16º dia: Corrientes a Foz do Iguaçu (621kms);

            17º dia: Foz do Iguaçu a Caldas Novas-GO (1.320kms).

 

            Com muito planejamento e, mais uma vez, com a ajuda do Mochileiros.com, conseguimos executar quase que perfeitamente esse cronograma. A exceção ficou por conta da volta, onde acabamos trocando algumas cidades. Detalhe: reservamos todos os hotéis até Antofagasta. Para o percurso de volta, não agendamos hotel nenhum.

            Esqueci de mencionar quem foi nessa viagem. Os integrantes originais foram eu, minha esposa Lidiane, minha cunhada Carolina e minha sogra Dionízia (que não sabia que iria). Nós quatro viajamos com o carro da Dionízia: um Toyota Corolla. Já com os hotéis reservados, ou seja, com a viagem marcada, andamos convidando um monte de gente. Entretanto, quem apenas aceitou a empreitada foram os nossos amigos de Itapema-SC: “Comissário” Alcivar e sua esposa Maria. Eles viajaram com o seu motorhome.

           

            E, por fim, acredito ser necessário informar sobre a documentação que levamos – algo que também pesquisei bastante no Mochileiros.com e na internet em geral.

 

- Documentos de carro financiado: era o nosso caso. Pesquisei na internet e li relatos de gente que pediu uma autorização da financiadora para viajar com o veículo no exterior. Fizemos isso – no nosso caso, pelo banco Itaú. Já vou adiantando que os funcionários do banco nem sabem o que é isso; você tem que explicar. E, se possível, peça para um funcionário de sua confiança, senão são grandes as chances de o seu pedido ser engavetado. No nosso caso, do pedido à entrega do documento, levou uma semana ou um pouquinho a mais. Daí, depois, você precisa ir a um cartório que faça o tal “apostilamento” no documento da autorização da financiadora – não são todos os cartórios que fazem, mas também não é nenhum suplício achar um que faça. Até a pouco tempo atrás, precisava-se de um carimbo da embaixada ou consulado nessa autorização. Hoje, não mais. O que vale é o tal do apostilamento. Então, pra resumir: primeiro, peça a autorização para viajar com o carro financiado no exterior para o banco que financiou o seu veículo. Depois que você tem em mãos esse documento, leve-o num cartório que faça o “apostilamento” (que nada mais é do que um “carimbasso” do cartório). Feito isso, você já está autorizado para viajar com o seu carro financiado.

            O mais engraçado vem agora: depois de toda essa explicação, de todos esses trâmites realizados, sabe o que nos aconteceu durante a viagem? Nada! Ninguém cogitou, ou sequer pensou em solicitar esse documento! Na verdade, o que eu acredito é o seguinte: as autoridades muito provavelmente solicitam esses documentos quando o carro está sob o leasing, situação em que “proprietário” do veículo é o banco, e não você. Quando é um financiamento normal, consta o seu nome como proprietário do veículo e apenas uma pequena observação no documento, algo que os guardas não percebem.

            Outro detalhe: o carro em que viajamos estava no nome da Carolina, o que não gerou problemas por obviamente ela estar junto conosco.

 

            - CNH: somente a normal serve. Ouvi alguma coisa dizendo que no Chile era necessário levar a PID – carteira internacional. Receoso, acabei fazendo. Pedi para minha irmã fazer em Santa Catarina, onde paguei menos do que cem reais. Em Goiás, onde temos um dos IPVAs mais caros do Brasil (isso se não for realmente o mais caro), a taxa era absurda, beirando uns quinhentos reais. Enfim: também não foi necessário. Ninguém solicitou esse documento, que nada mais é do que uma cadernetinha bem simples, contendo a sua habilitação impressa e algumas informações escritas em algumas línguas. Aliás, em todo o Chile, não fomos parados por nenhum guarda de trânsito.

           

            - Cambão: esse é um assunto polêmico. Ou seria “chato”??? Vou começar esse relato pelo final: ninguém solicitou a desgraça desse cambão! Mas, meus amigos, eu insisti em ter esse pedaço de ferro no nosso carro. E o motivo, eu lhes explico agora.

            O ano era 2012. Estava eu e minha esposa desfrutando de uma bela lua de mel pela Argentina. Entramos pelo país portenho por Foz do Iguaçu, de carro, e fomos até Bariloche, parando por algumas cidades. Eu já sabia da exigência do cambão, mas, como não havia achado para comprar, não levei. E assim seguimos a nossa viagem satisfeitos. Os guardas nos paravam, solicitavam os documentos muito cordialmente, e muito cordialmente nos liberavam. Estava tudo muito bem, muito lindo, literalmente uma lua de mel! Até que, na volta, passamos por aquela região próxima a Buenos Aires. Foi ali que um guarda “filho da mãe”, depois de verificar os documentos, começou a solicitar kit de primeiros socorros (que tínhamos), “mata-fuego” (tínhamos também), dois triângulos (tínhamos, mas daí eu comecei a estranhar...) e, por último (ele quaaaase nos libera, mas daí ele lembrou...) ... “Cambão, cambão” – solicitou o guarda corrupto, com um sorriso no rosto. Expliquei que havia viajado até Bariloche, diversos guardas nos haviam parado e ninguém havia solicitado. Não adiantou. Sem fazer rodeios, ele disse que a multa era 600 pesos (R$ 300,00 na época) ou poderia negociar a propina. Tremendamente assustado com aquela situação, acabamos pagando 300 pesos para o guarda corrupto que, como se não bastasse, me fez entregar o dinheiro escondido e ainda depois fez um sinal de positivo para os outros guardas corruptos, que abriram os seus salafrários sorrisos. Saindo dali, fomos parados por mais uns três guardas corruptos, que seguiram o mesmo script, esquecendo “apenas” do grand-finale: exigir o cambão. Só depois eu fiquei sabendo que naquela ruta em específico, perto de Buenos Aires, é que os policiais camineros são os mais corruptos e propineiros possíveis.

            Enfim... passei uma raiva e um medo do qual não queria passar de novo. Por isso, esforcei-me em ter esse cambão no carro. Não foi fácil achá-lo. Estávamos um dia em Goiânia e decidimos ligar para várias auto-peças solicitando o dito cujo. A maioria das reações eram: “O que é isso, moço?” Os poucos que sabiam o que eram nos alertavam: “Moço, isso é proibido de usar.” De uns 15 estabelecimentos que ligamos, somente um tinha o tal cambão: R$ 200,00. Já íamos pedindo para fazer a entrega, quando, a Lidiane decide pesquisar um pouco mais. Um senhor atencioso atendeu a ligação dela, ela perguntou do cambão, e o senhor respondeu: “Moça, eu tenho um aqui, mas não está a venda. Eu pedi pra um serralheiro fazer pra mim; porquê você não faz o mesmo?” Agora, a parte cômica: a Dionísia, que estava junto conosco, lembrou que era proprietária de uma loja de materiais de construção e que, no depósito da loja, havia vários canos de ferro galvanizado, de vários tamanhos. Ela também tinha o maquinário necessário para cortar os canos e mão de obra disponível. Pronto: estava resolvido o problema do cambão! Foram cortados três pedaços de 50 centímetros cada e colocados parafusos e correntes nos ferros.

 

            Kit de primeiros socorros, dois triângulos, extintor de incêndio: não pediram, mas, se um dia voltar, levarei outra vez.

 

            Seguros carta-verdes: obviamente, faça o seguro no nome do proprietário do veículo! Não fizemos isso (não por falta de insistência minha) e acabamos tendo um contra-tempo no terceiro dia de viagem, do qual explicarei mais adiante.

            Para a Argentina, o seguro carta-verde normal. Para o Chile, disseram por aqui que é necessário o seguro Soapex. Tentei fazer pelo site, como indicado também aqui pelo Mochileiros.com, mas dava erro na hora de efetuar o pagamento. A nossa seguradora acabou fazendo o seguro carta verde para o Chile também. Lá na aduana do Chile, não nos foi solicitado nenhum seguro. Também, como já mencionei, não fomos parados por nenhum guarda chileno durante a nossa viagem. Ainda na aduana, perguntei do seguro Soapex para um dos agentes, que respondeu-me sem titubear que não era necessário. Enfim, fiquei sem entender. O Alcivar, que gosta de fazer o seguro na aduana, acabou não encontrando ninguém que o fizesse e por fim entrou no Chile sem seguro nenhum.

 

            Outros detalhes: o Alcivar entrou com o motorhome contendo um engate traseiro (aquela bola), que parece que é proibido usar na Argentina. Como ele sempre andava atrás de nós, acabou sendo parado poucas vezes pela polícia (comparado com a nossa viagem de 2012, acredito que fomos parados bem menos vezes). Nas poucas vezes em que foi parado, os policiais não falaram nada sobre o tal engate.

            O seu motorhome já tinha também aquele indicador de velocidade máxima na traseira do veículo. Detalhe: o adesivo era bem pequeno em comparação com os que usualmente são usados nas camionetes argentinas. Também não teve problemas com isso.

 

            Moedas: para trocar os seus reais por pesos argentinos é melhor efetuar o câmbio em uma das diversas lojas de Foz do Iguaçú, onde são mais vantajosas. O melhor câmbio que eu achei foi na rede Scappini Câmbio (www.scappinicambio.com.br). Tem também uma loja pequena, a KM Câmbio e Turismo, em que o peso estava ainda mais barato do que na Scappini, mas não troquei lá pois eles não abrem aos domingos.

            Quanto aos pesos chilenos, a dica é levar dólares e trocá-los pela moeda local em San Pedro de Atacama, na famosa calle Toconao, rua transversal com a calle Caracoles, onde ali há diversas casas de câmbio. A que eu troquei chama-se Gambarte, que estava com a melhor cotação em nível disparado. Não teime: compensa trocar reais por dólares e dólares por pesos chilenos do que apenas trocar reais por pesos chilenos. Informações que li a respeito: http://www.viajenaviagem.com/2015/09/viagem-cambio-dicas

http://www.mochileiros.com/atacama-7-dias-out-2016-passeios-dicas-e-toda-informacao-que-voce-precisa-saber-fotos-t135115.html

            Informações a respeito dos valores eu passarei mais adiante.

 

            Enfim...,acho que foi isso.

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Dia 1 – Sábado, 11 de março de 2016.

            De Caldas Novas-GO a Foz do Iguaçu-PR.

 

            Acordamos um pouco antes das 4h00 da manhã. O dia seria longo: rodar mais de 1.300 quilômetros até a cidade fronteiriça Foz do Iguaçu-PR. Sabíamos que, mesmo saindo muito cedo, chegaríamos lá no início da noite.

            Deixamos todas as malas prontas no dia anterior, mas mesmo assim conseguimos partir de Caldas Novas somente as 4h30. A Dionísia foi dirigindo no começo, enquanto eu tentei dormir um pouco mais. Não deu: estava muito animado com a viagem! Já em Itumbiara-GO, assumi o volante.

            Entramos no Triângulo Mineiro e o cruzamos, passando pela região de Prata e Frutal. Impressionante como a BR-153 melhorou depois que se tornou pedagiada. Antigamente era virada num bagaço, cheia de enormes crateras e sem acostamentos. Brasil, né! Ou privatiza, ou não tem jeito...

            Atravessamos o Estado de São Paulo passando por São José do Rio Preto, Lins, Marília e Assis. Nessa última cidade paramos num posto onde tinha um restaurante e lanchonete muito bom (Tucuman é o nome do estabelecimento). A Lidiane comeu por quilo, que saiu por volta de R$ 20,00. Eu pedi um x-salada, que era uns R$ 11,00, mas acho que o chapeiro (que era um “véio” de bigode, provavelmente o dono do estabelecimento) fez um x-tudo, que sairia por uns R$ 15,00. A Dionísia acabou pagando a conta. Na saída, perguntei ao chapeiro quantos quilômetros tinha até Foz do Iguaçu. “600 quilômetros” – foi a resposta. Confesso que dei uma desanimadinha.

            Um detalhe: tem uma das tecnologias modernas da qual eu não faço uso corriqueiro, como a grande maioria o faz. É o uso do GPS. Prefiro os mapas, de papel mesmo, para o desespero do meu pai, que ama os GPS´s! Ano passado fizemos juntos uma viagem de motorhome, de Goiás até Natal-RN e de Natal-RN até Itapema-SC. A viagem foi toda guiada pelo GPS do motorhome. A cada vez que eu pegava o mapa Guia 4 Rodas, eu tomava uma “bronca” (rsrs). Referente a essa viagem, o que eu fiz foi o seguinte: nas rodovias, usei somente o mapa físico. Dentro das cidades, usava o mapa impresso do Google Maps (imprimi os trajetos necessários, como, por exemplo, da entrada da cidade até o hotel, do hotel até determinado ponto turístico e assim por diante) e, como auxílio, o aplicativo Waze, que funciona sem internet.

            Voltando a viagem do dia: rodamos o interior do Paraná, passando por Londrina, Maringá, Campo Mourão, Cascavel e, por fim, Foz do Iguaçu. O relógio marcava 20h00. Chegamos na cidade e facilmente achamos o nosso hotel escolhido: Vivaldi Cataratas, um hotel muito bom, novo, que fica na beira da rodovia, logo na entrada da cidade. Pagamos R$ 356,80 por um quarto com uma cama de casal e duas de solteiro, por duas pernoites. Não tivemos o que nos queixar do hotel.

            Chegando lá, já encontramos o motorhome do Alcivar estacionado na frente do hotel – eu havia previamente passado o endereço e foto do hotel para o Alcivar. Eles estavam lá já fazia uns dois dias, e estavam fazendo compras no Paraguai (sendo enganados pelos paraguaios rsrsrs). Achamos melhor fazer primeiro o check-in, colocar as malas para dentro do quarto, para depois cumprimentarmos o Alcivar e a Maria, que ficaram muito felizes de nos reencontrar.

            Cansados, apenas tomamos banho e fomos dormir. Antes, porém, já combinamos de ir passear no outro dia pela manhã para as Cataratas do Iguaçu. O Alcivarainda queria que fôssemos para o Paraguai. Ninguém animou – para a minha alegria.

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Dia 2 – Domingo, 12 de março de 2017.

            Passeio nas Cataratas do Iguaçu.

 

            Acordamos pela manhã e tomamos um gostoso café da manhã. O Alcivar não queria tirar o seu motorhome do local onde estava estacionado, logo decidimos ir para as Cataratas somente com o Corolla.

            Era um bonito domingo ensolarado. Quando chegamos ao parque, o cenário não poderia ser outro: estava cheio! Uma fila muito grande! Fiquei receoso com o tempo de espera na fila, mas não estressei, afinal eram férias. O estacionamento, próprio do parque, custou R$ 22,00. Quando chegamos na fila, tivemos a sorte de contar com a fila preferencial para pessoas com mais de 60 anos. O Alcivar entrou nela e comprou todas as nossas entradas: R$ 38,30 por pessoa.

            Agora, pegamos a fila – que não estava grande – para pegar o ônibus até as cataratas. Tivemos sorte mais uma vez: conseguimos pegar um ônibus com a parte de cima ao lar livre, onde escolhemos ficar. Durante esse trajeto, o veículo para poucas vezes para pessoas que vão fazer os passeios não convencionais, como trilhas, por exemplo.

            Chegando ao seu destino, o ônibus para em frente a um bonito hotel rosa e, em frente ao hotel, do lado em que descemos, fica o início do caminho para as cataratas. Assim que descemos, já somos recepcionados pelos engraçados quatis. Todo mundo fica encantando com esses bichinhos até que, chega outro ônibus qualquer, e eles vão “recepcionar” os agora novos visitantes. Na verdade, o que acontece é o seguinte: eles vêm atrás de nós em busca de comida; como ninguém dá nada (é até desaconselhável ou proibido fazer isso), eles – interesseiros – vão atrás dos novos turistas. E assim segue a rotina deles (rsrsrs).

            Assim que adentramos no caminho das cataratas, já somos agraciados com as belas paisagens. É muito gratificante vislumbrar aquele cenário criado por Deus. Conforme íamos seguindo o caminho, parávamos nos mirantes para tirar fotos e mais fotos. O parque estava cheio, mas nada que atrapalhasse o passeio. Eu já estava todo suado – a umidade era muito alta. Quando chegamos lá embaixo, nas passarelas que chegam mais perto das cataratas, já estava todo molhado de suor – parecia que eu tinha jogado intensivamente uma partida de futebol. Logo, passar por aquelas passarelas é uma boa pedida.

 

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Da esquerda para a direita: Dionízia, Maria, Alcivar, Lidiane e eu.

 

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Da esquerda para a direita: Carolina, Dionízia, Lidiane, eu e Alcivar.

 

Na saída, subimos umas poucas escadas e já estávamos no ponto de espera do ônibus de retorno. Parece que tem um elevador também, mas a fila para entrar nele estava muito enrolada.

            Durante o passeio, encontramos não poucos turistas argentinos, paraguaios, bolivianos, japoneses e uns mochileiros que não consegui identificar se eram norte-americanos ou europeus.

            Quando saímos do parque, o relógio já marcava um pouco mais de 13h00. Passamos em frente ao Museu de Cera, mas eu já havia olhado algumas fotos de quem tinha ido e não gostei do que vi. Estávamos todos com fome e por isso ninguém fez muita questão de visitá-lo. O clima havia mudado drasticamente: de um forte sol e céu limpo, passou para ventos fortes e nuvens escuras.

            Dali, seguimos direto para o Marco das Três Fronteiras, onde a intenção era, além de visitar o local, almoçar no restaurante Cabeza de La Vaca. Não deu. Chegamos lá e fomos informados pelo segurança que o local abriria as 14h00. Faltavam 20 minutos. Daí eu fui dar uma espiada e verifiquei que o restaurante estava vazio, sem nenhum funcionário trabalhando. Perguntei novamente ao segurança como é que funcionava o esquema. Então ele explicou que a visitação ali é forte nos finais da tarde, onde o pessoal visita o local para apreciar o por do sol e assistir a um espetáculo de danças tradicionais. Fomos embora dali com a intenção de voltar mais tarde.

            Como não achávamos restaurantes abertos e, o Alcivar querendo almoçar numa churrascaria e a Carolina sendo vegetariana, decidimos almoçar numa democrática praça de alimentação de shopping. Escolhemos o shopping do centro. Todos escolheram comida a quilo e eu encarei um sanduíche do Burger King.

            Depois do almoço, voltamos ao hotel e descansamos um pouco. As 18h00 eu e o Alcivar fomos fazer o câmbio. Eu já havia feito as cotações por telefone durante a semana que antecedeu a viagem e, a melhor cotação que encontrei foi na rede Scappini (www.scappinicambio.com.br), que possui várias lojas espalhadas pela cidade de Foz. A cotação deles era 1 Peso argentino = R$ 0,21. O peso argentino, no valor comercial, valia R$ 0,20. Escolhemos procurar um dos estabelecimentos da Scappini na Avenida Juscelino Kubitschek, e entramos na primeira que encontramos: uma loja dentro do Supermercado Muffato (tem uma no Big também, na mesma avenida). Pelas minhas pesquisas, julguei ser necessário trocar R$ 4.000,00 em pesos argentinos, o que acabou sendo muito e, só não sobrou bastante no final da viagem, pois os poucos pesos que o Alcivar trocou acabaram durante a viagem e eu tive que emprestar pra ele (o Alcivar confiou demais na “tarjeta”, que muitos lugares não aceitavam). Enfim, com os R$ 4.000,00 que eu troquei, mais com os R$ 3.000,00 da Dionísia e da Carol, gerou a bagatela de 33.333,33 pesos argentinos! A conferência do dinheiro ficou por conta de uma máquina de contar cédulas. Meu amigo, pense no montante de notas de 100,00 pesos (equivalentes a R$ 21,00) que eu coloquei na mochila! Parecia operação de tráfico de drogas (rsrsrs). Recebi também algumas poucas notas de 500 pesos, que são novas. A maluca da Cristina Kirchner não queria lançar essas notas para não admitir a forte inflação que assolou a Argentina...

            Com o câmbio realizado, aproveitamos e fizemos algumas compras no supermercado para a viagem de amanhã: chocolates, bolachas, salgadinhos, refrigerantes, águas e outras coisas desse tipo.

            Na volta para o hotel, parei num posto e enchi o tanque do carro, pois já sabia que a gasolina estava mais cara na Argentina. Chegamos ao hotel, encontramos o pessoal ainda com preguiça e então decidimos pedir uma pizza e jantar no quarto mesmo. E assim, dessa maneira pacata, acabou o nosso segundo dia de viagem.

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Dia 3 – segunda-feira, 13 de março de 2017.

De Foz do Iguaçu a Corrientes.

 

O objetivo do dia de hoje era fazer uma viagem curta até Corrientes, na Argentina: 621 quilômetros. Planejamos de antemão essa distância para a viagem não ficar muito cansativa.

Levantamos por volta das 7h00. Fazia um bonito dia de sol. Tomamos café e colocamos as malas no carro. O Alcivar ainda levou uma meia hora para consertar um cano que ficava abaixo do motorhome. Partimos rumo a fronteira, mas antes o Alcivar teve que parar numa borracharia para colocar um pino especial nos pneus traseiros do seu veículo, que são trucados. Levou mais uns 40 minutos. Dali retomamos o nosso rumo e, antes de entrar na aduana, o Alcivar encostou num estabelecimento, que fica ali perto da aduana mesmo, para fazer o seu seguro carta-verde. Nós já havíamos feito o nosso. O procedimento para fazer o seguro foi rápido.

Então, o que era para ser um começo de viagem tranqüila, virou um certo caos. Chegamos na aduana e, primeiro, o Alcivar parou onde não era necessário. Eu fiquei esperando e, como ele não vinha, fui atrás dele. Resolvido o mal entendido, continuamos a nossa jornada atrapalhada. O Alcivar entrou numa fila e eu entrei atrás dele. Quando estava chegando a nossa vez, um agente da aduana nos informou que eu havia pego a fila errada, que eram de veículos de grande porte. Lá fui eu novamente refazer o caminho. Entrei na fila correta, um agente perguntou para onde estávamos indo, carimbou os nossos passaportes e nos mandou seguir “adelante”.

Logo em seguida teria a vistoria dos veículos. O nosso agente estava estressado, talvez pelo fato de termos chegado ali logo na hora em que ele estava tomando o seu chimarrão. Perguntou para onde estávamos indo e mandou eu abrir o porta-malas. Deu uma olhada nas malas e pediu o seguro carta-verde. Entreguei o documento pra ele e, como eu temia, ele perguntou o por quê de o seguro estar no nome da Dionísia e não no nome da Carolina, que era a proprietária do carro. Nesse momento, eu tive vontade de me teletransportar até a agência de seguros e “grudar” no pescoço da corretora responsável pelo documento assim como o Homer Simpson faz com o Bart.

Voltemos há uns 15 dias atrás. Mandamos fazer o carta-verde com a mesma corretora que já faz o seguro normal do carro e da casa da Dionísia. Quando ela entregou o carta-verde no nome da Dionísia e não no nome da Carolina, eu questionei com as meninas. As meninas questionaram com ela. E ela veio com uma “conversinha” fiada de que o seguro normal do carro já estava no nome da Dionísia e por isso o carta verde tinha que sair no nome dela também. Eu não engoli essa conversa. Cheguei a dizer na época: “Não é ela que vai ter que lidar com a Polícia Caminera!” Mas daí, “é o Flavinho que é enjuado”, “o Flavinho é isso”, “o Flavinho é aquilo”. E, como eu já havia insistido com o cambão, não queria comprar outra briga. E assim deixamos. E agora estávamos com um pepino nas mãos.

Voltando ao agente estressado... Mantive a calma e expliquei com firmeza para ele o que a corretora explicou. Não adiantou. O cara levantou ainda mais a voz e começou a brigar comigo. Mas mesmo assim ele nos liberou, mas não parava de enfatizar que estávamos errados. Eu entrei no carro, reclamei o óbvio com a Lidiane e o agente bateu a minha porta. Nisso o Alcivar passou um rádio perguntando se havia dado algum problema. Eu respondi pra ele o que havia acontecido e ele falou para seguirmos a viagem. Ele seguiu com o seu motorhome e eu fiquei parado, perguntando para as meninas se voltávamos para fazer um seguro novo naquele mesmo local onde o Alcivar tinha feito o dele. Ficou todo mundo indeciso. E o Alcivar nos chamando pelo rádio... Decidimos seguir em frente.

Daí, sem sabermos o motivo, o Alcivar entrou em Puerto Iguazu! ::putz::::putz::::putz:: Eu, que já estava atordoado com toda aquela situação, indaguei-me por que motivos o Alcivar tinha entrado ali. Encostamos para esperar ele voltar e, inacreditavelmente, vimos ele adentrar mais ainda na cidade que não tinha nada a ver com o planejado do roteiro! Aquilo foi a deixa para eu decidir sozinho voltar e fazer um seguro carta verde novo. Psicologicamente, aquilo não foi fácil. Mas era necessário, afinal, se aquele agente já havia se estressado todo, imagina um policial caminero corrupto!!!

Voltamos e, por sorte, acabou não demorando. Explicamos para um policial que estávamos saindo para fazer o seguro e ele nos mandou por uma passagem onde não era necessário pegar fila. Chegamos ao estabelecimento em questão e, como não havia mais ninguém lá, fizemos rapidamente o seguro carta verde, ao custo de R$ 80,00. E, assim, voltamos novamente para a aduana. Mais uma vez não pegamos fila e, na hora da vistoria do veículo, pegamos uma mocinha tímida, que simplesmente perguntou para onde estávamos indo e se tínhamos o tal seguro. Respondemos que sim e ela nos mandou seguir, sem vistoriar carro e nem documentação. Conclusão que eu tirei? Toda uma dor de cabeça causada por PREGUIÇA da corretora que não quis trocar uma droga de nome no documento!!! Passado o imbróglio, a Carolina disse: “1 x 0 pro Flavinho.”

Chegamos então no mesmo local onde o Alcivar se perdeu de nós. Acreditávamos que ele estaria esperando por ali nas margens da rodovia, o que não aconteceu. Já era quase 11h00 e nem havíamos saído do lugar! Decidi sozinho, seguir viagem rumo a Ruta 12, acreditando que encontraria o Alcivar em algum ponto da viagem. As meninas estavam apreensivas. Eu, estava irritado com toda aquela situação. Rodamos uns 20 quilômetros. “Será que voltamos para procurar o Alcivar em Puerto Iguazu?” – perguntou uma das meninas. “Isso não faz sentido.” – respondi.

Chegamos então a um grande posto da Polícia Caminera. Um guarda nos parou, pediu os documentos e pediu que abrisse o porta malas. Deu uma olhada superficial na bagagem e nos liberou sem problemas. Resolvemos então encostar o carro (num local em que os mesmos policiais não causassem problemas) para perguntar a eles se haviam visto um motorhome, ou um trailer, passar por ali. Tive que perguntar para uns três policiais, até que teve um que disse que viu passar um motorhome por ali.

Retomamos o nosso rumo e, uns 20 quilômetros depois, encontramos de longe o motorhome do Alcivar na entrada de um posto Shell. Todos, de ambos os veículos, ficaram “emocionados”, ou aliviados. Nem fiz questão de parar o carro (pois senão ficaríamos mais tempo parados perguntando isso e aquilo, etc...) e fiz sinal para o Alcivar no seguir. E, agora sim, estávamos seguindo a nossa viagem tranquilamente, sempre pela Ruta 12.

Já na parte da parte, por volta de umas 15h00, passamos por Posadas e decidimos entrar em Ituazingó para almoçar no mesmo cassino que eu e a Lidiane havíamos almoçado em 2012. Entramos na cidade, achamos o cassino facilmente (Hotel Cassino Manantiales) e descobrimos que agora o restaurante do estabelecimento só funcionava a noite. O Alcivar disse que ele e a Maria já haviam lanchado um pouco antes e, como nós também estávamos petiscando alguma coisa, decidimos tocar direto até Corrientes.

De Foz do Iguaçu até Corrientes pegamos uns três pedágios, e o valor total que pagamos em todos eles foi menos do que uns vinte reais – preço de um único pedágio paranaense. Antes de chegar a Corrientes, paramos num posto para abastecer e comprar refrigerantes, croissants e alfajores. Paguei no litro da gasolina a quantia de 22,99 pesos argentinos, ou R$ 4,82 o litro – acredito que foi a gasolina mais cara que paguei durante toda a viagem.

Chegamos em Corrientes por volta das 18h00 e conseguimos encontrar facilmente o nosso hotel – com a ajuda dos meus mapas impressos do Google Maps e do aplicativo Waze. O hotel escolhido foi o Corrientes Plaza Hotel, mesmo hotel que já havíamos ficado em 2012 (não sei se vocês já perceberam, mas eu sou um cara nostálgico rsrs). Gostei dele por estar encravado bem no centro e no calçadão da cidade, podendo fazer assim tudo a pé mesmo. Dessa vez – e assim seria na maior parte da viagem – eu e a Lidiane ficamos num quarto e a Carol mais a Dionísia ficaram em outro. Cada dupla pagou pelo quarto a quantia de 1.125,00 pesos (R$ 236,25) e, o estacionamento, a quantia de 150,00 pesos (R$ 31,50). Havia esquecido de ver essa questão do estacionamento na hora de reservar o hotel, mas eles já haviam avisado de antemão por e-mail. O Alcivar demorou um pouco mais (umas 3 horas) para encontrar um local adequado para encostar o seu motorhome.

Fizemos mais algumas compras de suprimentos no supermercado e, depois que reencontramos o Alcivar (que havia pego um táxi), fomos jantar em algum restaurante ali do calçadão – já era umas 22h30. Estávamos cansados e não ficamos escolhendo muito o restaurante. Escolhemos um qualquer e jantamos razoavelmente por R$ 44,10 por casal. Depois fomos embora descansar, pois amanhã a viagem seria mais longa.

 

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Dia 4 – terça-feira, 14 de março de 2017.

De Corrientes a Salta.

 

O objetivo do dia seria rodar até Salta, uma viagem “mediana” que totalizaria 836 quilômetros. Sendo assim, acordamos mais cedo, por volta de umas 7h00. Tomamos o café da manhã – que não é farto como o café da manhã brasileiro – e deixamos o hotel para encontrar o Alcivar, a Maria e o motorhome deles. Fazia um bonito dia de sol.

Encontramos o Alcivar não tão longe dali e partimos rumo a saída da cidade. O relógio marcava umas 8h00 e, por isso, o trânsito estava um pouco intenso. Entramos numa “rotonda” e eu saí dela logo em seguida. O Alcivar, não. Encostei e liguei o pisca alerta para esperar ele sair de lá. De repente ouvimos buzinas e eu vi pelo retrovisor carros parando – inclusive o motorhome – e motoristas saindo dos seus veículos. “Ah não... o Alcivar bateu em alguém!” – pensei. A Carol saiu do nosso carro para auxiliar o Alcivar naquela situação tensa. Logo em seguida eu também fui lá, e por fim a Dionízia também foi. Quando cheguei ao local, vi um argentino batendo boca com o Alcivar. Quando perguntei pra Carol o que tinha acontecido, ela respondeu: - “Foi o argentino que bateu no Alcivar.” Fiquei aliviadíssimo. O problema era que o argentino queria chamar a polícia e, obviamente, o Alcivar não queria, pois (1) iria atrasar em muito a nossa viagem e (2) não aconteceu praticamente nada em nenhum dos dois veículos. Também entrei na briga, mas para evitar problemas maiores, fornecemos o número do seguro carta verde do Alcivar e mais o número dos seus documentos (o Alcivar obviamente não queria fazer isso, pois daí o argentino encrenqueiro poderia fazer o B.O. do jeito que ele queria. Mas decidimos correr esse risco, até porque não aconteceu praticamente nada! Provavelmente o argentino queria acionar o seguro dele... vai saber...). Enquanto isso, a Maria olhava desconsoladoramente para o farolzinho verde que ficava na lateral do motorhome, que foi a única coisa que estragou no acidente. E a Dionízia ficou conversando com a mulher do argentino, que também parecia estar com “preguiça” daquela situação. O carro do argentino deu uma leve amassada, ou arranhado, como vocês podem ver na foto. Tiramos fotos dos documentos do argentino, assim como também da placa do seu carro, e fomos embora dali.

 

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A esposa do argentino barbeiro apontando para o "estrago" do carro deles.

 

Pegamos um pouco de engarrafamento, cruzamos a ponte, passamos por Resistencia e entramos na Ruta 16 (ou já havíamos entrado, não sei). Passamos por Província de la Plaza, Quitilipi, Saenz Peña e, em Pampa del Infierno, abastecemos e paramos um pouco para o Alcivar descansar. Paguei no litro da gasolina a quantia de 22,15 pesos (R$ 4,65).

Durante esse percurso, “almoçamos” sanduíche de queijo e tomate, acompanhado de uma boa e gelada Coca-Cola.

Após o descanso do Alcivar, continuamos a viagem, cruzando Los Frentones, Los Pirpintos e Monte Quemado. Se não me engano, é após essa Monte Quemado que a rodovia dá uma boa piorada, contendo alguns buracos significativos.

Alguns quilômetros antes de Joaquín V. Gonzales – se não me engano, em El Quebrachal – abasteci o carro com a gasolina argentina mais barata da viagem: 19,50 pesos (R$ 4,09).

Rodamos mais alguns quilômetros e agora entramos na Ruta 9, e seguimos rumo ao Norte cruzando Rio Piedras, Palomitas e Cabeza de Buey. Daí entramos na rodovia que dá acesso a Salta (não lembro o número da Ruta) e, por fim, chegamos a cidade destino por volta das 19h45.

Eu já estava com os meus mapas “posicionados” e com o Waze acionado. Já havia caído a noite. O Alcivar parou e me disse que queria encontrar um camping para encostar o motorhome. Não concordei com a idéia dele e mandei ele me seguir, pois acreditava que ele pudesse deixar o seu veículo no estacionamento do hotel que ficaríamos, ou pelo menos ali perto.

Encontramos o nosso hotel sem problemas, até porque ele fica localizado bem perto do centro da cidade. O motorhome, por ser muito maior que um carro convencional, demorava um pouco em certas curvas da cidade, e isso resultava em “buzinassos” de motoristas argentinos. Obviamente, isso desgastou o Alcivar, que já estava cansado pelo dia de viagem.

O hotel escolhido para ficarmos em Salta foi o Posada de las Nubes, um simpático hotel familiar que fica situado na calle Balcarce nº 639. O custo, para duas diárias, ficou por volta de R$ 360,00 (havíamos pago adiantado pelo Booking, o que não é aconselhável, visto que praticamente todo hotel argentino dá desconto se o pagamento for em “efectivo”). O hotel é recomendadíssimo. Atendimento 10, localização 10, roupa de cama 10 (segundo a Lidiane, Carol e Dionízia, foi a melhor roupa de cama que pegamos em toda a viagem – e olha que ficamos num hotel muito mais caro em Tilcara. A roupa de cama é super macia e limpa). O estacionamento é pago separadamente: cerca de R$ 25,00 por dia. O café da manhã é super simples, mas achei algo normal tratando-se de Argentina.

O motorhome não passava pela entrada do estacionamento do hotel. A solução, então, foi deixá-lo em frente ao hotel. O único custo era o da “Área Azul”: cerca de R$ 30,00 para ficar estacionado o dia inteiro.

Cansado, acabei indo dormir sem jantar. A Lidiane ficou comigo. A Carol e Dionízia foram jantar num bom restaurante que fica ao lado do hotel.

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Dia 5 – quarta-feira, 15 de março de 2017.

Passeios em Salta.

 

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Entrada do Posada de Las Nubes, agradável hotel aonde ficamos hospedados em Salta.

 

Após uma ótima noite de descanso, nos levantamos e tomamos o café da manhã. O dia estava nublado e fazia um certo friozinho. Fomos tirar o Corolla do estacionamento para irmos até a Plaza 9 de Julio, porém um senhor nos disse que compensaria ir andando, visto que a praça era perto dali e que seria muito difícil acharmos uma vaga para estacionar. Decidimos seguir o conselho do prestativo senhor.

Com o meu mapa em mãos, fomos andando pela calle Bartolome Mitre, rua paralela a calle Balcarce, rumo a Plaza 9 de Julio. São apenas seis quadras até a praça e, por isso, chegamos rapidinho, caminhando sem pressa. A Carol ia tirando fotos das construções antigas.

Chegamos na simpática praça e, o primeiro local que fomos conhecer foi a Catedral Basílica, construída no século XIX. Depois passeamos pela Plaza 9 de Julio em si. Já se percebe que a população local tem traços indígenas mais marcantes. Em seguida, fomos até ao Museo de Arqueologia de Alta Montaña, que também fica ali, ao lado da praça. Como o museu só abriria às 11h00, decidimos passar o tempo passeando pelo comercio local: não compramos nada, só olhamos.

 

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Catedral Basílica da Plaza 9 de Julio.

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Interior da Catedral Basílica.

 

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Plaza 9 de Julio.

 

Assim que o relógio marcou 11h00, voltamos para o museu, que tem como o ponto alto da visita as exposições das múmias de crianças incas: são três, sendo expostas uma de cada vez, alternando-as de tempos em tempos. A que vimos foi a Niña de Rayo. Como é proibido tirar fotos das mesmas, tirei para vocês uma foto do informativo do museu contendo a foto e descrição de cada múmia. A entrada do museu custou 100 pesos por pessoa (R$ 21,00).

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Múmias de crianças do Museo Alta Montaña (é proibido tirar fotos da múmia que fica exposta no museu).

 

Quando saímos do museu, sentimos a mudança do clima: o tempo abriu e fazia um certo calor. Como a Carol tinha esquecido a sua Go Pro no hotel, decidimos voltar todos para o estabelecimento e aproveitamos para colocarmos roupas mais frescas.

Seguimos então – a pé novamente – para um restaurante muito bem conceituado pelo TripAdvisor: Él Charrua, situado na calle (ou avenida) Caseros, perto da Plaza 9 de Julio. Achamos facilmente o estabelecimento, mais uma vez com a ajuda do meu mapa impresso do Google Maps (rsrs). Eu e a Lidiane pedimos um bife de picanha com papas fritas, o Alcivar e a Maria idem, e a Carol mais a Dionízia pediram um macarrão de espinafre; bebemos água e mais uma garrafa de 1 litro da cerveza Salta. A conta da mesa ficou em 915,00 pesos, ou R$ 64,05 por casal. Achei barato – esperava uma conta bem mais salgada, até porque comemos muito bem.

Depois de comermos satisfatoriamente muita carne (com exceção da Carolina), seguimos até ao Teleférico San Bernardo, que fica há umas duas ou três quadras dali. Chegamos ao parque onde fica o teleférico e visitamos a feira local. A Lidiane e a Maria compraram alguns lenços.

Quando fomos comprar os tickets para o teleférico, a mulher perguntou para nós: “Ida e volta?” Eu e o Alcivar pensamos a mesma coisa e rimos da situação. Daí a mulher explicou que pode-se descer por uma trilha, que sai não sei aonde. Depois, quando chegamos lá em cima, também vi que algumas pessoas sobem de carro. O preço do teleférico, ida e volta, saiu a 150,00 pesos por pessoa (R$ 31,50).

Conforme subíamos, já podíamos visualizar uma boa paisagem da cidade. Particularmente, gosto muito de teleféricos – gosto mais daqueles de cadeirinhas. A paisagem em si não tem nada demais, pois é somente a visão da cidade. Lá em cima tem um pequeno parque com algumas cascatas. Tem também um mirante (ou mais, não lembro), uma lanchonete e umas barraquinhas de artesanatos. Aproveitei para comprar uma camisa nativa, que paguei 200,00 pesos (R$ 42,00), e uma touca, que paguei 75,00 pesos (R$ 15,75). Compramos também um presente para minha mãe e alguns imãs de geladeira. Quanto aos descontos, os vendedores não são muito afeitos a essa prática – o máximo que consegui foi dois imãs de geladeira que ganhei quando comprei a minha camisa.

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Na parte de cima do teleférico San Bernardo.

 

Escrevendo esse diário agora, me bateu um arrependimento de não ter comprado mais uma camisa nativa... Outra coisa que acho muito legal são aqueles jogos de xadrez com as peças personalizadas para a cultura local (algo muito comum no Nordeste brasileiro também): nas feirinhas de Salta tinham bastante desses jogos, assim como também em San Pedro de Atacama. Mas, como não sou um exímio xadrezista e, não tendo muito espaço para colocá-lo na nossa casa, acabei não comprando.

Passeio feito, compras feitas, hora de voltar para o hotel. As meninas ficaram com preguiça de voltar a pé; decidimos então pegar dois táxis, que saíram a um custo de 50,00 pesos (R$ 10,50) para cada carro. A Dionízia, que já estava intrigada com o comércio local que parecia estar sempre fechado, perguntou o motivo para o taxista. Ele respondeu que o costume local é trabalhar até as 11h00 ou 12h00 e, depois, aproveitar a “siesta” (aquele sono gostoso depois do almoço). O comércio, então, reabre a partir das 16h00, e funciona até umas 20h00. Eu, que sou adepto da sesta, gostei muito desse costume.

Ao chegar ao hotel, o pessoal foi dormir. Eu aproveitei para fazer algumas anotações e calcular os custos da viagem. Depois fui a um supermercado comprar alfajores e uma cerveza Salta litrão para um amigo. Já era noite e começou a chuviscar.

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Interior da Posada de Las Nubes.

 

Depois, fomos jantar no restaurante ao lado do hotel: Jovi Dos. Essa janta foi “engraçada”. Pedimos empolgados uma parrillada simples, pois tínhamos visto no almoço de hoje um grupo de argentinos comendo uma parrillada com a “boca boa”, que consiste em vários pedaços de carnes servidos na brasa. O problema era os tais pedaços de carne... Ao chegar o prato, peguei um pedaço de carne meio amarelada. Ao colocá-lo na boca, senti um gosto horrível. Pensei que era carne de porco mal passada. E acabei engolindo aquilo. Passei para a Lidiane experimentar, já que ela gosta de porco. Ela acabou cuspindo o pedaço de carne no seu prato. O Alcivar ficou curioso e também experimentou. Foi aí que ele diagnosticou que carne era aquela (o Alcivar trabalhou muitos anos no ramo frigorífico): “teta” de vaca. Na nossa parrillada tinha também tripas. O Alcivar, corajoso, experimentou uma e, muito discretamente, acabou cuspindo a tal tripa num guardanapo. E a nossa janta foi assim: a cada pedaço esquisito de carne, era uma emoção diferente ::lol4:: . O Alcivar queria reclamar com a garçonete pelo fato de ela não ter avisado que a parrillhada incluía tais pedaços exóticos para nós brasileiros. Desaconselhamos ele a fazer isso (rsrs). Ficamos imaginando se tivéssemos pedido uma “parrillada super”, e demos boas risadas da situação. Não lembrava de outra ocasião de ter pedido uma parrillada, mas então a Carol me recordou que uma vez, em Buenos Aires, pedi uma e, ao cortar uma morsilha (só pra ver como era, pois não comi), ela quase vomitou (rsrsrs). O total da janta ficou em 785,00 pesos, que incluiu, além da parrillada, um prato de nhoquis, papas fritas, purê de papas e água mineral = R$ 55,00 por casal. O restaurante é bom, nós é que pedimos o prato errado.

Depois caminhamos pela calle Balcarce no sentido contrário a Plaza 9 de Julio e acabamos descobrindo que ela tem um centro de barzinhos e restaurantes muito bacanas.

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Todos empolgados quando a parrillada foi servida - pelo semblante da Dionízia, parecia que ela já previa a cilada da qual entraríamos.

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